Safra de soja no DF tem expectativa de R$ 1 bilhão em renda
Nesta quarta-feira (5), o governador Ibaneis Rocha participou da abertura oficial do Plantio da Soja — Safra 2025/2026, evento que marca o início simbólico da plantação no Distrito Federal. A cerimônia reuniu dezenas de produtores rurais, lideranças do agronegócio e convidados, focando a importância da cultura da soja para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região. Mais de mil produtores cultivam a soja em aproximadamente 600 propriedades cadastradas no DF | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília Atualmente, 1.031 produtores cultivam o grão em cerca de 600 propriedades cadastradas no Sistema de Informações em Defesa Agropecuária do Distrito Federal (Siagro DF). A cadeia da soja movimenta cerca de R$ 775 milhões por ano no DF e atende tanto ao mercado interno quanto ao externo. “Estamos muito otimistas com o aumento da área plantada e com o desempenho desta safra” Governador Ibaneis Rocha Segundo o governador Ibaneis Rocha, o Distrito Federal tem se destacado nacionalmente na produção de soja, especialmente pela qualidade das sementes cultivadas na região. “Mais de 40% do que é colhido aqui são sementes preparadas para outros produtores”, enumerou. “Vendemos para estados como Mato Grosso e oeste da Bahia, o que garante maior rentabilidade ao nosso agricultor”. O chefe do Executivo ressaltou que o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) e da Emater-DF, tem oferecido todo apoio e infraestrutura necessários para fortalecer o setor. “A expectativa de renda com a soja neste ano é de cerca de R$ 1 bilhão, o que mostra a força e a produtividade do nosso agro”, apontou. “Estamos muito otimistas com o aumento da área plantada e com o desempenho desta safra”. Apoio a agricultores O governador destacou ainda o bom relacionamento com os produtores rurais e o compromisso do governo em apoiar tanto grandes quanto pequenos agricultores: “Temos trabalhado desde o incentivo às hortaliças e à cultura do mirtilo, que aumentou a renda das famílias, até o fortalecimento da bacia leiteira e da cadeia do vinho, que tem sido um grande sucesso. O ecoturismo também cresce muito nessa região, atraindo visitantes e diversificando a economia rural”. “Nossos produtos estão atravessando oceanos e levando o nome do Distrito Federal a novos mercados” Rafael Bueno, secretário da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural As perspectivas para a safra 2025/2026 são positivas, com crescimento de 2% na área cultivada, que deve alcançar 90,2 mil hectares, e produção estimada em 331 mil toneladas de grãos, durante o período de plantio que abrange o fim de outubro e o início de novembro. As regiões de Pipiripau, Planaltina, Rio Preto, São Sebastião, Sobradinho e PAD/DF, segundo a Emater-DF, se destacam pela alta produtividade e pela adoção de boas práticas agrícolas, o que reforça o papel estratégico do DF no agronegócio nacional. Segundo o titular da Seagri-DF, Rafael Bueno, a sojicultura do DF tem se beneficiado especialmente do programa ProRural, que concede incentivos fiscais, como redução de ICMS e taxas de licenciamento ambiental. “Esse apoio dá competitividade ao produtor do DF, que consegue comercializar a soja com vantagens em relação a regiões do entorno, atraindo compradores e fortalecendo a economia rural”, explicou. Investimentos “Realizamos competições de variedades em parceria com os agricultores, sempre em busca das melhores opções de sementes e dos lançamentos mais promissores” Cleison Duval, presidente da Emater-DF Ele atribuiu esse bom desempenho à combinação de altitude favorável, controle fitossanitário e investimento em tecnologia. “A Defesa Agropecuária do DF tem atuado com eficiência no combate à ferrugem asiática, e isso tem estimulado a produção de sementes”, especificou. “Hoje, cerca de 40% da soja produzida no