29/01/2016 às 17:25

População junta-se ao governo no combate ao Aedes aegypti

Ouvidoria da Secretaria de Saúde recebe informações de moradores sobre terrenos passíveis de abrigar focos do mosquito. Basta ligar 160

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília


. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Não adianta o poder público fazer a sua parte, se a população não se conscientizar sobre o combate efetivo ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, das febres chikungunya e amarela e do zika vírus. Além de fazer diariamente os procedimentos de eliminação de possíveis criadouros, o cidadão precisa informar sobre locais passíveis de abrigar focos do inseto. O telefone da ouvidoria da Secretaria de Saúde, pelo número 160, é o canal direto para essa finalidade e foi exatamente por ele que a comunidade da Candangolândia denunciou um terreno abandonado no Conjunto C da Quadra 2.

Uma das responsáveis por apontar a possível área de risco, Edilaine Rosa Sobrinho, de 32 anos, tem um filho de 6 anos com dengue. Vizinha do terreno visitado na manhã desta sexta-feira (29), ela se encarregou de sensibilizar os demais moradores do conjunto a combater o inseto. “Outras três pessoas desta mesma rua ficaram doentes e, se não fizéssemos nada, mais e mais gente certamente passaria pelo problema”, opinou a dona de casa.

Em relação ao lote abandonado, Edilaine, moradora da mesma casa desde o nascimento, acrescenta que um idoso era o dono do imóvel durante as décadas de 1980 e 1990. Após o falecimento dele, outras pessoas alugaram a casa, até que um dia ela foi simplesmente abandonada, e os herdeiros passaram a reduzir gradativamente a ida à residência. Com o passar do tempo, a casa se deteriorou até o ponto de manter apenas algumas poucas paredes de pé e servir como esconderijo de traficantes.

Para entrar em lotes particulares é necessária, porém, autorização judicial, como ocorreu nesta manhã. Um chaveiro quebrou o cadeado do portão para acesso da equipe. A tranca não impedia, de acordo com os moradores, a entrada de usuários de drogas, que pulavam o muro ou entortavam as grades.

Balanço
A ação terminou no início da tarde com a retirada de cinco caçambas com capacidade para cerca de 1,5 tonelada cada uma. O entulho coletado seguiu para área reservada para descarte na administração regional.

A equipe composta por dez presos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), três vigilantes ambientais e quatro integrantes da administração regional cortou o mato alto, recolheu o entulho composto por garrafas PET, vidros, latas de cerveja, copos plásticos, pneus velhos e pontas de cigarro, além de muito barro, calhas e telhas quebradas.

De acordo com o agente da Vigilância Ambiental, da Secretaria de Saúde, Marcos Antônio Arcanjo, não foram encontrados focos do inseto, mas o local estava propício ao aparecimento do mosquito, de escorpiões e de ratos.

Segundo o administrador da Candangolândia, do Park Way e do Núcleo Bandeirante, Cleudimar Sardinha, outros três terrenos estão na mesma situação na Candangolândia. “Em parceria com a Vigilância Ambiental, nas próximas semanas vamos percorrer esses pontos e fazer o mesmo procedimento”, anunciou. A região tem, de acordo com dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), cerca de 17 mil moradores distribuídos em 5 mil domicílios.

Caminhada
A partir das 9 horas desta segunda-feira (1º de fevereiro), a Administração Regional da Candangolândia fará uma caminhada de conscientização de combate ao mosquito e ao lixo.

O ponto de partida será a própria administração, na Área Especial 1, Rua dos Transportes, e seguirá por 2 quilômetros até a Quadra 4. Durante o percurso, serão distribuídos panfletos e cartilhas sobre as medidas de erradicação ao Aedes aegypti.

Histórico de ações
A Secretaria de Saúde destacou que, diariamente, agentes de Vigilância Ambiental trabalham para combater o mosquito transmissor em todas as regiões administrativas. As ações ocorrem pela manhã e à tarde.

