Inclusão em cena: Curso de Libras no teatro capacita intérpretes para atuação artística
No Teatro dos Ventos, em Águas Claras, a comunicação ganhou novos significados: intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) se reuniram para participar do curso Libras no Teatro, apoiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Com o objetivo de expandir as habilidades dos tradutores e de transformar a experiência artística em algo acessível para todos, 40 pessoas participam da capacitação de forma totalmente gratuita. A oficineira Jhafiny Lima (centro) veio de São Paulo para ministrar as aulas: “Minha missão é trazer a expressão artística para a atuação deles, no teatro, no canto ou na dança” | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília Gessilma Dias, de 50 anos, veio de Goiânia e é uma das alunas do curso. Tradutora e intérprete de Libras com 25 anos de carreira, ela vê na capacitação uma chance para aprimorar sua atuação no cenário cultural. “Eu já tenho experiência na área artística, mas ainda pecamos na formação específica. Precisamos garantir esse espaço para os surdos, porque eles têm direito de estar em qualquer lugar, e cabe a nós assegurar esse direito a eles”, pontua. “A comunicação abrangente expande o alcance da cultura. É essencial que o intérprete domine a expressão facial e corporal para transmitir emoções como tristeza, alegria e humor”, diz Amanda de Oliveira A proposta do curso é inovadora: não ensinar a língua de sinais, mas capacitar intérpretes já fluentes a atuarem no contexto das artes cênicas, envolvendo teatro, música e dança. A oficineira Jhafiny Lima, que veio de São Paulo para ministrar as aulas, explica que o foco é o intérprete incorporar as emoções levadas pelo ator ou artista. “O perfil dos alunos é variado, mas muitos nunca tiveram contato com o palco. Minha missão é trazer a expressão artística para a atuação deles, no teatro, no canto ou na dança”, diz. A aluna e intérprete surda multicultural Amanda de Oliveira, 30, reforça a importância da formação para ampliar a acessibilidade cultural. “A arte em Libras é expansiva. Surdos e ouvintes unidos criam oportunidades incríveis. A comunicação abrangente expande o alcance da cultura. É essencial que o intérprete domine a expressão facial e corporal para transmitir emoções como tristeza, alegria e humor. Isso é o que nos conecta”, afirma. Impacto na qualificação cultural O curso Libras no Teatro teve início nesta segunda-feira (6) com 40 vagas divididas em turmas nos turnos da manhã e da noite. Totalmente gratuito, ele é viabilizado pelo FAC, com um investimento de R$ 70 mil, que cobre desde o aluguel do espaço até os honorários dos professores e oficineiros surdos. A produtora cultural e responsável pelo projeto, Hosana Seiffert, lembra que o financiamento é importante para viabilizar iniciativas como essa. “Seria inviável realizar um curso gratuito com essa dinâmica sem o apoio do FAC. Essa parceria é essencial para garantir oportunidades e fomentar a inclusão cultural”, ressalta. A capacitação ocorre nas próximas duas semanas, totalizando 40 horas/aula. A formação visa não apenas a elevar o nível técnico dos intérpretes, mas também a fortalecer a presença da comunidade surda nos espaços culturais do Distrito Federal.
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Curso gratuito mostra como oferecer acessibilidade em produtos culturais
?Estão abertas as inscrições para o primeiro módulo do curso de Acessibilidade Cultural, iniciativa promovida com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF). A especialização gratuita será online e ensinará como oferecer acessibilidade em eventos, projetos e espaços culturais. Interessados podem se inscrever até 15 de fevereiro | Arte: Secec-DF O prazo de inscrições termina em 15 de fevereiro. As aulas serão ministradas entre 19 de fevereiro e 13 de março, sempre às segundas e quartas-feiras, das 19h às 21h30. O segundo módulo abordará audiodescrição e terá as inscrições abertas em 5 de fevereiro com aulas entre 5 e 28 de março. Acessibilidade ?Em ambos os módulos, a carga horária total é de 20 horas/aula, dividida em oito encontros de 2h30. A oferta é de 40 vagas, das quais 20% são destinadas a pessoas com deficiência (PcDs). Haverá interpretação em Libras e materiais com audiodescrição. Quem completar 75% da carga total receberá um certificado. O único critério de participação é ter 18 anos ou mais. [Olho texto=”“São ações que fortalecem a nossa autonomia e acesso à cultura” ” assinatura=”Fernando Rodrigues, consultor do curso” esquerda_direita_centro=”direita”] Haverá a participação de cinco convidados para abordar os principais tópicos da perspectiva da pessoa com deficiência. “Queremos mostrar as reais necessidades desse público e o que os produtores precisam fazer para tornar o evento e o espaço acessível de fato”, explica a idealizadora do projeto e facilitadora do primeiro módulo, Cássia Lemes. “Junto a isso, levamos educação para quem desejar trabalhar como consultor também”. O curso é promovido pela Maria Maria Produções. Inclusão e autonomia Fernando Rodrigues, que é deficiente visual, será um dos consultores. Ele salienta a importância de pensar projetos de forma inclusiva. “É preciso um planejamento para receber uma pessoa com deficiência do jeito certo”, aponta. “São ações que fortalecem a nossa autonomia e acesso à cultura”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Para eventos presenciais, as principais estratégias são o treinamento dos recepcionistas e demais funcionários para guiar o deficiente visual se necessário, a contratação de audiodescritores, instalação de placas em Braille e com letras ampliadas – para facilitar a leitura de pessoas com baixa visão – e o uso de piso tátil. Já eventos online deverão apostar na audiodescrição, bem como em materiais em PDF ou .txt que podem ser lidos por leitores de tela, e no uso de plataformas adaptadas ao público. ?Dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021 revelam que, à época, o Distrito Federal reunia mais de 113 mil pessoas com algum tipo de deficiência, equivalente a 3,8% da população com dois anos ou mais. Entre elas, 43,2% possuíam deficiência visual; 22,6%, múltipla; 19,8%, física; 7,2%, auditiva e 7,2%, intelectual/mental. As inscrições estão disponíveis neste site.
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