Distrito Federal registrou recorde de transplantes de coração, fígado e medula óssea em 2024
A rede de saúde do Distrito Federal alcançou recorde de transplantes em 2024. Os procedimentos de coração, fígado e medula óssea atingiram, em cada um dos casos, o maior quantitativo dos últimos cinco anos. O empenho das equipes multiprofissionais, aliado à expansão das unidades credenciadas, possibilitou os resultados. Desde 2020, a reposição de órgãos e tecidos têm apresentado tendência de crescimento. As substituições de medula óssea foram as que tiveram o maior acréscimo neste quinquênio: superior ao dobro. Foram 230 transplantes, em comparação aos 103 de 2020. Nove novas instituições tornaram-se aptas a realizar este tipo de procedimento no DF a partir de 2022. Desde 2022, os transplantes de fígado ultrapassam a marca anual de cem procedimentos. Em 2024, foram 128 – sete a mais do que o total de 2023 | Foto: Mariana Raphael/Agência Saúde-DF Foram 35 transplantes de coração alcançados em 2024 – 13 a mais do que os 22 realizados em 2020, registrando um aumento de 60%. Desde 2022, os transplantes de fígado ultrapassam a marca anual de cem procedimentos. Em 2024, foram 128 – sete a mais do que o total de 2023. No DF também são realizados transplantes de rim e córnea pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É uma conquista que vai além dos números. Cada transplante desses representa uma nova chance de vida a quem estava esperando. Por isso, trabalhamos para expandir a rede e melhorar o acesso aos tratamentos”, assegura a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. “A doação de órgãos é um ato de solidariedade que transforma a vida do receptor e de toda uma família. Nesse sentido, é essencial que continuemos a fortalecer essa cultura em nossa sociedade”, avalia a gestora. Renascimento Lourival Filho, 59, é um dos pacientes transplantados no ano passado. No fim de janeiro, celebrou cinco meses do procedimento hepático a que foi submetido. Da descoberta do tumor maligno, em junho, à reposição do órgão, em agosto, até a alta hospitalar, conta que foi tudo muito mais rápido do que se podia imaginar. “Eu não acreditava que iria conseguir fazer esse transplante. Saía das primeiras consultas meio desanimado, de cabeça baixa. Fui totalmente surpreendido. Em três meses, me tornei uma nova pessoa, com ânimo para mais 60 anos de vida”, celebra o morador de Sobradinho. Foram 35 transplantes de coração alcançados em 2024 – 13 a mais do que os 22 realizados em 2020, registrando um aumento de 60% | Foto: Divulgação/Agência Saúde-DF Os transplantes exigem grande mobilização de profissionais das mais diversas especialidades, integração interestadual de sistemas eletrônicos e efetivação de procedimentos clínicos. Para a realização de 3.647 cirurgias, ao longo desses cinco anos, foram realizados quase 120 mil procedimentos, desde a identificação de doadores e receptores, até o acompanhamento prévio e pós-cirúrgico. Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CET-DF), Gabriella Christmann, a quantidade de envolvidos em todo o processo é difícil de ser mensurada. “É impossível realizar este trabalho sem a união de várias pessoas – começando pelos doadores e por seus familiares”, ressalta. Doação Há dois tipos de doadores. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão, desde que não prejudique a sua própria saúde. Para ser doador, em caso de falecimento, não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo da doação, que só vai acontecer após a autorização dos familiares. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitarem de um transplante e estão aguardando em lista única no Estado, gerida pela CET-DF e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Para receber um órgão, o paciente deve estar inscrito, respeitando-se a ordem de inscrição, a compatibilidade e a gravidade de cada caso. A CET-DF é responsável pela coordenação das atividades de transplantes no âmbito do DF, abrangendo a rede pública e particular de saúde. *Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
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DF registra recorde em transplantes de órgãos, tecidos e células em 2023
O Distrito Federal (DF) registrou recorde de transplantes de órgãos, tecidos e células no último ano, registrando o maior número desde 2009. Ao todo, foram realizados 839 transplantes, um aumento de 12,32% em relação ao ano anterior. Os transplantes mais realizados incluem córneas, fígado e medula óssea. “O maior número de transplantes realizados foi de órgãos provenientes de outros estados. As equipes transplantadoras aqui do DF se deslocaram para diversas cidades do país para a captação de órgãos” Gabriella Christmann, diretora da Central Estadual de Transplantes do DF Os transplantes de córnea registraram 338 procedimentos, enquanto fígado contabilizou 121 e o de rim de doadores falecidos somou 103. Foram 34 transplantes de coração e 39 de rim providos de doadores vivos. Os transplantes de medula óssea são divididos em duas categorias: autólogo, quando o doador é o próprio paciente, e alogênico, quando as células troncos provêm de um doador. No primeiro caso, foram registrados 160 transplantes e 44, no segundo caso. De acordo com a diretora da Central Estadual de Transplantes do DF, Gabriella Christmann, o aumento acompanhou o crescimento de mortes encefálicas, mas o índice poderia ser melhor. “Temos um elevado número de notificações de morte encefálica, entretanto a nossa taxa de negativa à doação por parte da família é acima dos 50%. O desejo em ser doador deve estar bem claro para a família. Sem o sim para a doação, não há transplantes”, alerta. Eliéte Oliveira, 52 anos, realizou o transplante de fígado em 2023 e, hoje, se diverte tocando instrumentos musicais e praticando esportes | Foto: Arquivo pessoal Além disso, a diretora ressalta que os profissionais de saúde empenharam grandes esforços por meio da captação de órgãos em outras regiões. “O maior número de transplantes realizados foi de órgãos provenientes de outros estados. As equipes transplantadoras aqui do DF se deslocaram para diversas cidades do país para a captação de órgãos”, explica. Uma nova vida Para Eliéte Oliveira, 52 anos, o transplante de fígado foi uma verdadeira mudança de vida. Portadora de uma doença autoimune, o antigo fígado começou a apresentar falência no final de 2021. No ano seguinte, ela enfrentou mais problemas de saúde até que foi encaminhada para a realização do transplante. Após a cirurgia em junho de 2023, a vida Eliéte passou por uma transformação. “Eu renasci. Meu intestino não funcionava, minha pele era esverdeada, olhos eram amarelos e meu corpo inteiro coçava, ao ponto de abrir feridas. Hoje, já realizei oito corridas e estou começando a nadar”. A mudança ultrapassou o físico e alterou a forma como a administradora aposentada enxerga a vida. “Quando acordo, olho para o céu e sinto uma felicidade, seja qual for o problema. Depois que a morte te dá uma lambida, você vê que problemas se resolvem, tudo se resolve.” O crescimento de notificações de morte encefálica e a busca por órgãos em outros estados fizeram o número de transplantes aumentar em 2023 | Foto: Mariana Raphael/Agência Saúde-DF O transplante de rim de Bruna Rafaela Anchieta, 35 anos, realizado em setembro de 2023, também foi uma mudança de vida. A irmã de Bruna foi a doadora, com 100% de compatibilidade, mas foram quatro anos de espera. “Minha irmã passou por um processo de infertilidade com o marido, fez fertilização in vitro, engravidou e esperamos o bebê completar um ano, antes de fazer o transplante”, relatou. Para Bruna, a doação por parte da irmã lhe deu uma segunda oportunidade de vida. “Para mim, transplante significa isso, recomeço e esperança de dias melhores. Hoje, são novos dias, novas perspectivas”. Seja um doador Para ser um doador, basta comunicar à família o desejo de doar. Há dois tipos de doadores: os vivos e os falecidos. Os vivos podem ser qualquer pessoa que concorde em doar o órgão, desde que não prejudique a própria saúde. Entre os órgãos que podem ser doados ainda em vida estão um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, somente parentes até o quarto grau podem ser doadores vivos, sendo necessária autorização judicial caso fora do parentesco. Já os falecidos são as vítimas de lesões cerebrais irreversíveis, com morte encefálica comprovada após a realização de exames clínicos. Neste caso, é necessário que a família autorize a doação. “Só é possível doar a partir de um protocolo que envolve exames clínicos e de imagem, que confirmam a morte encefálica. Não pode haver dúvidas sobre o processo”, reforça a diretora da Central de Transplantes do DF. Os órgãos doados vão para os pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, controlada por um sistema informatizado disponibilizado pelo Ministério da Saúde para a Central Estadual de Transplantes. O cadastro de potenciais receptores é realizado pelas próprias equipes habilitadas em realizar os transplantes nos estabelecimentos de saúde do DF, onde um médico consulta e realiza exames especializados para comprovar a necessidade. No DF, são realizados transplantes de coração, rim, fígado, córneas e medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Hospital de Base (HB), são feitos os procedimentos de rim e córnea. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) realiza os transplantes de rim, córnea e medula óssea (autólogo). O Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF) faz transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realiza transplante de medula óssea autólogo pediátrico. Clique aqui e saiba mais sobre o transplante de órgãos no DF. Com informações da SES-DF
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Ampliação do banco de doadores de medula dá esperança a quem espera
Uma em 100 mil. Esta é a probabilidade de um paciente na lista de transplantes de medula óssea encontrar um doador não aparentado com quem seja compatível. Entre familiares, há 25% de chances de compatibilidade, geralmente com um dos pais ou irmãos. Esses números ajudam a dar o contorno à assustadora realidade de quem depende da doação do tecido para sobreviver. Dados do Registro Nacional dos Receptores de Medula (Rereme) apontam que, até o momento, 18.838 pessoas fizeram buscas por um doador de medula não aparentado. Deste total, 500 pacientes residem no Distrito Federal. Atualmente, o banco do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) conta com mais de 5,65 milhões de inscritos – 76 mil da capital federal. O número de doadores, ainda que expressivo, é insuficiente para atender quem está na lista de espera pela doação de medula. “É muito raro que uma pessoa seja compatível com a outra, por isso é necessário ter muita gente no banco de doadores. Isso aumenta as nossas chances de encontrar doadores compatíveis”, explica o hematologista André Domingues Pereira, coordenador de transplante de medula óssea do Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF). Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES), de 2020 para cá, foram realizados 529 transplantes de medula óssea; apenas 22% a partir da doação de terceiros, sendo eles aparentados ou não. A maior parte dos procedimentos na capital (412 deles) foram autólogos, condição caracterizada quando as próprias células-tronco do paciente são removidas, armazenadas e, posteriormente, infundidas. Houve aumento no número de transplantes de medula realizados na capital federal. Até agosto de 2022, foram 116 procedimentos. No mesmo período deste ano, o total de cirurgias chegou a 135 – um crescimento de 16%. Ampliação do banco de doadores é alternativa para dar mais esperanças a quem aguarda na lista por um transplante de tecido | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Hoje, o transplante de medula óssea é o segundo mais recorrente no DF, ficando atrás apenas do transplante de córnea. “O transplante, para quem vai receber, é a diferença entre curar e não curar. O alogênico é a única modalidade com possibilidade de cura para diversas doenças, em especial as leucemias”, acrescenta Pereira. Como é o transplante? A gerente de captação, registro e orientação de doadores da Fundação Hemocentro de Brasília, Kelly Barbi, afirma que, atualmente, grande parte dos procedimentos de transplante de medula ocorrem por meio de aférese. O método não prevê a necessidade de internação ou anestesia do paciente. Na aférese, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, para aumentar a produção das células-tronco no sangue. No dia do transplante, é feita a coleta do sangue e a separação das células-tronco, devolvendo os componentes que não são necessários ao receptor. “Hoje, mais de 90% dos procedimentos são realizados por aféreses. É seguro e tranquilo, e é importante que a população entenda que a doação de medula tem sido feita de uma forma menos invasiva. Assim como seu sangue, a partir da doação, seu organismo recupera, em até 15 dias, todo o montante que foi doado”, defende a servidora. Hoje, o transplante de medula óssea é o segundo mais recorrente no DF, ficando atrás apenas do transplante de córnea | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Há, ainda, a modalidade da punção, menos recorrente nos dias de hoje. O método consiste na retirada da medula do interior do osso da bacia por meio de punções. Diferentemente da aférese, este procedimento requer a internação do doador e pode trazer dor ao local da punção. Como doar A doação de medula óssea é um procedimento simples com capacidade de salvar uma vida. No DF, apenas a Fundação Hemocentro de Brasília está habilitada a realizar o cadastro dos potenciais doadores. Para isso, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em boa condição de saúde, livre de qualquer doença incapacitante ou infecciosa. Para fazer o cadastro, são necessários apenas 4 ml de sangue do doador. A amostra será encaminhada a um laboratório de referência no Paraná, que fará os exames de histocompatibilidade. O ato pode ser feito por agendamento ou na própria doação de sangue a terceiros. Na ocasião, é preciso preencher também uma ficha com dados pessoais. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Após a conclusão dessas etapas, os doadores podem consultar o cadastro no aplicativo do Redome, responsável por realizar os cruzamentos de dados entre doadores e pacientes inscritos no Rereme. Havendo compatibilidade com um receptor, o doador é chamado a retornar no Hemocentro para aprofundar os exames. Recentemente, a enfermeira Karina Rodrigues de Souza, 32 anos, foi convocada a realizar novas coletas de sangue e se animou com a possibilidade de ser compatível com algum paciente. “Eu vim porque em 2011 fiz meu cadastro no Redome e recebi uma ligação dizendo que há uma chance de compatibilidade. Fiz pela vontade de ajudar mesmo”, relata.
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Rede pública é responsável por mais da metade dos transplantes do DF
Dono do maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, o Brasil é também o segundo país que mais realiza os procedimentos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Saúde. Os números só são possíveis graças ao Sistema Único de Saúde (SUS) que, sozinho, é responsável pelo financiamento de 88% de todas as cirurgias feitas em território nacional. Maria Olindina Araújo ficou 42 dias à espera de um coração. “Pouco tempo depois, fui chamada, fiz o transplante e agora tenho uma vida nova” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília [Olho texto=”“Estudos mostram que, durante a pandemia, houve uma redução no número de doadores, principalmente por traumatismo cranioencefálico, o que pode se relacionar com a redução, ao menos nos primeiros meses da pandemia no Brasil, de pessoas nas ruas e, consequentemente, do número de alguns tipos de acidentes e traumatismos”” assinatura=”Gabriella Ribeiro Christmann, diretora da CET” esquerda_direita_centro=”direita”] No Distrito Federal, essa realidade não é diferente. Só nos últimos cinco anos, a rede pública de saúde foi responsável pela realização de mais da metade dos transplantes entre pacientes da capital. Foram 3.118 procedimentos realizados desde 2019, sendo 1.633 bancados pelo SUS – um total de 52%. Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF) e da Central Estadual de Transplantes do DF (CET-DF). Do total de cirurgias, 543 procedimentos haviam sido realizados até 25 de setembro: 213 de córnea, 135 de medula óssea, 93 de rim, 81 de fígado e 21 de coração. Trata-se de uma média, em 2023, de 60 transplantes por mês – uma média superior à dos últimos quatro anos. Esse aumento se dá em função da retomada das cirurgias no período pós-pandemia. “Estudos mostram que, durante a pandemia, houve uma redução no número de doadores, principalmente por traumatismo cranioencefálico, o que pode se relacionar com a redução, ao menos nos primeiros meses da pandemia no Brasil, de pessoas nas ruas e, consequentemente, do número de alguns tipos de acidentes e traumatismos. Além disso, no transplante de córnea, houve um período em que não se pôde captar de doadores de coração parado”, explica a diretora da CET, Gabriella Ribeiro Christmann. Atualmente, a capital está habilitada a realizar transplantes de coração, fígado, rim, córnea, medula óssea e pele. No âmbito da rede pública, quatro unidades são tidas como referência na realização dos procedimentos, entre as quais estão o Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF), o Hospital Universitário de Brasília (HUB), o Hospital de Base do DF (HBDF) e o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Esperança “Até cinco anos atrás, apenas 6% dos corações possíveis de serem aproveitados eram transplantados. Esse número já subiu para 9%”, afirma o médico Vitor Salvatore Barzilai Atualmente, há 1.260 pacientes do DF à espera de um órgão. Eles integram a lista nacional de receptores, que já contabiliza 66,2 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. As maiores demandas por transplantes são entre pessoas que precisam da doação de córneas, além de pacientes renais e hepáticos. A diretora da CET explica, porém, que o problema não está no tamanho da lista em si, mas no baixo índice de doadores. As negativas de familiares de possíveis doadores falecidos, muitas vezes por desconhecimento da importância do procedimento, também leva dificuldade a quem precisa de um novo órgão para viver. “Ainda existe a triste realidade de termos muito protocolo para poucos doadores. Na maioria dos casos, só o transplante é capaz de dar uma sobrevida aos pacientes graves”, afirma. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Paciente do ICTDF, Maria Olindina Araújo, 51 anos, viveu na pele a ansiedade de quem aguarda por um transplante. Diagnosticada com insuficiência cardíaca, ela ficou 42 dias à espera de um coração. “Descobri essa doença aos 29 anos e iniciei meu tratamento, que durou cerca de dez anos. Mas meu quadro foi piorando, fiquei muito mal e me colocaram na lista. Pouco tempo depois, fui chamada, fiz o transplante e agora tenho uma vida nova”, relata. Na unidade pública de saúde, Maria Olindina foi atendida por médicos como Vitor Salvatore Barzilai, intensivista do ICTDF, que vê na prática os desafios do transplante de órgãos no Brasil. “Apenas uma baixa porcentagem de pacientes precisará de terapias avançadas, nas quais o transplante se mostra como melhor tratamento. Mesmo assim, existe um gargalo de pessoas para tratar e, por conta de uma série de desafios, não conseguimos assistir essas pessoas”, enfatiza. “Especialmente no caso de transplante de coração: até cinco anos atrás, apenas 6% dos corações possíveis de serem aproveitados eram transplantados. Esse número já subiu para 9% e, se a gente conseguir dobrar esse percentual, consequentemente, conseguimos dobrar a quantidade de transplantes de coração realizados”, detalha o servidor.
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Fevereiro Laranja alerta para tratamento e diagnóstico precoce da leucemia
O mês de fevereiro é voltado para a campanha Fevereiro Roxo Laranja de conscientização para o tratamento e diagnóstico precoce de doenças como o lúpus, o Alzheimer, a fibromialgia e a leucemia. A cor laranja é a escolhida para simbolizar e chamar atenção para a leucemia e a importância de se tornar um doador de medula óssea. A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A medula óssea é o local de fabricação das células sanguíneas e ocupa a cavidade dos ossos, sendo popularmente conhecida por tutano. Nela, são encontradas as células que dão origem aos glóbulos brancos (leucócitos), aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas. De acordo com a Referência Técnica Distrital (RTD) de Hematologia, Marcelo Jorge Carneiro de Freitas, os sintomas em geral da leucemia estão relacionados com três manifestações: anemia, queda de imunidade e sangramentos. “A anemia é traduzida por palidez cutânea, cansaço, inapetência e indisposição para atividades do cotidiano, podendo causar também tontura, desmaios e sonolência. A queda de imunidade é vista por infecções banais que evoluem de maneira incomum, febre e calafrios, que podem rapidamente evoluir para formas graves”, explica. [Olho texto=”Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL)” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Já o sangramento é desde o surgimento de hematomas por pouco ou nenhum trauma, até sangramentos de mucosas (gengiva e nariz), ou mesmo sangramentos visíveis na urina ou fezes. Dores ósseas podem estar presentes ou o crescimento do baço e e de linfonodos. Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). Não é um tipo comum de câncer, sendo sua estimativa de incidência, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca – 2020), em torno de 2,5%, ou seja, cerca de 5.900 novos casos por ano. Esse tipo de doença aumenta sua incidência com a idade, então é mais comum em idosos que em crianças. No entanto, é o câncer mais comum das crianças até a adolescência. “Hoje, o diagnóstico da leucemia pode ser feito tanto com amostras de sangue como de medula óssea, separando-se os tipos de doença com exames de imunofenotipagem ou de biologia molecular. Atualmente, existem exames que conseguem estabelecer um padrão de doença, se mais ou menos responsiva ao tratamento, agressividade, ou se já necessita de transplante de medula num momento mais precoce”, afirma o RTD de Hematologia. A doença pode ser identificada em exames de sangue simples. No hemograma podem estar presentes a anemia (queda de hemoglobina), leucopenia ou leucocitose (diminuição ou aumento dos glóbulos brancos) ou queda das plaquetas. O exame pode também vir aparentemente normal, com a “presença” de células leucêmicas na amostra. Tratamento O tratamento sempre é a quimioterapia, que hoje está cada vez mais direcionada para os subtipos de leucemias. Radioterapia, quimioterapia intratecal ou transplante de medula óssea são outros possíveis passos nesse tratamento. Além disso, a transfusão de sangue e o uso de antibióticos são necessários durante esse tratamento específico. A depender do tipo de leucemia e da resposta subsequente ao tratamento inicial, o transplante de medula óssea é o tratamento de escolha visando a cura do paciente. Em geral é preciso um doador compatível (aparentado ou não) e boas condições clínicas para suportar tal procedimento. Marcelo explica que existem leucemias agudas e crônicas. “As agudas são uma emergência médica, podendo evoluir com muita gravidade para o doente em poucos dias. As crônicas são aquelas que evoluem em meses ou anos, com sinais e sintomas mais sutis, muitas vezes detectadas apenas com exames de sangue. As crônicas incidem quase exclusivamente em adultos, enquanto as agudas têm picos na infância e após a idade adulta”, esclarece o hematologista. Na rede pública o tratamento das formas agudas de leucemia é oferecido no Hospital de Base (HBDF), Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Hospital da Criança de Brasília (HCB). As formas crônicas em geral são manejadas ambulatorialmente. O transplante de medula é feito apenas em hospitais com equipes credenciadas pelo Ministério da Saúde. O hematologista explica que não há uma prevenção estabelecida, mas sim fatores de risco para o surgimento da doença, como fatores familiares, algumas doenças hematológicas, tratamentos quimioterápicos, radiação ionizante, algumas doenças genéticas (síndrome de Down) e alguns tipos de vírus. Cadastro para doação de medula óssea Existem hoje, no Distrito Federal, 67.508 pessoas cadastradas no Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para ser doador e se cadastrar no banco de dados é necessário ter idade entre 18 e 55 anos, boa saúde e realizar a doação de uma ampola de sangue, colhida e cadastrada no Hemocentro. [Numeralha titulo_grande=”5,3 milhões” texto=”de doadores de medula óssea estão cadastrados no Brasil” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “A partir desta amostra de sangue fazemos exames para identificar as proteínas de histocompatibilidade e o resultado vai para a ficha do doador, disponibilizada em todo o Brasil. Por isso, é importante que os candidatos à doação mantenham sempre seu cadastro atualizado, pois pode surgir um paciente compatível após mais de dez anos”, explica Alexandre Nonino, chefe da Divisão Técnica da Fundação Hemocentro de Brasília. Alexandre explica que geralmente, dá-se a preferência para doadores compatíveis da mesma família, pois a chance de haver rejeição é bem menor. No entanto, quando não há nenhum parente, a busca por um doador compatível é feita pelo banco de dados do Redome, que seleciona as pessoas 100% compatíveis ou com maior número de antígenos iguais. O doador é acionado, doa outra amostra de sangue para que sejam feitos outros exames e, por fim, vai para a terceira fase realizando o exame confirmatório entre a amostra do paciente e do doador. “Hoje, graças ao avanço da tecnologia, temos a possibilidade de realizar o transplante com pessoas que são aploidênticas, ou seja, 50% de antígenos iguais, compatíveis. Mas nesses casos, depende muito da gravidade e do estágio da leucemia”, afirma. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Segundo Alexandre, dificilmente no Brasil não será encontrado um doador de medula óssea, tendo em vista o crescimento do número de doadores cadastrados no Redome e a possibilidade de realizar o transplante em doadores aploidênticos. Vale lembrar que a coleta da medula óssea pode ser através da retirada na coluna ou através de coleta sanguínea. Para se tornar doador, basta agendar um dia para a coleta de sangue no Hemocentro. No Brasil, são 5,3 milhões de doadores cadastrados no Redome. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Demanda por sangue no DF aumenta 30%, enquanto doação em junho cai 20%
Servidora pública, Ângela percorre cerca de 110 quilômetros, três vezes por ano, para doar sangue | Foto: arquivo pessoal Marília Rabello, de 52 anos, doa sangue há 15. No início, comparecia ao Hemocentro de Brasília esporadicamente. Quando o pai teve um problema grave de saúde e precisou de uma transfusão, no entanto, seu olhar sobre a relevância da doação frequente mudou. Ao perceber quão rápida foi a reação do pai ao receber o sangue, fez um compromisso consigo mesma: comparecer ao Hemocentro de Brasília de quatro em quatro meses, religiosamente. [Olho texto=”“As doações não podem parar porque a necessidade das pessoas por sangue não para”” assinatura=”Anne Ferreira, gerente do Ciclo do Doador” esquerda_direita_centro=”direita”] O compromisso foi mantido, inclusive durante a quarentena, o que ajudou a reforçar o estoque do hemocentro nos primeiros meses de 2020. Mas o movimento de doadores, que começou bem o ano, vem caindo nos últimos dias e está 20% menor desde 1º de junho. Como agravante, a demanda por unidades de coleta de sangue aumentou cerca de 30% – provocada, principalmente, pelo número de transplantes que têm sido realizados no Distrito Federal. A média entre março e maio deste ano foi de 150 bolsas de sangue coletadas por dia, mas chegou a 120 na primeira quinzena de junho. Cuidados Gerente do Ciclo do Doador, Anne Ferreira garante que, diante da pandemia de Covid-19, todas as medidas para resguardar a segurança de profissionais e doadores têm sido tomadas pelo Hemocentro de Brasília, da desinfecção permanente a mudanças no atendimento. A principal delas é o agendamento obrigatório, providência que visa evitar aglomerações principalmente nos horários de pico. O horário de atendimento não foi alterado pela pandemia – o hemocentro abre de segunda a sábado, exceto em feriados, das 7h às 18h. “As doações não podem parar porque a necessidade das pessoas por sangue não para. Acidentes, pacientes em tratamentos de saúde, com anemia, com cirurgias marcadas, requerem os estoques de sangue dos hospitais de Brasília abastecidos”, ressalta Anne. Campanha voluntária Doadora voluntária desde os 18 anos, a servidora pública Ângela José Luiz, de 39, esteve no Hemocentro nesta semana. Saiu de Padre Bernardo (GO), onde mora, só para ir ao centro de coleta, no Plano Piloto. São cerca de 110 quilômetros de distância entre as duas cidades, uma viagem de automóvel que chega a consumir duas horas. Ângela: “Doar sangue um ato de amor, de se colocar no lugar do outro e pensar que poderia ser você” | Foto: arquivo pessoal Decidiu não faltar ao compromisso de doar sangue três vezes por ano e disse que, se percebe a redução no estoque pelo noticiário ou pelas redes sociais, começa a fazer companhas voluntárias com amigos e parentes, para que eles reforcem o abastecimento do Hemocentro. Sua consciência foi reforçada depois que um primo chegou ao Hospital de Base precisando de sangue, ocasião em que havia quase cem pacientes à espera de doação na fila. “Doar sangue não custa nada e é um ato de amor, de se colocar no lugar do outro e pensar que poderia ser você. É empatia”, resume. O Hemocentro de Brasília mantém um estoque estratégico que pode abastecer toda a rede pública do DF e hospitais conveniados, de dois a sete dias, a depender do hemocomponente (hemácia, plasma ou plaqueta), se não houver qualquer doação de sangue neste período. A plaqueta é o hemocomponente com validade mais curta, de apenas cinco dias. O monitoramento para manter os níveis seguros é feito diariamente e está disponível no site do Hemocentro. Como agendar Para fazer o agendamento individual de doação de sangue, deve-se ligar no 160 (opção 2) ou no 0800 644 0160. Este atendimento telefônico fica disponível de segunda a sexta-feira, das 7h às 21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 18h. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Já os agendamentos individual e coletivo para doação de sangue, ou mesmo o cadastro como doador de medula óssea, devem ser feitos pelos telefones (61) 3327-4447 ou (61) 3327-4413, de segunda a sábado, exceto em feriados, também das 7h às 18h. * Com informações do Hemocentro de Brasília
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Junho Laranja e Vermelho: mês dedicado ao sangue
Foto: Davidyson Damasceno / Agência Iges/DF Anemia e leucemia são doenças preocupantes e ambas têm o sangue como protagonista. Discutir o assunto, os cuidados e as informações sobre o tema é o objetivo da campanha Junho Laranja, que incentiva um diagnóstico correto e precoce dessas enfermidades e, também, Junho Vermelho, que estimula as doações de sangue. [Numeralha titulo_grande=”380″ texto=”É o número de pacientes com leucemia acompanhados no HB” esquerda_direita_centro=”direita”] No DF, o Hospital de Base (HB) é referência no tratamento das doenças onco-hematológicas, como leucemias. O Serviço de Hematologia atende cerca de 380 pessoas com os mais diversos tipos de patologia. É onde elas fazem acompanhamento médico, recebem medicamentos e eventualmente são internados. O mês é usado para chamar a atenção da doença e o Palácio do Buriti está entre os monumentos iluminados de laranja. Palácio do Buriti iluminado de laranja para a campanha Junho laranja sobre doenças hematológicas. Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta que mais 220 novos casos de leucemia sejam descobertos neste ano no DF – e 11 mil em todo o país. Referência Técnica Distrital em Hematologia da Secretaria de Saúde (SES-DF), o médico Marcelo Freitas explica que a porta de entrada para o diagnóstico são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os pronto-socorros dos hospitais. “O paciente com quadro mais grave, de leucemia, chega com um dos três principais sintomas da doença – infecção, sangramento ou anemia. Ele é referenciado a um dos hospitais regionais, onde há hematologistas para realização dos exames necessários, como de medula, biópsia ou análise de lâmina”, explica o médico. Uma vez diagnosticado ou com forte suspeita, a pessoa é encaminhada ao HB, onde são feitos exames mais complexos e inicia-se tratamento. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) também atua, com menor expressividade. A anemia, também lembrada neste mês, tem vários tipos e pode ser sintoma da leucemia, mas não é certo dizer que uma evolui para outra. Câncer na medula óssea Chefe do Serviço de Hematologia e Hemoterapia do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), Miriam Scaggion explica que a leucemia é um tipo de câncer que ocorre na medula óssea, no interior de alguns ossos, onde são produzidos os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Foto: Davidyson Damasceno / Agência Iges/DF Nessa enfermidade, há grande quantidade de glóbulos brancos doentes, ou imaturos, que ficam impossibilitados de executar sua função normal – defender o organismo. De acordo com a médica, há vários tipos de leucemias, cada tipo é considerado uma doença distinta, com tratamento e evolução diferentes. “Para que haja um diagnóstico precoce, é muito importante a realização de exames periódicos pela população”, avisa a médica. As causas da doença ainda permanecem desconhecidas, mas sabe-se que o contato com produtos químicos, cigarro, inseticidas e derivados do benzeno podem contribuir para o aparecimento da doença. [Olho texto=”Para que haja um diagnóstico precoce, é muito importante a realização de exames periódicos pela população” assinatura=”Miriam Scaggion, Chefe do Serviço de Hematologia e Hemoterapia do Iges-DF” esquerda_direita_centro=”direita”] O médico Marcelo Freitas diz que o tratamento padrão envolve quimioterapia, mas, em alguns casos, a chance de cura é o transplante de medula óssea. De acordo com o Inca, o doador ideal (irmão compatível) só é encontrado em 25% das famílias brasileiras. Quando não há parente apto, é preciso identificar um doador alternativo a partir dos registros voluntários e a chance de compatibilidade é de uma em cada 100 mil pessoas, em média. A Fundação Hemocentro de Brasília cadastra de novos doadores. Suspenso por conta da pandemia, o serviço foi retomado em oito de junho. Antes da pandemia, o Hemocentro atendia, em média, cerca de 500 voluntários por mês. Em 2019, esse índice foi de 600 pessoas cadastradas por mês como doadoras voluntárias de medula óssea. De acordo com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) do Inca, há 63.645 residentes do DF cadastrados. Em todo o Brasil, são mais de cinco milhões de pessoas registradas. Doação de sangue Junho também é vermelho, como sangue, para incentivar a doação. É um mês dedicado à conscientização da importância do ato, especialmente na pandemia do novo coronavírus. Nesta semana foi celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue (14 de junho). “A transfusão tem papel fundamental no tratamento de doenças, como algumas anemias, e é importante o incentivo especialmente nesse momento difícil”, aponta Freitas. [Olho texto=”A transfusão (de sangue) tem papel fundamental no tratamento de doenças, como algumas anemias, e é importante o incentivo” assinatura=”Marcelo Freitas, Referência Técnica Distrital em Hematologia da Secretaria de Saúde ” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Segundo a Fundação Hemocentro de Brasília, o movimento de doadores de sangue diminuiu 20% desde 1º de junho. A média entre março e maio foi de 150 bolsas coletadas por dia. No entanto, junho tem registrado queda no número de atendimentos – o índice está em 120 doações diárias até o último dia 15. Já a demanda por unidades de sangue aumentou cerca de 30% neste mês, principalmente devido a transplantes. O agendamento é obrigatório para evitar aglomerações e o horário de atendimento não foi alterado – o Hemocentro abre de segunda a sábado (exceto feriados), das 7h às 18h.
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Hospital da Criança está habilitado para transplante de medula óssea
Por meio de uma portaria publicada na edição de sexta-feira (2) do Diário Oficial da União (DODF), o Ministério da Saúde habilitou o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) a realizar transplantes de medula óssea. As projeções sinalizam que as primeiras cirurgias dessa especialidade serão feitas ainda neste ano. Segundo a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, o Hospital já almejava condições para esse tipo de procedimento – tanto que a há a previsão de dez leitos voltados especificamente ao transplante de medula óssea. Até hoje, a unidade hospitalar já acompanhou mais de 90 crianças que passaram pelo transplante e outros estados do Brasil. “Implantar o serviço de transplante de medula em um hospital pediátrico de alta complexidade é uma consequência natural”, avalia a diretora. “Nós já havíamos recebido as visitas de vistoria técnica da Central de Transplantes do Ministério da Saúde. Nos últimos três anos, estruturamos um ambulatório para avaliar as indicações de crianças que eram elegíveis para o transplante e começamos a treinar a enfermagem e os médicos aqui do hospital, que fizeram treinamento em outros centros”. Tratamento Com a decisão do Ministério da Saúde, o HCB está autorizado a realizar os transplantes autogênicos. Nessa terapêutica, células formadoras do sangue são retiradas do próprio paciente e ficam preservadas enquanto ele passa por quimioterapia de condicionamento. Ao final do tratamento quimioterápico, as células são devolvidas à criança, que permanece em ambiente apropriado até receber alta. Depois de voltar para casa, o paciente continua recebendo o acompanhamento do hospital e precisa usar medicação imunossupressora. Benefícios A habilitação para o transplante beneficia não apenas as crianças com câncer, leucemia e linfoma, tratadas pela onco-hematologia, mas também as diagnosticadas com doenças congênitas, como imunodeficiências e anemia falciforme. “O transplante é a única terapêutica para curar algumas doenças genéticas”, esclarece Isis Magalhães. “Inclusive, há uma portaria ministerial reconhecendo a anemia falciforme como uma doença passível de cura pelo transplante de medula óssea”. O HCB faz parte da rede da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) e é administrado pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe). É um hospital público, de especialidades pediátricas, voltado ao tratamento de doenças que requerem uma assistência de alta complexidade. O atendimento é feito para crianças encaminhadas pela Central de Regulação da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que as direciona ao HCB. * Com informações da SES/DF
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Transplantes de órgãos transformam vidas de 316 pacientes no DF neste ano
De um lado, dois jovens recebem a notícia da morte cerebral da mãe e precisam decidir se doam ou não os órgãos. Do outro, centenas de pessoas aguardam um “sim’ como resposta para serem transplantadas e seguir vivendo. No Distrito Federal, 901 pessoas estão nesta espera, a maioria aguardando rim (532) e córnea (314). Nos primeiros seis meses deste ano, já foram realizados 316 transplantes de rim (27), fígado (46), coração (18) e córnea (225). Para que seja possível a doação, é preciso comprovar a morte encefálica, por meio de um protocolo complexo. “São realizados três exames por médicos diferentes, com intervalo mínimo de uma hora entre eles, para avaliar se o cérebro da pessoa ainda é capaz de mantê-la viva”, explica a diretora substituta da Central Estadual de Transplantes, Joseane Gomes Fernandes Vasconcellos. “Com a confirmação de que não há atividade elétrica ou fluxo sanguíneo no cérebro, é constatada a morte encefálica”, complementa. Em caso de parada cardiorrespiratória, podem ser retiradas as córneas para transplante. “Poderia ser doado pele e osso, também, mas, no DF, não temos, ainda, condições de retirar esses outros tecidos”. Com regularidade, na capital do país são retirados coração, fígado, rins e córneas dos doadores falecidos. A legislação no Brasil determina, desde 2001, que a doação deve ser autorizada pela família do paciente. Então, é fundamental que a pessoa informe aos familiares sobre seu interesse em ser um doador de órgãos. “O familiar pode informar aos profissionais de saúde do local de internação do paciente sobre o interesse em doar os órgãos. A equipe da unidade aciona a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante para realizar a entrevista com a família, orientar todos os procedimentos e colher a assinatura para autorização”, explica. Ela esclarece, ainda, que, em caso de doação dos órgãos, o DF não transplanta aqui. Mas é possível vir uma equipe de captação de outro estado para fazer o procedimento, desde que haja logística favorável. Mesmo assim, o DF é a unidade da Federação que realiza o maior número de transplantes de coração e de fígado proporcionalmente ao número de habitantes (por milhão de população). Córnea No final do ano passado, a estudante de Farmácia Loyane Mayara, 27 anos, passou por um transplante de córneas. Portadora de ceratocone desde os 12 anos, ela esperava pelo procedimento desde janeiro de 2018. A visão já estava bastante debilitada. Receber a doação mudou completamente sua vida. “Precisei trancar a faculdade, pois as notas estavam ficando baixas e eu não conseguia pegar ônibus. Voltar a enxergar, após o transplante, me possibilitou estudar e fazer novas amizades, pois muita gente não se aproximava de mim porque achava que eu era metida por não cumprimentá-las. Mas eu apenas não as enxergava.” Loyane ficou tão agradecida que escreveu uma carta na tentativa de conhecer a família dos doadores. “Mas não tive retorno, ainda. Entendo que a perda de alguém deve ser muito triste, mas o ato deles foi muito importante. A doação de órgão devolve a dignidade a muitas pessoas que ficam debilitadas em razão de seu problema de saúde”, frisa. A estudante de Farmácia Loyane Mayara, 27 anos, passou por um transplante de córneas. Foto: Breno Esaki/Secretaria de Saúde Medula óssea No DF, são realizados os transplantes de coração, fígado, rins e córneas de doadores falecidos. Aqui, também são feitos transplantes de medula óssea, que seguem outro processo para a doação: pode ser realizado com células do próprio paciente, de doador aparentado ou de doador anônimo cadastrado no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). O procedimento é feito, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), Hospital de Base e Hospital Universitário de Brasília (HUB). “O ICDF realiza transplantes de coração, fígado, rins e córneas, além do de medula óssea. O Base e o HUB fazem transplantes de rins e córneas”, complementa Josiane. [Olho texto=”Em 2018, foram registrados 53 doadores de órgãos, além de 251 apenas de córnea. Foram feitos 302 transplantes de córnea, 55 de rim de doador falecido, dez transplantes de rim de doador vivo, 86 de fígado e 34 transplantes de coração.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Entre os beneficiados estava Gisele Lacerda das Chagas, 29 anos. Depois de três anos esperando por um rim, recebeu o órgão há dez meses. “Fiz quatro anos de diálise peritoneal. Depois de ser transplantada, o melhor é ter a liberdade de uma vida normal, sem parar para a diálise”, comemora. Fígado Segundo Joseane, no DF houve mais transplantes de fígado do que doadores. “Alguns foram captados pela equipe do DF em estados das regiões Centro-Oeste e Norte, mediados pela Central Nacional de Transplantes (CNT). E foram transplantados aqui, porque esses estados não realizam essa modalidade de procedimento”, detalha. Ela explica que isso é possível porque o tempo entre a retirada do órgão e o transplante é compatível com o tempo de voo regular de empresas aéreas. Elas transportam as equipes e os órgãos por causa um termo de cooperação firmado com o Ministério da Saúde. “Em alguns casos, a CNT viabiliza o transporte com voo da Força Aérea Brasileira”, falou. Entre os receptores de um novo fígado estava Carlos Borges da Silva. Depois de uma cirrose hepática, causada por excesso de bebida alcoólica, precisou do transplante e aguardou dois anos até que esse dia chegasse. “O tempo vai passando e a gente vai ficando cada dia mais frágil. Quando me ligaram para marcar a cirurgia, foi uma mistura de medo e expectativa. Mesmo esperando tanto por aquele momento, dá um certo medo”, relembra ele, que ainda se recupera do procedimento, realizado há dois meses. * Com informações da SES
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