Projeto Letramento Racial completa um ano levando debate e práticas antirracistas a mais de 5 mil pessoas em todo o DF
Novembro é o Mês da Consciência Negra, período dedicado à reflexão e ao fortalecimento das ações de combate ao racismo e de valorização da cultura afro-brasileira. Mas, para a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), o enfrentamento ao racismo é uma pauta permanente. Projeto Letramento Racial tem foco na abordagem às dimensões do racismo estrutural | Fotos: Divulgação/Sejus-DF Este ano, a pasta — responsável por coordenar políticas públicas de promoção da igualdade racial — tem intensificado as ações de conscientização e formação sobre o tema. Entre as iniciativas de maior alcance está o projeto Letramento Racial, desenvolvido pela Subsecretaria de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial (Subdhir), que completa um ano de existência justamente neste mês. A ação aborda o racismo estrutural em suas múltiplas dimensões — como o racismo institucional, algorítmico e o colorismo —, estimulando a reflexão e o desenvolvimento de práticas antirracistas no dia a dia. Por meio de oficinas, palestras e formações interativas, o projeto já alcançou mais de 5 mil pessoas em mais de 50 ações educativas em órgãos públicos, empresas privadas, escolas e estabelecimentos comerciais. Bons resultados O vigilante Gilvan Rocha participou do curso: “Graças a esse aprendizado, agora tenho condições de identificar atitudes racistas no meu ambiente de trabalho” O vigilante Gilvan Rocha, colaborador de um centro empresarial há mais de sete anos, define a experiência como transformadora: “Graças a esse aprendizado, agora tenho condições de identificar atitudes racistas no meu ambiente de trabalho. O tratamento com o público será de muito mais respeito e empatia.” “Por meio da educação, do diálogo e da escuta ativa, buscamos consolidar uma gestão que reconheça as desigualdades raciais e promova ações efetivas para superá-las” Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania A formação também tem sido bem-recebida por educadores da rede pública de ensino, que reconhecem a importância do tema na construção de espaços escolares mais inclusivos. “Esse curso é fundamental para ampliar nossa consciência e transformar nossa prática em sala de aula”, valoriza a professora Tatiana Brasileiro, supervisora pedagógica do CED 4. “Entender o racismo estrutural e saber como enfrentá-lo é um passo essencial para promover um ambiente mais acolhedor, respeitoso e representativo para todos os alunos.” O letramento racial começou atuando em órgãos públicos do Distrito Federal e da União, como o Senado Federal, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a Casa Civil, e logo se expandiu para escolas públicas e privadas, o sistema socioeducativo, além de espaços culturais, esportivos e empresariais. As ações envolvem profissionais das áreas de saúde, segurança, recursos humanos, conservação, alimentação e atendimento, ampliando o alcance e o impacto social da iniciativa. Escuta ativa [LEIA_TAMBEM]“O racismo ainda é uma realidade que precisa ser enfrentada com políticas públicas contínuas e comprometidas”, enfatiza a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. “Por meio da educação, do diálogo e da escuta ativa, buscamos consolidar uma gestão que reconheça as desigualdades raciais e promova ações efetivas para superá-las.” O subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, Juvenal Araújo, reforça que o projeto tem um papel essencial na construção de uma cultura de respeito e equidade: “O Letramento Racial é uma ferramenta transformadora, que provoca reflexão e conscientização. Nosso objetivo é fazer com que cada participante se torne um multiplicador do enfrentamento ao racismo, contribuindo para ambientes mais justos e inclusivos.” *Com informações da Secretaria de Justiça e Cidadania
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GDF Mais Perto do Cidadão na Estrutural celebra Mês da Consciência Negra com atrações culturais
