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18/05/2022 às 20:56, atualizado em 18/05/2022 às 21:54
Pdad 2021 revela onde os investimentos devem ser incrementados para reduzir as disparidades sociais no DF
No Lago Sul, os pretos e pardos não somam mais do que 32,7% dos 30.446 moradores. Na região onde a população é predominantemente branca, 91,2% têm plano de saúde, 99,4% têm ao menos um carro na garagem, 3,3% dos lares são de mães solteiras e 66,1% têm algum empregado em casa – moradia esta em que a renda média mensal é de R$ 31.012,78.
Em outra margem do Lago Paranoá, o Varjão tem predominância negra, com 70,1% dos residentes. Por lá, 90,5% dependem da rede pública de saúde, só 13,8% dos moradores têm ensino superior completo, a renda mensal familiar é de R$ 2.754,80 e 9% sofrem de insegurança alimentar – que é quando o indivíduo tem dificuldades de acesso a alimentos para satisfazer suas necessidades.
O abismo social entre estes e dois outros grupos populacionais – o Lago Norte e o Park Way – foi revelado na Pesquisa Distrital de Amostragem por Domicílio (Pdad) 2021, divulgada no início do mês pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Nesta quarta-feira (18), a empresa realizou o primeiro de sete encontros de divulgação da pesquisa por Unidade de Planejamento Territorial, na Administração do Lago Sul.
[Olho texto=”“Pesquisas como essa têm finalidade de ditar diretrizes e prioridades de recursos do governo para atender melhor os cidadãos de áreas menos favorecidas como a nossa. Além de revelar com dados científicos a realidade em que estamos inseridos”” assinatura=”Daniel Crepaldi, administrador regional do Varjão” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
“As desigualdades nos modos de vida dessas populações são evidentes, mas é importante ressaltar que não são resultados de governo, e sim estabelecidas pela dinâmica urbana das cidades”, avalia a diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, Clarissa Schlabitz.
A Pdad 2021 aponta que a população urbana do Varjão é de 8.953 pessoas, sendo 51% do sexo de nascimento feminino. São as mulheres, inclusive, as responsáveis pela condução monoparental, ou seja, mães solteiras de 20,5% dos lares. Por lá, 90,7% da população entre 4 e 24 anos estuda em escolas públicas, 48,1% vão de ônibus para o trabalho e 3,5% usam a bicicleta como meio de locomoção para isso. Nas outras três regiões comparadas, esse modal de transporte não-poluente sequer é registrado fora do lazer.
Secretário-executivo das Cidades, Valmir Lemos diz que a amostragem aponta diretrizes que devem ser avaliadas com atenção e trabalhadas pelo governo nos próximos anos. “São informações relevantes que ajudam a definir as prioridades das políticas públicas e, principalmente, a aplicação de recursos voltados a quem precisa.”
Os índices registrados na pesquisa no Park Way e no Lago Norte muitas vezes se aproximam do Lago Sul – e sempre se diferem bastante dos encontrados no Varjão. No primeiro, a renda familiar mensal é R$ 17.933,65 e 75,8% têm plano de saúde, enquanto no segundo esse rendimento familiar chega a R$ 15.522,11 e 66% têm acesso à rede particular de hospitais, consultas e exames médicos.
Equipamentos públicos
O Varjão conta com uma escola pública – o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 01 –, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, um Conselho Tutelar, um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e um posto da Polícia Militar.
“Pesquisas como essa têm finalidade de ditar diretrizes e prioridades de recursos do governo para atender melhor os cidadãos de áreas menos favorecidas como a nossa. Além de revelar com dados científicos a realidade em que estamos inseridos”, avalia o administrador regional do Varjão, Daniel Crepaldi.
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Na outra ponta da pesquisa, o administrador regional do Lago Sul, Rubens Santoro, completa. “Ainda que quem more aqui não busque os equipamentos públicos, precisamos aprimorá-los para atender aqueles que passam o dia na nossa região e precisam deles, seja para uma consulta no posto de saúde ou para deixar os filhos enquanto trabalham.”
O pedreiro João José dos Santos, 53 anos, chegou ao Varjão há 21 anos, quando parte de tudo era mato e ocupado de forma desordenada. Ao longo dos anos, construiu a casa de três pavimentos onde mora, criou os dois filhos em escola pública e sempre recorreu ao serviço público para cuidar da saúde de toda a família. O lazer do final de semana é na Prainha do Lago Paranoá, ali perto.
“Criei e formei meus filhos na escola pública e sempre fui bem atendido quando precisei de atendimento médico. Mas sinto pela dificuldade de tê-los formado no ensino médio e não ter conseguido avançar”, lamenta. “Ainda assim, não trocaria a vida aqui por nenhum outro lugar do DF.”