30/09/2020 às 15:05, atualizado em 01/10/2020 às 11:21

Mais de R$ 9 milhões para combater o câncer

População do DF ganha Centro de Radioterapia, com capacidade para atender 25 pacientes por dia. Licitação para o Hospital Oncológico também avança

Por IAN FERRAZ, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I Edição: Carolina Jardon

Em um primeiro momento, a unidade em Taguatinga, localizada no Setor C Norte, vai receber 25 pacientes por dia e ajudar a zerar a fila, que hoje conta com 134 pessoas. Foto: Renato Alves / Agência Brasília

O Hospital Regional de Taguatinga (HRT) ganhou um moderno e equipado Centro de Radioterapia. Com investimento de R$ 9,1 milhões, o espaço destinado a pacientes oncológicos foi inaugurado nesta quarta-feira (30) para dinamizar o tratamento na rede pública de saúde.

Em um primeiro momento, a unidade em Taguatinga, localizada no Setor C Norte, vai receber 25 pacientes por dia e ajudar a zerar a fila, que hoje conta com 134 pessoas. Atualmente esse tipo de atendimento na Secretaria de Saúde é feito no Hospital de Base, no próprio Hospital Regional de Taguatinga e no Hospital Universitário de Brasília, além de unidades contratadas junto à rede privada. Com a ampliação do serviço, a expectativa é que a fila seja reduzida rapidamente.

E vem mais por aí. Durante a cerimônia, o governador Ibaneis Rocha fez questão de destacar o andamento da licitação do Hospital Oncológico. “Amanhã nós teremos o encerramento desta licitação e vamos entregar o hospital ainda no nosso governo, completando todo esse ciclo do tratamento oncológico no DF e nos colocando no nível de vários outros estados”, garantiu.

O Hospital Oncológico de Brasília, citado pelo governador Ibaneis Rocha, terá investimento de R$ 119 milhões. O projeto consiste em uma unidade hospitalar com 172 leitos, sendo 152 de internação e 20 de unidade de terapia intensiva (UTI), além de consultórios multidisciplinares, alas para tratamento de quimioterapia, radioterapia, medicina nuclear, endoscopia e salas de cirurgia conjugadas. Exames de imagem, como mamografia, ultrassom e raios X, também poderão ser realizados no local. A unidade, que será erguida no Setor Noroeste, terá capacidade para atender nove mil pacientes por ano.

Melhorias

A obra do Centro de Radioterapia do HRT teve início em 8 janeiro de 2019 e o espaço foi liberado nesta quarta-feira (30). O investimento total do empreendimento foi de R$ 9,1 milhões. Foto: Renato Alves / Agência Brasília

A obra do Centro de Radioterapia do HRT teve início em 8 janeiro de 2019 e o espaço foi liberado nesta quarta-feira (30). O investimento total do empreendimento foi de R$ 9,1 milhões, dos quais R$ 3 milhões foram usados na compra do acelerador linear da empresa norte-americana Varian Medical Systems.

O acelerador linear é um equipamento utilizado em uma modalidade do tratamento de câncer, que é a radioterapia. Ele gera uma forma de radiação por meio de corrente elétrica. O equipamento direciona a radiação para a área que se deseja tratar e promove a destruição do tecido doente.

Essa modalidade de tratamento do câncer é muito importante para uma série de tumores, empregando radioterapia associada à quimioterapia. Para muitos pacientes, a existência desses equipamentos é uma opção de cura para a doença. “É um aparelho que reduz muito a quantidade de sessões para tratamento da maioria dos cânceres. Com isso, a gente entrega à população do DF aquilo que ela merece”, aponta o governador Ibaneis Rocha.

Em outras situações, onde a doença não é curável, por exemplo, um paciente que tem um câncer avançado e tem uma dor e sangramento provocado pelo tumor, consegue aliviar os sintomas pelo tratamento de radioterapia. Assim, melhora a qualidade de vida de pessoas que estão tratando câncer. É curativo e paliativo.

O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, aponta, em números, os benefícios do novo serviço oncológico para a população. Ele falou também da economia gerada pela Secretaria de Saúde, que dependia muito dos serviços contratados junto à rede privada.