A cidade Estrutural recebe, na sexta-feira (14) e no sábado (15), a 64ª edição do programa GDF Mais Perto do Cidadão, promovido pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF). A ação ocorrerá na Quadra 2 do Setor Norte, no campo de futebol da antiga Quadra 12, com atendimentos das 9h às 16h (no primeiro dia) e das 9h às 12h (no segundo). Com programação diversificada, a edição terá um toque especial em celebração ao Mês da Consciência Negra, com apresentações culturais afro-brasileiras de carimbó, capoeira e maculelê — dança folclórica guerreira marcada por trajes típicos, pinturas corporais e o uso de bastões para simular uma luta. As apresentações ocorrerão na manhã de sábado, levando arte, ancestralidade e valorização da cultura afro à comunidade local. Em celebração ao Mês da Consciência Negra, o GDF Mais Perto do Cidadão terá apresentações culturais afro-brasileiras de carimbó, capoeira e maculelê | Fotos: Jhonatan Viera/Sejus-DF Além da programação cultural, o evento traz uma novidade voltada ao cuidado animal: um trailer especial da Secretaria Extraordinária de Proteção Animal (Sepan-DF) estará disponível realizando inscrições para castração de cães e gatos. Serão 220 vagas ao todo, distribuídas entre os dois dias. [LEIA_TAMBEM]Na sexta, serão 120 inscrições: 60 para cadelas, 30 para cachorros, 15 para gatas e 15 para gatos. Já no sábado, o trailer atenderá mais 100 tutores, com 50 vagas para cadelas, 30 para cachorros, 10 para gatas e 10 para gatos. Além disso, haverá também um espaço para vacinação de pets, reforçando a importância da proteção e do bem-estar dos animais domésticos da Estrutural. “A cada edição, buscamos ouvir as demandas das comunidades e levar novas ações que façam a diferença na vida das pessoas. Nesta edição, além dos serviços de cidadania, estamos ampliando o cuidado com os animais e valorizando nossa cultura afro-brasileira, em um evento que celebra pertencimento e inclusão”, destacou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. Um trailer da Secretaria de Proteção Animal (Sepan-DF) estará no evento vacinando pets e realizando inscrições para castração de cães e gatos Durante os dois dias, o programa reunirá serviços gratuitos de cidadania, assistência, capacitação e bem-estar, além de oficinas, atividades culturais e ações de valorização da autoestima e da convivência comunitária. A programação inclui ainda o teatro educativo do Detran-DF, apresentações musicais com artistas locais de axé e sertanejo e o curso Nasce uma Estrela, voltado a gestantes e mães de recém-nascidos, com orientações sobre amamentação, primeiros socorros e cuidados pós-parto. A expectativa é atender cerca de 100 mulheres. Na manhã de sábado, o público também poderá participar de um aulão de jiu-jítsu promovido pelo Instituto Favela de Ouro, com inscrições gratuitas feitas no local. Casais interessados em participar da 4ª edição do Casamento Comunitário 2025 poderão se inscrever no local Outro destaque é o espaço de inscrições para o Casamento Comunitário 2025, cuja 4ª edição será realizada em 7 de dezembro, no Museu Nacional da República. Casais interessados poderão se cadastrar gratuitamente em um estande exclusivo, que contará com maquete do bolo, mostruário de vestidos e atendimento personalizado. Além das atividades especiais, o evento oferecerá os serviços tradicionais que são marca registrada do programa: atendimentos do Na Hora, emissão de documentos, apoio da Polícia Civil, espaço infantil, cortes de cabelo e maquiagem gratuitos, orientações jurídicas e sociais, atividades esportivas, oficinas e ações de saúde — tudo em um único local, para facilitar o acesso da população aos serviços públicos e promover cidadania. *Com informações da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF)
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Galeria dos Estados celebra afroempreendedorismo em ação do mês da Consciência Negra
