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01/07/2022 às 07:08
Desde março, Cultura nas Cidades já passou por 14 regiões administrativas, apoiando ações de capacitação cultural, descentralização de serviços e apoio às atividades artísticas
Se, como afirmou Milton Nascimento, todo artista tem de ir aonde o povo está, é também para lá que devem ir as políticas públicas e ações de apoio e difusão da cultura. Foi com esse princípio que o projeto Cultura nas Cidades foi implementado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec).
Por meio de edital publicado no final de 2021, a iniciativa destinou recursos de R$ 3,6 milhões para ações de capacitação cultural, descentralização de serviços e apoio às atividades culturais promovidas pelas Gerências de Cultura das regiões administrativas do DF.
“Nosso foco com o Cultura nas Cidades sempre foi o de democratizar o acesso à cultura e levar informações sobre os serviços e as possibilidades de fomento e apoio que a secretaria oferece aos cidadãos de todas as regiões do Distrito Federal, sem exceção”, explica o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
Funciona assim: projeto dá todo apoio em infraestrutura e recursos para que os gerentes de cultura das RAs realizem shows, peças e atrações diversas, integrando e envolvendo a comunidade local e os artistas de cada região por meio da arte e da cultura.
Além disso, as 15 RAs de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ainda recebem outros dois eixos de ação, com atividades de capacitação e formação para artistas, agentes culturais ou mesmo moradores sem experiência na área, mas que têm o interesse despertado pela possibilidade de aprender e se profissionalizar na área cultural.
[Numeralha titulo_grande=”R$ 3,6″ texto=”milhões estão destinados à realização do Cultura nas Cidades” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
População atendida
As atividades começaram a ser executadas em março e seguem até novembro deste ano. Até o momento, o Cultura nas Cidades já passou por 14 regiões, sendo que sete receberam a etapa de formação: Ceilândia, Estrutural, Varjão, Riacho Fundo II, Brazlândia, São Sebastião e Santa Maria.
No atendimento à população, foram mais de 700 pessoas atendidas com a prestação de diversos serviços, como apoio para abertura de Microempreendedor Individual (MEI) ou do Cadastro de Ente e Agente Cultural (Ceac), e orientações sobre Fundo de Apoio à Cultura (FAC), Lei de Incentivo à Cultura (LIC), entre outros editais e termos de fomento e colaboração da Secec.
Além disso, durante cinco dias seguidos, as cidades recebem um curso de Gestão e Produção Cultural, com aulas sobre empreendedorismo, economia criativa, comunicação para projetos culturais, acessibilidade, captação e gestão de recursos.
“A Secec identificou, depois de várias discussões e debates com essas comunidades, que muitas pessoas não tinham acesso aos recursos e ações da secretaria. Foi então desenvolvido um projeto que vai até essas pessoas, descentralizando não só os recursos, mas também as informações para essas cidades”, explica a subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural, Sol Montes.
A gestão do projeto é do Instituto Cultural e Social do Distrito Federal (InCS-DF), que pretende atender, até o fim do ano, cerca de duas mil pessoas. Além disso, segundo o coordenador do Cultura nas Cidades, Fabiano Castro, a cada parada nas RAs são gerados cerca de 50 empregos diretos e indiretos.
Isso envolve professores, profissionais de segurança, limpeza, atendimento, montagem, entre outras atividades, o que permite a movimentação de toda a cadeia da economia criativa.
[Olho texto=”“O projeto movimentou, por meio da arte e da cultura, a economia criativa da cidade, com os bares, os vendedores ambulantes e o comércio local que atenderam a nossa comunidade, mas também as pessoas de outras cidades que vieram para o evento”” assinatura=”Marcos Jr. Gong, gerente de cultura da Candangolândia” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Gerências de Cultura
Outro ponto importante do projeto é o fortalecimento do trabalho dos gerentes de cultura. A Lei Orgânica da Cultura (LOC) trouxe a importância e a presença dessas gerências para as políticas culturais, mas, para eles, ter a oportunidade de produzir eventos e mobilizar os artistas locais é algo inédito ou muito raro.
