06/07/2024 às 18:36, atualizado em 06/07/2024 às 20:02

Arte de rua mobiliza comunidade de São Sebastião e transforma muros em verdadeiras galerias

Financiada pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, iniciativa reúne 13 artistas da capital para transformar local em um museu a céu aberto

Por Mayara da Paz, da Agência Brasília | Edição: Carolina Caraballo

As ruas do Setor Tradicional de São Sebastião estão passando por uma renovação inspiradora pelo projeto Rua Galeria. Idealizada pelo artista plástico Chico Metamorfose e financiada pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), a iniciativa reúne 13 artistas da capital para transformar o local em um verdadeiro museu a céu aberto.

Ao longo de 120 metros, pinturas celebram super-heróis e refletem cenas do cotidiano, além de abordarem temas cruciais como respeito aos pedestres e preservação ambiental. A arte também levanta críticas construtivas contra práticas como o garimpo ilegal e o desmatamento na Amazônia.

Projeto Rua Galeria reúne 13 artistas do DF para transformar as vias públicas do Setor Tradicional de São Sebastião | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília

Chico Metamorfose, cuja própria vida é uma narrativa de transformação, não apenas lidera o projeto, mas também se dedica ao ensino de arte para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Depois de passar por um período de reabilitação em um centro clínico em Ceilândia, o artista plástico fundou o Instituto Metamorfose. Movido pelo desejo de retribuir o que define como uma “segunda chance na vida”, passou a dedicar seu talento à educação por meio da arte.

“Eu saí daquela situação de dependência e pensei em olhar para os outros, olhar principalmente para crianças e adolescentes, porque foi nessa época que eu me perdi. Então eu atuo nesse sentido, para evitar que eles entrem nesse mundo”, compartilha Chico.

Para o artista plástico Chico Metamorfose, idealizador do projeto, a arte descobre novos talentos e promove inclusão social

O instituto tem como objetivo formar cidadãos por meio da arte e descobrir futuros talentos, promovendo a inclusão social de crianças, jovens e adultos. No ateliê, as técnicas de pintura e desenho são ensinadas gratuitamente, com o intuito de resgatar os jovens das ruas. Por ali já passaram mais de 5 mil artistas desde a inauguração da sede.

“Eu me considero um super-herói porque deixei muita coisa para trás. Um super-herói, quando vai salvar uma vida, não está mais pensando nele. E assim é que eu faço com meus meninos. Quando vejo que um aluno está com uma certa dificuldade, vou com ele até o final”, complementa.

Ex-aluno do Instituto Metamorfose, João Bezerra Filho comemora a participação no projeto: “Estar aqui hoje, expondo minha arte, é muito significativo”

Hoje com 34 anos, João Bezerra Filho foi aluno do Instituto Metamorfose dos 6 aos 14 anos. Apaixonado pelo mundo da arte, ele seguiu os passos de Chico e também se tornou artista plástico, ganhando, inclusive, um painel no projeto Rua Galeria para chamar de seu.

“Foi muito importante passar pelo instituto porque foi uma fase de sobrevivência mesmo. Eu aprendi coisas que levo para a vida. E estar aqui hoje, expondo minha arte, é muito significativo”, relata João, enquanto mostra sua obra sobre a importância do uso e respeito da faixa de pedestre.

O morador de São Sebastião Eliomar Vieira aprova a iniciativa: “Conscientiza sobre arte e pautas do cotidiano de uma forma muito bacana”

A iniciativa não apenas embeleza os muros das casas da rua, como também conversa com uma demanda da comunidade local contra pichações e outros tipos de vandalismo. A participação dos moradores foi essencial para o sucesso do projeto, destacando o poder da arte urbana como uma ferramenta de integração social e conscientização coletiva.

“O projeto foi muito bem-vindo. Eu acho que conscientiza sobre arte e pautas do cotidiano de uma forma muito bacana”, diz Eliomar Vieira, 38 anos, morador de São Sebastião.

Francisca Mota, 38 anos, também reconhece a importância da arte urbana. “O trabalho que Chico faz é muito importante. É uma forma de resgate. E para além disso, antes o pessoal pichava aqui. Com o projeto, a gente espera que isso pare”, afirma.

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