Até o dia 22 deste mês, quem atravessar a Galeria dos Estados pelas passagens subterrâneas que conectam o Setor Comercial Sul (SCS) ao Setor Bancário Sul (SBS) poderá conferir produtos e trabalhos de afroempreendedores da capital. A iniciativa integra a programação do Governo do Distrito Federal (GDF) para o Mês da Consciência Negra e conta com a participação de oito expositoras que se revezam de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, no Espaço Cidadania Criativa. No local, estão disponíveis produtos artesanais, vestuário, calçados e artigos com temáticas afrodescendentes, além de peças não temáticas. O Espaço Cidadania Criativa, na Galeria dos Estados, foi planejado para acolher e capacitar empreendedores locais | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília Promovida pela Subsecretaria de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial (Subdhir), da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), a ação busca defender os direitos humanos, promover a igualdade racial e apoiar mulheres empreendedoras. “Essa é mais uma iniciativa da Sejus em apoio às mulheres para que cada vez mais elas estejam à frente de negócios e da economia. Desenvolvemos projetos para fomentar e divulgar o trabalho de empreendedoras afrodescendentes. É dar espaço para compartilhar experiências, desafios e histórias de superação”, afirma a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. Afroempreendedorismo e impacto social Produtos com representatividade ajudam na autoestima das crianças, diz a agente administrativa Meire Ribeiro, que comprou uma boneca de pano negra para presentear a filha A empreendedora Joice Marques, 36, é uma das participantes da ação e trouxe roupas do brechó Casa Akotirene, iniciativa que também apoia um projeto social voltado para mulheres negras em Ceilândia. “Essa é uma oportunidade para que mais pessoas conheçam nosso trabalho e apoie nossos projetos”, celebra Joice. Para ela, o espaço vai além da venda: “É importante pensarmos em como essas ações podem ter continuidade e em como podemos ocupar esses espaços de forma permanente.” Produtos expostos no Espaço Cidadania Criativa, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h Com seis anos de experiência no empreendedorismo, Joice também destaca a colaboração entre as artesãs. “Nós fazemos um revezamento ao longo da semana e vendemos produtos umas das outras, promovendo a parceria e o fortalecimento coletivo”, explica. A iniciativa chamou a atenção da agente administrativa Meire Ribeiro, 41, que trabalha próximo à Galeria dos Estados. Durante uma pausa, ela encontrou uma boneca de pano negra e decidiu presentear a filha. “Achei maravilhoso ter esse espaço aqui. Produtos com representatividade ajudam na autoestima e segurança da criança, além de apoiar o empreendedor local”, afirmou. Inclusão e representatividade O Espaço Cidadania Criativa foi especialmente decorado para o evento, com destaque para uma obra em papel machê da artista plástica Edinar Valeriano Gomes. Segundo Roze Mendes, supervisora da Galeria dos Estados, o local é pensado para acolher e capacitar os empreendedores. “O espaço é delas, e tudo aqui dentro é preparado para impulsionar as vendas. Além disso, elas aprendem a cuidar da loja e a trabalhar em equipe”, conta. Para Mendes, oferecer um ponto fixo para projetos de empreendedorismo é um passo importante para a inclusão. “O artesanato precisa de venda diária, e iniciativas como essa garantem a presença em um espaço estruturado, fortalecendo os negócios.” Consciência negra todos os dias “Estamos trabalhando no fortalecimento dos empreendedores, capacitando-os para buscar microcréditos, melhorar a qualidade dos produtos e expandir seus negócios”, afirma o subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, Juvenal Araújo “O Dia da Consciência Negra não é um dia que nós celebramos, é o dia que nós utilizamos para além de rememorar, falar da importância de nós, independente da cor da pele, lutarmos pela igualdade racial e contra o racismo e qualquer tipo de discriminação”, afirma o subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, Juvenal Araújo. Além de promover o empreendedorismo, a Sejus-DF reforça o combate ao racismo e o estímulo ao letramento racial. A programação de novembro inclui palestras em órgãos públicos e atividades como a exposição de afroempreendedores na Galeria dos Estados, Torre de TV e Anexo do Buriti. “Estamos trabalhando no fortalecimento dos empreendedores, capacitando-os para buscar microcréditos, melhorar a qualidade dos produtos e expandir seus negócios”, conclui Araújo.
