20/04/2022 às 07:05, atualizado em 20/04/2022 às 15:19

A história do palácio de mármore de Brasília

Estátuas presenteadas por governos estrangeiros, flores e muito verde enfeitam o Palácio do Buriti, inaugurado em 1969

Por Catarina Lima, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger

O Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, é marcado pela beleza discreta de seu minimalismo. Nos jardins do palácio, em frente ao Eixo Monumental, o prédio ostenta a lendária loba romana amamentando os irmãos Rômulo (fundador de Roma) e Remo, presente do governo italiano pela fundação da capital. Tanto a moderna e futurista Brasília, quanto a cidade eterna, Roma, foram fundadas no dia 21 de abril.

O primeiro governador a despachar no novo Palácio foi Hélio Prates da Silveira, que governou de 1969 a 1974 | Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

A loba chegou a ser roubada na década de 1970, mas foi recuperada e, desde então, ornamenta o jardim do Palácio e lembra a união entre as capitais do Brasil e da Itália.

Além da estátua romana, os jardins do Buriti contam com a Forma Espacial do Plano, de autoria do artista plástico Ênio Liamini, doada pelo então presidente da Argentina, Jorge Rafael Videla, ao governador do DF, Aimé Silveira Lamaison, que esteve à frente do governo local de 1979 a 1982.

A estátua de loba foi presente do governo italiano pela fundação de Brasília | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Inaugurado em 1969, o Palácio do Buriti foi projetado pelo arquiteto Nauro Esteves, que trabalhava com Oscar Niemeyer. “Nauro fazia parte da equipe do Oscar na Novacap, que confiou a ele a missão de fazer o projeto do Palácio do Buriti”, disse o arquiteto Salviano Guimarães, que chegou a fazer parte da equipe de Niemeyer. Além do Palácio do Buriti, Nauro Esteves foi responsável pelos projetos do Hotel Nacional, Superior Tribunal Militar (STM), Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre outros.

[Olho texto=”Durante três anos, um quartel desativado da Polícia Militar, em Taguatinga, transformou-se no Centro Administrativo do Distrito Federal, para onde foi transferida a sede do governo local. Não demorou muito para que o local ganhasse o apelido de Buritinga, mistura de Buriti e Taguatinga” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”]

O primeiro governador a despachar no novo Palácio foi Hélio Prates da Silveira, que governou de 1969 a 1974. Antes a cidade era governada por prefeitos, nomeados pelo presidente da República. Brasília teve dez prefeitos, sendo o último Wadjô da Costa Gomide, engenheiro da Novacap. Os prefeitos despachavam na sede da Novacap, que passou a ser um órgão da prefeitura de Brasília após a inauguração da capital.

De linhas simples, porém marcantes, o Palácio do Buriti chama a atenção pelo mármore branco das paredes e do piso. A cor do mármore dá nome ao salão principal do prédio, o Salão Branco, onde acontece a maioria dos eventos. No primeiro andar está o Salão Azul, menor, mais intimista, usado para eventos menores.

Na gestão do ex-governador Joaquim Roriz o Palácio do Buriti passou por uma reforma para ser modernizado. Desta vez o responsável pela obra foi o engenheiro José de Melo, também da Novacap. “Tudo de mais moderno em segurança que existia na época foi colocado no Buriti. O Salão Azul também passou por uma reforma”, explicou o engenheiro. De acordo com Melo, os vidros que formam as paredes do gabinete do governador passaram a ser blindados.

Buritinga

Durante três anos, a partir de 2007, um quartel desativado da Polícia Militar, em Taguatinga, transformou-se no Centro Administrativo do Distrito Federal, para onde foi transferida a sede do governo local. Não demorou muito para que ganhasse o apelido de Buritinga, mistura de Buriti e Taguatinga. A experiência de levar a administração da cidade longe do Plano Piloto representou uma ação para reforçar o conceito de integração ao governo.

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Passados 12 anos do fim do governo que levou a administração do GDF para Taguatinga, o Buritinga voltou às mãos da PM. Funciona no local desde 2014 o Complexo de Ensino da Polícia Militar do DF. Desde praças recém-integrados à Força até coronéis em cursos de formação passam pelas 22 salas de aula e quatro auditórios do local.

O complexo oferece cursos de pós-graduação, núcleos de abordagem, tiro, pilotagem, defesa pessoal e atualização técnica. “O espaço é muito utilizado pela Polícia Militar. Todo aperfeiçoamento é realizado nele”, disse o coronel Fabrício Boechat de Camargos, comandante do complexo.