Segundo a pasta, durante a manhã também são feitas ações da força-tarefa com apoio do Exército, da Marinha, do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Limpeza Urbana e de administrações regionais. Como equipamentos, existem dez máquinas ultrabaixa volume (fumacê) e 280 litros de inseticida.

Também estão engajados na iniciativa a Agência de Fiscalização, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, as administrações regionais e a Aeronáutica.

Na noite de quinta-feira (28), o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, esteve com representantes dos municípios goianos vizinhos para tratar do assunto. Durante o encontro, o chefe do Executivo local destacou que equipes da Vigilância Ambiental devem se reunir para definir uma programação em parceria com Goiás. Em 13 de janeiro, a Secretaria de Saúde do DF firmou o empréstimo de dois carros fumacê para a cidade goiana de Santo Antônio do Descoberto, devido à grande quantidade de focos.

Nesta semana, cerca de 650 casas foram visitadas em Brazlândia pela força-tarefa composta por 105 militares. Outra frente de trabalho aplicou o Bacillus thuringiensis israelenses — larvicida biológico — em acúmulos de água no Gama, no Recanto das Emas e em Santa Maria. Cerca de 600 litros do produto começaram a ser distribuídos no dia 18, com 400 alevinos de lambari-de-rabo-amarelo, para o extermínio das larvas.

No dia 21, após denúncias de moradores de Águas Claras, agentes da Subsecretaria de Vigilância à Saúde, da Secretaria de Saúde, estiveram na região para vistoriar terrenos baldios e lotes destinados a futuras construções.

No dia 11, o Executivo local retomou a retirada do restante dos 40 mil pneus velhos do Autódromo Internacional Nelson Piquet. Os aros foram encaminhados para São Paulo e Goiás, onde passaram por processo de reciclagem e, aqueles mais gastos, serviram de combustível para máquinas industriais.

O combate ganhou um importante reforço em 7 de janeiro, quando o governo criou uma sala de situação para reunir a coordenação da força-tarefa, identificar início dos focos e informar o governo federal sobre os casos de doenças transmitidas pelo vetor.

Legislação
Cleudimar Sardinha acrescentou que, na segunda-feira (25), o governador Rodrigo Rollemberg assinou o Decreto nº 37.078. A legislação descreve as obrigações da população e do governo local no combate a vetores de doenças, como o Aedes aegypti.

O decreto lista cuidados como o descarte ambientalmente correto de materiais que possam acumular água, a vedação correta de caixas d’água e o tratamento adequado de piscinas.

De acordo com o estabelecido no texto, as sanções variam de advertência a multas, conforme previsto na Lei Federal nº 6.437, de 20 de agosto de 1977. Os valores, a depender do grau da infração (leve, grave ou gravíssimo), vão de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.

O Diário Oficial do Distrito Federal de hoje (29) publicou o aviso de pregão eletrônico com o objetivo de registrar preços para aquisição de equipamento destinado a diagnóstico rápido qualitativo de dengue e chikungunya. O valor estimado da compra é R$ 154.312,50. As entregas das propostas começaram também hoje, e a abertura dos envelopes será em 15 de fevereiro. Veja o edital completo. 

Na quarta-feira (27), o Diário trouxe o aviso de dispensa de licitação emergencial para investir R$ 913.686,45 em inseticida que abastecerá os equipamentos de combate ao inseto.

No dia 18, havia decretado também, via Diário Oficial, a prorrogação da situação de emergência na saúde pública local por mais 180 dias. Adotada em janeiro de 2015, a medida havia sido prorrogada pelo Decreto nº 36.613, de 16 julho. O texto permite à Secretaria de Saúde continuar com a permissão para comprar medicamentos e insumos com dispensa de licitação e a possibilidade de convocar novos servidores.

Ouvidoria da Secretaria de Saúde
Ligue 160

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