Jornada Regional de Qualidade de Vida do GDF promove palestras e troca de experiências sobre saúde mental no trabalho
Em um universo de mais de 12 milhões de servidores públicos no país, que compõem mais de 12% do trabalho formal do Brasil, os temas de saúde mental ganham espaço por necessidade. Dados emitidos pelo portal do governo federal apontam que, para cada mil servidores, há entre 12 e 13 em afastamento por saúde mental e que até cinco pessoas já estão em processo de sofrimento. As informações são baseadas no artigo Absenteísmo — Doença entre Servidores Públicos do Setor de Saúde do Distrito Federal, publicado no periódico Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, em 2018. O tema foi um dos pilares abordados na Jornada Regional de Qualidade de Vida no Trabalho, evento realizado pela Secretaria de Economia (Seec-DF), nesta quarta-feira (10). Cerca de 200 pessoas acompanharam palestras e discussões sobre diferentes temas relacionados à saúde mental, no Auditório José Nilton Matos, da Academia de Bombeiros Militar do Corpo de Bombeiros Militar do DF. Qualidade de vida no trabalho é um tema no qual o GDF quer avançar ainda mais em 2026 | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília A ação foi fruto de uma parceria com a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), entidade nacional que representa o segmento, e com o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário da União (Sindjus), que tem um acordo de cooperação técnica com o Governo do Distrito Federal (GDF). A ocasião buscou criar um espaço regional de diálogo para troca de experiências e fortalecimento das práticas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). De acordo com o secretário-executivo de Valorização e Qualidade de Vida do DF, Epitácio do Nascimento Sousa Júnior, o intuito é contribuir para um serviço público cada vez mais humano, colaborativo e orientado ao bem-estar. “Esse encontro foi destinado a agentes de QVT, lideranças de gestão de pessoas, representantes de órgãos, membros de comitês e comissões, grupos de trabalho e também servidores do GDF interessados em bem-estar e saúde emocional, um tema que queremos avançar muito no ano de 2026. É um dia especial composto por vários palestrantes nessa temática e que traz a reflexão cada vez mais da importância do crescimento da Qualidade de Vida no Trabalho no âmbito do GDF e também a nível nacional”, afirmou o gestor. Entendendo o burnout A média de afastamento do servidor público por questões de saúde mental é de 40 dias ao ano Durante as palestras, o principal assunto relacionado à qualidade de vida no trabalho foi a prevenção e combate à Síndrome do Esgotamento Profissional, popularmente conhecida como burnout — um distúrbio emocional causado por estresse crônico no trabalho. Entre os sintomas estão a exaustão física e mental extrema, distanciamento do trabalho, cinismo, irritabilidade e sensação de ineficácia ou baixa realização profissional, levando a problemas como insônia, ansiedade, baixa produtividade e, em casos graves, depressão, exigindo busca por ajuda médica e psicológica. Conforme apontou o presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), José Antônio Coelho Júnior, a causa do desgaste vai além de horas ou trabalho excessivo, podendo estar em relações do meio de trabalho, uma liderança tóxica, injustiças, desvalorização profissional, falta de autonomia, entre outros fatores como um ambiente de competição no acompanhamento das métricas e metas atingidas. Ainda segundo o estudo, a média de afastamento do servidor público é de 18 dias, chegando a mais de 40 para doenças de saúde mental, mostrando um período de reabilitação prolongado. Outro dado levanta que as servidoras mulheres possuem maior nível de afastamento em saúde mental que homens. “Dentro disso existe o espaço para a falar sobre assédio, liderança não capacitada, falta de canais de comunicação, falta de rede de acolhimento e falta de conhecimento da liderança para conseguir dar vazão a tudo isso e o impacto