DF é destinada à produção de sementes, que possuem valor agregado superior. Fornecemos sementes para estados como Mato Grosso, Bahia e Goiás, e até exportamos”. O secretário também lembrou que o Paquistão é o principal destino internacional da soja produzida no DF, o que demonstra o alcance da produção local. “Mesmo sem um volume tão grande quanto o de outros estados, o DF exporta soja de alta qualidade”, enfatizou. “Nossos produtos estão atravessando oceanos e levando o nome do Distrito Federal a novos mercados”. Na safra anterior (2024/2025), o DF registrou 88,4 mil hectares plantados, com produção total de 339,2 mil toneladas, o que representa um aumento de 13,4%. Ainda no ano anterior, o segmento representou 36,53% de participação na produção agrícola total do DF e 45,83% da participação na área agrícola. Apoio técnico Entre as políticas públicas e incentivos oferecidos para o produtor de grandes culturas pela Emater-DF estão o crédito rural e o acompanhamento feito pelo corpo técnico, além de capacitações oferecidas durante todo ano em diversas áreas. Segundo o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, os técnicos da empresa acompanham os produtores rurais ao longo de todo o ano, oferecendo suporte em diversas etapas do cultivo. “Realizamos competições de variedades em parceria com os agricultores, sempre em busca das melhores opções de sementes e dos lançamentos mais promissores”, exemplificou. “Também orientamos sobre as práticas ideais de plantio e o ajuste das colheitadeiras, que é um processo técnico e essencial para garantir bons resultados”. Ronaldo Triacca, produtor de grãos e de uvas: “O Distrito Federal tem algumas das maiores médias de produtividade de grãos do país, o que movimenta a economia e gera empregos” Esse trabalho, lembrou Duval, envolve ainda o monitoramento hídrico, com orientações sobre o uso adequado da água em períodos de estiagem e o acompanhamento da umidade do solo. “É um conjunto de ações de apoio contínuo, que inclui também o controle de doenças e o manejo adequado das lavouras”, ilustrou. “Estamos sempre próximos dos produtores, oferecendo assistência técnica em todas as fases da safra”. O produtor rural Ronaldo Triacca, que cultiva grãos e uvas para a produção de vinhos finos com os irmãos, avalia que a safra deste ano deve ser positiva. “A expectativa é muito boa, porque a chuva chegou na hora certa”, afirmou. Segundo ele, o apoio da Seagri-DF e da Emater tem sido constante desde o início do PAD-DF, o que garante segurança e condições favoráveis para o trabalho no campo. Triacca lembrou que parte da produção de grãos é destinada à Coopa-DF, enquanto os vinhos são comercializados por meio do enoturismo na propriedade e em restaurantes renomados de Brasília. “O Distrito Federal tem algumas das maiores médias de produtividade de grãos do país, o que movimenta a economia e gera empregos”, observou. Para ele, o clima local favorece a diversidade de culturas e o desenvolvimento de diferentes atividades agrícolas. Produtividade comparada [LEIA_TAMBEM]A produtividade média da soja no DF é superior à registrada em outros estados produtores. No ciclo 2020/21, a média distrital foi de 3.743,6 kg/ha, enquanto a média nacional foi de aproximadamente 3.497 kg/ha, e Mato Grosso, maior produtor do país, registrou 3.448 kg/ha na mesma safra. A produção de grãos e cereais no DF bateu um recorde histórico, atingindo a marca de 1.042.328,09 de toneladas em 2024, um salto de 9,32% em relação às 953.498 toneladas da safra do ano anterior. O crescimento é fruto do aumento da área plantada e do número de produtores que investem no plantio das grandes culturas agrícolas. Dos alimentos produzidos na capital federal, a soja lidera, seguida pelo milho comum, com cerca de 272 mil toneladas; milho para silagem, com mais de 112 mil toneladas; e sorgo, com uma produção em torno de 87 mil toneladas.
