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#TBT: Os blocos sem pilotis no Plano Piloto idealizados por Oscar Niemeyer

Os pilotis podem até ser uma das marcas registradas dos prédios residenciais das superquadras do Plano Piloto, já que a maioria dos edifícios da área central conta com os vãos livres. Porém, em meio a essas construções, é possível encontrar na parte sul do avião concebido pelo urbanista Lucio Costa algumas edificações totalmente térreas sem o sistema construtivo de sustentação. A história dos poucos prédios sem pilotis em Brasília é contada pela Agência Brasília em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF – referência à sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso), que resgata a memória da cidade. Os prédios JK foram construídos entre os anos de 1959 e 1961 na Asa Sul em quadras como 408, 410 e 411 | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Apesar da valorização do conjunto de colunas sustentando os edifícios do Plano Piloto conforme previsto no projeto urbanístico de Lucio Costa, o arquiteto Oscar Niemeyer propôs a criação de prédios com três pavimentos, tendo o primeiro piso diretamente no térreo, sem a necessidade de elevadores. O objetivo era apresentar opções mais econômicas de moradia. Essas edificações foram construídas e inauguradas entre 1959 e 1961 na Asa Sul, em quadras como 408, 410 e 411. “Eles foram projetados para serem mais econômicos. A ausência de pilotis foi para baratear os custos, assim como o tamanho dos apartamentos e o acabamento com pastilhas coloridas na fachada. A ideia era abrigar os trabalhadores de menor renda no Plano Piloto”, lembra o publicitário e pesquisador João Amador, responsável pelo portal Histórias de Brasília. “A ausência de pilotis foi para baratear os custos, assim como o tamanho dos apartamentos e o acabamento com pastilhas coloridas na fachada” João Amador, publicitário O subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Ramón Rodríguez, reforça a explicação. “Logo na construção de Brasília, percebeu-se a necessidade de democratizar a moradia dentro do Plano Piloto e assim surgiram esses apartamentos menores e mais baixos, barateando ainda mais o custo. Essa era uma maneira de garantir que pessoas com uma renda menor pudessem viver no centro do conjunto urbanístico de Brasília”, revela. Essas edificações contam com lavanderia e depósito no subsolo Segundo as pesquisas do subsecretário, outros dois pontos costumam ser levantados também sobre o motivo das construções sem pilotis. Um deles é que os prédios mais baixos ocupavam a área das 400 para evitar que a umidade do Lago Paranoá fosse barrada para o restante das quadras. “Também tem uma versão de que as empregadas domésticas da época pediam construções que tivessem lavanderias no subsolo e, por isso, tiveram que tirar os pilotis”, conta. Curiosamente, esses prédios contam com dependências no subsolo para todos os proprietários, que têm diferentes atribuições, desde lavanderia até depósito. Os prédios térreos ficaram popularmente conhecidos como “Edifícios JK”. A principal teoria é de que sejam uma espécie de homenagem ao idealizador de Brasília, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Os prédios não tinham nome nenhum e ganharam o apelido de JK –  acho que como forma de agradecimento ao presidente de ter pensado nisso de diversificar o Plano Piloto”, comenta João Amador. Até hoje os prédios despertam curiosidade por fugirem dos tradicionais monumentos de Oscar Niemeyer. “Tem muitos arquitetos que vão até as quadras para conferir os edifícios. Acabou virando um ponto turístico para esse público”, acrescenta o pesquisador. A aposentada Marizete Rezio Raugusto, 61 anos, mora no térreo de um dos edifícios JK, na 411 Sul, há quase 30 anos e afirma que gosta do conceito arquitetônico: “Esse prédio é uma coisa rara e foi bem feito, a estrutura foi muito bem pensada”. Ela acredita que a ausência dos pilotis aumenta a proximidade dos moradores com a natureza. “Sempre falo que a gente mora na roça, é como se tudo aqui fosse nosso quintal. Temos muitas árvores com frutas, principalmente manga e abacate”, completa.

