Estudantes participam de palestra sobre o legado de JK
A Escola Classe (EC) Juscelino Kubitschek, no Sol Nascente, recebeu, na terça-feira (22), a professora e pioneira de Brasília, Cosete Ramos, para uma palestra especial dirigida a 206 estudantes do 4º e 5º anos. O encontro celebrou o legado histórico de Juscelino Kubitschek, nome que batiza a escola, e abordou também o papel das emoções no processo educativo, conectando passado e presente em uma proposta pedagógica integrada. O evento faz parte de um projeto da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) que busca promover o desenvolvimento integral dos alunos, aliando história, identidade local e educação socioemocional. A palestra ganhou ainda mais relevância por ocorrer na semana de comemoração dos 65 anos de Brasília. Professora e pioneira de Brasília Cosete Ramos apresenta a história de Juscelino Kubitschek para alunos da EC JK do Sol Nascente | Foto: Felipe de Noronha/SEEDF A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, participou da atividade e reforçou o valor da iniciativa. “É essencial manter viva a memória de Brasília e de quem a idealizou. Uma escola com o nome de JK precisa ser também um espaço de construção dessa identidade”, declarou. A palestrante Cosete Ramos apresentou o legado educacional de Juscelino Kubitschek, explicando o projeto original das escolas de Brasília, que previa unidades integradas com acesso à arte, música, teatro e outras atividades culturais. A palestrante presentou a escola com o livro De casaca e chuteiras, de Silvestre Gorgulho, que conta a história de JK. “JK era apaixonado pela educação. O projeto previa quatro escolas classe, formando um grupo, complementadas por uma escola parque. As crianças iriam estudar a parte formal em um período e, no outro, teriam acesso a teatro, arte, dança, música e pintura. Era uma concepção educacional completa para desenvolver todo o potencial dos estudantes, não só de conteúdo, mas também artístico e cultural”, explicou a professora. A estudante Sophia de Souza, 10 anos, achou a palestra inspiradora Legado educacional O diretor da escola, Lincoln Sabóia, ressaltou o impacto da ação. “É uma oportunidade única para que os estudantes entendam de onde vem o nome da escola e o significado disso tudo. Aqueles que estão no quarto ano, que já fazem um trabalho em sala de aula sobre Brasília, terão um aprendizado muito mais significativo com essa referência.” A aluna Sophia Silva de Souza, de 10 anos, resumiu o sentimento das crianças. “A palestra foi inspiradora. Aprendi muito sobre a nossa escola e sobre Juscelino. Eu me sinto privilegiada por estudar aqui.” Além da contextualização histórica, a professora Cosete também destacou a importância da educação emocional nas escolas. “É o tema mais importante hoje. A maneira como você administra suas emoções determina seu sucesso e felicidade na vida. O desafio das escolas no mundo inteiro é ensinar os alunos a lidar com suas emoções para que sejam felizes”, destacou. *Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)
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#TBT: Brasília, há 36 anos Patrimônio Mundial pela Unesco
Tesouro urbanístico e símbolo de um dos mais importantes fatos históricos do país, Brasília é, há 36 anos, Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A honraria foi concedida à capital federal em 7 dezembro de 1987, apenas 27 anos após a sua inauguração. Desde então, Brasília compõe o seleto grupo de monumentos agraciados com o título, a exemplo da Muralha da China e das pirâmides do Egito. O título de patrimônio mundial da humanidade se refere ao conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília — o Plano Piloto —, assinado pelo urbanista Lucio Costa. A concepção, projeção e construção do sonho de Juscelino Kubitschek transcorreram entre 1957 e 21 de abril de 1960, quando a cidade foi inaugurada. A Agência Brasília revisita a história da capital e dos títulos que a preservam em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que aproveita a sigla em inglês de Throwback Thursday para reviver fatos marcantes para o Quadradinho. [Olho texto=”“Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”” assinatura=”Cristiano Araújo, secretário de Turismo” esquerda_direita_centro=”direita”] A área tombada da cidade tem 112,25 km², sendo o maior perímetro urbano sob proteção histórica do mundo, e coleciona atributos dignos de tombamento. Quem ousa passear pela cidade tem a oportunidade de prestigiar as quatro escalas de Lucio Costa — monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária (dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais) — e conversar com os traços de Oscar Niemeyer. Em diversos pontos da capital, é possível ainda prestigiar as obras de Athos Bulcão e vislumbrar o paisagismo de Burle Marx. O título permite que o conceito inovador e vanguardista da cidade seja mantido, além de incentivar o movimento turístico na região. “Nossa capital é um lugar especial, não apenas para os brasileiros, mas para toda a humanidade. Temos aqui sítios naturais e culturais, com uma arquitetura modernista, planejamento urbano inovador e funcional”, avalia o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. “Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”. O título de Patrimônio Mundial da Humanidade se refere ao conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília — o Plano Piloto —, assinado pelo urbanista Lúcio Costa | Foto: Divulgação/Adriano Teixeira O subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón, afirma que “o tombamento é o reconhecimento mundial da importância do Plano Piloto para a civilização”. Segundo ele, a preservação de Brasília exige a avaliação do plano urbano e a adoção de uma visão voltada para o futuro, em que as próximas gerações também entenderão a importância da capital, processo que ocorre com a educação patrimonial. “Nós temos atribuição direta sobre tombamentos e registros, sendo que o primeiro diz respeito aos bens materiais, e o segundo, aos imateriais. Nós zelamos pela preservação desses espaços, além de fomentarmos a educação patrimonial, que é o que faz com que os jovens adultos e crianças conheçam a importância do patrimônio cultural e do tombamento e assim passem a preservá-los”, explica o subsecretário. Preservação A capital federal também é tombada pelo GDF e pelo Iphan | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília A capital também é reconhecida como patrimônio cultural em outras duas instâncias diferentes: é tombada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O primeiro ato de preservação da cidade ocorreu em 14 de outubro de 1987, com a publicação do decreto n° 10.829/1987, que regulamenta a lei n° 3.751/1960. A medida, que propõe a preservação da concepção urbanística de Brasília, permitiu que a cidade fosse tombada mundialmente. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Já em 14 de março de 1990, a cidade foi inscrita no Livro de Tombo Histórico pelo Iphan. O feito é referente à mudança da capital do país do Rio de Janeiro para o Planalto Central, considerado um dos mais importantes acontecimentos históricos do país no século 20. “Representa uma radical mudança na geografia do país, promovendo a ocupação das áreas centrais do território nacional que, majoritariamente, concentra as maiores cidades no litoral”, pontua o instituto em nota enviada à Agência Brasília. “Brasília representa um marco muito significativo para o debate internacional referente ao reconhecimento de sítios enquanto patrimônio da humanidade”, continua o órgão. “Foi o primeiro conjunto urbanístico moderno a ser declarado. Esse reconhecimento confirma não apenas a genialidade do urbanismo de Lucio Costa e a arquitetura de Oscar Niemeyer, mas a capacidade de realização brasileira de criar uma capital em um território pouquíssimo ocupado, em tempo exíguo. Coroa também o esforço de milhares de trabalhadores que empreenderam a epopeia da construção, os candangos”, finaliza o Iphan. Visite A Catedral Metropolitana é um dos 12 pontos turísticos da rota arquitetônica | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O GDF criou rotas turísticas para que o Quadradinho seja desbravado por completo. Destaque para a Rota Arquitetônica, que leva o visitante a um tour nas obras e monumentos que fazem de Brasília um marco da arquitetura mundial. Há também a Rota Cívica, composta por monumentos e espaços importantes para a democracia do país, entre outros miniguias. Veja todas aqui.
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Cine Brasília tem sessão exclusiva para série sobre Juscelino Kubitschek
Nesta terça (28), o Cine Brasília exibe, com exclusividade, o terceiro capítulo da minissérie documental JK, o Reinventor do Brasil. Produzida pela TV Cultura, a obra narra, de forma acessível e em ritmo de podcast, a história do ex-presidente Juscelino Kubitschek, desde o dia do nascimento até o momento da morte trágica e jamais esclarecida. A série documental mostra momentos importantes da vida e da carreira política de Juscelino Kubitschek, uma referência histórica de Brasília e do Brasil | Fotos: Divulgação [Olho texto=”“Queremos que as novas gerações conheçam a figura do ex-presidente e seu legado para o país” ” assinatura=”Fábio Chateaubriand Borba, autor da minissérie e diretor-executivo da TV Cultura ” esquerda_direita_centro=”direita”] Com linguagem diferenciada e didática, a série conta, no total, com quatro episódios de 50 minutos cada. O primeiro retrata a infância de Juscelino em Diamantina (MG) e vai até a eleição ao Governo de Minas Gerais. O segundo episódio, por sua vez, narra a eleição de JK para a Presidência da República e os desafios que ele precisou enfrentar até tomar posse – inclusive o de aprovar a transferência da capital federal, que era o Rio de Janeiro (RJ), para Brasília. Já o terceiro episódio, exibido com exclusividade no Cine Brasília, relata essencialmente a construção da nova capital. “A série tem como objetivo mostrar a história de um personagem brasileiro da importância de Juscelino; queremos que as novas gerações conheçam a figura do ex-presidente e seu legado para o país”, explica o autor da minissérie e diretor-executivo da TV Cultura, Fábio Chateaubriand Borba. Nova abordagem O quarto e último capítulo aborda desde a cassação de JK até a morte em um acidente automobilístico, na Rodovia Presidente Dutra. “Juscelino foi o brasileiro médio, que vem do interior com dificuldades financeiras, perde o pai cedo e é criado pela mãe, uma professora que lutou bastante pelos filhos”, pontua Fábio Borba. “É essa epopeia que queremos levar para os jovens, com abordagens modernas, muita tecnologia e música”. JK (de terno) entre os célebres compositores mineiros Lô Borges, Fernando Brant, Márcio Borges e Milton Nascimento: trilha sonora do documentário também é diferenciada O diretor classifica como única a oportunidade de poder exibir a obra no Cine Brasília: “É uma felicidade muito grande poder trazer essa série para Brasília. A forma como abordamos essa jovem cidade quebra paradigmas e estereótipos que muita gente tem da nossa capital. Poder lançar nossa série nessa obra arquitetônica de Oscar Niemeyer dá importância ao nosso trabalho”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] JK, o Reinventor do Brasil é uma produção voltada para todas as faixas etárias. A série documental configura o maior trabalho iconográfico já feito sobre a vida do ex-presidente, tendo sido produzida a várias mãos, com o apoio de dezenas de instituições de arquivo público nacionais e até internacionais. A obra completa conta com mais de 50 mil fotografias, 80 horas de vídeos captados e mais de mil horas de edição. Outro diferencial é a trilha sonora, com canções que marcaram as várias fases da vida de Juscelino. Serviço JK, o Reinventor do Brasil ? Terça-feira (28), às 20h, no Cine Brasília – Entrequadra Sul 106/107, Asa Sul ? Classificação indicativa livre. Entrada: presença deve ser confirmada por meio deste link.
