05/07/2024 às 16:22

HCB reúne crianças que alcançaram sucesso no tratamento de alergias alimentares

Com teatro, Hospital mostrou como integrar pacientes com alergia em eventos sociais

Por Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

O período de 23 a 29 de junho de 2024 foi definido, pela Organização Mundial da Alergia, como a Semana Mundial da Alergia – tempo em que os profissionais da área intensificam ações de conscientização sobre a doença. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) participou da mobilização, realizando teatro e palestra para orientar sobre sintomas e cuidados.

Alérgica a leite e derivados, Heloísa Santos, assistida pelo HCB, e a médica Valéria Botan participaram da mobilização promovida pela Semana Mundial da Alergia | Foto: Maria Clara Oliveira/HCB

A cada ano, a Semana Mundial da Alergia aborda um tema diferente; em 2024, o escolhido foi “Superando os obstáculos da alergia alimentar”. Dessa forma, pacientes que recebem tratamento para este tipo específico de alergia participaram do evento, que também alcançou crianças e adultos que não apresentam esse diagnóstico. A peça, encenada por residentes de alergia pediátrica do HCB, contava a história de um menino que precisava explicar, na escola, o motivo de não comer o mesmo lanche que os amigos.

Além de assistir à peça, as famílias atendidas pela equipe de alergia acompanharam uma palestra sobre alimentação saudável e participaram de um momento de interação com direito a lanche

“Essas crianças ainda sofrem uma exclusão social por terem as limitações alimentares. É muito importante trazer um teatro como esse para mostrar que todo mundo pode ser incluído nas brincadeiras, nas festinhas da escola, independente de ter ou não uma alergia”, explica a médica responsável pelo ambulatório de alergia alimentar do HCB, Valéria Botan.

Para Alana Santos, mãe de Heloísa Santos, 6 anos, essa abordagem da integração social é importante. “Tem muito preconceito, tanto a criança como a mãe são muito julgadas; as pessoas não entendem. Um evento que traz informações facilita para as pessoas entenderem e termos menos julgamento”, disse. Ao lado da mãe, Heloísa acompanhou a apresentação e contou que, quando alguém oferece algo que ela não pode comer, tem a resposta na ponta da língua: “Não, eu não quero!”

Lucas Fernandes aproveitou para comer um bolo. Ele foi diagnosticado com uma alergia grave a ovo quando tinha dois anos e, assim como Heloísa, passou por um período de dessensibilização para alcançar tolerância ao alimento

A menina é alérgica a leite e derivados, mas já iniciou o tratamento e passa por dessensibilização. “A gente mantém a dieta em casa; a médica orientou a fazer aos poucos: um pouquinho de leite no purê, para ver como ela vai reagir. Só o leite, mesmo, que não damos de jeito nenhum”, relata a mãe de Heloísa. De tudo que já experimentou durante esse processo, ela seleciona seus pratos preferidos: “Bolo de cenoura, de paçoca ou de chocolate; eu gosto do sabor”.

Além de assistir à peça, as famílias atendidas pela equipe de alergia acompanharam uma palestra sobre alimentação saudável e participaram de um momento de interação com direito a lanche. O cardápio incluiu pratos que, graças ao tratamento, as crianças já podem ingerir. Lucas Fernandes, 9 anos, aproveitou para comer um bolo. Ele foi diagnosticado com uma alergia grave a ovo quando tinha 2 anos e, assim como Heloísa, passou por um período de dessensibilização para alcançar tolerância ao alimento. A mãe do menino, Marivone Fernandes, conta: “Se dessem uma balinha para ele, perguntava ‘tem ovo? Porque eu não posso’; ele tinha essa consciência. Agora ele recebeu alta e já está só na fase de acompanhamento, para ver se não tem nenhuma crise”.

Segundo a médica coordenadora de Imunologia e Alergia do HCB, Cláudia Valente, casos como os de Heloísa e Lucas são comuns entre as alergias alimentares: “Os alimentos mais frequentes são o leite e o ovo, mas têm crescido alergias até a frutas, como a banana – temos casos graves de alergia a banana – e às castanhas, que são um alimento bastante utilizado no Brasil. No contexto do HCB, a alergia alimentar grave é uma demanda muito grande”. A médica reforça, portanto, que “é importante o paciente ser acolhido, com orientação da equipe da nutrição, dos alergistas, enfermagem, psicologia”.

*Com informações do HCB