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#TBT: Espaço Cultural Renato Russo, epicentro da cultura de Brasília

Prestes a completar 50 anos, o Espaço Cultural Renato Russo (ECRR), na 508 Sul, emerge como um ponto de encontro entre a arte e a história de Brasília. Berço cultural da capital federal, o centro surgiu do anseio dos primeiros moradores do Quadradinho por um espaço para a manifestação artística e, em pouco tempo, se tornou referência no fomento das artes cênicas, cinema, literatura, música e artes plásticas brasiliense. Nesta quinta-feira, a Agência Brasília conta a história de um dos mais icônicos espaços culturais do Distrito Federal em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, “quinta-feira de retrocesso”), para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Antes de ser batizado com o nome de um dos principais artistas brasilienses, o Espaço Cultural Renato Russo era conhecido como Teatro Galpão | Foto: Divulgação/ Arquivo Público Antes de ser batizado com o nome de um dos principais artistas brasilienses, o Espaço Cultural Renato Russo era conhecido como Teatro Galpão. O apelido remete aos primeiros anos do local, ainda em 1974, quando os galpões que funcionam como depósitos da extinta Fundação Cultural do DF se transformaram em palcos para a exibição de peças e shows. O primeiro espetáculo exibido foi o sucesso de público e crítica O Homem que Enganou o Diabo e Ainda Pediu Troco, do jornalista Luiz Gutemberg, sob a direção de Lais Aderne. Em 1975, Wladimir Murtinho, então secretário de Educação e Cultura do DF, decidiu ampliar o espaço e rebatizá-lo de Centro de Criatividade – um local que, além do Teatro Galpão, passou a ter galerias de arte e o Galpãozinho. O nome mudou logo em seguida, quando o equipamento passou a se chamar Espaço Cultural 508 Sul. A história do ECRR se confunde com as de artistas brasilienses | Foto: Divulgação/ Arquivo Público Neste período, além das apresentações teatrais, foram integrados ao Teatro Galpão shows musicais com programação eclética capaz de reunir as mais diferentes tribos, de punks a artistas da MPB, todas as segundas-feiras, na Feira de Música. Relação com Renato Russo Um dos grupos musicais a se apresentar no espaço em seu auge foi o Aborto Elétrico, uma das primeiras bandas de Renato Russo, que, posteriormente, foi a responsável pelo surgimento do Capital Inicial e da própria Legião Urbana, ambas em 1982. Frequentador assíduo do equipamento, o também músico André Negão, de 58 anos, esteve nos primeiros shows de Renato Russo no local. “Eu vinha aqui quando ninguém o conhecia, ainda na época do Galpãozinho. Eu vinha ver ele tocando Eduardo e Mônica, Faroeste Caboclo, e o mais engraçado era ver o povo vaiando”, narra. André Negão acompanhou o início da carreira do Legião Urbana no espaço: “O mais engraçado era ver o povo vaiando” | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília Ele afirma que o local foi determinante para a própria carreira artística: “Para minha geração, o Espaço Cultural Renato Russo é o berço da cultura brasiliense. Aqui, era um polo de cultura muito forte”. Histórias como a de Renato Russo e André Negão se confundem com as de vários outros frequentadores do equipamento. É o caso de Renato Matos, pioneiro formado nas dependências do ECRR. Hoje, aos 72 anos, o ator, pintor e cantor diz, com orgulho, ter bebido da fonte da cena cultural da época. Fazia questão de estar presente toda semana no endereço. “Foi um dos primeiros locais em que toquei em Brasília; fiz vários shows lá enquanto estava no grupo Pitu. Também participei de peças teatrais. A