A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença degenerativa dos neurônios motores e ocorre de forma progressiva, em função de uma alteração genética. Causada pela ausência de uma proteína essencial para a sobrevivência do neurônio motor, acomete o bebê ainda na fase gestacional.
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), há mais de 10 anos, oferece, numa visão multidisciplinar, atendimento especializado para AME no ambulatório de doenças neuromusculares. Atualmente, um grupo de profissionais das áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, cirurgia, psicologia, nutrição, pneumologia e assistência social acompanha 35 pacientes. O HCB é referência para os pacientes do SUS que precisam de tratamento para AME no Distrito Federal.
Novos remédios demonstram ser grandes aliados no tratamento da AME, pois modificam a transcrição do gene SMN2 | Fotos: Divulgação/ HCB
Novos remédios demonstram ser grandes aliados no tratamento da AME, pois modificam a transcrição do gene SMN2 (proteína de sobrevivência do neurônio motor). Essas terapias foram incorporadas pelo SUS em 2013, e os estudos mostram a interrupção da evolução da doença. Com a chegada dessas novas medicações, é sinalizado um prognóstico promissor e que pode modificar o cenário atual.
“Muito recentemente foi identificada qual é a proteína que causa a AME e conseguimos, então, entender essa mutação. Começou-se a trabalhar geneticamente para repor o gene que vai produzir essa proteína, que garante a sobrevivência do neurônio motor, uma terapia que modifica a doença. Porém, não podemos esquecer que estamos falando de uma doença progressiva, com perda de neurônios e, só faz sentido empregar a terapia precocemente. Um tratamento tardio pode estacionar a doença, mas não permite recuperação. Por isso, vimos a necessidade de contar com a triagem neonatal e com a ampliação do teste do pezinho, que possibilita a identificação das alterações genéticas, logo no nascimento do bebê”, explica a neuropediatra do Hospital da Criança de Brasília, Janaína Monteiro.
Nova terapia
O Hospital da Criança de Brasília foi habilitado para realizar uma terapia gênica voltada à correção da deleção do gene SMN1, que produz 80% da proteína que é imprescindível para o neurônio motor. Os profissionais do HCB já passaram por treinamentos conforme exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Agora, aguardam a atualização do protocolo pelo Ministério da Saúde para adotar a terapia gênica nos casos de AME.
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