12/01/2017 às 15:28, atualizado em 20/01/2017 às 21:52

Rodízio no fornecimento de água da Barragem do Descoberto se inicia na segunda-feira (16)

Medida visa preparar a população para o período de seca e ocorre após as chuvas não chegarem nos níveis esperados. Presidente da Caesb, Maurício Luduvice, participou do anúncio nesta quinta-feira (12)

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

O presidente da Caesb, Maurício Luduvice, anunciou as medidas para a preservação dos níveis da Barragem do Descoberto nesta quinta-feira (12)

O presidente da Caesb, Maurício Luduvice, anunciou as medidas para a preservação dos níveis da Barragem do Descoberto nesta quinta-feira (12). Foto: Tony Winston/Agência Brasília

As regiões administrativas abastecidas pela Barragem do Descoberto passarão por rodízio no fornecimento de água a partir de segunda-feira (16). As primeiras serão Ceilândia, Recanto das Emas e Riacho Fundo II. O nível do reservatório abaixo de 20% e o índice pluviométrico menor do que o esperado em dezembro e janeiro levaram a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa-DF) e a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) a adotar a medida para assegurar capacidade hídrica para o próximo período de seca na cidade. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (12), em entrevista coletiva.

O rodízio ocorrerá em um ciclo de um dia sem abastecimento (a partir das 8 horas), dois dias para religar e estabilizar o sistema e três de situação normalizada. As áreas afetadas são Águas Claras, Candangolândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Park Way, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Santa Maria, Samambaia, Taguatinga e Vicente Pires (veja lista abaixo). Cerca de 1,8 milhão de pessoas serão atingidas pela medida.

Não é de agora que se estuda a alternância no fornecimento de água. A possibilidade já havia sido ventilada em novembro de 2016, quando o nível da água do Descoberto esteve abaixo dos 20% pela primeira vez e a Adasa publicou a Resolução nº 20, para estabelecer o regime de racionamento. Foi uma das oito publicadas pela agência reguladora desde a percepção da escassez hídrica.

Na ocasião, optou-se por esperar as chuvas, mas não foi suficiente. Na manhã desta quinta-feira (12), o volume na Bacia do Descoberto estava em 18,94%. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a média histórica do índice pluviométrico no DF em janeiro é de 225 milímetros (mm). Em 2017, a marca dos dez primeiros dias do ano é de 19 mm, ou seja, menos de 10% do registrado ao longo dos anos. Em visita ao Inmet na quarta-feira (11), o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, ouviu a explicação sobre o bloqueio atmosférico que impede que as precipitações cheguem ao DF.

Sistemas de abastecimento de água do DF

Regiões abastecidas pelo Santa Maria terão pressão da água reduzida

Assim como ocorreu com as regiões abastecidas pelo Descoberto em novembro, as que têm abastecimento hídrico pelo reservatório de Santa Maria terão a pressão da água reduzida. A medida começa em 30 de janeiro. Como o reservatório está em torno de 40% (41,22% na manhã de hoje), ainda não será feito rodízio de fornecimento de água.

“Reduzimos a captação de 5,1 mil litros por segundo para 4,4 mil litros por segundo com a redução de pressão. Com o rodízio de fornecimento, o objetivo é diminuir em mais 10%, para garantirmos a preservação dos níveis da Barragem do Descoberto no período de seca”, explicou o presidente da Caesb, Maurício Luduvice.

As medidas seguem um conjunto de ações para amenizar a crise hídrica, a exemplo da cobrança de tarifa de contingência sobre a conta de consumo, a restrição no horário para captação por caminhões-pipa e a orientação para estabelecimentos como lava a jato.

Construções de outros sistemas captadores de água

Em novembro, o governo de Brasília deu início às obras da represa do Bananal. A novidade vai custar aos cofres públicos cerca de R$ 20 milhões e deve ficar pronta em um ano. O Bananal levará água para moradores do Plano Piloto, do Cruzeiro e do Lago Norte — 170 mil ao todo. Com capacidade de vazão de 726 litros por segundo, a bacia desafogará o reservatório de Santa Maria, responsável pelo abastecimento dessas três regiões administrativas. É a primeira grande obra para melhorar o abastecimento no DF em 16 anos.

Além do subsistema do Bananal, outra obra em curso para dar mais tranquilidade ao abastecimento de Brasília é a construção de sistema de captação e distribuição de água na Barragem de Corumbá 4, próximo a Luziânia (GO), que conta com investimentos do DF, de Goiás e do governo federal. A previsão é que o aquífero fique pronto em 2018. A água captada nele servirá a brasilienses e goianos.

A Caesb ainda tem um projeto para captar, armazenar, tratar e distribuir água do Lago Paranoá, que está licitado, mas aguarda a liberação de recursos da União para o início das obras. Quando ficar pronto, o Sistema Paranoá atenderá cerca de 600 mil moradores do Paranoá, de São Sebastião, do Lago Norte, de Sobradinho, de Sobradinho II, dos condomínios do Grande Colorado e de Planaltina.

Primeiro ciclo do rodízio no fornecimento de água

16 de janeiro (segunda-feira)

Interrupção: Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II

 

17 de janeiro (terça-feira)

Interrupção: Vicente Pires, Colônia Agrícola Samambaia, Vila São José, Jóquei, Santa Maria, DVO, Sítio do Gama, Polo JK e Residencial Santa Maria

Religação e estabilização: Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II

 

18 de janeiro (quarta-feira)

Interrupção: Gama

Religação e estabilização: Vicente Pires, Colônia Agrícola Samambaia, Vila São José, Jóquei, Santa Maria, DVO, Sítio do Gama, Polo JK, Residencial Santa Maria, Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II

 

19 de janeiro (quinta-feira)

Interrupção: Águas Claras (zona baixa), Park Way, Núcleo Bandeirante, C.A. IAPI, Candangolândia, Setor de Postos e Motéis e Metropolitana, Vila Cauhy, Vargem Bonita, Ceilândia Leste e Samambaia

Religação e estabilização: Gama, Vicente Pires, Colônia Agrícola Samambaia, Vila São José, Jóquei, Santa Maria, DVO, Sítio do Gama, Polo JK e Residencial Santa Maria

 

20 de janeiro (sexta-feira)

Interrupção: Guará I e II, Polo de Modas, CABS, Lúcio Costa, SQB, CAAC, Taguatinga Sul, Arniqueiras, Areal e Riacho Fundo I

Religação e estabilização: Águas Claras (zona baixa), Park Way, Núcleo Bandeirante, C.A. IAPI, Candangolândia, Setor de Postos e Motéis e Metropolitana, Vila Cauhy, Vargem Bonita, Ceilândia Leste, Samambaia e Gama

 

21 de janeiro (sábado)

Interrupção: Águas Claras (zona alta), Concessionárias e Taguatinga Norte

Religação e estabilização: Guará I e II, Polo de Modas, CABS, Lúcio Costa, SQB, CAAC, Taguatinga Sul, Arniqueiras, Areal, Riacho Fundo I, Águas Claras (zona baixa), Park Way, Núcleo Bandeirante, C.A. IAPI, Candangolândia, Setor de Postos e Motéis e Metropolitana, Vila Cauhy, Vargem Bonita, Ceilândia Leste e Samambaia

 

22 de janeiro (domingo)

Interrupção: Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II

Religação e estabilização: Águas Claras (zona alta), Concessionárias, Taguatinga Norte, Guará I e II, Polo de Modas, CABS, Lúcio Costa, SQB, CAAC, Taguatinga Sul, Arniqueiras, Areal e Riacho Fundo I

 

Edição: Marina Mercante