A incidência da dengue em 2024 tem sido um grande desafio na área da saúde. Nos quatro primeiros meses do ano, as unidades de pronto atendimento (UPAs) do Distrito Federal realizaram 61.049 atendimentos de suspeita de dengue, sendo 33.746 casos confirmados. No mesmo período, em 2023, foram 9.325 atendimentos com a suspeita no total, sendo 8.602 casos reais da doença. O aumento de um ano para outro corresponde a 292%.
Em fevereiro e março, as UPAs restringiram o atendimento e se dedicaram exclusivamente aos casos com risco de morte | Fotos: Davidyson Damasceno/ IgesDF
Em 2023, dos 9.325 atendimentos suspeitos de dengue, apenas 191 precisaram de internações nas unidades de pronto atendimento do DF, uma taxa de conversão de 2% dos casos. Já em 2024, dos 61.049 atendimentos, 4.263 casos necessitaram de internação, uma taxa de conversão de 7%. A diferença no número de internações de um período para o outro foi de 2.131%.
De acordo com Francivaldo Soares Pereira de Souza, superintendente das Unidades de Atenção Pré-Hospitalar do IgesDF, “o principal desafio que as UPAs enfrentam nessa epidemia de 2024 é a necessidade de leitos de internação devido às complicações que os pacientes vêm apresentando”. O espaço físico das UPAs não comporta a quantidade de casos graves. Por essa razão, por diversas vezes nos meses de fevereiro e março, as unidades tiveram que restringir o atendimento e se dedicar exclusivamente aos casos de classificação de risco vermelho, com risco de morte.
“Esses números mostram o esforço realizado pelas equipes das UPAs para atender a população, além da importância do planejamento que fizemos. Conseguimos nos organizar muito rapidamente e prestar assistência ao usuário conforme a necessidade e muito além da capacidade diária das nossas unidades”
Juracy Cavalcante Lacerda Jr., diretor-presidente do IgesDF
“Outro fator que tem dificultado enfrentar a dengue em 2024 é a escassez de leitos de retaguarda para dar suporte às UPAs e otimizar o giro dos mesmos nas unidades de pronto atendimento. Com a alta demanda de casos mais graves, o tempo em que um leito fica ocupado é maior”, explica Francivaldo. As equipes tiveram que lançar mão de estratégias alternativas para poder atender mais pessoas.
Diante da situação, a diretoria do IgesDF decidiu implementar salas extras de hidratação e consultórios exclusivos para pacientes com dengue, para agilizar os atendimentos e permitir uma rápida reavaliação médica após a hidratação e medicação. Além disso, para acomodar os pacientes, foram disponibilizadas poltronas extras que ajudaram a otimizar os serviços e ampliar a capacidade de atendimento.
“Optamos por liberar os pacientes que conseguiam melhorar as taxas de plaquetas durante a hidratação, pedindo para que voltassem no dia seguinte para uma nova sessão do tratamento. Assim foi possível vagar camas para outras pessoas em igual situação”, conta Francivaldo. Ele reforça ainda que as equipes das UPAs vêm se articulando com as de atenção primária para cada vez mais desenvolver um trabalho em rede. “A gente se apoia para, no final, alocar o paciente no equipamento de saúde que ele realmente precisa estar”, esclarece.
Nos quatro primeiros meses de 2024, as UPAs atenderam uma média de 504,53 casos suspeitos de dengue por dia