primeira vez que apresentamos uma peça em Brasília foi lá: Os Saltimbancos”, lembra. Renato Matos: “Naquele tempo não tinha internet, então Brasília tinha mais atenção à cultura local, e lá era um dos lugares mais livres para manifestação da arte” | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília Para Matos, o motivo para o sucesso do equipamento era a liberdade para que os artistas locais pudessem produzir no espaço. “Naquele tempo não tinha internet, então Brasília tinha mais atenção à cultura local e lá era um dos lugares mais livres para manifestação da arte. Dava para fazer tudo ali, a vida era efervescente”, lembra. “Eu sigo lá até hoje. Estive, em outubro do ano passado, com uma exposição das minhas pinturas e esculturas de madeira”. Homenagem Anderson Rogê adianta que o ECRR deverá receber em breve uma musiteca | Foto: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasília Em janeiro de 1999, em homenagem ao líder da banda Legião Urbana, o equipamento ganhou o nome de Espaço Cultural Renato Russo, consolidando-se ainda mais como parte essencial da formação artística e cultural da juventude do DF. Nos anos subsequentes à homenagem, o ECRR passou por reformas amplas e estruturais que adequaram o ambiente aos padrões de acessibilidade. “Ao longo desses 50 anos, fomos construindo nosso espaço na cena cultural brasiliense. Hoje, temos cinco salas que atendem à área de artes no sentido geral”, detalha o gerente atual do espaço, Anderson Rogê. Atualmente, o equipamento abrange salas, galerias e teatros com perfis variados para receber apresentações artísticas e culturais de diferentes linguagens. São dois teatros, um cineteatro, galerias para exposições, ateliê de pintura, biblioteca, galpão de artes e mezanino dedicado a atividades diversas, como exposições, shows e saraus. “Será um ambiente para as pessoas discutirem sobre música, ouvirem um disco de vinil. Será permitido trazer seu disco de casa para ouvir aqui, com um grupo de conversa focado na história musical” Anderson Rogê, gerente do ECRR Outro ambiente recém-inaugurado foi a nova gibiteca, que estava fechada há quase dez anos. Com um investimento de R$ 60 mil, o Governo do Distrito Federal (GDF) deu cara nova ao local, tão importante para a formação de ilustradores e quadrinistas brasilienses. São quase 25 mil exemplares de revistas em quadrinho no acervo. E há mais por vir. Em breve, o local passará a ter também uma musiteca. “Será um ambiente para as pessoas discutirem sobre música, ouvirem um disco de vinil. Será permitido trazer seu disco de casa para ouvir aqui, com um grupo de conversa focado na história musical”, explica Rogê. “Nossa expectativa é inaugurar esse novo espaço no primeiro semestre”. Gestão e programação O ECRR é gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec) em parceria com a organização da sociedade civil (OSC) Janela das Artes, responsável pela definição da programação mensal gratuita para cada uma das salas, galerias e teatros. George Obara é diretor do Grupo Cultural Obará e dá aulas de percussão e dança afro nas salas do ECRR. Ele classifica como “mágica” a oportunidade de poder lecionar nas dependências de um lugar ícone da cultura brasiliense. “O grupo Cultural Obará é um dos primeiros em Brasília a disseminar a cultura e a arte negra, a valorização do povo preto desde a sua culinária até suas danças, artes cênicas”, ressalta. O professor diz guardar experiências marcantes ou memórias especiais no endereço. “A gente realizou o primeiro seminário de cultura negra de Brasília no Espaço Cultural Renato Russo. Eu acho que isso é um grande marco”, pontua.

