Durante a campanha Maio Amarelo, focada na conscientização e prevenção de acidentes de trânsito, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), por meio do Hospital de Base (HBDF), chama a atenção para números alarmantes: em 2024, foram registrados 4.455 atendimentos relacionados a acidentes de trânsito. Desse total, 2.093 envolveram motociclistas – quase metade dos casos. Acidentes com carros somaram 1.139, atropelamentos, 609, e outras ocorrências (como quedas e colisões com bicicletas), 614.
A tendência se repete em 2025. Até 27 de maio, o hospital já havia registrado 1.298 atendimentos a vítimas de trânsito. Desses, 675 envolveram motociclistas, que seguem no topo do ranking. Também foram contabilizados 324 acidentes com carros, 171 atropelamentos, 111 quedas de bicicleta e 17 ocorrências com patinetes elétricos – que passaram a integrar oficialmente o trânsito do DF neste ano.
Segundo o chefe do Centro de Trauma do hospital, o cirurgião Renato Lins, os motociclistas continuam sendo o grupo mais vulnerável. “Mesmo com o uso de capacete e equipamentos de proteção, o risco de lesão grave é muito alto em qualquer colisão”, afirma.
O médico destaca ainda que grande parte dos acidentes poderia ser evitada. “Excesso de velocidade, desatenção e consumo de álcool estão entre os principais fatores. São atitudes evitáveis. E o trauma afeta não só o paciente, mas toda a sociedade. Cada acidente grave representa um custo elevado para o sistema de saúde e um impacto profundo na vida das famílias”, alerta.
“Moto, nunca mais!”
Em 2023, Adriana Matias dos Santos estava na garupa da moto pilotada pelo marido quando os dois foram atingidos por um carro em um cruzamento da W3 Sul. O pé de Adriana ficou preso na roda da moto, girando diversas vezes, e seu corpo foi arremessado até parar no meio-fio. Com fratura exposta e a perna dilacerada, só recobrou a consciência ao chegar ao Centro de Trauma do Hospital de Base, levada pelo Samu.
A cirurgia de emergência foi decisiva para evitar a amputação. “Meu pé estava pendurado apenas por um pedacinho de carne. Eu já tinha perdido as esperanças”, relembra. Como é diabética, as feridas demoraram a cicatrizar e, por isso, a colocação de uma placa só pôde ser feita cinco meses depois.