29/07/2024 às 18:24, atualizado em 31/07/2024 às 19:22

Liberação do trânsito no Buraco do Tatu ocorrerá nesta quinta-feira (1º/8)

Marco Zero da época da inauguração de Brasília que foi descoberto durante a substituição do pavimento em concreto será restabelecido no local; GDF investiu R$ 2 milhões na recuperação da via

Por Agência Brasília* | Edição: Ígor Silveira

As obras de restauração do pavimento asfáltico em concreto do Buraco do Tatu – passagem de 700 metros que liga os eixos Rodoviário Norte e Sul, no Plano Piloto – foram iniciadas no dia 1º de julho e serão concluídas nesta quarta-feira (31). O trânsito será liberado na quinta-feira (1º/8), beneficiando, assim, os 150 mil motoristas, que passam todos os dias pelo local.

O pavimento original da passagem, da época da construção de Brasília, estava degradado após 60 anos de uso e sua vida útil estava ultrapassada. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões nas obras de recuperação do pavimento.

As placas de concreto danificadas foram trocadas por novas e o material antigo das juntas de dilatação – que unem essas placas – foi substituído por um selante com durabilidade prevista de dez anos. Os serviços incluíram a lavagem das paredes azulejadas e do teto do Buraco, além de limpeza e desobstrução de todas as caixas de drenagem da passagem.

Foram investidos cerca de R$ 2 milhões nas obras de recuperação do pavimento | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Para minimizar os transtornos aos motoristas que trafegam diariamente pelo Buraco do Tatu, o Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF) escolheu o mês de julho para realizar essas benfeitorias, em função das férias escolares, uma vez que o trânsito normalmente fica mais tranquilo nesta época.

Contexto histórico

Durante as obras, as equipes foram surpreendidas com a descoberta do “Marco Zero” do DF, que estava escondido abaixo do antigo pavimento de concreto. Também conhecida como “Estaca Zero” de Brasília, serve de referência na ordenação numérica da quilometragem das vias, ou seja, é o ponto inicial de contagem das distâncias calculadas a partir da cidade.

Em 20 de abril de 1957, o engenheiro e topógrafo Joffre Mozart Parada, então chefe da equipe de topografia da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), fincou no solo do Cerrado, na antiga Fazenda Bananal, o Marco Zero, cruzamento dos eixos rodoviário e monumental, a partir de onde Brasília começou a ser erguida.

“A Estaca Zero é um patrimônio histórico de extrema importância para nossa cidade e para a história do Brasil. Nas rodovias, a principal forma de localização são as placas correspondentes aos marcos quilométricos. Por exemplo, quando vemos uma placa com a indicação ‘km 75’ informa que aquele ponto da rodovia está situado a exatos 75 km do marco zero”

Fauzi Nacfur Júnior, presidente do DER-DF

“A Estaca Zero é um patrimônio histórico de extrema importância para nossa cidade e para a história do Brasil. Nas rodovias, a principal forma de localização são as placas correspondentes aos marcos quilométricos. Por exemplo, quando vemos uma placa com a indicação “km 75” informa que aquele ponto da rodovia está situado a exatos 75 km do marco zero”, destacou Fauzi Nacfur Júnior, presidente do DER-DF.

Estabelecer o Marco Zero na construção de uma cidade é o mesmo que definir o ponto a partir do qual tudo será referenciado. Todos os componentes da urbanização da cidade são espacialmente definidos e calculados a partir desse ponto irradiador.

Após a implantação da Estaca Zero, as escalas urbanas – definidas no papel pela equipe de Divisão de Urbanismo da Novacap – puderam, então, ser transferidas para o chão da futura capital.

Para definir o local exato do Marco Zero foi utilizado o marco geodésico Vértice nº 8, instalado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que se encontrava no ponto mais alto da cidade, ao lado do cruzeiro, na atual Praça do Cruzeiro. Brasília foi irradiada a partir da Estaca Zero.

A identificação do ponto exato e a confirmação de que se tratava mesmo do Marco Zero só foi possível graças aos registros históricos do Arquivo Público do DF (ArPDF). Segundo Adalberto Scigliano, superintendente do órgão, o resgate da história da capital fortaleceu o trabalho em conjunto das equipes envolvidas nas obras do Buraco do Tatu.

“O mais importante disso tudo foi a união entre os diversos órgãos para resgatarmos a história de algo tão importante para a história de Brasília, mas que às vezes passa despercebido no nosso cotidiano”, afirmou. “Agora, todas as vezes que a população passar por ali vai lembrar de como e onde nasceu Brasília”, completou.

*Com informações do DER-DF