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14/08/2013 às 11:54

Mulheres têm dificuldades em ingressar na Construção Civil

Secretaria da Mulher articula garantia de acesso para profissionais formadas pelo programa “Mulheres na Construção”

Por Valéria Rodrigues, da Agência Brasília


. Foto: Pedro Ventura/03/09/2012

BRASÍLIA (14/8/13)- Azulejistas e pintoras formadas pelo programa “Mulheres na Construção” acreditam que falta preparo para o mercado para a nova realidade: a presença feminina na Construção Civil, e afirmam que só conseguem trabalho com a articulação governamental.

 

“O governo preparou a mão de obra, mas o setor não sabe como aplicar. Acham que a gente precisa de encaminhamento para ter emprego. Precisamos sempre ter alguém responsável por nós, seja a Secretaria de Trabalho ou a Secretaria da Mulher”, desabafou Lucilene Fernandes Inácio (47) à Agência Brasília.

 

Ela fez a capacitação em setembro do ano passado e no mesmo mês começou a trabalhar, mas, sem a carteira assinada, decidiu desistir.

 

Pouco tempo depois, Lucilene Fernandes foi contratada por uma empresa de engenharia para emassar e lixar as paredes de uma obra, mas só ficou por 19 dias: “Eles pegaram oito mulheres, mas pouco depois demitiram a maioria. Eu faço o serviço como um homem faz”, declarou.

 

Inácio agora é estagiária da Escola Técnica de Brasília e a possibilidade profissional veio pela Secretaria da Mulher.

 

“Cumprimos a etapa da qualificação. Agora vamos para a segunda, que é a inserção no mercado, por meio de parceria com as construtoras, o Sindicato da Construção Civil do DF (Sinduscon) e a Secretaria do Trabalho”, declarou a secretária de Estado da Mulher, Olgamir Amancia Ferreira.

 

Para ela, a qualificação foi um dos pilares para a emancipação, mas é preciso seguir: “Este processo é fundamental para que essas mulheres sejam reconhecidas e tenham autonomia”, destacou.

 

Nívia Maria Batista da Conceição (36) fez o curso para pintor e azulejista e conseguiu emprego na área, com carteira assinada – mas revelou que o preconceito sofrido diariamente a levou a pedir para mudar de função.

 

“Éramos duas mulheres e um monte de homens e eles vinham para a gente dizer que o serviço não estava rendendo só porque somos mulheres. Eu e minha colega fizemos três apartamentos, os homens fizeram quatro”, recordou.

 

Conceição e sua colega eram pintoras e precisaram emassar e lixar as paredes, preparar para a pintura.

 

Ela explicou que aguentou por dias a implicância dos colegas de trabalho por sua condição feminina, mas que sucumbiu ao ouvir dos superiores as mesmas críticas: “Eu estava emassando uma parede e o engenheiro veio me perguntar se eu não cansava, já que era serviço de homem”, lembrou.

 

Inácio e Conceição são apenas duas das 322 profissionais formadas no Instituto Federal de Brasília (IFB) pelo programa “Mulheres na Construção” e, de acordo com a Secretaria da Mulher, 80% delas ainda esperam por uma oportunidade no mercado de trabalho.

 

Para proporcionar um momento de interação e negócios entre as profissionais e as construtoras, a pasta oferecerá um café da manhã na quinta-feira (15), a partir das 9h, no campus do IFB de Samambaia.

 

A ação faz parte do calendário especial de atividades da pasta, em comemoração ao sétimo ano da Lei Maria da Penha.

 

Durante o encontro, elas terão a oportunidade de emitir a Carteira de Trabalho e serem inseridas no sistema de oferta de empregos das Agências do Trabalhador do GDF.

 

CONTRA O PRECONCEITO – A Secretaria da Mulher capacitou gerentes de 15 Agências do Trabalhador para explicar a amplitude do projeto “Mulheres na Construção”.

 

“Como eles são responsáveis por parte da captação de vagas, essa sensibilização serviu também para mostrar a importância de convencer as empresas do setor a oferecerem as vagas com flexibilização de gênero”, detalhou a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Sandra Di Croce Patrício.

 

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011 mostram que o trabalho doméstico deixou de ser a principal atividade empregatícia: em 2009, 17,1% das mulheres economicamente ativas eram trabalhadoras domésticas e em 2011, esse percentual diminuiu para 15,6%.

 

Hoje, elas estão mais presentes no comércio, que responde por 17,6% dos empregos, e em segundo lugar estão as atividades de educação, saúde e serviços sociais com 16,8%.

 

(V.R/J.S)