22/04/2025 às 13:45, atualizado em 22/04/2025 às 16:22

TCB se reinventa e assume papel estratégico ao investir na mobilidade, saúde e educação

Após décadas de abandono, a empresa pública passou de risco de extinção à liderança em programas com foco em inclusão e tecnologia

Por Ian Ferraz e Karol Ribeiro, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

A Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) tem passado por uma verdadeira transformação nos últimos anos. De uma estrutura reduzida à beira da extinção, a TCB, sob gestão deste Governo do Distrito Federal (GDF), passou a liderar iniciativas estratégicas de mobilidade urbana, integrando tecnologia, inclusão social e novos modelos de gestão em áreas como educação e saúde.

Em 2019, a TCB enfrentava um cenário crítico, operando com estrutura mínima, sem orçamento adequado, com poucos funcionários e ameaçada por uma lei que previa sua extinção. A empresa, historicamente ligada ao transporte público do DF, foi resgatada pelo governador Ibaneis Rocha. O chefe do Executivo promoveu uma reestruturação que incluiu novos cargos e recursos, possibilitando à empresa assumir novos papéis.

O programa Transporte Escolar atende cerca de 70 mil alunos por dia | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Atualmente, a empresa gere programas como o Transporte Escolar — que atende cerca de 70 mil alunos por dia — e o DF Acessível — com transporte porta a porta para pessoas com deficiência severa —, e trabalha para lançar o TCB Hemodiálise. Além disso, a TCB assumiu a gestão do monitoramento do sistema de transporte do DF, com previsão de lançar um aplicativo para informar horários de ônibus em tempo real.

Em pouco tempo, a TCB receberá 167 ônibus escolares, os chamados “amarelinhos”, com a inclusão de mais 13 novos, da Secretaria de Educação, e outros 52 veículos devem ser incorporados em breve. No programa DF Acessível, 35 vans já estão em operação, atendendo cerca de três mil pessoas por mês. Em breve, mais 19 vans serão incorporadas à frota destinada ao transporte de pacientes com doença renal crônica que necessitam de hemodiálise. Além disso, há uma licitação em andamento para a aquisição de mais 50 vans para atendimento dos programas da TCB, como o Super Escolar em parceria com a SEE-DF.

“A empresa estava abandonada e pouco a pouco fomos implementando medidas para que ela se tornasse útil para a população”

Governador Ibaneis Rocha

“Esse trabalho de resgate da TCB, que completará 64 anos em 2025, mostra que quando se tem vontade e se trabalha é possível fazer as coisas darem certo no Distrito Federal. A empresa estava abandonada e pouco a pouco fomos implementando medidas para que ela se tornasse útil para a população, como tem sido com o DF Acessível, com o transporte das nossas crianças da rede pública de ensino, e com a implantação de tecnologia no sistema de transporte. Essas e outras ações têm transformado a TCB, e assim vamos continuar, dando relevância ao trabalho desta empresa”, destacou o governador Ibaneis Rocha.

Thiago Nascimento: “A filosofia da nova TCB é a de uma empresa que apresenta soluções de mobilidade para o governo” | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

“A filosofia da nova TCB é a de uma empresa que apresenta soluções de mobilidade para o governo. Ela viveu tempos de falta de orçamento, de pessoal, de não enxergar essa empresa pública, porque ela tinha o potencial de entregar para a sociedade do DF aquilo que ela foi construída em mais de 60 anos de história. A TCB sempre foi uma empresa que olhava para o transporte de uma maneira diferente. Ela não só transportava, mas fazia testes, pesquisas, e agora resgatou isso”, afirmou o diretor técnico da TCB, Thiago Nascimento.

DF Acessível

Um dos principais ativos da TCB é o programa DF Acessível, que tem garantido mais segurança, conforto e economia para cerca de 2 mil pessoas com mobilidade reduzida severa. Criada em 2021, a iniciativa oferece transporte gratuito porta a porta para pacientes cadastrados no Cadastro da Pessoa com Deficiência (CadPcD) e seus acompanhantes, com destino a consultas, terapias e demais serviços de saúde — públicos ou particulares.