“A gente vai poder reduzir o tratamento de pacientes com câncer de próstata de 38 sessões para 20. E, no caso das pacientes com câncer de mama, de 28 para 18 sessões. Quero agradecer ao governador Ibaneis Rocha por essa inauguração e por  promover o atendimento de todos os pacientes do Sistema Único de Saúde, principalmente os contratados através da rede privada, porque trará economia mensal de R$ 400 mil reais para a Secretaria de Saúde. Muito importante que a gente tenha essa economia e que o dinheiro seja investido em melhorias neste centro de radioterapia”, explica Okumoto.

Os recursos que viabilizaram o Centro de Radioterapia são provenientes do Ministério da Saúde em parceria com o Governo do Distrito Federal, que forneceu recursos humanos, terreno e conhecimento. Em sua fala, o secretário de Atenção Especializada à Saúde (Seas), Luiz Otávio Franco Duarte, afirmou que o Ministério da Saúde estará “presente para garantir pelo estado o acesso a esse imprescindível tratamento. Ele é fundamental para que a gente possa erradicar a fila de atendimento”.

Trabalho conjunto

Governador Ibaneis visitou as novas instalações do hospital em Taguatinga. Foto: Renato Alves /Agência Brasília

Já o superintendente da Região de Saúde Sudoeste, Wendel Antônio Alves Moreira destacou o trabalho conjunto e os benefícios que o Centro de Radioterapia traz para a rede pública. “

É uma conquista de um governo que trabalha conjuntamente, ouvindo a população, e que entrega hoje este equipamento moderno, que não deve nada à iniciativa privada e quiçá vai ser o primeiro a fazer radiocirurgia pelo SUS”, afirma.

O prédio ocupa uma área de 860 metros quadrados, ao lado do HRT. A sala onde foi instalado o acelerador linear foi construída com materiais especiais e paredes de concreto de alta densidade, chamada de bunker.

Essa estrutura é necessária para evitar que a radiação se espalhe no ambiente. O centro conta com recepção, salas de espera, consultórios, banheiros e todos os ambientes conforme a Lei de Acessibilidade.

Defensor da Saúde, o deputado distrital Jorge Vianna elogiou a entrega do novo espaço para tratamento de câncer no DF. “Só quem sabe a importância de um tratamento de radioterapia entende como esta obra será importante para as famílias. Num momento de pandemia e crise financeira estamos conseguindo inaugurar obras em Brasília. Isso se deve a essa gestão”, elogiou o deputado distrital Jorge Vianna. Quem também pontuou os benefícios que vão ser gerados pela obra é o administrador de Taguatinga, Renato Andrade, que diariamente escuta as demandas da população da cidade.

“A nossa população agradece essa obra. Passei pela doença na família e sei a dor que essas pessoas sentem quando não tem um local ideal para tratamento. Agora, Taguatinga tem oportunidade de tratar bem essas pessoas, de oferecer um tratamento rápido e com equipamentos que não deixam nada a desejar aos hospitais da rede privada. Taguatinga merece”, comemora Renato Andrade.

O que será possível fazer com o acelerador linear:

• Radioterapia Guiada por Imagem: isso possibilitará tratar pacientes com alta precisão. Imagens de tomografia poderão ser feitas direto no acelerador e comparadas com a tomografia de planejamento;
• Radiocirurgia: essa técnica permite tratar lesões cerebrais com doses até 10 vezes maiores que na radioterapia convencional. Será o primeiro serviço no SUS do DF a oferecer essa modalidade;
• Terapia de radiação corporal ablativa estereotáxica: consiste na entrega de doses altíssimas de radiação em poucas frações, com alta precisão. Pacientes com câncer de pulmão em pequenas células, metástases ósseas e com lesões hepáticas poderão se beneficiar com essa modalidade, cuja literatura têm mostrado mesma sobrevida comparada à cirurgia convencional. Será o primeiro serviço do DF (tanto SUS como suplementar) a oferecer essa modalidade aos pacientes da rede pública;
• Radioterapia Estereotática Fracionada: será possível entregar doses altas de radiação a diversos alvos nos pacientes em pouquíssimas frações e com altíssima precisão de localização;
• Redução do tempo de tratamento: será possível reduzir, por exemplo, um tratamento de próstata de 38 frações para apenas 20, diminuindo o tempo total de tratamento sem diminuição do controle da doença e sem aumento da toxidade. Também será possível reduzir, com maior segurança, o tempo total de tratamento de pacientes com câncer de mama (de 28 frações para 18).