financeiro que representa”, ressaltou Coelho. José Antônio Coelho Júnior: "É preciso ter a educação das pessoas para identificarem situações de risco que possam estar levando a sinais de adoecimento e esgotamento, capacitando líderes para perceber o movimento de sofrimento e o quanto o ambiente está influenciando nisso" O especialista reforçou que o tema deve ser tratado de cima para baixo para uma melhor eficácia e acolhimento dos servidores que sofrem do esgotamento, com uma estrutura de apoio. “Você não escolhe ter burnout. Colocar a pessoa que, muitas vezes, está fragilizada na condição de ela buscar unicamente ser a responsável pela cura, talvez seja o caminho mais dolorido e difícil, porque ela já está desabilitada de estruturas e até de autonomia. O ideal é que as instituições e a sociedade, de forma geral, se conscientizem do tema. É preciso ter a educação das pessoas para identificarem situações de risco que possam estar levando a sinais de adoecimento e esgotamento, capacitando líderes para perceber o movimento de sofrimento e o quanto o ambiente está influenciando nisso, antes que vire algo que perpetue através de valores institucionais”, frisou. Para o profissional, eventos como as palestras promovidas nesta quarta estão entre os caminhos para alcançar cada vez mais nichos: “Quando você faz uma ação dessa de promoção de saúde e qualidade de vida, você cria amortecedores e dispositivos para que essas pessoas encontrem canal de comunicação, liderança capacitada e principalmente rede de apoio, para não chegarem a um afastamento que vai ter questões sociais e de estigmatização na volta do ambiente de trabalho, que, para ela, é sempre algo muito trabalhoso e complexo que exige muita maturidade e condição do próprio departamento que vai recebê-la novamente”. Programas de apoio do GDF Erinaldo da Silva Lêla procura o espaço de descomprensão no Anexo do Palácio do Buruti quando se sente estressado ou muito pressionado O servidor público da Secretaria de Economia, Erinaldo da Silva Lêla, de 57 anos, destacou a importância do encontro e das ações promovidas pelo GDF, incluindo o Espaço do Servidor, no 16º andar do Anexo do Palácio do Buriti, como um ponto crucial de descanso. “Utilizo muito esse espaço, principalmente nos momentos mais difíceis, quando me sinto estressado ou cansado. As práticas que chegam até a gente, como a ginástica laboral, só vieram para ajudar. Praticar um esporte também é fundamental, desestressa, melhora a qualidade de vida e evita visitas aos médicos. A qualidade de vida no trabalho é uma ferramenta nova deste GDF e acho que hoje em dia não podemos mais ficar sem”, observou. [LEIA_TAMBEM]A servidora e agente titular de qualidade de vida no trabalho do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), Viviane Carneiro Silva, 51, citou as ações realizadas em alguns órgãos, voltadas à saúde física, mental e geral do servidor. “Trabalhamos de acordo com o calendário de cores do GDF, além de programas preparatórios para aposentadoria, sobre endividamento, burnout, depressão, todas as ações que a gente sabe que afetam a vida do servidor. Às vezes a gente toca a pessoa em um ponto que ela está precisando naquele momento. Vendo ambientes que adoecem as pessoas e trabalhando de antemão, temos um retorno muito positivo.” O comandante geral do CBMDF, coronel Moisés Alves Barcelos, também apontou a importância da participação da corporação para o bem-estar da comunidade e nos servidores: “Temos que estar bem para atender bem a população. Há um ano e meio publicamos nossa política de qualidade de vida, com mais de 30 programas para atender e melhorar a qualidade de vida dos nossos bombeiros, desde a parte estrutural das unidades até cursos, progressão de carreira e liderança. Fizemos uma avaliação institucional em que temos um raio-X da instituição de todos os setoriais e, a partir daí, estamos trabalhando nas intervenções pontuais necessárias. É importante ouvi-los para poder tratá-los, a saúde mental é importante para o bem-estar como um todo.”