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#TBT: a promessa que originou a Igreja Nossa Senhora de Fátima

Completando 66 anos em 2024, a Igreja Nossa Senhora de Fátima foi o primeiro templo religioso construído em Brasília. A paróquia surgiu a partir de uma promessa da família Kubitschek, tendo sido erguida em apenas 100 dias para atender a um importante casamento na cidade. A Igrejinha foi inaugurada em 28 de junho de 1958 | Fotos: Divulgação/Arquivo Público de Brasília Conhecida popularmente como Igrejinha da 308 Sul – ou só Igrejinha -, a capela foi projetada por Oscar Niemeyer, e a arquitetura, composta por três pilares que sustentam uma laje, faz referência aos antigos chapéus usados por freiras. A Agência Brasília transporta você a um dos espaços mais emblemáticos da capital, relembrando a história da Igreja Nossa Senhora de Fátima em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de Throwback Thursday (em tradução livre, “quinta-feira de retrocesso”), para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Construção de uma promessa Os registros históricos nos livros da paróquia revelam que o projeto foi feito a pedido da primeira-dama Sarah Kubitschek, como agradecimento pela cura da filha, Márcia, que sofria de um problema na coluna. O projeto de Oscar Niemeyer é inspirado nos chapéus usados por freiras A sugestão da promessa foi dada pelo presidente de Portugal, Craveiro Lopes, que estava no Brasil na época e, ao saber da situação, relembrou à esposa de Juscelino Kubitschek a história das aparições de Nossa Senhora de Fátima. O primeiro casamento Inicialmente, a construção seria um grande santuário onde atualmente se encontram as superquadras 307/308 Sul. Mas os planos mudaram após a necessidade de uma igreja para a cerimônia de casamento da filha do presidente da Novacap, Israel Pinheiro, que era o engenheiro responsável pela administração das obras na construção da nova capital. Logo, o plano original da família Kubitschek foi substituído com urgência pelo projeto de uma capela mais simples, que é a atual Igreja Nossa Senhora de Fátima. Em 100 dias, a paróquia foi inaugurada, antes mesmo de Brasília, em 28 de junho de 1958. O casal Maria Regina Uchoa Pinheiro e Hindemburgo Pereira Diniz selou lá a união matrimonial e teve como padrinho o jornalista e embaixador Assis Chateaubriand. O primeiro casamento no local foi o da filha do então presidente da Novacap, Israel Pinheiro Passados 58 anos do primeiro casamento realizado em suas dependências, a pequena capela continua com as celebrações de matrimônio, marcando a vida de centenas de casais – como os brasilienses Larissa Sudbrack e Paulo Cavalcante, que se casaram na Igrejinha da 308 Sul em 2016. A arquiteta de 36 anos conta que começou a frequentar o espaço há dez anos, após uma promessa, tornando natural a escolha do local para a cerimônia com o marido. Católica e moradora da 108 Sul, ela conta que, além da proximidade da igreja com seu apartamento e a promessa de ir à missa todos os domingos durante seis meses, o nome de sua mãe de Larissa é Fátima – o que deixou, ao seu ver, tudo apontado para a escolha da capela. Mais um sinal viria a seguir: quando o casal ia fazer dez anos de namoro, Larissa comprou um quadro com azulejos de Athos Bulcão e, no mesmo ano, Paulo a pediu em casamento. “Para mim, a Igrejinha é o desenho por metro quadrado mais especial da cidade, cheio de significado. Tem uma ligação com a natureza e é bem aberta, uma experiência muito rica do espaço”, comenta Larissa. Ela recorda que também escolheu o local para o batizado dos dois filhos pequenos. “É um local de apoio religioso perto de casa; a gente pode fazer uma rápida oração, e me sinto bem quando estou ali, acolhida e protegida”, acrescenta a arquiteta. Os azulejos de Athos Bulcão são marca registrada da Igrejinha Patrimônio histórico O templo católico comporta até 40 pessoas e foi tombado pela Unesco como patrimônio cultural e histórico