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DF projeta safra de mais de 7 mil toneladas de goiaba em 2024
Está aberta a temporada da goiaba no Distrito Federal (DF). Com a expectativa de uma safra de mais de sete mil toneladas neste ano, a colheita da fruta mais produzida na capital chega ao auge. Pedro Sato, Sassaoka, Paluma, Tailandesa e Cortibel — qualquer que seja a variedade, opções não faltam para abastecer a residência dos brasilienses com exemplares fresquinhos plantados e colhidos dentro do DF. Apesar de a goiaba ser uma fruta que pode ser produzida durante todo o ano, a safra principal é entre janeiro e março. Tendo em vista a alta produção neste período, a tradicional Festa da Goiaba já tem data marcada: de 5 a 14 de abril, em Brazlândia. Cerca de 200 produtores de goiaba se preparam para a grande festa. Os produtores contam com a assistência de equipes multidisciplinares da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Brazlândia é a região administrativa responsável por 95,8% da área de produção da goiaba em todo o DF. É lá onde estão localizadas as chácaras Yamagata e a Ponte Preta. Juntas, as duas somam, por mês, mais de 50 toneladas de goiaba. A Chácara Yamagata dispõe de 60 hectares de plantação, sendo 40 exclusivamente para o plantio de goiaba Tailandesa, Pedro Sato e Cortibel. Por mês, a propriedade rural produz cerca de 40 toneladas da fruta. Embora grande parte do processo seja mecanizado, a colheita é feita de forma manual, uma a uma, pelos 24 funcionários da chácara. “A goiaba daqui tem uma genética bem trabalhada. Tanto é que está no mercado há pouco tempo. Ela ainda está sendo aceita tanto para doces e receitas no geral quanto para comer in natura. Nós não utilizamos máquina para colher porque é uma fruta sensível, não tem como mecanizar. Precisamos prestar atenção na coloração, no formato, no ponto de colheita para garantir que aquela fruta está em perfeitas condições para ser consumida”, defende o produtor Marcio Toshio, 39 anos. Para celebrar a época de colheita da fruta mais abundante do DF, cerca de 200 produtores se preparam para a Festa da Goiaba Já a Chácara Ponte Preta, uma das principais do DF, tem uma área de 40 hectares, sendo 28 para o plantio da fruta. A propriedade produz as variedades Paluma, Pedro Sato e Sassaoka. Os produtos frescos são vendidos na Ceasa. Receitas especiais com a fruta também serão produzidas para comercializar na Feira da Goiaba. “Na festa, nós teremos uma geleia e a goiabada cascão, todas feitas pela minha mãe. A fruta in natura também estará disponível para venda, em saquinhos. A goiaba Sassaoka que a gente planta aqui tem uma casca diferente, mas no sabor ela ganha de todas as outras. Demorei bastante para implementar no comércio essa variedade, mas hoje já tem clientes que procuram somente por ela pelo sabor diferenciado”, pontua o produtor Marco Kazuto, 44 anos. Assistência rural Os produtores contam com a assistência de equipes multidisciplinares da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater), compostas por engenheiros agrônomos, veterinários, zootecnistas, economistas domésticas, engenheiros ambientais e florestais, que compartilham as novidades geradas pela pesquisa, inovações e políticas públicas aos agricultores, famílias e organizações. Nas regiões de atuação dos escritórios locais da Emater-DF de Brazlândia e Alexandre Gusmão, estão concentradas 95,88% de toda a área plantada da fruta. No entanto, Brazlândia concentra a maior produção, representando 88,08% do total produzido no DF Ao longo do ano, são realizados atendimentos individuais a produtores, além de oficinas, cursos, dias de campo, reuniões técnicas, eventos, entre outras atividades. Na área social, a Emater-DF leva orientações sobre aposentadoria rural, benefícios sociais e políticas públicas de inclusão. “O interessado em se tornar um produtor de goiaba pode procurar um dos 15 escritórios da Emater, que nós vamos orientar tudo com relação à fruta, como o ciclo de produção e as tecnologias que ele deve utilizar para produzir com qualidade”, afirma o engenheiro agrônomo e gerente do escritório da Emater em Brazlândia, Claudinei Vieira. Produção em alta no DF De acordo com o Relatório de Informações Agropecuárias da Emater-DF, em 2023 a área plantada com goiaba alcançou 412,15 hectares, indicando um aumento de 16,52% em relação ao ano de 2022. Nas regiões de atuação dos escritórios locais da Emater-DF de Brazlândia e Alexandre Gusmão, estão concentradas 95,88% de toda a área plantada da fruta. No entanto, Brazlândia concentra a maior produção, representando 88,08% do total produzido no DF. A goiaba é a fruta tradicionalmente mais produzida no DF. Em 2023, o DF registrou 222 produtores de goiaba. O dado indica um aumento de 49 agricultores em relação ao ano de 2022. Já com relação à produção, em 2023 foi alcançada a marca de 6.528 toneladas da fruta. Benefícios à saúde A goiaba tem diversas fontes de substâncias protetoras, como os antioxidantes, que são moléculas que protegem as células contra os radicais livres produzidos pelo organismo e, portanto, previnem patologias como câncer, doenças cardiovasculares e doenças degenerativas. Além disso, a fruta é rica em fibras e tem baixa densidade energética, o que aumenta a saciedade. Com boas quantidades de vitaminas A e C e de minerais cálcio, fósforo e potássio, a fruta apresenta teores satisfatórios de vitaminas do complexo B, especialmente a Tiamina (B1), Riboflavina (B2) e Niacina.
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DF registra alta de 11,4% na previsão da safra de grãos para 2022
[Olho texto=”Estimativa de produção do DF, de 4.857 kg por hectare, ultrapassa o previsto para a média nacional, de 3.695 kg produzidos em área equivalente” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] A previsão da safra de grãos 21/22, no Distrito Federal, aponta que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ter crescimento de 11,4%, em comparação à safra 20/21, com o cultivo de 838,3 mil toneladas de grãos. A campanha da safra passada resultou em 752,3 mil toneladas. Também houve aumento de 3,7% na área a ser colhida com as culturas no DF, que passou de 166,4 mil para 172,6 mil hectares. Os dados são do 7º Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com análise do início da safra, de setembro do ano passado até a última semana de março deste ano. O resultado oficial da produção, com a consequência da colheita, será divulgado em agosto, quando a safra chega ao fim. Cláudio Malinski, do Núcleo Rural Jardim, comemora os bons resultados no cultivo: “Consegui atingir a expectativa para primeira colheita e, agora, espero a mesma coisa para segunda, que será de milho, entre julho e agosto” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Com a escalada da produção de grãos e da dimensão da área em que as culturas são desenvolvidas, cresceu em 7,4% a produtividade da capital federal. Na safra 20/21, foram produzidos 4.521 kg de grãos por hectare. Neste ano, a previsão é que sejam colhidos 4.857 kg por hectare. A estimativa está, inclusive, acima do previsto para a média nacional, já que o Brasil deve produzir 3.695 kg por hectare. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] A soja e o milho correspondem a mais de 80% das plantações de grãos no Distrito Federal, com 130 mil hectares, de acordo com o relatório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) divulgado no ano passado. A projeção para a safra deste ano aponta que o milho deve ter acréscimo de 18,3% na produção, com 433,1 mil toneladas, além de crescimento de 2% na área da colheita e 15,9% na produtividade. Já para a soja, é esperada alta de 7,3% no cultivo, atingindo 313,2 mil toneladas, e expansão de 7,3% na área, enquanto o rendimento deve ser o mesmo da safra anterior. Há ainda, no DF, o plantio de feijão – dos tipos preto, caupi e cores –, sorgo e trigo. Políticas públicas [Olho texto=”“Os agricultores contam com assistência de qualidade, que dá a orientação certa para eles saberem o que estão fazendo, além do financiamento para colocarem a mão na massa” ” assinatura=”Luciano Mendes da Silva, secretário-executivo de Agricultura” esquerda_direita_centro=”direita”] As colheitas dos grãos, desde a semeadura até o transporte ao consumidor final, recebem o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Emater e da Secretaria de Agricultura (Seagri). As duas entidades atuam juntas com políticas públicas que ajudam todo o setor agrícola da capital, para que os produtores alcancem melhor rendimento na colheita. Apenas para os produtores de grãos, em 2021, foram cerca de 29 projetos com R$ 4.647.014 em empréstimos, envolvendo custeio, financiamento de tratores, implementos e implantação de sistemas fotovoltaicos associados. Já em relação a todo o setor agrícola, no mesmo ano, as duas entidades reformaram 10 km de canais de irrigação e promoveram a recomposição vegetal e o reflorestamento de 48 hectares do DF com 48,9 mil plantas. Houve ainda, no ano passado, a regularização fundiária de 4.057,81 hectares e a manutenção de 1.246 km de estradas rurais. O secretário-executivo de Agricultura, Luciano Mendes da Silva, afirma que o apoio aos produtores tem como objetivo ampliar o lucro e a qualidade das plantações. “Os agricultores contam com assistência de qualidade, que dá a orientação certa para eles saberem o que estão fazendo, além do financiamento para colocarem a mão na massa”, explica. “Outras coisas também vêm a reboque, como o transporte de insumos e produção, para dentro e fora da propriedade. Isso requer estradas e pontes boas, suporte que, felizmente, conseguimos dar aos agricultores. Todas as nossas ações são para diminuir o custo de produção e fazer com que eles tenham uma rentabilidade maior naquilo que estão explorando.” [Olho texto=”Chuvas de setembro e outubro do ano passado favoreceram a produção no DF ” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Segundo o extensionista rural da Emater Gilmar Batistella, engenheiro agrônomo, o apoio é fundamental para o sucesso das colheitas. “A Emater ajuda o produtor a se regularizar para acessar os créditos, seja ele de grande, médio ou pequeno porte”, informa. “As documentações da propriedade, como licenciamento ambiental e fundiário, precisam estar comprovadas e reguladas – caso contrário, ele não consegue financiar a safra”, explica. Em relação à colheita deste ano, Batistella enfatiza que os produtores aproveitaram a constância das chuvas entre setembro e outubro do ano passado, preparando-se para uma possível seca nos próximos meses. “Não houve nenhuma praga ou outro problema que prejudicasse as plantações e nem o trabalho nas fazendas, ou seja, a produtividade do agricultor teve um cenário muito positivo”, aponta. Devido às chuvas de outubro, o engenheiro agrônomo Cláudio Malinski, que cultiva soja, feijão e sorgo no Núcleo Rural Jardim, conseguiu colher cerca de 70 sacos de soja em cada um dos 84 hectares de sua propriedade. “A produtividade foi bem alta; consegui atingir a expectativa para primeira colheita e, agora, espero a mesma coisa para segunda, que será de milho, entre julho e agosto”, conta o produtor, responsável técnico da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal. “Se houver boas chuvas, será muito bom, porque o milho produz bem, deve variar entre 70 e 80 sacos por hectare. Tem que ser agora entre abril e maio, para ajudar no cultivo. Mas, se tiver chuva, deve cair para 60 sacos por hectare.”