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Museu do Catetinho recebe evento especial de Dia dos Pais
Neste sábado (5), o Museu do Catetinho vai ser palco de uma edição inédita do PicniK, tradicional encontro candango. O especial de Dia dos Pais, que também vai homenagear o fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek, conta com fomento de aproximadamente R$ 120 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). O evento ocorre das 13h às 22h, sendo que o acervo do museu ficará aberto à visitação até 20h. A entrada é gratuita até as 16h — após este horário, é necessária a colaboração com 1 kg de alimento não perecível. [Olho texto=”“Temos uma cobrança do público pela descentralização. Então, a gente tem buscado lugares especiais da cidade para levar o evento. O objetivo é fazer em espaços que colaboraram com a história da cidade, mas que não necessariamente fazem parte da rotina das pessoas”” assinatura=”Miguel Galvão, coordenador geral do evento” esquerda_direita_centro=”direita”] A edição especial de Dia dos Pais vai reunir moda, arte, design, gastronomia, atividades gratuitas e DJs com programação para todas as idades. O objetivo é aproximar pais e filhos com atividades lúdicas e educativas sobre a história do DF. De acordo com o idealizador e coordenador geral do evento, Miguel Galvão, o objetivo é levar o PicniK às regiões administrativas fora da área central. “Temos uma cobrança do público pela descentralização. Então, a gente tem buscado lugares especiais da cidade para levar o evento. O objetivo é fazer em espaços que colaboraram com a história da cidade, mas que não necessariamente fazem parte da rotina das pessoas”, afirmou. O PicniK especial de Dia dos Pais, neste sábado, vai reunir moda, arte, design, gastronomia, atividades gratuitas e DJs com programação para todas as idades. O evento ocorre das 13h às 22h | Foto: Luara Baggi/ Divulgação PicniK “É um evento histórico na cidade, uma das experiências mais interessantes que pode ter aqui. Para o Catetinho, representa encontrar uma parte da história da cidade, utilizar não apenas a estrutura, que é um prédio histórico e tombado, mas os arredores também, que é muito bonito”, defendeu o subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ramón Rodríguez. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Para conferir a programação completa, acesse o site do evento. Transporte Para quem for por meios próprios, o espaço conta com estacionamento amplo e gratuito. A organização do evento também vai disponibilizar uma van gratuita, partindo da Rodoviária do Plano Piloto, o que permite amplo e fácil acesso ao evento.
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Primeira escola construída em Brasília, Caseb celebra 63 anos
A primeira escola de Brasília celebrou 63 anos de existência nesta sexta-feira (19). Inaugurado menos de um mês depois da nova capital, o Centro de Ensino Fundamental (CEF) Caseb, que abriu as portas em 19 de maio de 1960 com a missão de atender os filhos dos pioneiros, hoje é uma referência no ensino público do Distrito Federal, com a oferta de ensino integral. [Olho texto=”“É um orgulho ver a primeira escola de Brasília atendendo tantos alunos em tempo integral. Essa ampliação de escolas que atendem estudantes o dia todo é um objetivo da Secretaria de Educação do DF. Ver que temos o Caseb como exemplo me dá muita satisfação”” assinatura=”Hélvia Paranaguá, secretária de Educação” esquerda_direita_centro=”direita”] Por lá passaram os netos de Juscelino Kubitschek e filhos de importantes políticos da época da construção de Brasília. Atualmente, o Caseb funciona com ensino integral das 7h30 às 17h30. A escola tem cerca de 800 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental matriculados, com professores pela manhã e à tarde e oferta de aulas de inglês e espanhol, oficinas de teatro, dança e outras atividades extracurriculares. A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, destaca a importância da escola no cenário do DF. “É um orgulho ver a primeira escola de Brasília atendendo tantos alunos em tempo integral. Essa ampliação de escolas que atendem estudantes o dia todo é um objetivo da Secretaria de Educação do DF. Ver que temos o Caseb como exemplo me dá muita satisfação”, ressaltou. O Caseb oferta ensino integral em uma estrutura que conta com 20 salas de aula | Fotos: Jotta Casttro/Ascom SEEDF Erguido em uma área de 55 mil metros quadrados na 909 Sul, o CEF Caseb tem dez blocos, com 20 salas de aula, laboratório de informática, um auditório, ginásio poliesportivo, sala de leitura, refeitório, quatro quadras poliesportivas, laboratórios e um pátio multiuso coberto. A escola foi parcialmente consumida por um incêndio em agosto de 2019, porém foi recuperada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) por meio do projeto Adote uma Escola – uma parceria do poder público com a iniciativa privada. Aniversário foi comemorado com a presença de uma das primeiras alunas da unidade, a normalista Cosete Ramos, 81 anos O aniversário foi comemorado com a presença de uma das primeiras alunas da unidade, a normalista Cosete Ramos, 81 anos. Sentada em uma cadeira de madeira criada durante a construção da escola, a ex-aluna reuniu os estudantes no canteiro central, embaixo de uma árvore, para falar sobre a visita do então presidente da República no dia da grande festa de inauguração da escola. Juscelino Kubitschek ministrou a aula inaugural que marcaria o primeiro dia da educação de Brasília. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Mais de 300 alunos se reuniram para receber o ex-presidente. Lembro-me do carro dele entrando na escola e os alunos emocionados. Eu mesma não consegui guardar a emoção. O levaram até o ‘palquinho’ principal, onde ele foi ovacionado por todos que estavam ali presentes, professores e convidados”, recorda Cosete. “O presidente ficou emocionado e, em seu discurso, reforçou que ali se tratava do encontro para comemorar não só a existência da escola, mas o primeiro dia da educação de Brasília”. “É muito importante poder celebrar esta data com essa convidada tão especial, a nossa Cosete. Hoje a escola completa mais um ano de existência em meio a muitos altos e baixos e poder comemorar mais um ano é gratificante para todos nós, corpo docente”, afirma a vice-diretora do Caseb, Thainar Lima. *Com informações da Secretaria de Educação
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Catetinho reabre as portas para o público
O Museu do Catetinho voltou a receber visitantes nesta terça-feira (14). O Palácio de Tábuas e o Anexo foram reabertos para o público, enquanto a área de piquenique e o acesso à nascente seguem interditados. Fundado em 1956, o equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) esteve fechado por 72 dias após a queda de uma árvore na Casa do Zelador, edificação histórica que não era tombada. O local funcionava como sede administrativa do museu. Reabertura da parte histórica do Catetinho permite aos visitantes conhecerem os detalhes da primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek em Brasília | Fotos: Joel Rodrigues / Agência Brasília Com a reabertura da parte histórica do museu, é possível conhecer os detalhes da primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek em Brasília. Quartos, salas, banheiros, bar e cozinha – localizada no anexo – reúnem artefatos que levam os visitantes a uma viagem no tempo, anterior à inauguração da capital federal. Diante de tamanha preservação histórica, o Catetinho é palco de atividades voltadas para a educação patrimonial. Os trabalhos são realizados pelo Projeto Territórios Culturais – parceria entre a pasta de Educação e a de Cultura -, em que são agendadas visitas de escolas públicas e particulares. Além disso, outros grupos podem ir ao local, bem como visitantes comuns, sem necessidade de aviso prévio do passeio. “Levamos crianças de várias regiões administrativas do DF para conhecer esse monumento histórico, o primeiro prédio construído por Oscar Niemeyer e que já dá ideia de Brasília com seus pilotis”, explica o subsecretário de Patrimônio Cultural, Aquiles Alencar Brayner. Até o momento, 35 escolas definiram datas para a visita ao longo de 2023. “Reabrir o museu é mostrar que o espaço é de todos, queremos a circulação das pessoas aqui e que aproveitem o patrimônio coletivo”, afirma a diretora do Catetinho, Artani Grangeiro. “Para nós, é gratificante retornar às atividades de educação patrimonial, porque os estudantes representam 30% do público que recebemos anualmente. É uma oportunidade de trabalhar com eles a questão do pertencimento histórico”, frisa Grangeiro. A advogada Marília Russo, 62 anos, aproveitou a reabertura do Palácio de Tábuas e do Anexo para conhecer os espaços: “Achei muito bonito, muito bem ambientado. Os móveis resgatam a história do Brasil e de Brasília” Assim que soube que o museu seria reaberto, a advogada Marília Russo, 62 anos, decidiu tirar um desejo do papel. Ela e o marido costumam dedicar os momentos livres na rotina para conhecer os espaços turísticos e históricos do DF. No entanto, a lista estava incompleta: faltava visitar o Catetinho. “Já tinha muita vontade de conhecer o museu, porque meu pai era um apaixonado por Juscelino Kubitschek, então aproveitei a oportunidade”, conta Marília. “Achei muito bonito, muito bem ambientado. Os móveis resgatam a história do Brasil e de Brasília”. A aposentada Maria da Fé Paiva, 72 anos, conheceu a primeira residência oficial de JK há cerca de dez anos e, desde então, voltou ao local pelo menos três vezes: “Amo esse lugar, sou apaixonada” Por sua vez, a aposentada Maria da Fé Paiva, 72, conheceu os aposentos de JK há cerca de dez anos. Desde então, a moradora de Barbacena, Minas Gerais, esteve no local pelo menos três vezes. A passagem mais recente foi nesta terça (14). “Amo esse lugar, sou apaixonada. Toda vez que tenho uma oportunidade, venho para cá”, diz. Participe Além do Museu do Catetinho, o Projeto Territórios Culturais faz visitações ao Museu Vivo da Memória Candanga, ao Museu dos Povos Indígenas, entre outros equipamentos públicos. Mais informações estão disponíveis aqui.
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Catetinho reabre nos 62 anos de Brasília
O Catetinho completa 66 anos no dia 10 de novembro e já está de roupa nova para a ocasião. Primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek na construção da capital, o museu reabre para comemorar os 62 anos de Brasília, depois de dois anos fechado. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) investiu R$ 396,6 mil da manutenção do telhado ao piso de cimento da estrutura arquitetônica com pilotis, desenhada por Oscar Niemeyer, em 1956. Depois da limpeza de forros e da troca de peças de ipê comprometidas, o Catetinho recebeu novas pinturas internas e externas | Fotos: Divulgação/Secec-DF “O Catetinho é espaço símbolo de toda a jornada de criação de Brasília. É uma preciosidade para o mundo”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. Localizado na região administrativa do Park Way, com acesso novo e sinalizado via Brasília Country Club, o Museu do Catetinho passou por pinturas externa e interna do Palácio de Tábuas, Anexo e Sede Administrativa. Essa ação se deu depois da limpeza de forros e da troca das peças de ipê comprometidas. Orifícios na estrutura receberam tela e espuma para evitar entrada de insetos e outros animais. O piso de cimento do pilotis foi recomposto. Banheiros históricos receberam limpeza dos revestimentos. Cera acumulada nos pisos foi removida. Vigas e pilastras ganharam verniz novo. Durante a manutenção, o acervo de 466 itens foi embalado, entre peças de mobiliário, utensílios, livros, discos e outros objetos, que Juscelino Kubitschek utilizou até 1959 – quando ficou pronto o Palácio da Alvorada –, e armazenado no Centro de Dança, espaço cultural da Secec. [Olho texto=”“A sua elaboração rústica de madeira, origem do termo ‘Palácio de Tábuas’, referência à sua função de residência presidencial, representa um marco arquitetônico na identidade moderna dos prédios de Brasília, os famosos pilotis, nos oferecendo a sensação de leveza e suspensão no ar”” assinatura=”Aquiles Brayner, subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec” esquerda_direita_centro=”direita”] “Foram priorizadas práticas visando a estabilização tanto do prédio histórico que abriga a coleção, quanto das peças que compõem o acervo, uma vez que, dispostas em um ambiente adequado, essas obras estarão mais bem acondicionadas”, conta a gerente de Conservação e Restauro da Secec, Mariah Boelsums. A manutenção também ocorre na área externa, com recapeamento total do estacionamento de visitantes feito pela Novacap, que também fez a roçagem de gramados e poda em árvores. Também foi construída a rampa de acesso destinada a pessoas com deficiência e instaladas as sinalizações horizontal e vertical (projeto do Detran/DER). O sistema elétrico e de comunicação foram revisados. Os cuidados com a estrutura do “Palácio de Tábuas” incluíram o piso de cimento do pilotis, que foi recomposto. As vigas e pilastras ganharam verniz novo A gerente do Catetinho, Artani Grangeiro, que acompanhou o movimento de trabalhadores em turnos de 9h às 17h, não esconde a ansiedade de ver o museu repleto de turistas, moradores do DF e estudantes. Em 2019, o espaço havia recebido quase 45 mil visitantes – 40% de estudantes, 23% do DF, 36% de outros estados e 1% do exterior. “Não vejo a hora de ter os ônibus escolares aqui de novo”, aponta. O Catetinho está plantado numa espécie de santuário ecológico, na Área de Proteção Ambiental das Bacias do Gama e Cabeça de Veado e na Área de Proteção de Mananciais Catetinho. A beleza que cerca o local e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Morais a compor Água de beber (1960) – quando deram com um olho d’água local durante estada a convite de JK para que compusessem Sinfonia da Alvorada (mesmo ano) – também guarda ameaças ao patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1959. Cupins, brocas e outros insetos xilófagos (que se alimentam de madeira) encontram no Palácio de Tábuas um convidativo repasto. Esse ambiente obrigou a Gerência de Conservação e Restauro a recorrer a tintas com alta resistência às ações climáticas e que contêm fórmula fungicida moderna e de efeito prolongado, além de resinas que repelem água e evitam o empenamento da madeira. Marco da construção [Olho texto=”“O Pala?cio de Ta?buas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações tempora?rias e definitivas erguidas na capital com caracteri?sticas semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”” assinatura=”Maritza Dantas, arquiteta e urbanista” esquerda_direita_centro=”direita”] Subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec, Aquiles Brayner destaca que o Catetinho é marco fundamental na construção de Brasília. “A sua elaboração rústica de madeira, origem do termo ‘Palácio de Tábuas’, referência à sua função de residência presidencial, representa um marco arquitetônico na identidade moderna dos prédios de Brasília, os famosos pilotis, nos oferecendo a sensação de leveza e suspensão no ar.” “O Pala?cio de Ta?buas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações tempora?rias e definitivas erguidas na capital com caracteri?sticas semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”, reforça a arquiteta e urbanista Maritza Dantas na tese Brasília, Patrimônio Moderno em Madeira. “O Catetinho incorpora, justamente, essa particularidade do movimento modernista brasileiro, o que está evidenciado no seu volume alongado, elevado sobre pilotis, mas elaborado em madeira, como os vernaculares (habitações que usavam materiais locais) uma vez foram erigidos”, ensina a arquiteta. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Segurança sanitária Durante os períodos de liberação de espaços públicos ao longo da pandemia da covid-19, o Museu Catetinho não pôde ser reaberto porque não atendia às regras dos decretos, como o distanciamento e a sanitização. Dois anos depois do início da emergência sanitária, o cenário de vacinação e novas orientações de segurança facilitaram a reabertura. “Hoje, temos a orientação da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz de que a limpeza com água e sabão é muito eficaz, diferentemente do que se sabia antes, quando apenas álcool ou cloro ativo eram recomendados”, observa Artani Grangeiro. Os espaços de exposição, por exemplo, estão sinalizados para que os visitantes não toquem nas superfícies, o que é praxe nos museus históricos. Há ainda dispositivos para desinfecção das mãos com álcool. *Com informações da Secec-DF
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Fonte de inspiração musical desde a inauguração
[Olho texto=”“JK sempre esteve sintonizado com a música. Além de bom dançarino, cercava-se de músicos e tinha aulas de violão” ” assinatura=” Fátima Bueno, autora do livro Do Peixe Vivo à Geração Coca-Cola – Música em Brasília (1960-1980″ esquerda_direita_centro=”direita”] Brasília, cidade síntese do modernismo, capital da nação e da esperança. Enfim, eterna musa de poetas, trovadores, bardos da imagem e cantores que imortalizaram seus mistérios e curvas sinuosas de esquinas imaginárias em sucessos que moram no inconsciente de milhares de pessoas. São muitas canções, para todos os gostos. Diga-se de passagem, uma sina que remonta aos primórdios do lugar, com mais de seis décadas de história, quando um pacto foi selado no quintal da primeira construção oficial aqui erguida, o Catetinho, também conhecido como Palácio de Tábuas. Ali, poucos meses após a inauguração de Brasília, em setembro de 1960, Tom Jobim e Vinicius de Moraes passaram temporada de dez dias para escrever aquele que talvez seja um dos primeiros registros musicais oficiais sobre a capital. Ideia visionária, claro, do presidente Juscelino Kubitschek, ao saber, por meio do arquiteto Oscar Niemeyer e do músico Bené Nunes, sobre a ideia da dupla em registrar a epopeia da construção da cidade em versos e melodia. Nascia, assim, Brasília, Sinfonia da Alvorada. Seria a projeção de um olhar lírico sobre a Brasília ancestral e a Brasília moderna. “JK sempre esteve sintonizado com a música. Além de bom dançarino, cercava-se de músicos e tinha aulas de violão”, conta a pesquisadora Fátima Bueno, autora do livro Do Peixe Vivo à Geração Coca-Cola – Música em Brasília (1960-1980), importante documento sobre a história da música no DF. “Bené Nunes assessorou o presidente nas questões musicais. Regeu, inclusive, a orquestra do baile do dia 21 de abril, no Palácio do Planalto, e teria formulado o convite a Tom e Vinicius para escrever a Sinfonia da Alvorada.” Autor do livro Da Poeira à Eletricidade, outro atestado sobre a história da música no DF, o jornalista, escritor e pesquisador Severino Francisco também destaca que a afinidade de ideias, identificação e amizade entres todos os personagens envolvidos – Tom, Vinicius, Niemeyer e JK – contribuiu para que essa aventura musical no cerrado ganhasse asas. [Olho texto=”“Eles (Tom e Vinicius) beberam da água de Brasília e se revelaram para o Brasil moderno, criando um dos melhores trabalhos da dupla (Água de Beber), que nem estava no projeto” ” assinatura=” – Severino Francisco, autor do livro Da Poeira à Eletricidade ” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “JK adorou a ideia e os trouxe para cá. Eles ficaram fascinados porque tinham essa sintonia com Brasília, a sensibilidade para o Brasil, para a brasilidade que representava essa cidade que surgia no coração do país”, observa Severino Francisco. “Não colocaria a Sinfonia de Brasília entre as melhores obras da dupla, grandes artistas do modernismo, mas a vinda deles foi importantíssima porque eles interagiram intensamente com o ambiente, com a utopia de Brasília. Tanto é que deixaram dois textos maravilhosos, entre os melhores sobre Brasília”, diz ele, referindo-se às impressões que cada um escreveu na contracapa do disco. É verdade. Compartilhando do senso comum nacional de que Brasília estava sendo construída no meio da selva, algo como uma aventura amazônica no coração do Brasil, Tom Jobim escreveria: “O Planalto é o lugar mais antigo da terra”. O poeta Vinicius de Moraes não deixaria barato no seu vislumbre do lugar ao dizer ter sentido em Brasília uma “proximidade com o infinito”. O projeto seria finalizado no Rio de Janeiro. Dividida em cinco momentos – O Planalto Deserto, O Homem, A Chegada dos Candangos, O Trabalho e a Construção e Coral – e com quase 35 minutos de duração, a ode erudita à “construção da cidade e da bravura dos que ergueram”, de Vinícius e Tom, seria apresentada no primeiro aniversário da capital, em 1961. O que nunca aconteceu. O público conheceria o trabalho da dupla, de fato, em 1966, durante audição na TV Excelsior, de São Paulo; em Brasília, só 20 anos depois, em 1986, executada na Praça dos Três Poderes, sob a regência do maestro Alceu Bocchino e com Radamés Gnatalli ao piano. Tom Jobim e a filha de Vinicius, Suzane Moraes, declamariam poemas. Contudo, impregnados pela beleza selvagem do local, com hordas de jaós, perdizes e outras aves tantas bailando ao redor, pés descalços em contato com o cerrado, a dupla bebeu, literalmente, na fonte, criando um dos maiores clássicos da bossa nova, Água de beber. A ideia nasceu de uma curiosidade de Tom, quando perguntou se um olho d’água nas proximidades do Catetinho era potável. “É água de beber, sim, senhor!”, teria dito um trabalhador. “Eles beberam da água de Brasília e se revelaram para o Brasil moderno, criando um dos melhores trabalhos da dupla, que nem estava no projeto”, sintetiza Severino Francisco. “Em ritmo de bossa nova, a canção ganhou asas e vozes famosas, tornando-se sucesso internacional”, atesta a pesquisadora Fátima Bueno. Hino de uma geração Brasília é cantada em diferentes ritmos: reggae (Te Amo Brasília, Alceu Valença), baladas (Brasília, Guilherme Arantes), viagens experimentais (Céu de Brasília, Toninho Horta e Orquestra Fantasma), sertanejo (Pagode em Brasília, Tião Carreiro e Pardinho), blues (Brasília, Sérgio Sampaio), progressivo (Faroeste Caboclo, Legião Urbana), românticas (Coisas de Brasília, Oswaldo Montenegro), rap (Brasília Periferia, GOC), protesto (Brasília, Plebe Rude), instrumentais (Suíte Brasília, Renato Vasconcelos) e até coco (Rojão de Brasília, Jackson do Pandeiro). O grupo mambembe Liga Tripa no gramado do Eixão: canção Travessia do Eixão foi criada no fim dos anos 1970 e imortalizada pela Legião Urbana | Fotos: Noélia Ribeiro/Divulgação Muitas são as músicas escritas para exaltar a cidade “criada” por JK, amada e admirada por muitos. Para o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, Brasília assombra e inspira. “Brasília é a cidade do imaginário de qualquer artista”, pondera. “Se já é um arrebatamento ver o céu da cidade contrastando com a terra vermelha aqui embaixo, à noite você tem a impressão que a arquitetura flutua num palco escuro.” Umas são mais famosas, outras de projeção modesta, mas todas com um significado especial para cada pessoa e histórias que captaram um estado de espírito, uma sensação indelével, impressões do cotidiano, experiências de vida. Dois exemplos são sintomáticos. É o caso de Travessia do Eixão, versos de Nicolas Behr musicados por Nonato Veras – integrante do mítico grupo mambembe Liga Tripa -, criada no fim dos anos 1970 e imortalizada pela Legião Urbana no disco póstumo Uma Outra Estação (1997). A ideia para o poema de 1979 nasceu das vivências urbanas de Behr pela capital, quando flanava pelas asas não do Plano Piloto, mas do amor, entre a 415 Sul e 109 Sul, rumo à casa da namorada Noélia. Bastante tocada na cidade, era uma das prediletas de Renato Russo e, para muitos, o hino de uma geração. “Ele fazia passagens de som dos shows na época do trovador solitário com essa música; era o tema da rapaziada, da galera, dos botecos e que canta Brasília, fala de uma travessia erótica e menos tensa pelo Eixão, que é a espinha dorsal da cidade”, diz a musa inspiradora de Nicolas Behr, Noélia Ribeiro, também poeta. “Hoje tenho noção de que essa música marcou época, foi um marco em nossas vidas e na história cultural da cidade.” Nonato Veras transformou em música os versos de Travessia do Eixão Responsável por musicar o poema do vate mato-grossense que, desde 1974, vive na capital, o integrante do icônico grupo musical mambembe Liga Tripa Nonato Veras jamais imaginou que a melodia que criou fosse grudar no inconsciente coletivo de uma geração. “Nunca pensei na projeção da música, fiz por curtir, agora todo mundo se encanta com a cidade”, diz. “Muita gente credita a música ao Renato Russo, me sinto muito honrado”, comenta Nicolas Behr.
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Uma história de companheirismo na memória de Brasília
Nesta terça-feira (20), comemora-se o Dia do Amigo, data proposta para celebrar a amizade entre as pessoas, um dos pilares do bem-estar. Ao longo da história do Distrito Federal, grandes exemplos de companheirismo marcaram época, mas nenhum desses se mostrou tão consolidado quanto o de Juscelino Kubitschek e Affonso Heliodoro dos Santos, fiel escudeiro do ex-presidente desde a infância. [Olho texto=”“Uma amizade formidável, tão grande, que me arrastou até Paris para morar com ele”” assinatura=”Affonso Heliodoro, em entrevista à TV Record, em 2018″ esquerda_direita_centro=”direita”] Assim como JK, Affonso nasceu em Diamantina (MG), onde, ainda pequeno, teve aulas com a mãe de seu amigo, Júlia Kubitschek. A partir daí, a relação entre os dois foi se estreitando cada vez mais até se tornarem parceiros na política também. De acordo com registros do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), o Coronel Heliodoro já se fazia presente quando Kubitschek foi candidato ao Governo de Minas Gerais, coordenando a campanha do amigo e sendo, em seguida à eleição, chefe do Gabinete Militar. Depois do término do período de presidência de Juscelino, Heliodoro decidiu seguir o camarada nos anos de exílio, na França. Após receber uma carta do ex-presidente, alegando saudades do Brasil e do próprio Affonso, o Coronel decidiu, dias depois, embarcar para Paris, uma vez que JK estava sozinho. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Uma amizade formidável, tão grande, que me arrastou até Paris para morar com ele”, disse Affonso Heliodoro em uma entrevista para a TV Record, em fevereiro de 2018, que faz parte do acervo do ArPDF. Os dois moraram juntos na capital francesa até o fim do “isolamento”, quando Kubitschek decidiu partir para Nova York e Affonso Heliodoro para o Rio de Janeiro. De volta ao Brasil, foi Affonso Heliodoro quem presidiu o Memorial JK, localizado no Eixo Monumental, desde a inauguração do espaço, em 1981, até 1997. *Com informações do Arquivo Público de Brasília
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Há 63 anos era feito o primeiro voo de helicóptero em Brasília
Há 63 anos, em 19 de julho de 1958, o presidente Juscelino Kubitschek sobrevoava o céu de Brasília pela primeira vez de helicóptero. O objetivo fundamental da viagem era inspecionar se a construção da nova capital federal estava tomando os rumos que ele e seus companheiros haviam planejado desde o início da elaboração da chamada meta-síntese dos compromissos eleitorais. Uma das obras fiscalizadas foi a do Palácio da Alvorada, que se tornaria a futura moradia de Kubitschek. Ao lado do presidente da Novacap, Israel Pinheiro, o presidente Juscelino Kubitschek usou o helicóptero para sobrevoar a cidade em obras | Foto: Acervo Arquivo Público do DF O superintendente do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), Adalberto Scigliano, aponta o helicóptero como a escolha ideal para a visita de Juscelino. “Na época, para o presidente conseguir acompanhar todas as construções tomando forma, ele precisava do helicóptero. Afinal, devido à mobilidade do veículo, você consegue percorrer os quatro vértices do DF em minutos. Isso facilitou a proposta de sua inspeção, uma vez que a cidade ainda estava se estruturando e possuía algumas dificuldades logísticas”, analisa. Desde o voo protagonizado por JK e Israel Pinheiro, presidente da Novacap à época, as funções do veículo aéreo se desenvolveram gradativamente devido ao seu grau de versatilidade. Atualmente, o aparelho ultrapassou os limites do papel voltado para o transporte, passando a ser utilizado também em situações emergenciais, como em confrontos ou em resgates. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Dentro desse contexto, o tenente-coronel da Polícia Militar Lotus Vieira Lins, chefe e piloto da Unidade Especial de Transporte Aéreo da Casa Militar do Distrito Federal, exalta a importância do veículo no apoio às atividades dos órgãos de segurança pública do DF. “Com o uso do helicóptero, é possível remover, no curto espaço de tempo, uma vítima do local de acidente para o hospital, ou, de forma eficaz, atuar no cerco de assaltantes homiziados em locais de difícil acesso. Hoje, pode-se afirmar que é uma ferramenta necessária ao desempenho das missões constitucionais de cada instituição de segurança pública do Distrito Federal”, avaliou. *Com informações do Arquivo Público do Distrito Federal
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Conheça o primeiro filme produzido inteiramente em Brasília
| Foto: Divulgação Secretaria de Cultura O ano era 1959. No meio do Cerrado, no coração selvagem do Planalto Central, em uma Brasília ainda tomada por obras faraônicas e ainda prestes a ser inaugurada, surge a lente curiosa de um jovem cineasta. O desbravador filma, incessantemente, o matracar de máquinas e homens trabalhando. Seria um dos vários registros feitos sobre a nova capital que se erguia. A diferença é que não se trata de um trabalho encomendado, como muitos outros, mas de uma empreitada pessoal do novato Gerson Tavares. O cineasta acabara de retornar da Europa, cheio de ideias na cabeça e uma câmera na mão. “Estávamos lá filmando e, de repente, aparece um carro trazendo o Israel Pinheiro [então presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap] e o Juscelino [Kubitschek, ex-presidente da República]”, lembrou Gerson Tavares em entrevista, anos depois do episódio, referindo-se aos bastidores do curta-documentário “Brasília, Capital do Século”. “Corri, peguei no braço dele, expliquei sobre o documentário e perguntei se podia filmá-lo por três minutos. Ele disse que sim, se fosse rápido, porque o sol estava de amargar”, acrescentou o agora ex-diretor, que hoje tem 94 anos e mora em Cabo Frio (RJ). Confira: Ousado, o projeto teria um feito singular: o pioneirismo de captar, no calor do momento, impressões, angústias e anseios, sentimentos de personagens vivendo em um espaço vasto. Um tanto quanto vazia e intimidadora, a cidade então nascia de um projeto de nação nos seus primórdios, mas que também carregava uma forte aura futurística – uma atmosfera quase que de ficção científica, muito impulsionada pela moderna arquitetura de Oscar Niemeyer. Detalhes que foram realçados na película, de maneira pungente, pela fotografia de Hélio Silva e música especial de Rogério Duprat. “A fotografia do Hélio Silva é uma coisa muito imponente no filme. E, dentre os cineastas de maior intimismo da década de 60, o Gerson é o menos falado. Ele é uma joia pouco conhecida”, lamenta o crítico de cinema da revista portuguesa C7 Cinema e do jornal O Estado de S. Paulo, Rodrigo Fonseca. “Comparado por muitos ao [cineasta sueco, Ingmar] Bergman, ele era lembrado pela verve existencial, pela contemplação da exasperação dos sentimentos oprimidos, desejos incontidos, ou até por certa sensação de culpa burguesa”, aprofunda o jornalista, que também é roteirista e pesquisador da TV Globo. Símbolos da cidade Ambientado em 1965, o enredo é pontuado por um casal desajustado que se perde em um encontro furtivo, de um dia e uma noite, no isolamento de uma mansão do Lago Sul (bairro valorizado de Brasília), no número “9, lote 14”, como diz o personagem protagonizado pelo ator, Leonardo Vilar, no auge da carreira. Na fita, ele é Alberto, um arquiteto e professor universitário há dois anos vivendo em Brasília. Ele marca um encontro com a amiga Norma (Leina Krespi), mulher casada com rico empresário em busca de uma aventura extraconjugal. Entre ambos paira a figura espectral de Selma, antigo caso de Alberto, vivida por Betty Faria, em sua segunda atuação no cinema nacional. “Alberto! O único habitante de Brasília que não vejo diariamente”, ironiza Norma, ao se encontrar com ele e com convidados do Festival de Brasília no Hotel Nacional, futuro quartel general da organização. “Conheço todos os bares de Brasília. Mas não gosto de nenhum. Prefiro tomar um drink em minha casa. […] É uma penitenciária-modelo, estamos todos presos a alguma coisa”, devolve ele em suas impressões sobre a cidade, entre uma dose e outra de uísque. [Olho texto=”“É um filme que não apenas filma Brasília, mas, sobretudo, até pela formação do Gerson em Artes Plásticas, pensa a arquitetura no cinema”” assinatura=”Rafael de Luna, pesquisador da Universidade Federal Fluminense” esquerda_direita_centro=”centro”] Símbolos e códigos da recém-criada capital estão presentes, de forma explícita e velada, o tempo todo ao longo dos quase 70 minutos de filme. Tanto por meio dos diálogos densos dos personagens, quanto pelas imagens rápidas captadas pelo olhar poético do diretor. Vão desde as citações das siglas de endereços e prédios locais – passando por closes emblemáticos dos míticos cobogós, por exemplo –, situando com charme a Concha Acústica, a Rodoviária do Plano Piloto, a Praça dos Três Poderes, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e as carcaças dos primeiros prédios do Setor Comercial Sul da cidade e da Catedral Metropolitana, que só seria inaugurada em 1970. A situação política do país, em meio a prisões de professores da UnB, surge na tela de forma rápida e incômoda, por meio de um telefonema de um aluno de Alberto. “É um filme que não apenas filma Brasília, mas, sobretudo, até pela formação do Gerson em Artes Plásticas, pensa a arquitetura no cinema”, comenta o pesquisador e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Rafael de Luna. “Acho o plano final fantástico, que traz essa ideia que juntava a tendência do cinema brasileiro, pós-golpe de 64, que era a do cinema da fossa, da autoanálise, combinando certa ideia de passividade e angústia existencial”, acrescenta. Festival de Brasília Produzido com ajuda da antiga Fundação Cultural do DF – hoje Secretaria de Cultura e Economia Criativa –, “Amor e Desamor” foi rodado em poucas locações, com elenco reduzido e marcou a estreia de Gerson Tavares na direção de longa de ficção. Mais do que isso, a produção pavimentou o caminho do cineasta para a realização de sua obra-prima, o elogiado “Antes, o Verão” (1968), baseado em texto de Carlos Heitor Cony. “Foi o Hugo Carvana, que era meu vizinho em Ipanema, quem me deu a ideia de filmar o livro do Cony”, revelaria Gerson. “Os filmes do Gerson eram muito bem feitos. Dos filmes da época, eram os mais elaborados e, embora conservadores, não eram reacionários”, elogiaria Cony. Embora muitos tenham reclamado da ênfase teatral nos diálogos do filme rodado em Brasília, o trabalho seria bem recebido pela crítica. O que ajudou o projeto intimista a ser selecionado para a mostra competitiva da segunda edição do Festival de Brasília, em 1966, ainda chamado de Semana do Cinema Brasileiro. “Acho que o fato de o filme ter sido filmado em Brasília foi um motivo óbvio para ser exibido no festival”, observa Rafael de Luna. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Amor e Desamor” competiu com pesos pesados do Cinema Novo, como “O Padre e a Moça”, de Joaquim Pedro de Andrade; “Opinião Pública”, de Arnaldo Jabor; e “A Grande Cidade”, de Cacá Diegues. Mas o grande vencedor seria a comédia “Todas As Mulheres do Mundo”, de Domingos de Oliveira – que, além de Melhor Filme, levou também os Candangos de Melhor Diretor, Argumento, Diálogos e Ator para Paulo José, indicado outras 11 vezes na mostra, tendo abocanhado três prêmios. Um dos concorrentes de “Amor e Desamor”, naquela noite de 1966, com o drama urbano “A Grande Cidade” – também trazendo o ator Leonardo Vilar no elenco –, o cineasta Cacá Diegues, então com 20 e poucos anos, não tem muitas recordações da premiação. Suas memórias resvalam em acontecimentos bem peculiares. “O que lembro era que o festival era bem precário, simples mesmo. Não tinha muita coisa para fazer, então, nós, os participantes do evento, realizávamos rodadas de peladas para nos distrairmos”, diverte-se. * Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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Cerimônia de Troca da Bandeira abre a Semana da Pátria
Evento na Praça dos Três Poderes contará com a participação da Banda da Marinha e terá transmissão em tempo real | Foto: Divulgação/Setur A Cerimônia de Troca da Bandeira abre, neste domingo (6), as comemorações da Semana da Pátria no Distrito Federal. A ideia é promover a ressignificação do tradicional evento e o fortalecimento do sentimento pátrio dentro da promoção de Brasília como destino do turismo cívico. O troca contará com apresentações virtuais da Banda da Marinha e e da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS), com transmissão em tempo real, a partir das 10h, pelas redes sociais da Secretaria de Turismo (Setur). Facebook, Instagram e YouTube serão as plataformas de transmissão (veja mais abaixo). O comandante do Grupamento dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, o capitão de Mar e Guerra Vannei de Almeida Silva Júnior, participará da cerimônia e da Live Tour que será feita na sequência, juntamente com o guia turístico Lúcio Montiel, nos principais pontos turísticos cívicos do Eixo Monumental. A secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, lembrou o resgate da cerimônia dentro do calendário do turismo cívico de Brasília e destacou a necessidade de dar continuidade à cerimônia, mesmo que de forma virtual, em razão da pandemia de Covid-19. “Por natureza, Brasília é a capital do turismo cívico. Desde o início da nossa gestão estruturamos o projeto com parcerias e ações efetivas com vários órgãos do GDF, secretarias de Estado, Governo Federal, Sesc, Senac e com a iniciativa privada”, afirma. “Ao longo desse período, por meio da Cerimônia de Troca da Bandeira, o primeiro domingo de todo mês passou a ser uma manhã repleta de ações, com a participação da população, de estudantes de todo o Brasil e com shows das Regiões Administrativas”, acrescenta Vanessa. O projeto, elogiado pela ressignificação da cerimônia e pela retomada do sentimento de patriotismo, já tem novos objetivos a partir da retomada das atividades pós-pandemia. “A união de forças entre Marinha, Exército, Aeronáutica e Casa Militar com diversas entidades e iniciativa privada proporcionou essa conquista. Agora, com apoio do Ministério do Turismo, avançaremos com mais força para todo o Brasil nesta promoção do turismo cívico”, arremata a secretária. Ações No Dia da Independência, na segunda-feira (7), será feito o lançamento de uma exposição virtual no Instagram da Setur, por meio da qual serão postadas fotos da construção de Brasília. A intenção é fazer as publicações como se, naquela época, houvesse a rede social – e, assim, as imagens tivessem sido publicadas em plataforma 0n-line. Toda a programação do Setembro Cívico, além de promover o turismo, é repleta de homenagens ao aniversário de Juscelino Kubitschek e o reconhecimento aos seus feitos – o presidente dos “anos dourados” que promoveu a interiorização do Brasil e, com seu perfil desenvolvimentista, tornou a população brasileira próspera. “Todo brasileiro tem que conhecer sua capital”, defende Vanessa Mendonça. “A Setur quer resgatar o sentimento pátrio da população brasileira e convidar a todos para conhecerem Brasília pelo olhar de Juscelino Kubitschek, seu idealizador.” Cerimônia de Troca da Bandeira – Abertura da Semana da Pátria Data: domingo (6) Horário: a partir das 10h Como assistir: Instagram (@SeturDF), Facebook (www.facebook.com/SeturDF) e YouTube (www.youtube.com/channel/UCczL5U0OSuFS1y96RYT8qng). * Com informações da Secretaria de Turismo
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Brasília, o reduto dos chorões de ontem e de hoje
Dilermando Reis, com o violão, em uma das rodas de choro que marcaram presença nos primeiros anos da capital | Foto: Divulgação / Arquivo Público do Distrito Federal Antes de ser a capital do rock, Brasília foi a metrópole do choro. A cidade deve muito a esses artistas consagrados do gênero que aqui chegaram e fizeram história com trajetórias carregadas de paixão e muito talento. Nesta quinta (23), quando se comemora o Dia Nacional do Choro – a data foi escolhida por ser o mesmo dia de nascimento de Pixinguinha –, vale conhecer um pouco da história dos chorões que marcaram presença na capital federal desde sua inauguração. E, tendo sido Juscelino Kubitschek o presidente que foi um dínamo de simpatia, alegria e energia, tudo só poderia acabar mesmo em samba – ou melhor, em choro. Já vinha sendo assim em 1956, na inauguração do primeiro prédio oficial da cidade, o Catetinho, palácio de tábuas projetado por Niemeyer para abrigar, provisoriamente, JK e seu séquito. Naquele 10 de novembro, a noite estrelada e fria do Planalto Central foi embalada pelo violão de Dilermando Reis, autor de Exaltação a Brasília, uma homenagem à então recém-criada capital federal. Músico de prestígio, Dilermando era amigo do “presidente bossa nova”, a quem costumava acompanhar nas primeiras visitas ao Cerrado. A afinidade entre os dois deixava bem claro o amor que Juscelino sempre nutriu pela música popular brasileira. A chegada dos músicos Com a construção de Brasília e a mudança oficial da capital – que era o Rio de Janeiro – para o Brasil central, muitos servidores, vários deles instrumentistas, vieram transferidos para cá, sem contar aqueles que, de passagem pela nova cidade em temporadas profissionais, resolveram ficar definitivamente. Foi o caso de Inácio Pinheiro Sobrinho, o Pernambuco do Pandeiro (1924 – 2011), que, depois de viver tempos gloriosos no Rio de Janeiro, tocando até com Carmen Miranda, decidiu tentar a sorte em Brasília, em 1959. Por interferência de JK, o artista conseguiu até um trabalho que não fosse ligado à boemia. “Vim para ser músico da Rádio Nacional, mas não deu muito certo e aí fui fichado na Novacap, na qual me aposentei”, contou, em entrevista ao jornal Correio Braziliense publicada em janeiro de 2010. [Olho texto=”“Vim para ser músico da Rádio Nacional, mas não deu muito certo e aí fui fichado na Novacap, na qual me aposentei”” assinatura=” Inácio Pinheiro Sobrinho, o Pernambuco do Pandeiro, em declaração publicada no jornal Correio Braziliense em 2010″ esquerda_direita_centro=”centro”] Jacob do Bandolim A relação da cidade com esses eternos chorões parecia mesmo inevitável. Em novembro de 1967, sem tocar há quatro meses, entrevado numa cama em sua casa em Jacarepaguá (Rio de Janeiro) por conta de uma crise de coluna cervical, Jacob do Bandolim recebe a visita de dois médicos de Brasília. Na verdade, tratava-se de dois chorões, que ali estavam para assistir a mais um dos marcantes saraus realizados pelo artista. Um era o cavaquinista Assis Carvalho, que se apresentou como “ginecologista”. O outro era o paraibano Arnoldo Velloso da Costa, que já conciliava o bandolim com o jaleco e não titubeou: foi logo aplicando no doente uma terapia neural recém-aprendida na Alemanha que se mostrou eficaz. [Olho texto=”“O Jacob do Bandolim gostou tanto do tratamento que veio passar uns tempos em Brasília e ficou na minha casa. Para mim foi bom, porque de dia eu trabalhava no Hospital de Base e à noite tinha aulas de bandolim com ele. Foram oito meses assim”” assinatura=”Arnoldo Velloso da Costa, médico e bandolinista paraibano, pioneiro de Brasília” esquerda_direita_centro=”direita”] “No dia seguinte, para surpresa de todos, lá estava ele [Jacob do Bandolim] de pé”, lembra o médico e músico, atualmente com 91 anos. “Ficou tão animado que disse: ‘mas você é um grande esculápio [médico, doutor, terapeuta]!’. Como ele era escrivão da polícia, sempre tinha essas palavras diferentes na ponta da língua. O Jacob gostou tanto do tratamento que veio passar uns tempos em Brasília e ficou na minha casa. Para mim foi bom, porque de dia eu trabalhava no Hospital de Base e à noite tinha aulas de bandolim com ele. Foram oito meses assim.” Incentivador do choro Morto aos 51 anos de idade, em agosto de 1969, duas semanas depois de deixar Brasília, Jacob do Bandolim marcou presença na capital e ajudou a fortalecer o gênero musical na cidade. Isso, sobretudo, graças às inúmeras rodas de que participou, arregimentando chorões que aqui já viviam – alguns deles considerados os melhores instrumentistas do pedaço. Reza a lenda que os saraus comandados pelo artista, durante sua jornada em Brasília, alcançaram tanta fama que até o presidente Arthur da Costa e Silva chegou a programar uma apresentação exclusiva do bandolinista e seu grupo, o Época de Prata, no Palácio da Alvorada. Arnoldo Velloso da Costa sempre considerou a passagem de Jacob do Bandolim pela cidade como fundamental para o surgimento do Clube do Choro, anos depois. “Ele deixou plantada uma semente com a sua memória”, sentencia Velloso, que o viu em apresentações na Rodoviária do Plano Piloto e no Beirute da 109 Sul. “Ele tocava maravilhosamente lindo”, diz, emocionado. Minhas mãos, meu cavaquinho Era para ser uma manhã de sol, como tantas outras em Brasília, mas naquele dia sombrio de 1971, no Lago Sul, um cortador de grama quase causou uma tragédia. Num momento de fúria, o homem, que manuseava o equipamento, teve o dedo anular esquerdo decepado. Era ninguém menos do que o mestre do cavaquinho Waldir Azevedo, autor de pérolas como Delicado, Pedacinho do céu e Brasileirinho. Fazia pouco tempo que o artista, carioca do bairro da Piedade, morava na capital, à qual chegou acompanhando uma filha e o genro, funcionário transferido pelo Banco Central. Vivia deprimido e sem vontade de tocar depois de ter perdido outra filha, Míriam, de 18 anos, num acidente de carro. O grave episódio doméstico com o cortador de grama só fez piorar o estado de espírito do grande maestro do cavaquinho. Mas, com o dedo reimplantado, amparado pelos cuidados da esposa Olinda e pelo constante incentivo e interesse de amigos, parceiros, admiradores e da imprensa – todos torciam por sua volta aos palcos –, Waldir Azevedo, aos poucos, se deixa levar pela chama da música que nunca adormecera dentro de si. Cercado por vários chorões que aqui viviam, começou a participar de rodas de choro que pipocavam nos apartamentos do Plano Piloto e nas casas do Lago Sul – entre elas, a sua, onde um dia ele recebeu o futuro presidente Ernesto Geisel, amante do gênero. Finalmente, em 1975, como que renascendo das cinzas, Waldir e seu grupo se apresentam no Teatro Martins Pena. No ano seguinte, ele grava o disco Minhas mãos, meu cavaquinho, cuja música-título é praticamente um tratado de gratidão. “Eu pensei que não ia poder mais tocar, mas fiquei curado, o pedaço do dedo foi reimplantado e eu fiz essa música em agradecimento a Deus por ter podido voltar…”, lembraria o músico, tempos depois. [Olho texto=”“Eu pensei que não ia poder mais tocar, mas fiquei curado, o pedaço do dedo foi reimplantado e eu fiz essa música em agradecimento a Deus por ter podido voltar”” assinatura=” Waldir Azevedo, cavaquinista” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O burburinho em torno da criação de um espaço que reverenciasse os artistas do gênero e amantes do ritmo faz renascer, de vez, a carreira de Waldir Azevedo, falecido em 1980, aos 57 anos. “Nunca pensei que pudesse sustentar a minha família com um pedacinho de madeira e quatro arames esticados. Às vezes chego a pensar que foi uma ousadia muito grande”, confessou, certa vez. Nasce o Clube do Choro Foto: Divulgação / Bento Viana É desses estilhaços da história e encontros marcantes que ficaram na poeira do tempo que aos poucos surgiu, entre instrumentistas da cidade, a ideia de um local para homenagear o mais brasileiro dos ritmos nascidos no Rio de Janeiro em meados do século 19. Sim, porque o choro está para o Brasil assim como o fado está para Portugal ou a música flamenca para a Espanha. É considerado a nossa mais genuína e autêntica identidade musical. Assim, logo as festivas e culturais reuniões que aconteciam pela cidade ganharam um caráter mais sério. Em setembro de 1977, seria lavrada, no apartamento da flautista Odette Ernest Dias – uma francesa que caiu de amores pela música brasileira –, na 311 Sul, a ata de criação do Clube do Choro. No documento, estava registrado que a agremiação se destinava “a promover a interação de músicos profissionais, amadores e pessoas identificadas com o choro e músicas brasileiras afins”, além da “organização de concertos, recitais, biblioteca e discoteca do gênero, com intenção de estimular a formação de grupos e intercâmbio com associações similares dentro e fora do país”. Participaram desse encontro antológico, entre outros, o percussionista Pernambuco do Pandeiro, o flautista Bide – primo do mestre Pixinguinha – e o bandolinista e médico Arnoldo Velloso da Costa, além de vários jornalistas e entusiastas do gênero, que aclamaram como primeiro presidente da entidade o citarista Avena de Castro, grande amigo de Jacob do Bandolim. Como os apartamentos e residências dos chorões começaram a ficar pequenos para tantos instrumentistas e convidados, a alternativa foi organizar apresentações pagas no Teatro Galpão e no Teatro da Escola Parque. “Numa dessas apresentações no Teatro da Escola Parque, o governador Elmo Serejo compareceu e amoleceu o coração ao assistir aos chorões, que faziam uma homenagem ao Pixinguinha”, recorda hoje Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim. “Foi quando ele cedeu o vestiário do Centro de Convenções para apresentações do grupo.” Foram seis anos de intensas atividades e interatividade fervilhante entre a velha guarda de chorões e jovens artistas que passaram a conhecer aquele gênero centenário que fazia sucesso na mais moderna das cidades do país. Numa época em que as guitarras ditavam moda no cenário musical na cidade, foi fundamental a fusão criada entre o rock e outros ritmos bem brasileiros pelo revolucionário grupo Os Novos Baianos. “O Pepeu Gomes foi o cara que colocou guitarra no samba”, analisa Reco do Bandolim, na época conhecido como Jimi Reco. “A turma dos Novos Baianos apresentou para as novas gerações gente como Assis Valente, Ary Barroso e Dorival Caymmi”. Movimento e queda Após um começo promissor, o Clube do Choro mergulharia em franca decadência durante quase uma década, sendo alvo de vandalismo, roubos frequentes e falta de estrutura – o que afastou tanto os músicos quanto o público. “O governo ia retomar a sede, caso algo não fosse feito”, conta Reco, que assumiu a presidência do clube em 1993, arregaçando as mangas no processo de revitalização do espaço. “Nos quatro anos em que ficou à frente da instituição, o músico trabalhou para adequar o clube às exigências legais e estruturais e receber apoio cultural”, conta Fátima Bueno no livro Do Peixe Vivo à Geração Coca-Cola, sobre a história da música em Brasília. “Além da reforma do espaço para apresentações, ele estabeleceu agenda de eventos e superou divergências entre os defensores da roda tradicional e os partidários da abertura para a incorporação de música popular brasileira afinada com o choro.” Patrimônio Imaterial Elevado à condição de Patrimônio Imaterial de Brasília em 2007, o Clube do Choro, hoje, é uma referência nacional e internacional. Seu complexo cultural, projetado por Oscar Niemeyer em 2006, abriga ainda o clube, uma escola de música – inaugurada em 1998 – e um centro de referência e memória do choro. Sem qualquer “filiação ideológica ou partidária”, como gosta de frisar Reco, o espaço é um dos projetos de música instrumental brasileira mais longevo e bem-sucedido da história da MPB, com mais de 2,5 mil shows apreciados por um público superior a 750 mil pessoas. Uma experiência de sucesso que tem despertado interesse de outros entusiastas da música e do choro em vários países. “Já viajamos o mundo inteiro dando palestras sobre o Clube do Choro, contando a história do gênero por meio do repertório de vários artistas”, orgulha-se Reco do Bandolim. “É um ponto de encontro democrático da cidade que prima pela qualidade da música apresentada e excelência dos músicos brasileiros, hoje, por meio da nossa escola, exportando seus talentos para todos os lados.”
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História do DF é transmitida há 25 anos para professores
Curso exibe documentários sobre cinematografia na época da construção de Brasília | Fotos: Renato Araújo / Agência Brasília Fundado em 3 de junho de 1964, por iniciativa do ministro do Tribunal de Contas do DF Saulo Diniz, o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF) cumpre função considerada essencial para a educação do DF. Por meio de convênio com a Secretaria de Educação (SEE), ajuda profissionais de ensino a encontrar material específico sobre a história e a geografia do DF. Por isso, com o intuito de atualizar e qualificar professores da rede pública em relação ao tema, o IHG-DF, guardião da história e memória local, idealizou o Programa Educacional Distrito Federal: Seu Povo, Sua História. O curso completa 25 anos em 2019. Serão 30 encontros, uma vez por semana, normalmente às terças-feiras. Com duração média de 180 horas, o curso tem aulas que exploram desde a pré-história do DF até a atualidade, bem como abordam questões econômicas e socioeducativas. Os participantes têm a oportunidade de assistir a documentários sobre cinematografia na época da construção de Brasília e depoimentos de pioneiros, além das chamadas aulas-passeio, quando visitam monumentos como o Lago Paranoá, a Pedra Fundamental de Brasília, o Catetinho e a Casa da Fazenda Gama – esta, a primeira hospedagem do ex-presidente Juscelino Kubitschek e sua comitiva quando da primeira visita ao Planalto Central, em 1956. O curso é realizado em parceria com o Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação, da Secretaria de Educação. A equipe educacional disponível no IHG-DF atua com professores formadores nas aulas para os professores cursistas, com temática voltada à história e a geografia do Distrito Federal. Carência O professor formador do IHG-DF Luiz Gustavo Leonel explica que cada turma leva o nome de um personagem histórico. A atual é chamada Auguste Glaziou, francês que vislumbrou a possibilidade da criação do Lago do Paranoá. Natural de Uberaba, em Minas Gerais, Leonel está em Brasília há cinco anos. “Esse curso foi o que me ajudou quando comecei a trabalhar na Secretaria de Educação”, relembra. A carência de livros didáticos que falem sobre Brasília desperta o interesse dos professores para a capacitação. A professora Maira Raimunda Souza Santos, 50 anos, leciona na Escola Classe 68, em Ceilândia, e é uma das participantes da turma. | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília “Vim fazer o curso porque senti necessidade e curiosidade de saber mais sobre Brasília. Quando ia dar aula, ficava sempre um espaço. Daí um colega de trabalho me falou sobre o curso, dizendo que era interessante. Descobri que, morando há 42 anos no DF, havia muitos espaços que eu não conhecia, como o Catetinho e a Pedra Fundamental”, frisa a educadora. Para Maria Raimunda, as aulas despertam a vontade do conhecimento sobre a capital do Brasil. “Aqui temos mais detalhes sobre a construção e história de Brasília. Como ela evoluiu e se tornou essa megacidade. Agora estou mais preparada para dar aulas. Posso falar com mais segurança para meus alunos. Saímos daqui e, quando vamos para a sala de aula, despertamos também nossos alunos”, acrescenta.
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Evento celebra Juscelino Kubitschek e os 38 anos do Memorial JK
Governador Ibaneis Rocha homenageou JK em cerimônia no Memorial JK, que comemora 38 anos. Foto: Renato Alves/Agência Brasília Doze de setembro. Especial para a história de Brasília, a data recebeu as devidas homenagens nesta quinta-feira (12) para comemorar os 38 anos do Memorial JK, dia também que o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek faria 117 anos e, ainda, o Dia do Pioneiro. A cerimônia que lembrou esses eventos ocorreu no Memorial JK, no centro de Brasília, com a presença do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; de Anna Christina Kubitschek, neta de JK e diretora do Memorial; e de autoridades e secretários de governo (veja mais no vídeo abaixo). Alunos da rede pública de ensino visitaram o espaço e conheceram mais sobre a vida e obra do fundador da capital. “A política que se faz hoje precisa repensar a história de Juscelino, que fez uma política de integração nacional, produziu tanto desenvolvimento, alegria e esperança para a população. Esse exemplo está contado nas ações que JK fez com sua equipe. Está na hora de olharmos para o passado e colher exemplos como o de Juscelino, que abdicou de uma carreira de médico e de sua cidade Belo Horizonte para construir uma capital com esse espírito e trazer a integração nacional”, disse Ibaneis Rocha. Governador Ibaneis Rocha homenageou JK em cerimônia no Memorial JK, que comemora 38 anos. Foto: Renato Alves/Agência Brasília Antes da cerimônia, o conselheiro do Memorial JK, Paulo Octávio, falou sobre o ex-presidente e sua obra. “Essa é uma homenagem ao pai de Brasília, fundador da nossa cidade e um presidente que soube governar e trouxe o progresso para o nosso país. A construção de Brasília é uma enorme epopeia, não há nada igual no Brasil”, destacou. Após o discurso, os convidados foram ao segundo andar do Memorial onde encontra-se a Câmara Mortuária, espaço que é a morada definitiva do estadista mineiro. O governador do DF deixou flores no túmulo de JK e fez preces. O espaço tem paredes esculpidas por Athos Bulcão e um vitral feito por Marianne Peretti. História Inaugurado oficialmente em 12 de setembro de 1981, o Memorial JK tem 5.784 metros quadrados de área construída e reúne acervo pessoal e político do ex-presidente. São fotos, maquetes, vestes e imagens que retratam a vida de JK e a construção da capital. As comemorações do aniversário de 117 de JK e de 38 anos do Memorial seguem ao longo do dia e dos próximos meses. Uma das obras é a transformação de cinco anos de discursos do ex-presidente em livros. A primeira obra, com as falas proferidas em seu primeiro ano de governo, em 1956, será disponibilizada nesta quinta-feira (12), em sessão solene no Senado Federal. Outros lançamentos estão previstos até 12 de setembro de 2021, quando JK completaria 119 anos. Secretários de governo marcaram presença no evento, entre eles Adão Cândido (Cultura), Ruy Coutinho (Desenvolvimento Econômico) e Vanessa Mendonça (Turismo), além do diretor-presidente do DER, Fauzi Nacfur. A senadora pelo DF, Leila Barros, o senador Randolfe Rodrigues (AP), e o presidente da Câmara dos Deputados do DF, Rafael Prudente, também prestigiaram o ato. Assista ao vídeo:
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Catetinho – o Palácio de Tábuas
Fotos: Arquivo Público do Distrito Federal / Divulgação Rio de Janeiro, 1956. Numa das mesas do Juca’s Bar, que ficava dentro do hotel Ambassador, no centro da então capital brasileira, Oscar Niemeyer, acompanhado de amigos, pega um guardanapo e rabisca, com mãos ágeis, o projeto da primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek na nova capital federal que estava sendo construída. O nome foi inspirado na sede oficial do governo federal inaugurada no século 19, o Palácio do Catete. Surgia assim, num gesto simples, tal qual Lucio Costa fez para esboçar o Plano Piloto, o Catetinho. Revitalizado recentemente pela atual gestão do GDF, o espaço já nasceu sob o signo da história. “Foi a primeira edificação do período da construção de Brasília. Envolve um simbolismo por ter sido projetada por Oscar Niemeyer com traços simples, traços esses que viriam marcar outras construções do arquiteto”, sustenta o professor de sociologia e pesquisador Guilherme França, coautor, juntamente com a historiadora Christiane Portela, do curta-metragem O Palácio de Tábuas, lançado em 2012. No filme, de pouco mais de dez minutos, pioneiros de Araxá (MG) que fizeram parte da construção do Catetinho, direta ou indiretamente, ligados à empresa mineira Fertisa, são homenageados, lembrando a aventura que foi chegar ao coração do Planalto Central para levantar o edifício de madeira. Tudo em tempo recorde: dez dias. Niemeyer se inspirou num galpão de obras para desenhar o casarão. O lugar escolhido, parte do terreno da antiga fazenda Gama, foi o primeiro chão em que JK pisou no DF. Levantar um edifício de madeira no meio do Cerrado foi uma aventura; relatos estão imortalizados na história de Brasília e do Brasil “A importância do Catetinho foi enorme não só na vida dos pioneiros araxaenses, fazendo Araxá ficar conhecida nacionalmente, mas ligando as duas cidades [Araxá e Brasília] umbilicalmente”, comenta Ahilton Guimarães, 83 anos. Ele foi um dos mineiros que participaram – a distância – da construção do “palácio de tábuas”. Então funcionário administrativo da Fertisa, Ahilton teve sob sua responsabilidade, entre outras atribuições, a logística do embarque do comboio de caminhonetes, caminhões e carretas até o local das obras. “Durante a construção do Catetinho, eu permaneci em Araxá; só depois da obra concluída é que fui até Brasília”, conta. Vaquinha Reza a lenda que a compra dos materiais para a empreitada veio de uma “vaquinha” feita por Niemeyer e amigos do presidente naquela mítica noite no Juca’s Bar. Além do arquiteto e do dono do bar, José Ferreira de Castro Chaves – o Juca –, fizeram parte da reunião os engenheiros Roberto Penna e Joaquim da Costa Júnior, o piloto João Milton Prates e o compositor e violonista Dilermando Reis, que era professor de violão de JK. O encontro teria acontecido 15 dias depois da primeira visita presidencial ao Cerrado brasiliense, em outubro de 1956. Estarrecido com a notícia de que JK pretendia acompanhar as obras da nova capital sem ter um lugar adequado para ficar, o grupo meteu a mão no bolso e fez a coisa andar. Uma nota promissória de quinhentos contos teria sido descontada no Banco de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Há controvérsia sobre essa versão. “É um episódio inserido dentro do mito fundador da cidade”, atenta o historiador Wilson Vieira, coautor de uma publicação que conta o surgimento do DF a partir de mapas do século 18. “Pode ter tido um movimento nesse sentido dos amigos do presidente, mas que ganhou uma revisitação mágica, romanceada, enaltecendo personagens diante de um feito histórico. As obras do Catetinho foram pagas pela Novacap [Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil], e toda a documentação da construção se encontra no Arquivo Público do DF.” “Água de beber” O presidente Juscelino Kubistchek usou intensamente o Catetinho na fase inicial da construção de Brasília, para pernoitar, durante o acompanhamento das obras. Também eram assíduos no local o presidente da Novacap, Israel Pinheiro, e os diretores da empresa, Bernardo Sayão, Íris Meinberg e Ernesto Silva. Ernesto, no livro História de Brasília, relata: “Durante dois anos, residimos no Catetinho Israel, eu e Iris Meinberg, além de alguns engenheiros. Ali dormíamos, fazíamos as nossas refeições. Em torno da mesa tosca, prolongávamos, pela noite, as nossas discussões sobre os problemas mais urgentes, as decisões a tomar, a ação a empreender”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Por ali também passaram autoridades internacionais, como a rainha da Inglaterra, Elizabeth II e, em junho 1959, dois grandes nomes da música brasileira então em franca ascensão: o maestro Tom Jobim e o poeta Vinícius de Moraes, que fizeram história dentro da história. Incumbidos por JK de escrever, em dez dias, uma peça clássica falando sobre a construção de Brasília e a bravura dos pioneiros que ergueram a cidade – a Sinfonia da Alvorada –, tiveram tempo ainda de criar um clássico da MPB, o primeiro registro musical do DF. Gravada até por Frank Sinatra, Água de beber nasceu da sensibilidade telúrica de Tom Jobim. Certa noite, após um jantar, ele percebeu o rumor de uma bica d’água atrás do Catetinho. Ao perguntar que barulho era aquele, ouviu do vigia: “Você não sabe, não? É aqui que tem água de beber, camará”. E foi assim que conheceu a fonte na qual JK, um dia, de terno e gravata, fez questão de molhar as mãos, o rosto e matar a sede. Museu revitalizado Tombado como Patrimônio Cultural do DF em 1959 e desde 1970 transformado em museu, o Catetinho, hoje, é uma das atrações turísticas da cidade, reunindo móveis antigos, objetos pessoais e de trabalho do presidente Juscelino Kubistchek, além de acervo bibliográfico. Uma visita ao local é uma viagem no tempo, com o público sendo guiado pelo cheiro forte de madeira, da natureza que cerca o casarão, pela nostalgia dos objetos e por dezenas de fotos em preto e branco. Tudo está espalhado pelos oito cômodos do espaço, que vão desde a suíte presidencial e passam por quartos de hóspedes, banheiros e cozinha. Fragmentos da história da nossa cidade que a equipe de conservação e restauro teve o cuidado de tratar, equilibrando preservação histórica, natural e ambiental. Tudo em conformidade com o projeto original.
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