nacional, entrando no Conjunto Urbanístico de Brasília inscrito no Livro do Tombo Histórico em 14 de março de 1990. O local também é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2007, como parte do conjunto das obras de Oscar Niemeyer, em homenagem ao centenário do arquiteto. A parte externa da parede é revestida por azulejos de Athos Bulcão que simbolizam a descida do Espírito Santo e a Estrela da Natividade. Já no seu interior, o monumento apresenta pinturas de Francisco Galeno, aluno de Alfredo Volpi, artista italiano responsável pela primeira obra artística da igreja. O templo católico comporta até 40 pessoas e foi tombado pela Unesco como patrimônio cultural e histórico nacional, entrando no Conjunto Urbanístico de Brasília inscrito no Livro do Tombo Histórico em 14 de março de 1990 | Fotos: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília Segundo informações da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, a primeira pintura feita por Volpi no interior da igreja apresentava afrescos com bandeirolas e anjos que remetiam a uma quermesse e às festas juninas. As pinturas modernistas causaram estranhamento em alguns paroquianos, que se queixaram da personalização artística e apontaram “falta de religiosidade” na obra. Dessa forma, a arte chegou a ser coberta de tinta azul quatro anos após a inauguração, mas foi restaurada por Francisco Galeno entre janeiro e junho de 2009. A inspiração festiva em Volpi foi mantida, mas de uma forma mais discreta. Além de prefeito da 308 Sul, Matheus Seco é arquiteto e evidencia as características arquitetônicas da quadra modelo e da Igrejinha, ressaltando que é o local mais fiel ao projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. O interior do monumento também conta com obras de arte “As quadras fazem parte de um conceito de rede, não são quadras isoladas, elas se complementam e apresentam o ápice do projeto arquitetônico brasileiro de Niemeyer. A obra é formalmente simples, mas muito forte, com influências do barroco mineiro, detalhes sutis de sombras, encontro das colunas e uma sofisticação de desenho muito bonitos”, observa. Entre os pontos destacados pelo arquiteto, ele aponta a maneira com que a construção aproveita a ventilação e a iluminação natural e como a recomposição das pinturas foi feita preservando o patrimônio moderno. Um local de fé À frente da paróquia há quatro anos, o frei Reinaldo do Santos Pereira destaca que, apesar do movimento maior ser religioso, a Igrejinha atrai pessoas com interesse além da fé, voltadas para a história do patrimônio e a arquitetura. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] “É importante mostrar e valorizar aquilo que é nosso. A Igrejinha é pequena, mas acolhe todo mundo. As pessoas que vêm aqui passam pela praça e se sentem acolhidas pelo tamanho e pela singeleza do espaço”, observa o pároco. Segundo ele, os candangos já faziam da igreja, ainda em construção, um lugar de prece e pedidos de milagres. “O espaço faz parte do nosso turismo religioso, além de ser um cartão-postal da cidade. A Igrejinha enaltece a memória de quem ajudou a construir a nossa capital e contribuiu para a história de fé de muitos moradores”, reforça o administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros. A empregada doméstica Edileusa Bezerra da Silva, 57, trabalha ao lado da Igrejinha e vai ao templo todos os dias para rezar. Ela conta que é devota de Nossa Senhora de Fátima e que encontrar um espaço tão pertinho de onde passa a maior parte do tempo foi um conforto. “É muito importante para mim, traz ânimo no dia a dia e me dá muita força”, observa. As missas da Igreja Nossa Senhora de Fátima são celebradas toda segunda-feira às 18h30, e, de terça a sábado, às 6h30 e às 18h30. Aos domingos, as celebrações são as 7h, 9h, 11h, 18h e 19h30. Em 1º de maio começa a conhecida quermesse da igrejinha da 308 Sul, que engloba três dias de festa, com barracas de comida e outras atividades.