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Desfile celebra o Mês da Consciência Negra
Nesta sexta-feira (24), a Câmara Legislativa do DF será palco de um desfile especial em comemoração ao Mês da Consciência Negra, a partir das 19h, com entrada franca. Na passarela do desfile Beleza Negra, 30 modelos vão desfilar apresentando trajes conceituais africanos, contemporâneos e modelos em alta-costura. Modelos apresentarão roupas de uma confecção do Senegal e de outra brasileira | Foto: Divulgação/Secec Com organização do Instituto Omni, o desfile tem peças da coleção das marcas Gi Rodrigues Store, brasileira, e Estilo África, do Senegal. O evento conta com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), além de parceiros. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Temos o compromisso de lutar por uma sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas e valorizadas”, afirmam os idealizadores do desfile, Dai Schmidt e Jorge Guerreiro. Serviço Desfile Beleza Negra ? Data: sexta-feira (24) ? Horário: 19h ? Local: Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). *Com informações da Secec
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Sabedoria Preta dá visibilidade à cultura de matriz africana no Itapoã
Mês da Consciência Negra, novembro é celebrado com várias atividades culturais no DF. Na Biblioteca Pública do Itapoã, o projeto Sabedoria Preta apresentou, nesta sexta-feira (25), uma programação com poesia, música, debates e dança. Criado em 2018, o encontro tem incentivo do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec). O grupo Pegada Black participou das atividades, com uma performance de dança inclusiva | Foto: Divulgação “O evento é uma grande oportunidade de aprender sobre as culturas de matriz africana”, afirma Cleudes Pessoa, uma das idealizadoras do projeto. “Queremos trazer para o debate o protagonismo das mulheres negras na construção de nosso país, de nossa tradição e de nossa identidade.” [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Referências da cultura candanga, como Thabata Lorena, DJ Kashu, África Tática, Martinha do Coco e Flores de São Benedito, marcaram presença nos palcos do projeto. A poesia foi conduzida por Raay, enquanto o grupo Pegada Black apresentou um número de dança inclusiva. O tema “Lugar de fala da mulher negra: Nossos saberes e artes ecoando nossa existência” norteou os bate-papos. “É um projeto com iniciativa de mulheres negras do Itapoã, agentes culturais que fortalecem esta questão de dar visibilidade às artes do povo negro”, ressalta Cleudes Pessoa. “A ideia é desconstruir o racismo estrutural que existe na nossa sociedade. A comunidade ter acesso a essas linguagens é muito importante.”
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Punição por racismo é revertida em doação de livros para escolas do DF
Novembro é o Mês da Consciência Negra. Dentro da temática da igualdade racial, que faz parte das escolas do Distrito Federal, uma iniciativa da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) chama a atenção: o valor de uma multa aplicada em virtude de uma prática racista foi convertido em doação de livros para quatro colégios públicos da capital federal. E essas obras premiaram alunos antenados no tema. Trata-se de uma parceria do governo local com o Ministério Público do Trabalho no DF (MPT-DF). A estudante Maria Eduarda Almeida atua na campanha em sua escola: “Já passei por situações de discriminação, e é muito triste ouvir de alguns que não existe racismo no Brasil” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Um estabelecimento de Águas Claras foi condenado a pagar R$ 6 mil por conta de uma campanha publicitária cuja iniciativa apresentou configuração de racismo. O montante, por decisão judicial, foi destinado a três escolas de Taguatinga e uma do Guará, desde que esses estabelecimentos trabalhassem a temática da igualdade. Nesta semana, o Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga promoveu apresentações culturais, além de sortear livros sobre a discriminação racial para alunos de 15 a 17 anos. Inspiração [Olho texto=”“Não dá mais para se dividir nos dias de hoje as pessoas pela cor da pele, e o projeto veio para reforçar essa temática racial nas escolas”” assinatura=”Diego Moreno, subsecretário de Igualdade Racial” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A aluna do terceiro ano Maria Eduarda Almeida, 17 anos, foi uma das agraciadas. Em uma banda formada por mais quatro colegas, ela interpretou uma música do repertório da cantora Iza. E levou para casa um exemplar do Pequeno manual antirracista, da escritora Djamila Ribeiro. Eduarda, que se autodeclara preta, disse que isso tudo tem a ver com ela. “Já passei por situações de discriminação, e é muito triste ouvir de alguns que não existe racismo no Brasil”, contou a estudante. “Então, pra mim, foi inspirador cantar uma música de uma artista negra, de alguém que venceu, e ainda levar um livro sobre o tema.” Kauan Oliveira, 17, atuou em uma rápida esquete teatral em companhia de Gabriela Barbosa, da mesma idade. “A gente ficou muito feliz quando a vice-diretora nos sugeriu que participássemos; é um momento de refletir sobre a igualdade racial”, pontuou o jovem. As obras literárias que não foram parar nas mãos dos estudantes vão reforçar as prateleiras da biblioteca do CEM 3. Educação fora do espaço escolar [Olho texto=”“Todos são iguais perante a lei, e ações afirmativas como a da escola contribuem para mudar as atitudes em nosso país”” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”Rafael Mondego, procurador”] O subsecretário da Igualdade Racial, Diego Moreno, acompanhou as apresentações no colégio e destacou a importância de debater o racismo: “Acreditamos que a sociedade não deve exigir de seus filhos notas altas somente dentro dos muros das escolas, mas também fora dela. É tudo uma questão de educação. Não dá mais para se dividir nos dias de hoje as pessoas pela cor da pele, e o projeto veio para reforçar essa temática racial nas escolas”. Representando o MPT-DF, o procurador Rafael Mondego lembrou que o Ministério Público está atento às práticas discriminatórias: “A ação proposta pelo MPT resultou numa indenização por dano material coletivo, e tivemos a felicidade de que o juiz fizesse esse link com a questão da discriminação racial, que foi o objeto do processo. Todos são iguais perante a lei, e ações afirmativas como a da escola contribuem para mudar as atitudes em nosso país”.
