Setembro Amarelo lembra: cuidar da saúde mental é um ato que deve ser praticado em cada um dos 365 dias do ano. Por isso, em vez de criar uma campanha própria, o foco tem sido fortalecer os serviços e mostrar às pessoas onde podem buscar ajuda.
“O sofrimento mental é visto de forma estereotipada, mas faz parte da vida das pessoas”, lembra Fernanda Falcomer, subsecretária de Saúde Mental da Secretaria de Saúde (SES-DF). “Todos terão momentos de oscilação, mas isso vira um problema quando passa a afetar o sono, o trabalho, os estudos, as relações. É nesse ponto que a pessoa precisa buscar ajuda. Precisamos reforçar que é um problema de saúde, como qualquer outro.”
Segundo a gestora, a intensidade do sofrimento de cada pessoa é o que determina por onde ela deve começar a procurar atendimento. “De forma geral, as 175 unidades básicas de saúde [UBSs] são a primeira porta de entrada para as pessoas que estão em sofrimento mental”, aponta. “Qualquer pessoa pode procurar a equipe de Saúde da Família e relatar alterações de sono ou aspectos emocionais. O médico da família avalia o grau de sofrimento e dá o encaminhamento para o paciente.”
Além do tratamento clínico, as UBSs também oferecem práticas integrativas em saúde (PIS) como acupuntura, meditação, reiki, yoga e outras técnicas que ajudam a reduzir o estresse e promovem bem-estar.
Casos mais graves
“Os profissionais olham a pessoa de forma integral e trabalham a reabilitação psicossocial, para que o usuário possa retomar a vida em comunidade”
Fernanda Falcomer, subsecretária de Saúde Mental
Em casos de sofrimento persistente, a subsecretária esclarece que as unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) são o principal serviço. O Distrito Federal conta hoje com 18 centros dessas especialidades, onde equipes multiprofissionais oferecem atendimento interdisciplinar com psiquiatras, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros, fonoaudiólogos e farmacêuticos.
Os Caps funcionam em regime de porta aberta, sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento. “Os Caps acolhem e acompanham de maneira contínua pessoas com sofrimento já instalado”, afirma Fernanda Falcomer. “Os profissionais olham a pessoa de forma integral e trabalham a reabilitação psicossocial, para que o usuário possa retomar a vida em comunidade”.
Já nos casos de crises agudas, de urgência ou emergência, a pessoa deve ser atendida pelo Samu, em unidades de pronto atendimento (UPAs) ou hospitais. “Nesses momentos, é fundamental receber atendimento imediato”, ressalta.
Saúde mental na escola
Crianças e adolescentes também enfrentam desafios emocionais que podem interferir na escola e na vida pessoal, pontua Larisse Cavalcante, diretora de Atendimento e Apoio à Saúde do Estudante. Para ajudar os estudantes, a Secretaria de Educação (SEEDF) mantém o Programa de Saúde Mental dos Estudantes (PSME) durante todo o ano, oferecendo apoio, orientação e atividades que incentivam o autocuidado.
“São promovidos bate-papos com os estudantes”, explica Larisse. “Os temas abordam a ansiedade, a depressão, violência de gênero, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e letramento em saúde, para que os estudantes possam falar sobre si e seus próprios sentimentos.”
Segundo a diretora, os estudantes também podem sugerir discussões que considerem importantes. “No início, a gente percebeu que se os temas não fossem próximos da realidade deles, o engajamento seria baixo — por isso os alunos têm liberdade para escolher os assuntos que querem discutir”, afirma.
Demanda
Os estudantes da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental são atendidos pela Ciranda do Coração, que trabalha as competências emocionais das crianças na sede do Espaço Saúde do Estudante, na Asa Sul, após encaminhamento das escolas.