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#TBT: relembre a história dos blocos de Carnaval em Brasília

O ano de 1961 é reconhecido oficialmente como a data da primeira comemoração carnavalesca de Brasília com o apoio do governo, a Folia do Momo. Mas, antes disso, há registros históricos que mostram festas de Carnaval de caráter popular significativas na Cidade Livre, especificamente na Travessa Dom Bosco. A Agência Brasília transporta você ao passado, lembrando o surgimento dos primeiros blocos da capital, em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade. Onde há gente, há Carnaval Quem estava em Brasília durante os primeiros carnavais aproveitava para matar a saudade das cidades de origem | Fotos: Divulgação/ Arquivo Público do DF Desde o período da formação de Brasília, entre 1958 e 1960, as festas de Carnaval eram realizadas nas localidades que ainda estavam em construção. Registros históricos com relatos orais de pioneiros da cidade narram a realização de animados eventos nos salões dos acampamentos e no Brasília Palace Hotel. Outros locais também eram refúgios carnavalescos, como a Travessa Dom Bosco e as boates da Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante. Até mesmo o Teatro Nacional, então em construção, serviu como palco para as celebrações momescas. Ademais, trabalhadores entusiasmados compartilham experiências organizando participações festivas em Luziânia e Planaltina. [Olho texto=”“Nós podemos considerar que o Carnaval surge juntamente com as pessoas que vêm para Brasília;  é uma história que está profundamente ligada às migrações, imigrações vindas de todos os lugares do Brasil”” assinatura=”Cristiane de Assis Portela, professora da UnB” esquerda_direita_centro=”direita”] “Nós podemos considerar que o Carnaval surge juntamente com as pessoas que vêm para Brasília é um uma história que está profundamente ligada às migrações, imigrações vindas de todos os lugares do Brasil”, afirma a professora Cristiane de Assis Portela, do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do projeto Outras Brasílias: ensino de história do DF a partir de fontes documentais. Bailes A tradição dos bailes de Carnaval ganhou força após a inauguração da nova capital, em 1960. A então prefeitura passou a promover a festa de Momo no Baile da Cidade, realizado no Hotel Nacional a partir de 1962. No mesmo ano, surgem as primeiras escolas de samba, com Unidos do Cruzeiro (hoje conhecida como Aruc), Brasil Moreno e outras. Em 1967 surge o primeiro bloco de rua, um bloco de frevo conhecido como Vassourinhas de Brasília, que reverencia a cultura pernambucana. Anos depois, em 1978, veio o Pacotão, iniciando uma cultura marcada pelas típicas manifestações populares carnavalescas. Pernambuco foi inspiração para blocos brasilienses Pacotão, Baratona e Baratinha Fundado por um grupo de jornalistas, o Pacotão é o bloco mais antigo da capital. O pernambucano Luiz Lima, 85 anos, foi um dos precursores desse e de outros bloquinhos famosos do DF. Quando ele tinha 20 anos, veio a Brasília para trabalhar na construção civil, ajudando a erguer a cidade. Mas Luiz ficava indo e voltando para a cidade natal dele, pois sempre que chegava a época das festas, batia aquela saudade. Alguns anos após a inauguração da cidade, Luiz decidiu que iria ficar na capital durante o Carnaval. “Já que não ia para Pernambuco, decidi trazer o frevo até o DF. Pensei na época: vou fazer um bloco tipo Pernambuco”, comenta. Ao lado de alguns colegas, ele foi um dos fundadores do Clube da Imprensa, no Setor de Clubes Esportivos Norte – destino final dos primeiros blocos de Brasília. [Olho texto=”“Eu não fiz por mim, fiz para a população de Brasília. O Carnaval é uma coisa muito alegre, é para fazer todo mundo feliz como eu sou”” assinatura=”Luiz Lima, fundador de blocos como o Pacotão” esquerda_direita_centro=”direita”] O Pacotão foi criado como uma forma de satirizar a ditadura militar, o próprio nome sendo uma referência a um pacote de medidas que