Há um ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou uma força-tarefa inovadora e abrangente na luta contra o feminicídio. Composto por 11 secretarias, órgãos judiciais e representantes da sociedade civil, o colegiado tem sido fundamental na criação de uma ampla rede de leis e políticas públicas voltadas para a garantia do direito às mulheres, especialmente as vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade social.
Um avanço foi a criação do programa Direito Delas, que ampara vítimas com atendimentos em diversas frentes | Fotos: Arquivo Agência/Brasília
Da atuação integrada do grupo de trabalho, surgiram 37 ações propostas e consolidadas por pastas do Executivo e de órgãos, como o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT); a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) e a Defensoria Pública do DF (DPDF).
A secretária da Mulher do DF, Giselle Ferreira, destaca que boa parte das proposições foi incorporada pela gestão do governador Ibaneis Rocha como programas de governo. “A força-tarefa instituída em fevereiro do ano passado foi justamente com objetivo de colocar a pauta da mulher de forma institucional e transversal”, enfatiza. “Depois de um ano, podemos dizer que tivemos uma efetividade de 80% nas ações estabelecidas”, detalha a titular da pasta.
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Ela cita a regulamentação do programa Acolher Eles e Elas como um dos marcos importantes da atuação do grupo. A iniciativa concede um salário mínimo a mais de 300 órfãos do feminicídio. “É um programa que a gente não gostaria que fosse preciso existir, mas se fez necessário diante deste problema que existe na nossa sociedade e que precisa ser combatido”, afirma Giselle Ferreira.
Outro avanço foi a criação do programa Direito Delas, que ampara vítimas com atendimentos de diversas frentes. “Nós entendemos que esse projeto precisava de um alcance ainda maior e que acompanhasse todo o ciclo dessa vítima. Hoje, a população possui atendimento com assistência social, psicológica e jurídica e todas as vítimas têm direito a romper com o ciclo da violência”, explica a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.
Segurança e monitoramento
No âmbito do combate à violência contra as mulheres, o GDF sancionou a lei que pune agressores, inclusive com multa num valor que pode chegar a R$ 500 mil. O Executivo também implementou o programa Viva Flor, garantindo prioridade e proteção às vítimas em situação de risco extremo, por meio do uso do Dispositivo de Proteção Preventiva (DPP).
Atualmente, o Mulher Mais Segura é responsável pelo monitoramento de 621 pessoas, entre homens e mulheres. Desde a criação, há três anos, nenhuma das mais de 1,5 mil vítimas monitoradas no acumulado teve a integridade física ameaçada
“O enfrentamento a todo o tipo de violência contra a mulher é prioridade do atual governo e da minha gestão à frente da Segurança Pública do DF. Temos desenvolvido diversas ações, campanhas e mecanismos que visam o incentivo à denúncia, que é ferramenta fundamental para ampliação da rede de proteção à mulher”, destaca o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar.
Um dos avanços da utilização dos dispositivos foi a distribuição nas delegacias especiais de Atendimento à Mulher I e II (Deam I e II), localizadas na Asa Sul e em Ceilândia. Antes, era preciso uma medida protetiva judicial para que as mulheres recebessem os aparelhos. A mudança ampliou o número de vítimas atendidas de 283 para 380 em dezembro de 2023.
Além do Viva Flor, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) possui à disposição outras ferramentas para reduzir os índices criminais, como o Mulher Mais Segura. “Nele, a mulher com medida protetiva em vigor e em situação de risco grave tem a possibilidade de ser monitorada por georreferenciamento, em tempo real, 24 horas por dia, assim como o seu agressor e, se ficar comprovada a ameaça, nossa central é acionada a tomar as providências cabíveis”, explica Andrea Boanova, diretora de Monitoramento de Pessoas Protegidas.
