Judite de Souza, 61 anos, sofreu um AVC e desmaiou em casa. Internada no Hospital Cidade do Sol (HSol) há oito dias, ela já se sente muito melhor e está se preparando para ser liberada pela equipe multidisciplinar para retornar para casa. “As pessoas aqui me trataram como se eu fosse uma princesa”, disse.
Na parede próxima ao seu leito, o prontuário médico com sua identificação, detalhes da condição clínica e recomendações médicas. Ao lado, um outro tipo de prontuário chama a atenção por ter informações mais pessoais como “apelido pelo qual gosta de ser chamada” e “preferência musical”.
O objetivo do Prontuário Afetivo é humanizar ainda mais o atendimento ao paciente internado, fazendo com que ele seja visto não apenas por sua patologia, mas pelos aspectos que o definem como pessoa | Fotos: Davidyson Damasceno/IgesDF
O Prontuário Afetivo foi implementado no HSol pela Gerência Geral de Humanização e Experiência do Paciente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) em fevereiro deste ano. O objetivo é humanizar ainda mais o atendimento ao paciente internado, fazendo com que ele seja visto não apenas por sua patologia, mas pelos aspectos que o definem como pessoa.
De acordo com a gerente geral de Humanização, Anucha Soares, o projeto tem outro objetivo que é realizar o estreitamento de laços entre os profissionais, pacientes e seus familiares. “O Prontuário Afetivo é importante porque nos mostra a individualidade e reforça a necessidade do atendimento personalizado. Essa troca com a equipe gera momentos de descontração e carinho com nosso paciente”, disse Anucha.
“Eu gosto de ser chamada de Juju”, diz Judite de Souza, ao falar sobre o carinhoso apelido registrado em seu prontuário afetivo pelas auxiliares de humanização do Projeto Humanizar, responsáveis por preencher os dados na ficha. “A equipe é muito boa porque eles conversam com a gente e entendem o que a gente está passando”, ressaltou.
O Prontuário Afetivo foi implementado no HSol pela Gerência Geral de Humanização e Experiência do Paciente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) em fevereiro deste ano
Ao falar quem são os amores de sua vida, Judite se emocionou. Principalmente ao lembrar da filha já falecida, do marido, do filho e dos dois netos. Essas informações constam do Prontuário Afetivo, junto com o que ela gosta de fazer nas horas vagas. “Sou aposentada e gosto de fazer crochê”, diz.
A auxiliar de humanização do HSol, Cláudia Ferreira, lembra que, apesar de ser bem aceito por todos os pacientes, o Prontuário Afetivo ainda gera um certo receio por parte de poucos. “Alguns ainda não querem responder porque acham que vão ficar com sua intimidade exposta. Aí explicamos que o prontuário é só para saber coisas simples como sonhos da vida, estilo musical favorito e o que gosta de fazer nas horas de lazer. Depois dessa conversa a gente consegue convencer eles a preencher. E dá muito certo”, conta.