No Varjão, por exemplo, há muitos anos não era realizado nenhum evento como esse, como relatou o gerente de cultura Mestre Aladin. Na RA, foram realizados três dias inteiros de atividades diversificadas, coincidindo com as celebrações do aniversário da cidade e reunindo cerca de quatro mil pessoas.
Também foi oferecido um espaço para que as pessoas da comunidade vendessem bebidas e alimentos, gerando renda para a população. “Depois do evento, foi possível perceber um contentamento geral da comunidade, muitos dizendo que foi o melhor evento já realizado no Varjão”, conta Mestre Aladin.
“Os artistas se sentiram mais motivados e valorizados, pois, por meio das parcerias e do próprio projeto, foi possível pagar a todos, recebê-los com lanche, camarim, toda uma estrutura adequada. Todos os artistas que se inscreveram para participar puderam subir ao palco”, completa o gerente de cultura.
Marcos Jr. Gong é o gerente de cultura da Candangolândia, que também recebeu o Cultura nas Cidades com muita festa. Segundo ele, foram 16 artistas se apresentando em uma programação eclética e plural, que foi do funk ao sertanejo, do dance hall à viola caipira, a maior parte de projetos autorais. Assim, as atrações agradaram todo tipo de público, que prestigiou em peso o evento.
“Além disso, o projeto movimentou, por meio da arte e da cultura, a economia criativa da cidade, com os bares, os vendedores ambulantes e o comércio local que atenderam a nossa comunidade, mas também as pessoas de outras cidades que vieram para o evento. Foi cheio todos os dias. Que venha o próximo Cultura nas Cidades, trazendo esse impacto positivo e de grande valia para todo mundo”, destaca.
Reconhecimento e aprendizado
Durante as oficinas em São Sebastião, o músico Sady Carmo foi um dos que prestigiou todas as aulas. Segundo ele, o curso “é muito válido e a gente evolui participando dessas discussões. Além disso, tem toda essa questão dos incentivos da secretaria que estamos descobrindo. Essa linha Meu Primeiro FAC, por exemplo, é uma sacada muito legal, porque beneficia quem ainda não tinha essa oportunidade, amplia muito o acesso.”
[Olho texto=”“O projeto é uma via de mão dupla: permite que a secretaria apresente seus serviços para a comunidade, mas também ouça o que essas pessoas precisam”” assinatura=”Carlos Leandro, diretor de Planejamento e Monitoramento de Projetos Especiais na Secec” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
O jornalista e cinegrafista Fábio Costa também é morador da região e conta que fazer a capacitação oferecida pelo projeto permitiu que ele percebesse, mesmo depois de 25 anos de profissão, que ele também é um produto. “A gente vai seguindo e trabalhando e não percebe os detalhes, mas agora estamos tendo essa oportunidade de entender que ainda temos muita coisa para aprender”, diz ele.
Nesse sentido ele cita a parte da acessibilidade e da inclusão. “Ainda precisamos melhorar muito o diálogo com esse público. Outra coisa é que nós falávamos sempre do FAC, mas não sabíamos que existiam tantas outras possibilidades de apoio da secretaria”, relata.
Carlos Leandro, diretor de Planejamento e Monitoramento de Projetos Especiais na Secec, explica que o Cultura nas Cidades tem intenção de atingir públicos distintos, incluindo o cidadão comum, que se interesse pelas apresentações artísticas ou pela formação, assim como os artistas, profissionalizados ou não.
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“Não adianta traçarmos uma política pública sem essas pessoas na ponta, dizendo pra gente se aquilo funciona ou não. Então o projeto é também uma via de mão dupla: porque permite que a secretaria apresente seus serviços para a comunidade, mas também ouça o que essas pessoas precisam”, explica.
“Sempre converso com os alunos ao final do curso e perguntei para um dos participantes o que ele tinha aprendido ali. Ele respondeu: aprendi que eu fazia cultura e não sabia. É isso que a gente quer, que a pessoa entenda que pode se profissionalizar, que pode obter recursos a partir do que ela já faz e que ela possa, a partir da arte, expandir suas possibilidades”, conclui Leandro.
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa