Ambulatório Trans atende cerca de 200 pessoas em um único dia
O Núcleo de Atendimento Ambulatorial de Diversidade de Gênero, conhecido como Ambulatório Trans, atendeu, nesta terça-feira (10), cerca de 200 pacientes. A força-tarefa, que contou com o apoio de parcerias institucionais, busca reduzir a lista de espera por assistência na unidade. “Essa ação foi pensada para acelerar o acesso ao serviço. Desde o início da lista, em 2020, muitas pessoas trocaram de contato, dificultando o alcance, mas conseguimos convocar 200 dos 380 pacientes que estavam inscritos”, detalha a chefe do ambulatório, Sidneia Vasconcelos. A força-tarefa, que contou com o apoio de parcerias institucionais, busca reduzir a lista de espera por assistência na unidade | Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF Durante o evento, realizado no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin), na Asa Sul, os usuários foram acolhidos pela equipe multidisciplinar da unidade. O objetivo é elaborar o Plano Terapêutico Singular (PTS), que considera as necessidades e intenções de cada paciente à Atenção Secundária. Além do plano, a força-tarefa também disponibilizou orientação jurídica sobre retificação de nome, por meio da Defensoria Pública (DPDF); testes em parceria com o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA); e autocoleta para prevenção do câncer de colo do útero com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília. Outras instituições também ofertaram serviços; entre elas a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) e o Centro de Referência Especializado da Diversidade Sexual, Religiosa e Racial (Creas Diversidade). A cabeleireira Raissa Franklin, 55, foi uma das atendidas e elogiou a iniciativa. “Tenho diabetes e pressão alta e, aqui, encontrei a ajuda que precisava. Além disso, vou poder trocar meu nome”, revelou. Já para a autônoma Bebel Mendonça, 60, o mutirão representa um avanço no combate à transfobia e à exclusão: “É fundamental para nós, mulheres trans, principalmente as que estão acima dos 50 anos, que sofrem ainda mais discriminação. Ver que nossas demandas foram atendidas é emocionante.” Também presente no evento, a diretora regional de Atenção Secundária à Saúde da Secretaria de Saúde (SES-DF), Graciele Pollyanna Mertens, celebrou o momento. “Estou comovida. O ambulatório nasceu da luta de uma equipe comprometida e, hoje, vemos sua consolidação como uma unidade da SES-DF. Tenho certeza que continuaremos a crescer”, declarou. O ambulatório Criado em 2017, o Ambulatório Trans é referência no atendimento a essa população no DF. A unidade funciona de segunda a sexta e oferece suporte multidisciplinar de psicólogos, assistentes sociais, endocrinologistas, psiquiatras, entre outros. *Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
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Rede de apoio garante direitos e acolhimento LGBTQIAP+
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado mundialmente nesta sexta-feira (28), não apenas relembra um marco histórico na luta pelos direitos e pela igualdade, mas também destaca o compromisso das autoridades e da sociedade civil na promoção de políticas públicas inclusivas e no combate à discriminação. O Distrito Federal tem se destacado nas últimas décadas como uma das regiões mais avançadas do país no que diz respeito aos direitos da comunidade LGBTQIAP+. Com uma série de políticas públicas voltadas para este público, o GDF tem buscado não só garantir direitos básicos, mas também promover a inclusão e o respeito dessa população. A comunidade LGBTQIAP+ encontra atendimento para cuidar da saúde física e mental em projetos do GDF | Fotos: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília O DF conta com diversas frentes para atender esse público. Uma delas é o Ambulatório Trans – o primeiro da capital a ter sido credenciado no Sistema Único de Saúde (SUS). No local estão disponíveis serviços médicos que vão desde a saúde física até a saúde mental do usuário, como endocrinologia, enfermagem, ginecologia, psicologia, medicina de família, psiquiatria e terapia ocupacional. A iniciativa é uma verdadeira rede de apoio à pessoa que busca a própria identidade de gênero. O espaço mudou a vida de Ruth dos Santos, 29 anos, uma trans que frequenta o Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin) há um ano. Nesta semana, ela foi ao espaço para uma consulta psiquiátrica. Ruth dos Santos conta que a vida dela mudou quando começou a ser atendida no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin) há um ano “Eu comecei a ser atendida aqui faz quase um ano. É muito recente para mim, mas eu estou gostando muito. Mudou minha vida no sentido de que a gente se sente mais acolhida; a gente se sente mais pertencente. Eu não esperava que o GDF tivesse esse espaço. Quando eu soube, fiquei muito feliz”, relata Ruth. O ambulatório visa capacitar e sensibilizar os profissionais de saúde para lidar, de forma humanizada, com transexuais e travestis. Atualmente na coordenação do espaço, Sidneia Vasconcelos explica que o atendimento aos usuários é contínuo. A ideia é justamente ter uma equipe de profissionais qualificados para facilitar essa aproximação com pessoas LGBTQIAP+ que estão em condição de risco social, garantindo o acesso a direitos sociais e à rede de proteção. Sidneia Vasconcelos: “Existe uma porta de entrada, mas não existe uma porta de saída para um processo de transição, porque é um processo para a vida toda” “Existe uma porta de entrada, mas não existe uma porta de saída para um processo de transição, porque é um processo para a vida toda. Até por isso as equipes precisam estar especializadas. E a gente caminha junto. O nosso serviço é de acolhimento, cuidado e promoção à saúde desse usuário de forma continuada”, ressalta Sidneia. O espaço também acolhe Maria Luiza da Silva, 63, primeira mulher trans do país a ter ingressado nas Forças Armadas. Usuária do ambulatório, ela conta que o diferencial do atendimento está na especialização dos médicos para lidar com a realidade da comunidade trans. “A gente tem muitos acompanhamentos aqui e que são muito necessários e úteis para a comunidade. Tem uma série de especialidades, e os médicos têm muito carinho pela gente. É um atendimento especializado, com pessoas preparadas para lidar com a nossa realidade”, enfatiza a militar aposentada. Maria Luiza da Silva destaca a qualidade técnica do quadro de especialistas do Ambulatório Trans Atualmente, o Ambulatório Trans atende entre 350 e 400 pessoas por mês. Para ter acesso aos serviços, as pessoas interessadas podem se dirigir à unidade de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 19h. Serão atendidos no ambulatório os usuários encaminhados pelas unidades básicas de saúde (UBSs), pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da Diversidade e por busca espontânea. Auxílio social Outro ponto de destaque no acolhimento do GDF à comunidade LGBTQIAP+ é a política oferecida pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da Diversidade. A unidade atende especificamente pessoas em situação de violação de direitos em razão de orientação sexual, identidade de gênero, raça, etnia ou religiosidade. O espaço, que recebe entre 100 e 150 usuários por mês, disponibiliza apoio psicossocial, jurídico e social, auxiliando na superação de violências, discriminação e violações de direitos, visando garantir o acesso a direitos fundamentais e a inclusão social dessa população. Grazielle da Silva Blanco: “A ação aqui vai nesse sentido, de humanidade, que trabalha com essa questão da prevenção às situações de violência, negligência ou algum tipo de vivência de violência ou violação de direitos” Além disso, o local também auxilia para agilizar a retificação na Certidão de Nascimento do nome e gênero de pessoas trans. Recentemente, a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) lançou uma cartilha com uma série de orientações às pessoas trans sobre o processo de retificação de nome e gênero. Segundo a coordenadora do Creas Diversidade, Grazielle da Silva Blanco, atualmente, a maior demanda é por atendimentos ao público LGBTQIAP+. “São demandas relacionadas a algum tipo de situação que eles vivenciaram, então são demandas relacionadas a justiça, saúde, vulnerabilidade socioeconômica. A ação feita aqui vai nesse sentido, de humanidade, que trabalha com essa questão da prevenção às situações de violência, negligência ou algum tipo de vivência de violência ou violação de direitos”, detalha. Por dois anos, Rubi Martins, uma mulher trans de 36 anos, foi atendida no Creas. Ela conta que o acolhimento feito no espaço foi essencial. A partir do atendimento, ela se integrou aos movimentos sociais, e sua vida deu uma “guinada”, conta. A vida de Rubi Martins deu uma guinada após atendimento no Creas Diversidade “Eu sempre falo para as pessoas que é preciso aproveitar as oportunidades que a vida proporciona. O serviço do Creas está aí e é feito com o maior carinho. A gente, por outro lado, também precisa fazer a nossa parte. A gente tem que querer, porque não é fácil. A gente cresce aqui para estender e apontar caminho para os outros”, destaca. Qualificação profissional Quando o assunto é qualificação profissional, a comunidade LGBTQIAP+ também tem a oportunidade de se candidatar a vagas gratuitas para cursos do programa RenovaDF. O objetivo é aprimorar o conhecimento de trabalhadores como carpinteiros, jardineiros, eletricistas, encanadores, serralheiros e pedreiros. Hellen Gabrielle Cunha, 31, é aluna do RenovaDF. Ela lembra que, por muito tempo, viu espaço em ambientes profissionais por ser uma mulher trans. “Vim representar a mim mesma, sair das margens e arrumar um emprego, quebrar barreiras e mostrar para a sociedade que a gente pode ocupar vagas de emprego também. Temos que sair e colocar a cara a tapa para que deixem de ter uma visão equivocada de nós”, relata. “Eu me sinto muito feliz porque é bom demais sair da margem de situação de rua e o RenovaDF vem transformando essa realidade” Fernanda Gaspar, aluna do RenovaDF “É muito importante o apoio do GDF para nós. Eu me sinto muito feliz porque é bom demais sair da margem de situação de rua, e o RenovaDF vem transformando essa realidade”, complementa Fernanda Gaspar, 49, também aluna do programa. Os cursos do projeto têm duração de 240 horas, divididas em três etapas de 80 horas, com quatro horas diárias de atividades. Os alunos recebem auxílio pecuniário equivalente a um salário mínimo após a conclusão de cada 80 horas, auxílio-transporte, seguro contra acidentes pessoais e certificado. Além do programa de qualificação profissional, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), está promovendo o projeto Empreendedor LGBT, criado para apoiar e dar visibilidade a empreendedores ligados à causa LGBTQIAP+, até 10 de julho. De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, quem passa pelo local pode conferir os trabalhos e os produtos expostos nas passagens subterrâneas da Galeria dos Estados que conectam o Setor Comercial Sul (SCS) ao Setor Bancário Sul (SBS).
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Publicado regimento de câmara técnica voltada à saúde do público LGBTQIA+
Brasília, 27 de setembro de 2022 – Nesta terça-feira (27), foi publicada a Ordem de Serviço nº178, de 23 de setembro de 2022, que aprova o regimento interno da Câmara Técnica de Atenção à Saúde da População LGBTQIA+ do Distrito Federal, instituída em 24 de março deste ano. A Ordem de Serviço entra em vigor a partir desta terça. Com a publicação no Diário Oficial do DF, o trabalho da Câmara Técnica de Atenção à Saúde da População LGBTQIA+ do DF é oficializado e o regimento reforça os objetivos e finalidades da câmara. Além disso, informa como serão os processos de trabalho, define os papéis desempenhados por seus membros e pelas áreas técnicas. O Adolescentro atende crianças e adolescentes com incongruência de gênero e, a partir dos 18 anos, eles são encaminhados para atendimento no Ambulatório Trans, localizado no Hospital Dia (508 Sul) | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde Em julho, ocorreu a primeira reunião de trabalho da Câmara Técnica de Atenção à Saúde da População LGBTQIA+ do DF, na qual foi criado o regimento. Desde então, ficou definida a realização de uma reunião na segunda quinta-feira de cada mês, com duração de 4h, para discussão de assuntos e serviços voltados ao público LGBTQIA+ do DF. Hoje, o Adolescentro atende crianças e adolescentes com incongruência de gênero e, a partir dos 18 anos, eles são encaminhados para atendimento no Ambulatório Trans, localizado no Hospital Dia (508 Sul). Esses jovens são acompanhados por equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, psiquiatra, médico da família, psicólogo, enfermeiro e farmacêutico. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Hospital Dia agora se chama Centro Especializado em Doenças Infecciosas
No mês da campanha pela prevenção e tratamento do HIV/Aids, o espaço de acolhimento para as pessoas com a infecção no Distrito Federal desde a década de 80 passa a se chamar Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin). O local já foi um centro de saúde (antiga nomenclatura para as atuais UBSs), unidade mista e hospital. Agora, a unidade se firma como referência no tratamento de agravos como HIV, hepatites virais crônicas e as formas graves de tuberculose e hanseníase. A mudança de nome para Centro Especializado define o local como referência no trato de doenças infecciosas | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde [Olho texto=”“Nosso intuito é oferecer um tratamento cada vez melhor para esses agravos. É o que temos feito nas últimas décadas, o que sabemos e queremos fazer”” assinatura=”Denise Arakaki Sanchez, gerente do Cedin” esquerda_direita_centro=”direita”] Segundo Denise Arakaki Sanchez, gerente do Cedin, o novo nome reflete a expertise dos profissionais que atuam no espaço. “Quando estamos na frente de um paciente e temos uma decisão para tomar, colocamos muitas horas de estudo, de trabalho e de experiências na área para escolher a melhor prescrição”, reflete a infectologista. A mudança para Centro Especializado define o local como referência no trato de doenças infecciosas. “Nosso intuito é oferecer um tratamento cada vez melhor para esses agravos. É o que temos feito nas últimas décadas, o que sabemos e queremos fazer”, declara a gerente do Cedin. A equipe médica do estabelecimento é multidisciplinar e possui infectologista, dermatologista, pneumologista, pediatra, tisiologista, radiologista, ginecologista, psiquiatra, endocrinologista e urologista. Na carta de serviços, destacam-se a profilaxia pré-exposição ao HIV (PreP), a profilaxia pós-exposição ao HIV (Pep) e o Ambulatório de Diversidade de Gênero, mais conhecido como Ambulatório Trans, que disponibiliza tratamento e orientação para quem quer fazer a redesignação sexual. Até setembro deste ano, foram 28,5 mil procedimentos realizados na unidade. Desde 2019, o número de atendimentos ultrapassa 127 mil. [Olho texto=”A equipe é multidisciplinar e possui infectologista, dermatologista, pneumologista, pediatra, tisiologista, radiologista, ginecologista, psiquiatra, endocrinologista e urologista” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Quem fez e faz “Era como se nós não tivéssemos identidade”, opina a médica Rosiane Pereira sobre o antigo nome do local. Dermatologista, ela entrou para o quadro da Secretaria de Saúde em 1991 e, desde o início da carreira, trabalhou com hanseníase. Tanto que, de 2000 a 2010, foi coordenadora do programa distrital da doença. “Por isso eu sempre estive muito próxima do Centro, porque aqui, desde a fundação da cidade, é referência no tratamento da hanseníase”, conta Rosiane, que também foi vice-diretora da unidade de 2013 a 2017. A dedicação é tamanha que a médica, aposentada desde 2017, atua de forma voluntária prestando atendimento na assistência e auxiliando a direção do Cedin. “Eu considero esse lugar como uma extensão da minha família”, comenta, emocionada. Quem também tem história no local é a servidora Ana Maria Martins, que atua no Cedin desde 1994. “Eu vi o centro de saúde se tornar centro especializado”, reflete Ana, que hoje é uma das mais antigas do local. “Cheguei no tempo em que aqui ainda tinha médico clínico, farmácia da atenção básica, sala de vacina e até programa de tabagismo”, recorda a analista de saúde. Para Ana Maria, o que mais marca a rotina é a relação com as pessoas que se tratam na unidade. “É muito bom ouvir deles que somos casados há 19 anos, por exemplo, porque são pacientes que estão conosco desde o diagnóstico, fazendo todo o acompanhamento”, comenta. Denise Arakaki Sanchez, gerente do Cedin, lembra que o centro é o primeiro local no DF a prestar assistência, aconselhamento e todo o tratamento hormonal para quem deseja mudar de sexo | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde Histórico Fundado em 1959 para tratar casos de tuberculose e hanseníase, principalmente entre os trabalhadores que construíam Brasília, em 1981 se tornou o “Centro de Saúde nº 1″, seguindo a política pública da época. Nesse período, atuou com programas de saúde para toda a população, incluindo vacinação. Por causa da epidemia de HIV, na década de 90, o centro atendia pacientes portadores do vírus que recebiam medicação endovenosa, principalmente por causa de infecções oportunistas. “Chegavam de manhã, tomavam várias doses ao longo do dia, se alimentavam aqui e à noite iam embora”, explica Denise. Por isso, em 1997, o local passou a se chamar Hospital Dia, em referência ao tratamento diurno oferecido aos pacientes. A designação, porém, não refletia a totalidade do atendimento prestado. De acordo com a gerente do Cedin, esse público específico atendido pelo estabelecimento de saúde enfrentava muito preconceito e, às vezes, nem a família os apoiava. O local, então, significava acolhimento para quem enfrentava a Aids. “Era um momento em que esse paciente era bem recebido pelos profissionais e encontrava outras pessoas na mesma situação”, lembra Denise. Em 2001, com o avanço do tratamento do HIV/Aids, a internação durante o dia praticamente deixa de acontecer. Assim, o local passa por uma nova mudança: virou unidade mista de saúde, ou seja, passou a oferecer serviços básicos de saúde e continuou sendo referência no atendimento às doenças infecciosas. [Olho texto=”Atualmente, o Ambulatório Trans tem 250 usuários inscritos e mais 400 na fila para atendimento” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) foi agregado ao Hospital Dia em 2014, aumentando a carta de serviços. O CTA fica na Rodoviária do Plano Piloto e oferece testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite e orientações para casos positivos e prevenção. Em 2017, foi criado o Ambulatório de Diversidade de Gênero, e, em 2018, inaugurado o Ambulatório PreP, onde é oferecida a profilaxia pré-exposição ao HIV. “Fomos aumentando nossa oferta de serviços, mas, nas duas últimas décadas, dá para perceber que fomos nos especializando no cuidado às pessoas com HIV”, afirma Denise. Além disso, o estabelecimento de saúde continua sendo referência no tratamento de hepatites virais crônicas (tipos B e C), de tuberculose (tuberculose de difícil diagnóstico, tuberculose extrapulmonar e as formas da doença resistentes aos medicamentos comuns) e de hanseníase (principalmente para as formas mais graves da doença). Ambulatório Trans O Ambulatório de Diversidade de Gênero fica no segundo andar do prédio, onde, antigamente, os pacientes com HIV ficavam internados recebendo medicação durante o dia. A equipe também é multidisciplinar e conta com médicos endocrinologistas, urologistas e dermatologistas, além de psicólogos e fonoaudiólogos, que atuam em todas as fases da redesignação sexual dos pacientes. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] O local é o primeiro a prestar esse tipo de assistência no Distrito Federal e oferece aconselhamento e todo o tratamento hormonal para quem deseja mudar de sexo. “O primeiro passo é garantir, para as pessoas que não se identificam com o corpo em que nasceram, um espaço para serem acolhidas, mesmo que, logo de cara, não queiram fazer a redesignação”, explica a gerente do Cedin. Atualmente, o Ambulatório Trans tem 250 usuários inscritos e mais 400 na fila para atendimento. Caso, após o trabalho de orientação pelos profissionais, o paciente opte pela mudança, todo o processo de redesignação é feito pela equipe do Ambulatório Trans. Apenas o que não está incluído nos serviços são as cirurgias, como a mamoplastia masculinizadora. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Comunidade LGBT+ conta com rede de proteção
Felipe Areda, da Sedes: “O Estado está se responsabilizando a construir um caminho em que as diferentes relações, desejos, identidades, corpos possam existir plenamente sem precisar ter medo ou receio” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Ninete Nascimento tem 37 anos. Cabeleireira, a moradora da M Norte viu seu emprego ir embora durante a pandemia de coronavírus. Em casa, a comida minguou, a água foi cortada por falta de pagamento e o dia seguinte virou uma incógnita. Em situação de vulnerabilidade, ela conseguiu socorro da rede de proteção do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da Diversidade, focado no atendimento LGBT+. “O Creas da Diversidade está me salvando, me tirando de um lugar do qual eu não conseguiria sair sozinha”, desabafa a mulher trans. “Eu estava vivendo uma situação totalmente lastimável, não tinha o que comer ou como tomar banho. Era preciso bater na porta dos vizinhos pedindo sobras”. Agora ela tem assistência jurídica e acesso aos auxílios destinados às pessoas em vulnerabilidade. “Não vou passar o resto da vida vivendo de auxílio. Estou fazendo bicos e tentando me especializar”, conta. Ninete: “O Creas da Diversidade está me salvando, me tirando de um lugar do qual eu não conseguiria sair sozinha” Ninete diz que se sente respeitada nos equipamentos públicos onde é atendida. “Sabemos que preconceito existe, mas se você tiver educação, pode entrar e sair de qualquer lugar, independentemente de quem você é”, observa. “Muitos não sabem que há assistência, que há pessoas dispostas a ajudar no governo, com muito carinho.” Para aprimorar o tratamento, servidores que trabalham em toda a rede de acolhimento participaram de uma oficina temática inédita. Em outubro, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) promoveu uma capacitação sobre reconhecimento e respeito às identidades de gênero e orientações sexuais nos serviços de acolhimento. A intenção é esclarecer e multiplicar os conhecimentos sobre o tema para garantir atendimento de qualidade. “A política de assistência social possui um papel importante na garantia e na promoção de direitos para a população LGBT+, com a perspectiva da equidade e da diversidade no desenvolvimento das ações, programas, benefícios, serviços e projetos”, enfatiza a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha. A Sedes mantém ações contínuas para garantir os direitos socioassistenciais a essa população, por meio dos serviços e programas do Sistema Único de Assistência Social (Suas). [Olho texto=”“A política de assistência social possui um papel importante na garantia e na promoção de direitos para a população LGBT+, com a perspectiva da equidade e da diversidade”” assinatura=”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social” esquerda_direita_centro=”centro”] “É gratificante estar junto a trabalhadores e trabalhadores na estruturação de uma rede de atendimento. O Estado está se responsabilizando a construir um caminho onde as diferentes relações, desejos, identidades, corpos possam existir plenamente sem precisar ter medo ou receio. É um importante projeto de sociedade diversa”, define o diretor de Serviços Especializados a Famílias e Indivíduos da Sedes, Felipe Areda, que comandou a capacitação. Rede de atendimento [Olho texto=”“Entendemos que a comunidade LGBT+ compõe uma comunidade cultural que necessita de atendimento especializado”” assinatura=”Felipe Areda, diretor de Serviços Especializados a Famílias e Indivíduos da Sedes ” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Temos uma rede bem expressiva de atendimento no DF”, afirma Areda. “Entendemos que a comunidade LGBT+ compõe uma comunidade cultural que necessita de atendimento especializado, embora [seus integrantes] possam ser recebidos em outros equipamentos. Ali, [o atendimento] é voltado à população quando vítima de situação de violência, discriminação ou violação de direitos que coloque em risco social.” O Creas da Diversidade, que fica na 614 Sul, tem dez anos de funcionamento, com educadores, psicólogos e assistentes sociais. Desde o início da pandemia, foram 862 atendimentos remotos. O mesmo serviço oferecido tradicionalmente no modelo presencial é feito por telefone, com espaço de escuta, identificação de demandas e solicitação de benefícios, provimentos de segurança alimentar, inserção em políticas de transferência de renda e encaminhamentos para demais políticas públicas. [Numeralha titulo_grande=”862″ texto=”Número de atendimentos remotos no Creas da Diversidade desde o início da pandemia” esquerda_direita_centro=”centro”] O acompanhamento é feito em rede com demais equipamentos de promoção dos direitos da comunidade, como o Ambulatório Trans, o Adolescentro, a Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação (Decrin) e a Defensoria Pública. Vinculada ao Creas da Diversidade há uma equipe referenciada do serviço especializado em abordagem social que, composta por pessoas LGBT+, é responsável pelo trabalho de busca ativa da população em situação de rua. Assistência conjunta Em setembro, 54 pessoas foram abordadas em 12 regiões administrativas (RAs). Nessas ações, a equipe trabalha conflitos familiares, promove atendimento conjunto com a saúde, apoia o processo de mudança de prenome, identifica alguma situação de violência e aciona a segurança pública, além de auxiliar no acesso às demais políticas. Ou, ainda, encaminha para a unidade de acolhimento. A diretora dos Serviços de Acolhimento da Sedes, Daura Carolina Meneses, estima que de 5% a 10% do total de abrigamentos é de pessoas LGBT+. Ao todo, há 1.760 vagas para vulneráveis; por dia, são registrados cerca de 70 novos pedidos de vagas na casa de passagem. [Olho texto=”“Não existe ainda nenhum equipamento específico para esse público, mas eles são atendidos diariamente dentro dos existentes”” assinatura=”Daura Carolina Meneses, diretora dos Serviços de Acolhimento da Sedes” esquerda_direita_centro=”direita”] “Não existe ainda nenhum equipamento específico para esse público, mas eles são atendidos diariamente dentro dos existentes”, explica Daura. Na unidade feminina, há um quarto específico para mulheres trans. “Nossos servidores e trabalhadores da assistência têm que saber lidar sem cometer discriminação e sem julgar; por isso esse curso que ensina as diferentes expressões de gênero é tão importante.” No âmbito da proteção social básica, há ainda o programa Caminhos da Cidadania, ligado ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e voltado a adolescentes de 15 a 17 anos. Entre os públicos prioritários, estão as vítimas de discriminação por LGBTfobia, racismo e outras formas de preconceito. Atualmente são 409 pessoas que participam de atividades educativas e debates promovidos pelo trabalho de construção de cultura de reconhecimento e respeito às diversidades. Saúde e cidadania A Secretaria de Saúde (SES) tem serviços específicos para o público LGBT+ na atenção secundária: aos adultos, o Ambulatório Trans; aos menores de 18 anos, o Adolescentro. Na atenção primária, a população é atendida pelas unidades básicas de saúde, sem distinção. Está em processo de construção a Linha de Cuidado de Atenção à Saúde às Populações LGBT+, com o objetivo de traçar o itinerário do usuário no seu cuidado, por meio da organização de cada ponto de atenção da rede para uma atenção humanizada e qualificada a essa população. A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) também trata de políticas públicas voltadas a essa comunidade. São exemplos a assinatura do Pacto de Enfrentamento à Violência LGBTfóbica, a adesão ao Pacto Nacional de Combate à LGBTfobia e a criação de portaria de atendimento à comunidade no sistema socioeducativo. Estímulo à autonomia “Nosso trabalho é desenvolver políticas públicas para diferentes grupos sociais no DF, incluindo a comunidade LGBT+”, afirma a titular da Sejus, Marcela Passamani. “Por isso, promovemos o acesso à saúde, estimulamos a autonomia financeira e a autoestima desse grupo, para que eles possam conquistar cada vez mais o seu espaço na sociedade, com dignidade, respeito e cidadania.” [Olho texto=”“Nosso trabalho é desenvolver políticas públicas para diferentes grupos sociais no DF, incluindo a comunidade LGBT+”” assinatura=”Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania” esquerda_direita_centro=”centro”] Nas ações do programa Sejus Mais Perto do Cidadão também há atendimento específico, com orientações sobre direitos, formas de denunciar atos LGBTfóbicos – essas denúncias devem ser feitas na Decrin – e fornecimento de materiais informativos. Além disso, o DF tem o Procedimento Operacional Padrão (POP) da Homotransfobia – que, lançado pela Polícia Civil (PCDF), direciona o acolhimento e tratamento nas delegacias de polícia e em unidades de atendimento ao público. Neste ano, a Parada do Orgulho LGBT de Brasília foi incluída no calendário oficial, depois de 23 edições. Entenda a sigla LGBT+ vem de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros; o “+” entra com a intenção de englobar todas as outras identidades de gênero e sexualidade diferentes que não estejam na sigla e não siga o padrão da sociedade. De maneira geral, há o entendimento de que: Lésbicas são mulheres que sentem atração afetivo-sexual por mulheres; Gays são homens que sentem atração afetivo-sexual por homens; Bissexuais são homens e mulheres que se sentem sexualmente atraídos tanto por homens quanto por mulheres; Transsexuais ou transgêneros são pessoas que se identificam com o gênero diferente do que foi designado no nascimento; Travestis são homens ou mulheres que vivem em expressão diversa do sexo identificado ao nascer. É uma identidade de gênero.
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DF tem seu primeiro Ambulatório Trans credenciado pelo SUS
Unidade oferece serviços como endocrinologia, enfermagem, ginecologia, psicologia, medicina de família, psiquiatria e terapia ocupacional | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília O Ambulatório Trans do Hospital Dia, na 508/509 Sul, teve uma importante conquista no início deste mês. A unidade, que atende à população trans de DF e Entorno, foi credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Secretaria de Saúde e passa a receber repasses do Ministério da Saúde para tal tipo de atendimento. Um caminho cada vez mais próximo para a institucionalização de um serviço repleto de peculiaridades. O último levantamento feito pelo hospital aponta que cerca de 500 pacientes estão em atendimento. Desses, 207 são da faixa etária até 25 anos, 87 % são do Distrito Federal, 10% provenientes do Entorno e 3% de estados próximos. [Olho texto=”“A habilitação é muito importante, pois com ela teremos condições de receitar, por exemplo, hormônios usados no processo de afirmação de gênero, para o que não somos autorizados ainda”” assinatura=”Luiz Fernando Castro, idealizador do ambulatório” esquerda_direita_centro=”centro”] No local está disponível uma série de serviços médicos, como endocrinologia, enfermagem, ginecologia, psicologia, medicina de família, psiquiatria e terapia ocupacional. Todos especializados para o processo transexualizador. Ou seja, uma verdadeira rede de apoio à pessoa que busca sua identidade de gênero. Além da inauguração, em si, de serviços que passam a ser financiados pelo SUS, outras questões poderão ser trabalhadas a partir de agora: o desenvolvimento da linha de cuidado e a hierarquização dentro do próprio sistema de saúde, além do reconhecimento e do encaminhamento dos usuários para acolhimento. | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília Um espaço que mudou a vida de Caleb Carvalho, 28, um rapaz trans que frequenta o Hospital Dia há dois anos. Caleb veio de Teresina há 15 anos com a mãe, passou por uma série de conflitos de gênero e, com o apoio da família, foi amparado na unidade de saúde. Lá ele se consulta, regularmente, com endocrinologista e ginecologista, realiza exames e já fez terapia com psicólogos. Hoje esteve no ambulatório para buscar as receitas médicas. Além do cuidado médico, ele se reconheceu no local. “É o primeiro hospital que me reconheceu como homem e me tratou como homem. Aqui tive tudo: terapia em grupo, contato com jovens da minha idade, todo o atendimento médico. Hoje sou feliz e juro que não esperava isso de um hospital público”, relata. Luiz Fernando Castro estima que existam apenas 22 ambulatórios trans especializados em todo o Brasil | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília O lamento do jovem, por agora, é que o ambulatório esteja com a maioria dos atendimentos no formato on-line, em virtude da pandemia de Covid-19. Apenas as especialidades de endocrinologia e psiquiatria estão divididas entre presenciais e à distância. As consultas ginecológicas foram suspensas temporariamente. Próximos passos Médico da família e um dos idealizadores do ambulatório, Luiz Fernando Castro reconhece o avanço, mas lembra que há os próximos passos a serem dados. “Com o credenciamento, temos um dos requisitos para a habilitação junto ao Ministério da Saúde. A habilitação é muito importante, pois com ela teremos condições de receitar, por exemplo, hormônios usados no processo de afirmação de gênero, para o que não somos autorizados ainda”, explica. Caleb Carvalho: “É o primeiro hospital que me reconheceu como homem. Hoje sou feliz e juro que não esperava isso de um hospital público” | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília Luiz Fernando Castro estima que existam apenas 22 ambulatórios trans especializados em todo o Brasil – ainda assim, no contexto em que apenas metade é habilitada no SUS. Nesta semana uma equipe da Secretaria de Saúde vistoriou o local para elencar todo o serviço prestado e produzir relatório a ser encaminhado ao Ministério da Saúde. Trata-se de um pré-requisito importante para o processo de habilitação. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Conseguir o credenciamento foi muito importante para a institucionalização do serviço de atenção aos nossos pacientes. Isto é, possuirmos uma linha de cuidado que vai desde o primeiro acolhimento até os procedimentos médicos para a afirmação de gênero”, explica a enfermeira da unidade, Leidiany Paz. Localizado na W3 Sul, a unidade atende à população trans desde agosto de 2017, em suas necessidades específicas, e ainda funciona como referência para que estudantes, estagiários e profissionais de saúde possam conhecer a realidade do segmento. O ambulatório funciona de segunda a quinta-feira, das 7h às 12h, e das 14h às 16h. Às sextas-feiras o atendimento é somente no período matutino.
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