15/05/2024 às 14:32

Método Canguru é técnica bem-sucedida com prematuros

Hospital Regional de Santa Maria trabalha há um ano com essa prática na UTI neonatal 

Por Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

Nesta quarta-feira (15) é celebrado o Dia Mundial de Sensibilização do Método Canguru. Transformado em política pública de saúde em 1999, o procedimento foi adotado no ano seguinte pela rede pública do Distrito Federal. No Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), o método foi implementado em 2023.

Contato direto com o corpo da mãe ou do pai é a base do método, que deve ser aplicado sob orientação | Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

A prática consiste em manter o recém-nascido em contato com o corpo da mãe ou do pai, na posição vertical, o tempo mínimo necessário para respeitar a estabilização do bebê e pelo tempo máximo que ambos entenderem ser prazeroso. A orientação deve ser feita por equipe de saúde adequadamente capacitada.

“Este método é utilizado para aumentar o vínculo do bebê que era para estar dentro da barriga da mãe, mas acabou saindo antes; então, esse vínculo tem que ser mantido devido ao tempo prolongado de internação dessa criança”

Phabyana Pereira de Araújo,chefe do Serviço de Neonatologia do HRSM

O método é praticado nas unidades de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), que conta com 20 leitos, e Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin), com 15 leitos. Atualmente, o HRSM é referência na Região Sul de Saúde e no Entorno Sul para atendimento de gestantes de alto risco. Por conta disso, a média de nascimentos de bebês prematuros no hospital é de 40% a 50%.

Pele a pele

O método canguru começa dentro da UTI neonatal. Se o bebê estiver estável, mesmo em estado grave, é colocado em contato com a mãe ou com o pai na hora da visita. “Este método é utilizado para aumentar o vínculo do bebê que era para estar dentro da barriga da mãe, mas acabou saindo antes; então, esse vínculo tem que ser mantido devido ao tempo prolongado de internação dessa criança”, explica a chefe do Serviço de Neonatologia do HRSM, Phabyana Pereira de Araújo.

Segundo a neonatologista, há estudos científicos que comprovam que o contato pele a pele leva melhorias ao recém-nascido, que se sente mais protegido. “Ele ganha peso mais rápido, fica mais estável, porque o contato afetivo entre os pais e o bebê gera essa segurança”, resume Phabyana. “O método Canguru diminui o tempo em ventilação mecânica e o tempo de internação”.

Encaminhamento

Para ser encaminhado à Ucin, o bebê precisa estar estável, sem suporte ventilatório, atingir 1,250 kg e ter alimentação plena, trófica, ou seja, quando já estiver mamando, em treinamento de sucção, conseguindo deglutir.

“É lá dentro da Ucin que o bebê entra na fase de ganhar peso”, explica a médica. “Quando atinge 1,900 kg e está bem, sem nenhum problema com a amamentação, se alimentando direitinho, é que damos alta para este bebê ir para casa. O método Canguru prevê a alta com 1,600 kg, mas não seguimos essa orientação por conta da alta vulnerabilidade da população atendida aqui no HRSM. Por segurança, mandamos [para casa] só quando estão mais pesados, para evitar que eles retornem ao hospital com desnutrição.”

Benefícios 

Conforme o manual desenvolvido pelo Ministério da Saúde, o método Canguru é um modelo de atenção perinatal voltado para a atenção qualificada e humanizada, que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial com uma ambiência que favorece o cuidado ao recém-nascido e à sua família. 

O procedimento promove a participação dos pais e da família nos cuidados neonatais. Faz parte da iniciativa o contato pele a pele, que começa de forma precoce e crescente desde o toque, evoluindo até a posição canguru.

Entre as vantagens da iniciativa estão reduzir o tempo de separação dos pais e da criança, facilitar o vínculo afetivo, incentivar a confiança dos pais no cuidado do filho inclusive após a alta hospitalar e estimular o aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração, além de manter o adequado controle térmico do bebê.

O método ainda contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, do estresse e da dor, propiciando melhor relacionamento da família com a equipe de saúde. Também favorece ao recém-nascido uma estimulação sensorial protetora em relação ao seu desenvolvimento integral e melhora a qualidade do desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido.

*Com informações do IgesDF