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Mercado e valor agregado do lúpulo atraem produtores no DF
Com o crescente consumo de cervejas artesanais e diferenciadas na capital, produtores estão apostando no cultivo do lúpulo, um dos principais ingredientes da bebida. Em formato de cone, a flor verde é responsável por garantir aroma, textura e sabor à bebida. Em Brasília, o interesse pelo cultivo, que tem mercado certo, vem crescendo. Um dos principais componentes da cerveja, o lúpulo ganha lugar na produção local | Foto: Divulgação/Emater [Olho texto=”“É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades” ” assinatura=”Breno Borges, arquivista e produtor” esquerda_direita_centro=”direita”] Em cinco anos, o número de cervejarias nacionais cresceu 264%, segundo dados do Anuário da Cerveja no levantamento divulgado no início de 2020 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2015, eram 332 fábricas. Em 2019, esse número saltou para 1.209. Já um outro estudo elaborado pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo) aponta que, em 2019, o Brasil importou 3,6 mil toneladas do produto. De olho no mercado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) tem auxiliado produtores com o cultivo de lúpulo na capital. No Lago Oeste, Breno Borges, 42 anos, arquivista de formação e profissão, é um dos exemplos de pessoas que estão investindo na planta. Há dois anos, ele se interessou pelo mercado e começou os experimentos em sua propriedade. “Foi por curiosidade”, conta. “Tinha conhecidos que plantavam ou que conheciam quem plantava. É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades. Achei que seria uma boa oportunidade de plantar o lúpulo e conquistar o mercado cervejeiro.” Nas primeiras conversas com o produtor Pablo Tamayo, Breno conta ter se interessado ainda mais e, com isso, passou a comprar algumas mudas. No início, o cultivo era na varanda da propriedade, apenas como experimento. Mas, de acordo com ele, logo veio a vontade de ocupar mais espaços com a plantação. Foi então que decidiu entrar de vez no ramo e investiu nas estruturas de eucalipto e cabo de aço para aguentar o peso da planta, que, segundo informa, pesa entre 20 kg e 25 kg. [Olho texto=”Clima do DF permite ao produtor ter até três safras de lúpulo por ano” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Apesar do investimento alto e de todo o trabalho, eu estou feliz; está indo no ritmo que eu imaginava, está funcionando bem”, comemora Breno. Ele já provou a cerveja feita com seu lúpulo e garante ter gostado do resultado. “Já tem cervejeiros caseiros e pequenas cervejarias interessados no lúpulo que estou produzindo. Já passei para algumas pessoas da área que se comprometeram a fazer a cerveja justamente para testar e, posteriormente, me darem um retorno da qualidade.” Na propriedade de Breno, a Emater tem prestado assistência com orientações diversas sobre o cultivo. “Como não sou agrônomo e não sou da área, não tenho muita noção da parte de adubação, manejo do solo, o que colocar na terra, como fazer análise. Foi então que procurei ajuda da Emater”, relata o novo produtor. No Distrito Federal, que tem um clima diferenciado, com estações chuvosa e seca bem-definidas, é possível ter até três safras do lúpulo por ano. No entanto, para os iniciantes, apenas na terceira ou quarta safra é que o lúpulo atinge boa maturidade e alcança a qualidade ideal de sabor e aroma para a bebida. “Por ser uma cultura trabalhosa e com alto investimento, ao longo do processo ela dá um retorno muito grande”, explica o gerente do Escritório de Agricultura Orgânica e Agroecologia da Emater, Daniel Oliveira. “Então, a partir deste despertar, a Emater começou a atender de forma mais efetiva e até estimular os produtores no cultivo de lúpulo, que tem muito valor agregado”. Auxílio com técnicas de irrigação e adubação, identificação de pragas na plantação, análise de solo, questões de pós-colheita e aquisição de crédito rural são alguns dos serviços prestados pela empresa aos produtores. “Minha expectativa é começar a comercializar meu lúpulo no próximo ano, a partir do momento em que eu conseguir uma qualidade boa para venda”, diz Breno, que está na fase de experimentos do lúpulo. Em flor, para consumo in natura, o ingrediente precisa ser utilizado poucos dias após a colheita. No formato de flor seca e embalada a vácuo, o tempo de uso sobe para dois anos. Já quando se transforma a flor em pellet, deixando-a igual aos lúpulos importados, em formato de pastilha, o prazo de validade é aumentando para até três anos. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Referência em produção Considerado uma das referências em conhecimento no cultivo do lúpulo, Pablo Tamayo começou a investir e estudar o lúpulo em 2017. Hoje, sua produção ainda não está em grande escala, mas ele consegue ter até três safras no ano e vender seu produto fresco e também embalado a vácuo e refrigerado. Segundo o produtor, mesmo o lúpulo desidratado e embalado a vácuo, com validade de até seis meses, tem alto valor agregado, por ser considerado fresco. Em 200 metros quadrados, em sua propriedade no Lago Norte, Tamayo consegue cultivar cerca de 60 plantas, o que lhe rende entre 30 kg a 45 kg por colheita e de 100 kg a 150 kg por ano. Como a planta cresce para cima, é possível colocar entre 2,5 mil a 3 mil exemplares em 1 hectare – o que, segundo ele, permite um produto final, já seco, entre mil e dois mil quilos. “É um negócio bastante atrativo do ponto de vista financeiro”, frisa Tamayo. “Ele é um produto que tem um potencial muito bom de preço de venda. Tem lúpulos bons, brasileiros, sendo vendidos entre R$ 150 e R$ 300 o quilo. O custo de algumas produções varia entre R$ 40 e R$ 50 o quilo.” Hoje, ele consegue vender seu lúpulo para fábricas de kombucha em Brasília e em Florianópolis (SC), além de algumas cervejarias artesanais da capital. Por comercializar lúpulo orgânico, ele garante ter um bom retorno das vendas. “A expectativa é expandir para um cultivo profissional e comercial maior”, diz. Pablo trabalhava com infraestrutura de tecnologia de redes quando começou a se interessar por agricultura e cultivo orgânico. Com o conhecimento repassado por alguns amigos sobre o cultivo orgânico de hortaliças, seu interesse era cultivar algo diferente. Na época, ouviu falar do lúpulo, que era uma planta importada, sem cultivo no Brasil e que dava sabor e características especiais para a cerveja. Foram motivos suficientes para se apaixonar, aprender tudo sobre o cultivo e começar o investimento no quintal de casa. Colheita No processo de colheita, a parte aérea da planta é arrancada no tronco. Daí são aproveitados os cones. A rebrota ocorre a partir da raiz (rizoma) que permanece em campo, sendo vigorosa, crescendo até 30 cm por dia. A nova colheita somente ocorre após quatro meses, quando as hastes já estão grandes novamente e com flores. Com a colheita feita toda manualmente, Breno conta ter bastante trabalho. “Tem que arrancar planta e arrancar cone por cone. Isso demanda muito tempo. Quem tem o maquinário agiliza todo esse processo, mas adquirir o maquinário tem um custo muito alto”, pontua. De acordo com o extensionista Daniel, a perspectiva da Emater e do grupo de produtores que cultivam lúpulo é adquirir o maquinário por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Com isso, todo o trabalho hoje manual, de colheita e separação do cone, será realizado pelo maquinário, eliminando grandes gargalos para pequenas produções. Após a colheita dos cones, Breno diz que o passo seguinte é levar para a secagem, para depois embalar a vácuo. No caso do uso sem secar, ele explica que a cervejaria precisa ser próxima para utilização do produto em até 48 horas. O consumo do lúpulo fresco, segundo Breno, dá mais frescor e sabor à cerveja. No entanto, a quantidade usada acaba sendo quase quatro vezes maior do que o lúpulo seco. *Com informações da Emater
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