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02/10/2016 às 15:26, atualizado em 03/10/2016 às 11:19
Um dos nove contemplados pelo fundo nessa categoria em 2016, o projeto das cineastas do Coletivo Babu exibirá produções dirigidas, produzidas e protagonizadas por mulheres
A receita básica para a exibição pública de um filme — projetor, caixas de som e público interessado em cinema — será fomentada por uma das novas linhas de apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), implementadas pelo edital para projetos audiovisuais deste ano.
Das 71 propostas contempladas, nove são para a criação ou desenvolvimento de cineclubes, espaços caracterizados pela transmissão acompanhada de debate cinematográfico. Os projetos do tipo receberão R$ 270 mil dos R$ 21,9 milhões em recursos destinados pela parceria entre a Secretaria de Cultura e a Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Um deles é o Cineclube para Mulheres Dulcina de Moraes, criado com o propósito de valorizar e enriquecer a cultura do cinema de Brasília pela perspectiva feminina. “Queremos trazer ao público o protagonismo da mulher na direção, na fotografia, na montagem, na atuação e em outros papéis de destaque nas obras audiovisuais”, explica a gestora cultural Eli Moura. Em 2015, a brasiliense de 29 anos se uniu com outras 27 cineastas para fundar o Coletivo Babu, que assina a produção do cineclube com nove mulheres na equipe.
A ideia, depois do recebimento do recurso de R$ 29,8 mil pelo FAC, é que, por um ano, as cineastas levem títulos assinados por mulheres em sessões quinzenais gratuitas na Sala Conchita, na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, no Conic (Setor de Diversões Sul), seguidas de debates com a participação de convidadas. “Trabalhamos em uma curadoria em que serão contempladas também produções originalmente brasilienses, como forma de fomentar o trabalho local”, reforça Eli. “O cineclubismo dá oportunidades de criar cineastas e estimular a perspectiva do cinema fora da academia”, defende.
[Numeralha titulo_grande=”9″ texto=”Número de projetos para criação ou desenvolvimento de cineclubes contemplados no FAC” esquerda_direita_centro=”esquerda”]
Além do cineclube, o grupo que leva o nome de uma deusa egípcia trabalha em ações de empoderamento feminino na área, como a criação de um aplicativo para dispositivos móveis em que diretoras, atrizes, produtoras, montadoras e quaisquer mulheres que trabalham na área do audiovisual possam manter o contato. “É uma espécie de catálogo que vai mapear essas profissionais e fortalecer a rede feminina no cinema”, acredita.
Os artistas visuais Yasmin Adorno, Maurício Chades e Silvino Mendonça também conseguiram apoio do FAC para dar continuidade ao Kinofogo — Cineclube com Fogueira ao Ar Livre.
A primeira exibição do modelo criado pelo grupo ocorreu em março, no Córrego do Urubu — entre o Lago Norte e o Varjão, onde funciona o ateliê aberto de dois dos artistas —, e desde então o grupo promoveu três sessões do tipo.
“A ideia é trazer filmes que não entraram em cartaz, sendo pelo menos um deles do DF”, explica o realizador audiovisual Maurício Chades, de 25 anos. Estão previstas para o próximo ano oito exibições e a presença de quatro diretores ainda não definidos. A ideia é que em uma sessão o cineasta apresente sua obra e, na seguinte, sugira um filme.
[Olho texto=”O cineclubismo leva a produção ao encontro do público. Isso é muito interessante do ponto de vista audiovisual” assinatura=”Maurício Chades, um dos idealizadores do cineclube Kinofogo” esquerda_direita_centro=”direita”]
A proposta segue um modelo inusitado, em que o filme é projetado em uma parede ou tela acompanhado por uma fogueira ao ar livre. Com o recurso de R$ 29,9 mil, o cineclube poderá sair do local em que nasceu e seguir para o Paranoá e o Varjão. “Acreditamos em um trabalho que dialogue com a composição dos espaços, de forma que a projeção se integre às tensões evidentes dos locais periurbanos que escolhemos”, defende Chades. A previsão é que as edições itinerantes ocorram em julho e agosto de 2017, aproveitando o período sem chuvas.
No Kinofogo, o público é convidado a levar alimentos como batatas para assar na fogueira e pipoca para as sessões. “Queremos ampliar o acesso e estimular a interação”, afirma o artista. Para ele, a diversidade da linha de apoio do edital será importante para o setor na cidade. “O cineclubismo leva a produção ao encontro do público. Isso é muito interessante do ponto de vista audiovisual”, conclui.
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Edição: Gustavo Marcondes