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29/09/2020 às 15:11, atualizado em 29/09/2020 às 15:34
No dia em que faria 77 anos, o engenheiro agrônomo Francisco Ozanan ganha praça com busto que leva seu nome; outros espaços devem ser construídos
Em cada planta, flor, arbusto e árvore de Brasília existe a marca e o espírito do engenheiro agrônomo e criador dos jardins da cidade Francisco Ozanan Correia Coelho de Alencar. Falecido em 2016, o ex-servidor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) foi o responsável por tornar o Distrito Federal tão verde e com fama internacional pelos parques, canteiros, balões e jardins minuciosamente bem-cuidados. Nesta terça-feira (29), quando completaria 77 anos, Ozanan recebeu uma homenagem que reforça sua importância para a capital: uma praça com seu nome.
Localizado no Setor de Habitações Individuais Norte, CA 1, no Lago Norte, o ponto de encontro e de convivência destinado à população ganhou um busto de Francisco Ozanan, feito pelo artista Mario Pitanguy. Obviamente, além do busto, a praça tem o “selo” do “jardineiro fiel”, visto nos dois mil m² de grama, nas 20 palmeiras e nos cinco ipês amarelos plantados. Também foram construídos 130 metros de meios-fios, 300 m² de calçadas, 180 m² de pavimento e bancos para transformar o local, que estava abandonado, em um espaço agradável.
Ozanan tem um currículo invejável e uma grande contribuição para a história de Brasília. Foi ele quem estimulou o plantio de diversas espécies de árvores e plantas, facilmente identificáveis nos canteiros dos balões das cidades. Ele também ajudou o arquiteto e urbanista Lucio Costa a realizar o sonho de fazer com que “os prédios residenciais nascessem como da clareira de uma floresta”. Onde mais você pensar em área verde no DF existirá a marca do jardineiro, como pode ser lido nesta matéria especial da Agência Brasília sobre o jardineiro.
Cerimônia
A praça Francisco Ozanan foi entregue nesta terça-feira (29) durante cerimônia no local. O governador Ibaneis Rocha elogiou o cuidado que a Novacap tem com a cidade e deferiu todas as homenagens à família do jardineiro, representada no evento pela filha, Érica Coelho.
“Ozanan certamente está feliz e a população do Lago Norte também está feliz porque tinha um lugar abandonado e que agora vai servir à comunidade. Existe uma pressa de se consertar o abandono da cidade, por isso cuidamos das pequenas coisas como essa praça e também das grandes, como é o caso do Túnel de Taguatinga. Temos muito a fazer e precisamos fazer muito por Brasília”, aponta o governador Ibaneis Rocha.
A intenção, segundo o governador, é que mais espaços como a praça sejam construídos em todo o DF. “Nós temos vários pontos onde foram retirados aqueles postos policiais e esse projeto foi pensado para cobrir todas essas áreas. A gente espera fazer durante este ano mais dez locais parecidos com este. A cidade tem que ser cuidada, tem que se fazer a zeladoria do Distrito Federal em todas as suas áreas”, acrescentou o governador.
Reviver memórias
Enquanto observava o busto em homenagem ao pai, Érica Coelho percebeu que um ipê foi plantado de frente para a escultura. Uma forma de aproximar e eternizar o “criador e sua cria”. Ao ver esta cena, logo as memórias e histórias ficaram mais vivas.
“É muita emoção porque meu pai amou essa cidade como a uma filha. Chegou com a cidade sendo construída e recebeu esse desafio do verde, de colorir a cidade e se debruçou sobre isso. Na época da construção ele vivia dia e noite essa missão, passava madrugadas nesses canteiros. É um grande reconhecimento que o governador e a Novacap tiveram pelo trabalho dele”, disse Érica Coelho.
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Para a filha de Ozanan, a praça vai se transformar num local de homenagens para a família. Ela conta que o pai pediu para ser cremado e, por isso, ficou sem um espaço onde pudessem prestar tributo. “As cinzas dele foram jogadas na praça do Palácio do Buriti. Ficamos, assim, um pouco órfãs com essa coisa da cremação, sem ter onde ir para prestar homenagem. Quando soube da praça, a mamãe [Maria Socorro] disse: ‘pronto, agora temos onde ir e conversar com o Ozanan’”, comemora Érica.
A poesia que as flores e plantas trazem para qualquer ambiente inspiraram o diretor-presidente da Novacap, Fernando Leite, durante o evento. Ele usou uma citação do escritor brasileiro Guimarães Rosa – “felicidade se acha é em horinhas de descuido” – para destacar a obra. “Estou muito feliz porque Ozanan vive. Ele vive nas mais de cinco milhões de árvores plantadas em Brasília, nos mais de mil canteiros, nos parques. Construímos um oásis aqui, de arquitetura, de prosperidade e de vida moderna graças à maior área verde per capita do mundo”, elogiou Fernando Leite.
Para o administrador do Lago Norte, Marcelo Ferreira da Silva, “Ozanan transformou a cidade num parque”. Já o deputado distrital Cláudio Abrantes definiu o jardineiro como herói. “É importante olhar para nosso quintal. Não tem homenagem mais justa do que esta para aquele que cuidou tão bem dos nossos quintais”, afirmou.