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Consciência negra se aprende na escola
Professora Bruna e a estudante Ana Clara em ensaio fotográfico | Fotos: André Amendoeira Princesas e príncipes passeavam pelos corredores da Escola Classe 4 do Paranoá neste mês de novembro. Eles saíram diretamente de histórias como a Bela Adormecida e tantos outros contos de fadas. Mas, desta vez, nenhum dos personagens tinha a representação branca costumeiramente mostrada no cinema. Os “atores” que davam vida a todos eles eram negros. Mais: eram crianças negras, alunas da escola. As unidades da rede pública usam dessa criatividade para desconstruir o imaginário infantil, em que heróis e heroínas são todos brancos. Assim, mostram a importância da representatividade, da diversidade, da luta contra a discriminação racial. Especialmente no mês de novembro, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o assunto é destacado por meio de diversas atividades nas escolas da rede pública. Maria Helena Rodrigues, 6 anos, sendo produzida para o ensaio como Moana O Projeto Olhares é uma dessas ações. Ele teve início a partir da observação do corpo pedagógico da Escola Classe 4 do Paranoá. Os professores perceberam que alguns alunos negros se sentiam inferiores e relatavam não gostar de sua aparência, além de sentirem na pele o preconceito por parte de colegas. A iniciativa surgiu para ser um contraponto a essa situação, por meio de um ensaio fotográfico que fortalecesse a autoestima das crianças, destacando as belezas e singularidades de cada raça. O projeto está na terceira edição em 2021. Neste ano, foram 200 crianças fotografadas para uma releitura de clássicos da literatura europeia e de filmes infantis famosos. “A gente viu resultado positivo até na aprendizagem das crianças após o projeto, porque se sentiram mais incluídas, ficaram mais participativas nas aulas e os colegas também acolheram superbem a ideia. O ensaio é uma ação entre as várias que temos feito ao longo do ano, trabalhando aspectos como a inteligência emocional e mostrando a importância das diferentes raças”, destaca a Denise dos Santos, vice-diretora da EC 4 do Paranoá. [Olho texto=”“Eu vejo hoje, como professora, que essas crianças precisam se sentir lindas e representadas. Na minha época de estudante, nós não tínhamos essas referências negras e isso é importante”” assinatura=”Bruna Cristina Bispo, professora da Escola Classe 4 do Paranoá” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Maria Helena Rodrigues, 6 anos, estava vestida como a guerreira Moana. “Eu amei a maquiagem, as fotos e todo esse dia. Me sinto linda e corajosa. O que gosto na Moana é de ser pretinha como ela”, conta. Bruna Cristina Bispo, professora da Escola Classe 4, também foi uma das idealizadoras do Projeto Olhares junto com a equipe. “Eu mesma passei por um processo de mudança que começou a partir da situação de uma aluna que não sentia bem. Aquilo mexeu muito comigo! Eu vejo hoje, como professora, que essas crianças precisam se sentir lindas e representadas. Na minha época de estudante, nós não tínhamos essas referências negras e isso é importante”, conta. A docente fez questão de participar do ensaio com uma de suas alunas, Ana Clara, de 6 anos, que estava vestida de princesa Bela. Ela conta que continuou se sentindo linda também depois de tirar a roupa da personagem. “Meu sentimento é de alegria. Estou realizada em ser fotografada e me ver de princesa”, afirma outra estudante, Natasha Carvalho, 8 anos. [Olho texto=”“É necessário instrumentalizar nossas crianças e adolescentes sobre a importância da representatividade, só assim teremos cidadãos fortalecidos em suas identidades, capazes de cobrar mais políticas públicas de respeito e inclusão”” assinatura=”Juvenal Araújo, subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Sejus ” esquerda_direita_centro=”direita”] As conversas nos bastidores das fotos demonstram que a escola tem conseguido fortalecer a autoestima das crianças e disseminar a importância do combate ao racismo entre os estudantes. Esta já é a segunda vez que o fotógrafo Mário Miranda