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16/09/2015 às 20:13
Programação do terceiro dia de festival marca o início da exibição dedicada a diretores locais. Filmes ficam em cartaz até segunda-feira (21)
Em 2004, quando estava no Cine Brasília, o cineasta Otavio Chamorro brincou com os amigos dizendo que um dia seria anunciado no palco com a frase: De Otavio Chamorro, Vagabunda de Meia Tigela. “Aquilo ficou na minha cabeça; 11 anos e outros filmes depois, estamos prontos para a estreia”, anima-se o diretor, que lança o curta-metragem na Mostra Brasília no domingo (20). Dedicada a cineastas locais, a mostra tem sessões gratuitas de 17 a 21 de setembro, das 17 às 19 horas, no Cine Brasília (106/107 Sul).
Uma entre as 18 obras originalmente brasilienses que concorrem a R$ 200 mil em prêmios e ao 20º Troféu Câmara Legislativa, a produção conta a história de Jonas João, adolescente apaixonado pelo colega de sala e vítima das piadas de sua inimiga. “A ideia é unirmos a questão da violência simbólica que existe nas escolas e a comédia como ferramenta para debater um tema tão delicado como a homofobia”, explica Chamorro sobre o tabu social que aborda na película.
Financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura, o curta foi produzido de 2014 a 2015. O roteiro foi trabalhado 21 vezes para um ano de pré-produção, seis dias de filmagem e quatro meses de pós-produção. O filme conta com elenco jovem, formado por atores de 15 a 20 anos, além de 300 figurantes, a maioria de escolas públicas do Distrito Federal.
Roteirista de ficção e vídeos institucionais, militante LGBT e especialista em classificação indicativa, Chamorro participa pela quarta vez do festival. Em 2008, ele venceu como melhor roteiro na Mostra Brasília com As Fugitivas. Em 2009, participou da 43ª mostra competitiva com Do Andar de Baixo e, em 2012, venceu nas categorias melhor atriz e melhor direção de arte com A Caroneira, também exibido na Mostra Brasília.
Abertura
Quando passeava de bicicleta entre o polo de vendas Cidade do Automóvel e a Estrutural, o cineasta Tiago Rocha teve uma ideia. Ele já fazia parte do projeto Viva a Bicicleta, que discute a mobilidade urbana com crianças e adolescentes, e percebeu o contraste gritante entre a cidade das bicicletas e a dos carros. Daí, surgiu o curta-metragem Setor Complementar, que abre a Mostra Brasília nesta quinta-feira (17).
Em 2013, a equipe conseguiu produzir o filme com recursos do Fundo de Apoio à Cultura. “Buscamos fazer um retrato de um dia dentro desse setor a partir de histórias de crianças de lá e com uma dose de fantasia”, explica o diretor. O filme também busca quebrar os estereótipos construídos pela mídia sobre a Estrutural. “A cidade é complexa, marcada pela luta a favor da moradia e contra o descaso e a violência de sucessivos governos”, define. “Ao mesmo tempo, é a cidade que tem um dos maiores índices de bicicletas por domicílio do DF”, destaca Rocha.
É a primeira vez que o cineasta participa da Mostra Brasília. O filme, por sua vez, já estreou na Estrutural, exibido no projeto Coletivo da Cidade, que atende crianças e famílias em situação de vulnerabilidade.
Para Rocha, o curta tem o objetivo de trazer à tona a discussão sobre a mobilidade urbana no DF. “Apenas quando desconstruirmos a ideia de que o carro é o transporte do futuro, que vem desde o governo Juscelino Kubitschek, teremos uma cidade feita para as pessoas”, opina o diretor, defensor da tarifa zero no transporte público. “Levando-se em conta as medidas anunciadas pelo governo, nossa expectativa é de lutar até o último momento contra aumentos”, reivindica.
Também integram a programação do primeiro dia da Mostra Brasília os curtas-metragens Como se Voasse para Casa, de Wesley Gondim, que traz às telonas uma história de aceitação, amor e fantasia por meio da perspectiva de uma criança; e o longa-metragem Alma Palavra Alma, dos diretores Delvair Montagner e Armando Bulcão. O documentário retrata a situação da terra indígena de Dourados, em Mato Grosso do Sul. A reserva acumula um dos maiores índices de suicídio do mundo e as mais altas taxas de homicídio no País: apenas 7,8% da população chega aos 50 anos.
Mostra competitiva
O segundo dia de mostra competitiva começa com o curta paranaense Tarântula, de Aly Muritiba e Marja Calafange, que apresenta uma família religiosa abalada por uma aparição. O média-metragem mineiro Rapsódia para o Homem Negro, de Gabriel Martins, conta a história de um negro por meio de alegorias e simbolismos que contextualizam a política racial e social no Brasil.
Fecha a programação diária o longa-metragem paulista Fome, do diretor gaúcho Cristiano Burlan. A película fala sobre um homem que abandona o passado depois de ter visto a morte.
As três produções da mostra competitiva serão reprisadas na quinta-feira (17), às 14 horas, na Sala 4 do Cine Cultura Liberty Mall (Setor Comercial Norte, Quadra 2, Bloco D).
Paralelas
As duas mostras paralelas não competitivas desta edição também serão inauguradas nesta quinta-feira (17), nas Sala 4 do Cine Cultura Liberty Mall. Às 17 horas, será exibido o longa Mais do que Eu Possa me Reconhecer, do fluminense Allan Ribeiro, que abre a Panorama Brasil.
A inédita Continente Compartilhado, que trará coproduções brasileiras com outros nove países, estreia com Bollywood Dream — O Sonho Bollywoodiano (2010), de Beatriz Seigner, feito por Brasil, Índia e Estados Unidos.
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