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Atendimento na atenção psicossocial tem aumento de 15% no DF
A produção ambulatorial da Atenção Psicossocial aumentou em 15% no período de maio a agosto deste ano. Neste intervalo, foram realizados mais de 145 mil procedimentos. Quase a totalidade desses atendimentos ocorreram nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), apenas 1% está distribuído entre os demais serviços. Os números estão no Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA) do 2º quadrimestre de 2025, apresentado na última quinta-feira (4), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Grande parte das conquistas tem como justificativa a reestruturação no âmbito da gestão, de acordo com a subsecretária de Saúde Mental, Fernanda Falcomer. A unidade foi criada em janeiro de 2025. Uma das gerências, por exemplo, atua exclusivamente para o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (Raps). Esse é o grupo que fomenta as ações de matriciamento junto à Atenção Primária à Saúde (APS). Foram mais de 145 mil procedimentos ambulatoriais entre maio e agosto | Foto: Sandro Araújo /Agência Saúde DF Integração no cuidado O apoio matricial é uma estratégia que visa qualificar a integração de serviços de saúde. Em vez de encaminhar o paciente, as equipes trabalham juntas para criar propostas de intervenção de forma compartilhada e corresponsável. Na análise do período ficou demonstrado que todos os Caps realizaram ações de matriciamento, sendo que 74% realizaram mais do que cinco atividades por mês junto à APS. O indicador superou em mais de 10% a meta definida para 2025. "O matriciamento serve para a gestão compartilhada de casos individuais, mas também gera impactos coletivos porque promove momentos de troca de conhecimento e qualificação das equipes" Fernanda Falcomer, subsecretária de Saúde Mental “Essa é uma das ferramentas mais importantes que estão à disposição, uma vez que contribui para a vinculação do usuário à Raps e não apenas a um dos serviços", explica Falcomer. "O matriciamento serve para a gestão compartilhada de casos individuais, mas também gera impactos coletivos porque promove momentos de troca de conhecimento e qualificação das equipes”, completa. Ampliação da oferta Em paralelo, a ação estratégica de ampliar os serviços dos Caps está em pleno andamento. O Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha para expandir de 18 para 23 unidades. Duas obras estão em estágio avançado e têm conclusão prevista para os próximos meses, no Recanto das Emas e no Gama, para crianças e adolescentes, com funcionamento 24 horas, respectivamente. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Capsi Taguatinga promove experiências lúdicas para fortalecer cuidado com crianças e adolescentes
Promover leveza, vínculos e bem-estar emocional. Com esses eixos no radar, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) de Taguatinga promoveu, na manhã desta quinta-feira (9), um passeio ao Circo dos Sonhos, no Taguaparque. Crianças, adolescentes e familiares atendidos pela unidade, acompanhados por profissionais de saúde, participaram da atividade, que incluiu lanche coletivo e muitas risadas. “Nos reunimos no circo para fortalecer laços entre famílias e equipe, promovendo inserção cultural e integração ao território. A arte e o lazer são potentes instrumentos de cuidado e contribuem muito para o bem-estar das crianças e dos adolescentes”, destaca a gerente do Capsi Taguatinga, Glaucia Figueiredo. Passeio foi acompanhado por profissionais de saúde e incluiu um lanche coletivo e muitas risadas | Fotos: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde A manhã foi especial para Kátia Nunes, 44 anos, mãe dos gêmeos Ítalo e Igor, 10 anos. Um deles tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o outro Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ambos recebem acompanhamento multiprofissional na unidade. “São atividades que quebram a rotina e despertam entusiasmo. Eles estavam ansiosos pelo passeio e voltaram encantados. É algo que faz diferença no tratamento e no convívio entre eles e a nossa família”, conta. O impacto também foi sentido por José Valter de Melo, 55 anos, pai de Luís Otávio, 8 anos, acompanhado pelo centro há cerca de um ano. “Essas experiências transformam o tratamento. Em casa ou na escola, é difícil proporcionar algo assim. Desde que começou no Capsi, meu filho, que é autista e tem TDAH, está mais calmo, mais comunicativo e independente nas atividades básicas do dia a dia”, relata. Pai de Luís Otávio, José Valter de Melo atesta que "essas experiências transformam o tratamento. Desde que começou no Capsi, meu filho está mais calmo, mais comunicativo e independente nas atividades básicas do dia a dia" Assistente social do Capsi Taguatinga, Viviane Novaes explica que as percepções dos pais têm fundamento: “Trabalhar saúde mental com arte e cultura enriquece a terapia. Muitos dos nossos usuários possuem talentos artísticos com pintura, música ou desenho. Queremos explorar essas habilidades e ampliar as possibilidades de expressão. Para famílias em vulnerabilidade, oferecer momentos assim é muito significativo”, ressalta. Cuidado integral [LEIA_TAMBEM]O Capsi de Taguatinga é um serviço especializado em saúde mental voltado a crianças e adolescentes de até 18 anos com sofrimento psíquico grave e persistente; e até 16 anos em casos de transtornos relacionados ao uso prejudicial de álcool e outras drogas. A equipe é multiprofissional e conta com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais. Semanalmente, a unidade atende a cerca de 300 moradores de Taguatinga, Águas Claras, Areal, Arniqueira, Vicente Pires, Ceilândia, Sol Nascente e Pôr do Sol. O serviço funciona em modelo de porta aberta, sem necessidade de encaminhamento. O paciente é acolhido na chegada, passa por uma avaliação e, se atender aos critérios do serviço, inicia o acompanhamento na própria unidade. O horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira, das 7h às 18h (exceto feriados). *Com informações da Secretaria de Saúde