alterava as regras das eleições, conhecido como Pacote de Abril, criado em 1977 pelo então presidente da República, general Ernesto Geisel. O bloco saiu da concentração, na Entrequadra 302/303 Norte, e seguiu pela contramão da Avenida W3, em direção à 504 Sul, reunindo cerca de mil pessoas. Três anos depois, chegou a vez do bloco Baratona, uma brincadeira com uma maratona de bares. Os foliões iam de bar em bar, começando em um barzinho localizado no começo da Asa Norte. Segundo recorda Luiz, a inspiração veio de uma festa que ocorria em 31 de dezembro, quando, após uma maratona de bares, quem estivesse com o maior teor alcoólico vencia. A folia candanga hoje atrai gente de todas as idades O jornalista descreve que os bloquinhos de rua saíam do bar puxados por um carrinho, que na verdade era uma caminhonete adaptada, carregando os “bêbados notáveis de Brasília”, conforme ele se refere à turma. “Eles ficavam na carroceria com cerveja e uísque, animando o pessoal. Era uma farra”, lembra. Junto do Baratona, foi pensado um Carnaval em que as crianças pudessem ter um espaço para se divertir com a família. Assim nasceu o Baratinha, que distribuía refrigerante, sorvete e outras guloseimas para a população por meio dos patrocínios conseguidos pelos líderes dos blocos. O Baratinha existe há mais de 40 anos, e em mais de 30 edições foi realizado no Parque da Cidade. Ao falar sobre o porquê de toda a mobilização para trazer o Carnaval para Brasília, Luiz ressalta: “Eu não fiz por mim, fiz para a população de Brasília. O Carnaval é uma coisa muito alegre, é para fazer todo mundo feliz como eu sou”. Galinho de Brasília [Olho texto=”“Brasília é um verdadeiro caldeirão cultural, e a energia do Carnaval pernambucano mexe com as pessoas”” assinatura=”Romildo Carvalho, presidente do Galinho de Brasília” esquerda_direita_centro=”direita”] Luiz Lima também foi um dos fundadores do Galinho de Brasília. Com 31 anos de história, o bloco apareceu em 1992, também pela ideia de um grupo de família e amigos que não pôde viajar para a terra natal no Nordeste e queria pular Carnaval. O Galinho é inspirado no Galo da Madrugada, um tradicional bloco carnavalesco do Recife considerado o maior do mundo. No seu início, os foliões se instalavam no comércio das quadras 206 e 204 Sul. De acordo com o presidente do Galinho de Brasília, Romildo de Carvalho Junior, as pessoas que vinham de fora para a construção de Brasília matavam a saudade de suas terras na Feira dos Estados, antes de o Carnaval se formar oficialmente no DF. “Brasília é um verdadeiro caldeirão cultural, e a energia do Carnaval pernambucano mexe com as pessoas. Desde que eu tinha 12 anos, eu era fascinado. Viemos para agregar a cultura brasiliense. Então trouxemos frevo, passo e música. A função está sendo cumprida, o folião precisa de conforto e infraestrutura. O Galinho sempre deu um Carnaval tranquilo, é um bloco família. E nós representamos a cultura brasileira”, detalha o presidente. Liga dos Blocos A Liga dos Blocos se organizou em 1994, juntando os oito blocos existentes da cidade Impulsionado pelos grandes Pacotão e Galinho, outros blocos compõem a história do Carnaval da capital federal, como os conhecidos Suvaco da Asa, Raparigueiros, Baratinha, Baratona, entre outros. De acordo com o presidente da Liga dos Blocos, Paulo Henrique Nadiceo, a liga se organizou em 1994, juntando os oito blocos existentes da cidade. O objetivo era organizar o Carnaval em uma instituição, com os blocos tradicionais, como por exemplo o bloco Portadores da Alegria – voltado para pessoas com deficiência (PcDs). “A importância da liga é dar uma continuidade da cultura popular brasileira. A nova geração é muito entretida com a parte digital, muitos saem para olhar o mundo só no Carnaval. Tem jovens hoje que nunca viram um maracatu, brincantes, artistas com perna de pau, ou mesmo tiveram contato com o frevo. O legado da liga é não deixar isso morrer nunca”, destaca Nadiceo.

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