Ciclovias conectadas, estacionamentos para bicicletas, calçadas acessíveis e espaçosas, e a integração da mobilidade ativa com o transporte público coletivo. Esse é um dos desafios para o Distrito Federal, de acordo com o diagnóstico da mobilidade urbana, uma das etapas de elaboração do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) e do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS).
Neste mês, o projeto segue para mais um período de oficinas regionais e audiências públicas. Até 4 de setembro, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF) vai promover oficinas temáticas em todas as regiões administrativas. Os eventos serão sempre no período noturno, entre as 19h e as 21h, abrindo espaço para manifestação de todos os cidadãos presentes.
Os temas serão debatidos com base no diagnóstico atual do transporte e da mobilidade do DF, elaborado com a participação popular. Foram feitas várias pesquisas de campo para estudo da origem e destino nos deslocamentos das pessoas, além de dados sobre a satisfação do transporte público coletivo, contagem de tráfego, levantamento das condições da infraestrutura para os modos ativos e para o transporte coletivo, entre outras.
Como metodologia inovadora para a construção da Matriz Origem e Destino, além dos dados da pesquisa por meio de entrevistas com cidadãos, foi feita análise de dados de deslocamentos reais a partir de informações de telefonia móvel.
Ciclovias
O diagnóstico é um relatório minucioso sobre a situação atual do transporte e da mobilidade urbana do DF. Ele aponta para a necessidade de interligar as ciclovias, o que demonstra uma sintonia com opiniões de participantes da audiência pública para apresentação do documento, em 5 de julho. No evento, James Soares, membro da Rede Urbanidade, da Rodas da Paz e da Ciclovia Ativa, resumiu os problemas que afetam a mobilidade ativa no DF.
712 km
“As calçadas de Brasília são ruins, não apenas no Plano Piloto, mas em todas as cidades. A falta de conexão e manutenção das ciclovias, a alta velocidade nas vias, que desfavorece ciclistas e pedestres, e o tempo de espera nos semáforos, que preza mais os carros do que as pessoas, além da ausência de paraciclos [bicicletários] na ponta, como em comércios, farmácias e escolas, impedem que as pessoas optem por deixar o carro em casa. Eu escolhi andar de bicicleta, mas a cidade não favorece a minha escolha", avaliou o ativista.
A equipe técnica que elabora o PDTU e o PMUS esclareceu que todas essas situações foram identificadas durante as pesquisas e oficinas feitas em todas as 35 regiões administrativas do DF. A engenheira Fernanda Malon, do Labtrans, disse que os estudos contam com dados importantes para as propostas de soluções.
Propostas serão discutidas
A acessibilidade universal é a medida prevista para vencer os desafios enfrentados pela mobilidade a pé no DF. A caminhabilidade é considerada acima do suficiente, com índice de 1,07 numa escala que vai de zero a três, mas há necessidade de reformas em calçadas, com instalação de recursos de acessibilidade, para dar mais segurança e conforto aos pedestres. Além disso, alguns locais precisam de melhor arborização e iluminação, principalmente perto dos pontos de parada de ônibus e das rodoviárias.
O estudo aborda ainda a possibilidade de redução de velocidade em diversas vias do DF e a melhoria de travessias, especialmente em RAs mais afastadas do Plano Piloto e em locais com maior risco de acidentes. O cuidado com a mobilidade a pé se mostra ainda mais importante se considerado que pedestres são vítimas em 35% dos acidentes.