35

Número de vans que circulam no projeto DF Acessível

Atualmente, o serviço conta com 35 vans, que circulam por todas as regiões administrativas e transportam de dois a quatro passageiros por viagem. Para utilizar o serviço, é necessário que a pessoa com deficiência esteja devidamente cadastrada e aprovada no CadPcD. O agendamento das viagens deve ser feito pelo site Agenda DF. Outras informações estão disponíveis nos portais da TCB e da Secretaria da Pessoa com Deficiência (SEPD).

Novidades

A partir deste ano, o DF Acessível passa a incluir também o atendimento a pacientes com doença renal crônica (DRC) que necessitam de terapia renal substitutiva (TRS). Essa nova modalidade, chamada DF Acessível – TCB Hemodiálise, será operada pela TCB em parceria com a Secretaria de Saúde, garantindo o deslocamento dos usuários para sessões de hemodiálise no Complexo Regulador em Saúde ou em unidades conveniadas. A elaboração do programa está em fase final e o lançamento deve ser feito nos próximos meses.

“Já adquirimos 19 novas vans para esse programa, que vai funcionar de segunda a sábado, em três turnos. É um transporte especial, porque os pacientes precisam fazer o tratamento três vezes por semana. A secretaria financiou a compra dos veículos e também vai bancar a operação, enquanto a TCB faz a gestão do serviço”, explica Thiago Nascimento.

A TCB tem estreitado parcerias com secretarias como as de Educação e a de Saúde | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Outro programa que está sendo estruturado é o Superescolar, voltado para crianças com deficiência física. “Já desenhamos o projeto e informamos a Secretaria de Educação sobre os custos. A proposta é oferecer um transporte mais qualificado e adaptado para esse público”, anuncia.

Além desses, a TCB tem ampliado as parcerias com outras secretarias. Atualmente ela trabalha num termo de cooperação com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF) para transporte em eventos, e também com as secretarias de Esporte e Lazer (SEL-DF) e de Educação (SEEDF) para apoiar os Jogos Mundiais da Juventude, por exemplo.

Transporte escolar

No transporte escolar, a TCB conta atualmente com uma frota que ultrapassa mil ônibus. Recentemente, a empresa recebeu 167 veículos da Secretaria de Educação, conhecidos como “amarelinhos”, com a previsão de chegar a mais 13 unidades. A expectativa é ultrapassar os 1.200 ônibus em operação para o transporte de cerca de 70 mil alunos por dia. Segundo a empresa, mais de 50% dos veículos foram adquiridos nos últimos três anos, o que torna o DF o estado com a frota escolar mais nova do Brasil.

“Hoje somos uma empresa de soluções em mobilidade para o Governo do Distrito Federal, e isso inclui esses novos programas”, detalha Nascimento.

Monitoramento

A TCB foi designada pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF) para coordenar, por 12 meses prorrogáveis, o Centro de Controle Operacional (CCO) do transporte público do DF, conforme publicação no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). O CCO é uma ferramenta tecnológica que permite o monitoramento em tempo real da operação dos ônibus, fornecendo dados estratégicos para melhorar a fiscalização e a tomada de decisões pela Semob-DF.

Segundo o diretor técnico da TCB, a empresa passou por um processo de reinvenção nos últimos anos, após um período que ameaçava sua existência. “Isso ocorreu por causa de uma lei antiga, de 2001, que previa a extinção da empresa. Até então, a TCB ainda operava o transporte público coletivo com cinco linhas regulares e uma linha noturna, o Corujão. Mas a empresa estava esquecida, com poucas funções e pouca estrutura”, lembra Nascimento.

Ele explica que essa situação começou a mudar com o início do governo Ibaneis Rocha. “Foi a primeira vez, em muitos anos, que um governador voltou a olhar para a TCB, e não foi apenas um olhar simbólico. Houve uma decisão concreta de reaproveitar o potencial da empresa. A primeira medida foi a delegação escolar e, a partir daí, a empresa passou a desenhar novos programas”, afirma.

Um dos mais emblemáticos, segundo o diretor, é o DF Acessível, voltado para transporte de pessoas com deficiência física severa. “É um serviço porta a porta, em que buscamos o passageiro em casa e levamos até a unidade onde ele realiza seu tratamento. Hoje operamos esse programa com 35 vans e atendemos cerca de 3 mil pessoas por mês. A expectativa é dobrar essa frota nos próximos dois anos, com a aquisição de mais 30 veículos”.

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