10/09/2014 às 21:44

DF lança plano de prevenção do suicídio

Capital é a primeira unidade da Federação a ter uma política para combater esse tipo de morte

Por Da Redação, com informações da Secretaria de Saúde


. Foto:Renato Araújo/SES

BRASÍLIA (10/9/14) – A Secretaria de Saúde oficializou nesta quarta-feira (10) o compromisso de lutar contra o suicídio, ao lançar o Plano Distrital de Prevenção a esse tipo de morte. O anúncio foi feito pelo diretor de Saúde Mental, Augusto César Farias, durante a abertura da III Jornada de Prevenção do Suicídio, que termina nesta sexta-feira (12).

 

A criação do plano posiciona o Distrito Federal como única unidade da Federação a adotar uma política para combater o problema. “Somos mais uma vez pioneiros”, destacou Augusto César. “É um grave problema de saúde pública. O mais importante de tudo isso é que se pode prevenir”, enfatizou Beatriz Montenegro, coordenadora de Prevenção do Suicídio.

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é a terceira causa de morte no mundo entre pessoas na faixa etária de 15 a 34 anos, e as tentativas representam a sexta causa de incapacidade funcional permanente. A entidade também prevê que em 2020 o mal representará um óbito a cada quarenta segundos.

 

O Plano de Prevenção do Suicídio está baseado em cinco eixos: avaliação e monitoramento; compromisso político; prevenção; tratamento e pós-venção; e capacitação e informação.

 

O texto final do plano é resultado de 120 dias de reuniões de diversos especialistas e profissionais envolvidos com o tema. Participaram dos encontros representantes da Secretaria de Saúde, do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Católica de Brasília (UCB).

 

SITUAÇÃO LOCAL – O DF segue a tendência mundial de aumento nas taxas de suicídio entre os jovens e concentra a maior frequência de mortes por essa causa entre os 20 e 49 anos. A maioria dos casos é de pessoas solteiras, com mais de quatro anos de estudos, e mais de 90% apresentavam algum transtorno mental, como depressão.

 

Os homens são maioria e recorrem ao suicídio três vezes mais que as mulheres. A média do Distrito Federal foi de 4,5 casos por milhão de habitantes em 2013, abaixo da média nacional de 5,8.

 

O método mais utilizado para dar fim à própria vida foi a intoxicação, que provocou 14 mortes em 2013, sete por pesticida. Os demais, 111 suicídios do ano passado, ocorreram por lesão autoprovocada. Os métodos mais utilizados foram o enforcamento, precipitação, arma de fogo e objetos cortantes.

 

A maior incidência dos suicídios nos últimos três anos concentrou-se em Brazlândia e Águas Claras, mas Beatriz Montenegro prefere não fazer nenhuma análise precipitada. “Ainda não dá para a gente dizer que há uma tendência, para não tirar conclusões erradas”, disse.

 

COBERTURA MIDIÁTICA – Durante o primeiro dia da III Jornada de Prevenção ao Suicídio, houve também mesa-redonda sobre a Prevenção do Suicídio e a Mídia. Os participantes concordaram que existe certa dificuldade dos meios de comunicação em tratar o tema e que a abordagem pode ter um enfoque preventivo.

 

“É um assunto tabu. É um problema sério que tem que ser encarado como merece e nem sempre a gente consegue que esse assunto seja tratado com a devida importância”, destacou Robert Gellert Paris Junior, membro do conselho diretor do CVV.

 

Robert Junior defende que a mídia poderia aproveitar casos de celebridades que decidiram acabar com suas vidas. “Cada suicídio de celebridade deveria ser enxergado como oportunidade de informação”, opinou. Para ele, a cobertura deveria explicar os motivos do sofrimento que levaram ao fim drástico e onde a pessoa poderia ter encontrado ajuda.

 

Já o diretor de Saúde Mental da rede pública do DF defende uma mudança de postura. “A questão da mídia vai além do comportamento suicida”. Para ele, os meios de comunicação deveriam trabalhar valores que permitissem às pessoas construir sonhos que não sejam apenas de consumo compulsivo. “O sonho é uma forma de se vincular à vida, de dar sentido à vida”, ressaltou.

 

O coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e Prevenção do Suicídio do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Marcelo Tavares, lembra que a OMS não defende o silêncio da mídia na divulgação de vítimas de suicídio.

 

Em plano local, ele citou a contribuição preventiva que a publicação de uma série de reportagens sobre suicídio teve. “O jornal incluiu a carta do pai de uma vítima que havia se precipitado num centro comercial e contribuiu para que o shopping fizesse uma reforma para colocar barreiras físicas e acabasse com esse tipo de suicídio”, relatou o professor da UnB.

 

O lançamento do Plano de Prevenção ao Suicídio reflete o compromisso com o tema, que começou em 2011, quando foi criada a Coordenação de Prevenção a esse tipo de morte. Como consequência, em 2012 e 2013, foram celebradas a primeira e a segunda edições da Jornada de Prevenção do Suicídio.

 

(A.S/J.S*)