participa do projeto Olhares. “É importante ver essa evolução dos estudantes. Futuramente eles podem ver essas fotos e enxergar a sua identidade refletida de alguma forma. Fazer isso no mês de novembro é importante para lembrar que o Dia da Consciência Negra é uma data que não pode ser esquecida”, destaca o fotógrafo, que desenvolve o trabalho voluntariamente. O subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), Juvenal Araújo, avalia o Projeto Olhares como um importante instrumento de valorização da autoestima para alunos negros e negras da rede de ensino do Distrito Federal. “É necessário instrumentalizar nossas crianças e adolescentes sobre a importância da representatividade, só assim teremos, em um futuro bem próximo, cidadãos fortalecidos em suas identidades, capazes de cobrar mais políticas públicas de respeito e inclusão”, ressalta. Leitura para conscientização Zenilda Vilarins Cardozo conversa com crianças da EC 3 do Gama Uma manhã descontraída de autógrafos e bate-papo com a escritora do livro Preta de Greve e as Sete Reivindicações encantou as crianças da Escola Classe 3 do Gama, no dia 16 de novembro. A autora da obra, Zenilda Vilarins Cardozo, que também é professora, fez questão de ir ao local para conversar com os estudantes no mês da Consciência Negra. O livro conta a história de Pérola Preta, a menina negra que se sente linda, feliz e representada nos ambientes cotidianos de sua convivência, até que vai para a escola e começa a enfrentar diversos desafios. Diante desse novo contexto, ela tem que tomar atitudes contra o preconceito. A professora escolheu a literatura para mostrar as possibilidades de combater o racismo de forma lúdica. “As crianças são verdadeiras aliadas e demonstram empatia com causas como essa. Apaixonaram-se pela Preta e tornaram-se suas amigas. Fizeram inclusive os caminhos da Preta buscando descobrir se a história poderia ser real, procurando a representatividade nos espaços que frequentavam e identificando situações racistas no cotidiano. Então, o projeto ultrapassou os muros da escola, o que é muito gratificante”, frisa Zenilda Vilarins Cardozo. A ideia surgiu quando a docente atuava na Escola Classe 22 do Gama e desenvolvia ações voltadas para a temática de estudo, discussões e ações sobre a violência contra a mulher. Valorização cultura afro-brasileira A Secretaria de Educação do DF já segue o ensino da história e das culturas africanas e afro-brasileiras como parte do currículo em movimento, ampliando o tema para discussão da cidadania, direitos humanos e diversidade ao longo de todo o ano. No mês de novembro, as escolas intensificam as ações sobre o tema. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] O Centro Educacional Dona América Guimarães, de Planaltina, preparou ações de espaços de debates, reflexões e práticas de valorização da herança cultural afro-brasileira. A unidade desenvolveu com os estudantes ações como confecção de telas, que reproduzem padrões geométricos e coloridos da característica da cultura africana; debates e bate-papos de conversas sobre racismo e as formas de combatê-lo; roda de capoeira; banda de AfroReggae; música e dança. A educação antirracista também é tema de ações para estudantes do ensino médio organizadas pela Coordenação Regional de Taguatinga por meio do projeto Cidade Cor. O lançamento da ação ocorreu em outubro, com show da cantora Ellen Oléria e bate-papo com os jovens. Seguiu em novembro, com apresentações musicais e debates sobre o tema. A programação do projeto engloba 34 escolas de Taguatinga que adotaram a proposta. Entre as principais ações do Cidade Cor estão o seminário de educação antirracista; a aquisição de livros com a temática para as bibliotecas; a entrega de um caderno de apoio para práticas pedagógicas; a produção de painéis com personalidades negras; o plantio de baobás; bate papos; além de concurso de seleção das práticas pedagógicas desenvolvidas pelas unidades escolares, que resultará na produção de um e-book. O dia 20 de novembro foi instituído como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data faz referência à morte de Zumbi, em 1695. Guerreiro, líder do Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco –, Zumbi dos Palmares foi combatente da escravidão na época do Brasil colônia. *Com informações das Secretarias de Educação e de Justiça
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Dando voz à periferia para promover a igualdade racial
O Dia da Favela foi lembrado em Ceilândia com conscientização e reflexão. As ações de promoção de igualdade racial, combate ao racismo, valorização da cultura e conscientização cidadã deram o tom da festividade. Realizado na Estação Cidadania CEU das Artes, na QNR 2, o evento marcou o início das comemorações do mês da Consciência Negra. Roseli Rodrigues Silva, 33 anos, curtiu a música ao vivo que vinha da quadra poliesportiva do CEU das Artes. Moradora do Sol Nascente/Pôr do Sol, separada do marido, desempregada e com quatro filhos, a dona de casa comemorou o momento de lazer | Renato Alves/Agência Brasília [Olho texto=”Celebrar o Dia da Favela significa valorizar e reconhecer as conquistas de seus moradores, que hoje comemoram sua dignidade, sua cultura e seu protagonismo” assinatura=”Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania” esquerda_direita_centro=”direita”] Na programação desta quinta (4), manifestações artísticas e esportivas. Grupos musicais, cantores e DJ’s se apresentaram durante toda a tarde para moradores de Ceilândia e da vizinha Sol Nascente/Pôr do Sol no CEU das Artes. Administrado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), o espaço é destinado à promoção de projetos sociais. “Celebrar o Dia da Favela significa valorizar e reconhecer as conquistas de seus moradores, que hoje comemoram sua dignidade, sua cultura e seu protagonismo”, destacou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani. O administrador de Ceilândia, Fernando Fernandes, enalteceu a força da população local. “Ceilândia já foi chamada de Campanha de Erradicação as Invasões e hoje é a maior cidade do DF. O que há muito tempo era considerado uma favela, virou cidade e, como diria os meninos de hoje, a favela venceu”, enfatizou Fernandes. [Olho texto=”Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os negros e pardos representam cerca de 54% da população total do país. No Distrito Federal, eles correspondem a 57% da população” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Juvenal Araújo Júnior, subsecretário dos Direitos Humanos e Igualdade Racial da Sejus, alertou que a data não é apenas dedicada à celebração. “Ao contrário. Estamos aqui para comemorar a resistência, dignidade, produção cultural e a força das comunidades que vivem na periferia”, resumiu Araújo. “A periferia é muito rica em cultura, mas falta apoio. Então, esse tipo de evento é importante para abrirmos os espaços em busca de um canal de comunicação com o poder público e para que a comunidade mostre a cara, sua autoestima e representatividade”, analisou o coordenador da Central Única das Favelas (Cufa-DF), David Rodrigues. A entidade foi uma das organizadoras do evento. Quem participou, gostou Roseli Rodrigues Silva, 33 anos, curtiu a música ao vivo que vinha da quadra poliesportiva do CEU das Artes. Moradora do Sol Nascente/Pôr do Sol, separada do marido, desempregada e com quatro filhos, a dona de casa comemorou o momento de lazer. “É diversão para adultos e crianças. A população aqui é bem carente”, disse, ao agradecer a iniciativa do governo. Maria Eloá Dias Romão, 10 anos, resumiu a ação. “Acho bem importante essa festa porque ajuda as pessoas a se valorizarem”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os negros e pardos representam cerca de 54% da população total do país. No Distrito Federal, eles correspondem a 57% da população. Uma pesquisa interna feita na secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) mostrou a representatividade dos seus servidores, com 53% de funcionários negros ou pardos. O Dia da Favela foi realizado pela Sejus em parceria com a Central Única das Favelas, Frente Favela Brasil e Coletivo Cultural Sol Nascente.
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