23/12/2020 às 22:10

Recuperada da Covid-19, idosa canta para comemorar recomeço

Com a ajuda da equipe de oncologia do Hospital de Base, Maria Alves voltou a falar depois de três meses internada

Por Agência Brasília * | Edição: Fábio Góis

Voltar a cantar após complicações da Covid-19 era um dos maiores sonhos de dona Maria Alves do Nascimento, 65 anos. Depois de mais de três meses internada no Hospital de Base (HB) para se recuperar, ela concretizou o desejo nesta terça-feira (22). Ao lado da equipe multiprofissional de oncologia, a idosa entoou uma canção cuja letra diz exatamente o que ela estava fazendo: “Rindo à toa”.

Toda essa alegria é resultado de uma superação inesperada e até milagrosa, segundo a filha Délia Maria do Nascimento, 36. A história da mãe começou em 25 de agosto, quando Maria chegou ao HB para retirar um câncer de pele no tórax. “Depois, ela começou a apresentar sintomas de Covid, agravados rapidamente”, relata Délia.

[Olho texto=”“Essa ideia surgiu durante o tratamento dela. Combinamos que, se melhorasse, ela cantaria com a gente neste fim de ano. A iniciativa deu uma meta para ela atingir”” assinatura=”Renasta Moreira, residente em fisioterapia” esquerda_direita_centro=”centro”]

Curada do câncer, a nova luta foi para combater a infecção pelo novo coronavírus, confirmada dois dias depois pelo resultado do exame PCR. Naquele momento, a paciente já estava com mais de 70% dos pulmões comprometidos e precisou ser encaminhada, imediatamente, à UTI Covid-19, onde foi intubada.

Lá o estado de saúde ficou instável, e ela precisou fazer hemodiálise para resolver a insuficiência renal, além de utilizar adrenalina para manter os batimentos cardíacos estáveis. Ainda foi necessário realizar a traqueostomia, procedimento cirúrgico que permite a oxigenação do paciente, mas que compromete a fala.

[Olho texto=”“Eu agradeço muito ao nosso Deus e à equipe que cuidou de mim. Desejo um Feliz Natal de saúde e paz”” assinatura=”Maria Alves do Nascimento, paciente” esquerda_direita_centro=”centro”]

“Cada dia estava mais grave. Os médicos alertavam que ela era uma paciente gravíssima que tendia a piorar. Porém, a família orou muito e sempre acreditou que ela iria sair de lá”, acrescentou Délia. A boa notícia veio. “Após 45 dias na UTI, ela começou a acordar”, relembrou a filha.

Novo começo

O despertar de Maria trouxe mais esperança para familiares, profissionais de saúde e, principalmente, para ela. Da UTI, a paciente foi encaminhada para o 10º andar, onde recebeu todo o apoio da equipe multiprofissional. Cada responsável, entre nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, recebeu a missão de restabelecer a saúde da mulher.

Equipe multiprofissional organizou uma ação natalina com voz e violão; nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos se envolveram na missão de restabelecer a saúde da idosa | Foto: Thais Umbelino / Iges-DF

“Ela chegou bem debilitada, com muita dificuldade na deglutição. Devido à traqueostomia, não conseguia comer nem falar. À medida que foi respondendo aos estímulos, começamos a mobilizar a equipe médica para retirada do aparelho introduzido na traqueostomia”, contou a fonoaudióloga Thalita Paula Chaves.

Nos últimos 15 dias, a paciente começou a apresentar uma melhora expressiva. Ela voltou a falar em 17 de dezembro e, ontem (terça, 22), encerrou o procedimento de traqueostomia, com apoio dos profissionais de saúde.

Comemoração

O resultado do estado de saúde da paciente merecia uma comemoração especial. Para isso, a equipe multiprofissional organizou uma ação natalina com voz e violão. “Essa ideia surgiu durante o tratamento dela. Combinamos que, se melhorasse, ela cantaria com a gente neste fim de ano. A iniciativa deu uma meta para ela atingir”, explicou a residente em fisioterapia Renata Moreira.

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A ideia foi tão boa que a equipe decidiu estender a ação para todos os quartos do andar, além de entregar aos pacientes um chocolate de lembrança com uma mensagem de esperança. “Eu agradeço muito ao nosso Deus e à equipe que cuidou de mim. Desejo um Feliz Natal de saúde e paz”, declarou Maria Alves.

Cleide Rodrigues, 56 anos, irmã do paciente Vicente Casé, 55, também reconheceu a ação. “Tenho certeza de que a música trouxe alegria para ele”, destacou a parente.

Vicente, que é mudo, curtiu a música dançando e mexendo as mãos. A animação aumentou depois que a irmã lembrou à equipe que o aniversário dele era naquele dia. Não faltou, então, o tradicional parabéns. Antes de os profissionais saírem do quarto, o paciente, em libras, desejou um Feliz Natal e agradeceu a todos.

* Com informações do Iges-DF