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26/02/2022 às 09:57, atualizado em 26/02/2022 às 21:26
Local será aberto até julho com novo mobiliário para melhor comportar os 25 mil gibis do acervo
Já são quase dez anos que a Gibiteca do Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, está fechada. Importante na formação de ilustradores e quadrinistas brasilienses, o local voltará a ser espaço de efervescência com a reabertura prevista para o primeiro semestre de 2022.
A gibiteca foi fechada em 2013 para reforma, que só foi concluída em 2019, garantindo acessibilidade e um sistema de prevenção a incêndios. No segundo semestre daquele ano começaram os trabalhos para desencaixotar o acervo. Com a pandemia de covid-19, ficou impossibilitada a continuidade dos serviços, que foram retomados em 2022, com seleção e catalogação dos 25 mil gibis do acervo atual.
Com a estrutura já reformada, o espaço aguarda apenas a chegada do novo mobiliário – que terá novas estantes e outros itens – para a reinauguração. Ao todo, serão investidos R$ 60 mil pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec).
[Olho texto=”25 mil gibis compõem o acervo da Gibiteca do Espaço Cultural Renato Russo” assinatura=”” esquerda_direita_centro=””]
“A reabertura deve ser ainda neste semestre. A gente já está pensando em um mês de atividade nessa linguagem dos quadrinhos, com exposição e encontro de quadrinistas. Tenho certeza que após a reinauguração teremos uma programação efetiva e sistemática”, explica a gerente do Espaço Cultural Renato Russo, Marmenha Rosário.
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, se mostra animado com a iniciativa. “A gibiteca é um espaço lúdico e uma porta de entrada das crianças para o gosto e o prazer da leitura. Reabrir a Gibiteca da Renato Russo é apostar no sonho e no futuro”, diz.
Importância e legado
A expectativa é que a gibiteca volte a ter a mesma importância que teve durante o período de auge do Espaço Cultural Renato Russo, entre os anos 1980 e 1990. “A gibiteca é uma parte muito importante [da 508 Sul], uma área em que as crianças faziam cursos de gravura e de desenho e passavam muito tempo aqui em meio a essa coleção de gibis. Muitos desenvolveram suas artes aqui. Há toda essa relação afetiva com o espaço”, afirma Marmenha Rosário.
[Olho texto=”“Sinceramente desejo que, mantendo os protocolos de segurança necessários durante a pandemia, a gibiteca e o Espaço Cultural Renato Russo permaneçam abertos, influenciando, revolucionando e unindo gente interessante para sempre”, afirma o ilustrador e cartunista Gabriel Góes” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O ilustrador e quadrinista Gabriel Góes é um dos tantos jovens artistas de Brasília que tiveram a trajetória profissional impactada pela Gibiteca. “A gibiteca e o Espaço Cultural Renato Russo possibilitaram contato com quadrinhos que eram, na época, de difícil acesso, autores europeus, latino americanos, gibis alternativos americanos, edições especiais, zines esquisitos, xerox de mangás e os famigerados graphic novels. A gibiteca teve um efeito revolucionário em como eu percebia a linguagem e as possibilidades dos quadrinhos, mas foi também um lugar onde encontrei amigos perpétuos”, lembra.
Saber da reabertura do espaço animou Góes. “A gibiteca pode conectar os autores e leitores da cidade, Brasília tem uma cena considerável e criativa de quadrinistas que acaba ficando limitada a um círculo pequeno de leitores. Sinceramente desejo que, mantendo todos os protocolos de segurança necessários durante a pandemia, a gibiteca e o Espaço Cultural Renato Russo permaneçam abertos, influenciando, revolucionando e unindo gente interessante para sempre”, completa.
Assustado, surpreso e deslumbrado. Foi assim que o pesquisador de histórias em quadrinhos Matheus Calci ficou quando teve contato pela primeira vez com o acervo da gibiteca. Em 2020, ele participou do processo de análise dos títulos como voluntário. “Eles estavam precisando de ajuda de quem conhecesse quadrinhos para dar uma olhada no acervo. Identificar obras raras. Eu topei e comecei a ajudar na organização dos títulos”, conta.
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Enquanto desencaixotava as publicações, Calci se deparava com parte da história do gênero. “Foi uma surpresa. Tinha quadrinhos ali de muito tempo atrás, obras esgotadas. Tem coleções completas de quase tudo que saía no Brasil nos anos 1980 e 1990. Tiras que saíam em jornais na década de 1950 encadernadas. Tem muita coisa do Mauricio de Sousa. Títulos que nem são mais publicados, publicações brasileiras raríssimas e independentes. É um acervo muito valioso”, define.
Devido a essa riqueza, o pesquisador acredita que a reabertura vai fomentar o cenário de quadrinhos. “Fico bastante feliz, porque ao reabrir vai dar oportunidade das pessoas conhecerem quadrinhos. Serve como introdução para novos leitores e um sentimento nostálgico para quem já conhece”, afirma.