06/11/2014 às 13:47, atualizado em 12/05/2016 às 17:52

Em um ano de existência, Ame, mas não sofra! fez mais de 1.400 acolhimentos

Em comemoração ao aniversário do projeto, mãe de Renato Russo se emociona e conta como lidou com a dependência do filho

Por Da Redação, com informações da Secretaria de Justiça

 BRASÍLIA (6/11/14) – O projeto Ame, mas não sofra!, da Secretaria de Justiça, completou, nesta quarta-feira (5), um ano de atividades. Nesse período, foram realizados 1.464 acolhimentos a familiares de dependentes químicos, sendo 864 nas Unidades de Apoio às Famílias e o restante em cursos de multiplicadores de apoio a essas pessoas.

 

Já foram realizadas cinco edições da capacitação, nas quais foram formados 602 multiplicadores da sociedade civil. “É um projeto que temos todos os motivos para nos orgulhar”, afirmou a secretária-adjunta de Justiça, Flávia Macedo.

 

Das 864 pessoas acolhidas nas Unidades de Apoio às Famílias, 80% são mulheres e 21% são homens. O espaço foi criado especialmente para receber o familiar e oferecer o atendimento de acordo com seu problema. A pessoa é ouvida por um psicólogo da Secretaria de Justiça, que direciona a ajuda específica para o caso.

 

Considerando o parentesco, 47% são mães de usuários de drogas e 10% esposas deles. No item idade, a maioria dos familiares que buscou ajuda do Ame, mas não sofra! neste um ano de atividade tem entre 31 e 50 anos.

 

Em relação às substâncias utilizadas pelo dependente, a maconha representa 52% dos casos relatados, o crack, 13%, o álcool, 17% ,e a cocaína, 16%. As famílias, por região, que mais buscaram as Unidades de Apoio foram Ceilândia (15%), cidades do entorno do Distrito Federal (9%), Guará, Paranoá, Samambaia e Vicente Pires (representando 8% cada uma).

 

Entre os participantes dos cursos, nota-se que 24% são familiares e 65% profissionais que atuam no combate ao uso de drogas. O objetivo do Ame, mas Não Sofra! é dar informações e acolhimento para quem precisa e busca ajuda para lidar com os dependentes químicos.

 

“O projeto começou timidamente, era uma aposta, mas hoje os números mostram que estávamos certos em voltar a atenção para o familiar, para o codependente”, destacou a subsecretária de Políticas Sobre Drogas (Subad), Amanda Wanderley.

 

Homenagens – Os dados foram divulgados a durante solenidade de comemoração do aniversário do projeto. Na ocasião, a mãe do cantor e compositor Renato Russo, Carminha Manfredini, foi convidada para receber uma homenagem, já que a maioria dos casos de atendimento do projeto (79%) é de mulheres, principalmente mães, que procuram ajuda para lidar com a dependência de familiares e são assim conhecidas como codependentes.

 

Visivelmente emocionada, Carminha fez questão de dar seu depoimento como mãe de usuário de drogas. Ela contou que aos 14 anos o filho tinha dito que já havia lido muito sobre drogas e que nunca experimentaria, mas dois anos mais tarde acabou se tornando dependente químico. “Era uma época difícil, não tínhamos com quem falar. Pensei em procurar a escola, mas fiquei com medo de prejudicá-lo, já que era bom aluno. Não falava sobre a dependência do meu filho nem com meus amigos”, lembrou Carminha.

 

“Só depois de muitos anos, quando o Renato, por vontade própria, se internou em uma clínica no Rio de Janeiro e eu fui a uma palestra e escutei ‘você não tem culpa de nada’ foi que comecei a entender a doença e isso me ajudou muito. A importância do apoio de iniciativas como o projeto Ame, mas não Sofra!, que abraça e dá esclarecimento aos familiares é fundamental no processo de ajuda a um dependente”, finalizou Carminha.

 

Durante o evento, também foram homenageados apoiadores do projeto, como Neusa de Paula, que fez quatro edições do curso e hoje é voluntária no Guará; o psiquiatra Evandro Faganello, representando todos os palestrantes; e o doutor Leonardo Moreira, representando os idealizadores e incentivadores do projeto.

 

A idealizadora do projeto, a servidora Gianni Puglisi, comemorou. “Só temos motivos para celebrar, por que conseguimos ajudar 1.464 famílias. Aos poucos, e com muito trabalho, vamos aumentando essa rede de atenção ao dependente químico e a seus familiares”, finalizou.

 

(M.D*)