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Saúde mental: Caps do DF realizam mais de 200 mil atendimentos no primeiro semestre de 2025
Celebrado nesta sexta-feira (10), o Dia Mundial da Saúde Mental visa aumentar a conscientização sobre questões da saúde mental. Somente no primeiro semestre deste ano, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do Distrito Federal (DF) realizaram mais de 200 mil atendimentos. O número representa aumento de 11,1% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados quase 180 mil procedimentos pela Secretaria de Saúde (SES-DF). Os procedimentos incluem atendimentos individuais, em grupo e familiar, assim como acolhimento, terapias individuais e comunitárias, e outras ações voltadas à promoção da saúde mental. Atualmente, o DF conta com 18 Caps em funcionamento, distribuídos entre diferentes modalidades, de acordo com o perfil populacional, faixa etária e complexidade do cuidado. O grupo de futsal do Caps Álcool e Drogas III de Ceilândia ajudou bastante os pacientes da unidade | Fotos: Matheus Oliveira/ Agência Saúde DF “Nosso objetivo é fortalecer a rede de atenção psicossocial e ampliar o acesso da população a serviços de qualidade, garantindo cuidado integral e contínuo em saúde mental”, destacou a subsecretária de Saúde Mental da SES-DF, Fernanda Falcomer. No Caps Álcool e Drogas III de Ceilândia, uma das iniciativas que reforçam o bem-estar e a ressocialização dos pacientes é o grupo de futsal, criado em junho de 2024. Todas as terças-feiras, às 9h, usuários se reúnem no ginásio de esportes para treinos e partidas. Farmacêutica e uma das treinadoras, Anna Beatriz Gomes explica que a atividade foi criada para aliar prática física e saúde mental. “Fizemos um mapeamento e percebemos que ia trazer muito bem-estar físico e mental para esses pacientes. Também serve como espaço de ressocialização. É um ambiente para se expressar, para soltar um pouco dessa energia que, às vezes, vai para coisas não tão saudáveis”, relata. Anna Beatriz Gomes ressalta que o campo de futebol acaba funcionando como "um ambiente para se expressar, para soltar um pouco dessa energia que, às vezes, vai para coisas não tão saudáveis" F*C*, 62 anos, é paciente da unidade há sete anos e participa do grupo de futsal desde que foi criado. Para ele, a experiência tem sido transformadora. “Eu jogava futebol de campo e de salão, mas bem pouco. Hoje, participo de todos os grupos. Minha saúde melhorou muito, em todos os sentidos. Gostei bastante desse time”, conta. Centros de Atenção Psicossocial Abertos e comunitários, os Caps oferecem atendimento a pessoas com transtornos mentais graves ou persistentes, além de indivíduos em sofrimento psíquico decorrente do uso prejudicial de álcool e outras drogas. As equipes atuam de forma interdisciplinar, com profissionais como psiquiatras, clínicos gerais, pediatras, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e farmacêuticos, de acordo com a modalidade de cada centro. O atendimento pode ser por demanda espontânea ou encaminhamento realizado por outros serviços da rede de saúde, assistência social, educação e justiça. Novos investimentos Até o início de 2027, devem ser inauguradas cinco novas unidades para reforçar o atendimento em saúde mental no DF Até o início de 2027, devem ser inauguradas cinco novas unidades para reforçar o atendimento em saúde mental no DF. Dois serão destinados ao público infanto-juvenil (Capsi), no Recanto das Emas e em Ceilândia, e outros dois ao tratamento em tempo integral de distúrbios causados pelo abuso de álcool e outras drogas (Caps III AD), no Guará e Taguatinga. A quinta unidade será implementada no Gama, para pessoas acima de 18 anos que sofrem com transtornos mentais agudos ou crônicos. As obras do Caps III do Gama e do Capsi do Recanto já estão com 50% do andamento. Como acessar A porta de entrada preferencial para os pacientes de saúde mental ocorre nas unidades básicas de saúde (UBS), onde é feita uma avaliação inicial e o encaminhamento, quando necessário. [LEIA_TAMBEM]Para situações de risco agudo — como ideias suicidas com planejamento, tentativas em curso ou alteração grave do juízo crítico — o acesso é pelos serviços de urgência e emergência ou pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192). Nos casos de urgência, as unidades de pronto atendimento (UPAs) e prontos-socorros dos hospitais gerais oferecem suporte. Também fazem atendimento de urgência o Hospital de Base e o pronto-socorro psiquiátrico do Hospital São Vicente de Paulo, que atua 24 horas por dia. *Com informações da Secretaria de Saúde
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