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Dia Mundial da Psoríase

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Dia Mundial da Psoríase: o desafio de cuidar da pele e das emoções

Quando as primeiras manchas começaram a surgir em sua pele, Estael Vieira, hoje com 61 anos, ainda era uma jovem de 19. Sem acesso a informações sobre o que era a psoríase, ela passou anos tentando esconder as lesões. “No começo eu sentia vergonha”, conta. “As pessoas achavam que era contagioso, e eu evitava usar roupas curtas”. Estael Vieira teve psoríase aos 19 anos, enfrentou preconceito e baixa de autoestima, mas hoje segue o tratamento sem problemas | Foto: Alberto Ruy/IgesDF  O preconceito, lembra, chegou até dentro de casa: “Meu marido tinha receio de me tocar. Precisei levá-lo a uma consulta médica para que o doutor explicasse que psoríase não pega. Hoje ele entende que é uma condição que precisa de cuidado, não de preconceito”. O Dia Mundial da Psoríase, celebrado nesta quarta-feira (29), chama atenção para a importância do diagnóstico precoce, da desmistificação da doença e do acolhimento a quem convive com ela. Segundo a National Psoriasis Foundation (EUA), assim como Estael, cerca de 125 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com essa doença inflamatória, crônica e não contagiosa, que pode ser controlada com tratamento adequado. O que é a psoríase “Muitos pacientes relatam que as lesões surgem após momentos de tensão emocional ou sobrecarga no trabalho” Danielle Aquino, dermatologista do Hospital de Base A dermatologista Danielle Aquino, do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), explica que a psoríase é uma doença autoinflamatória, resultado de uma disfunção do sistema imunológico que acelera o ciclo de renovação das células da pele. O processo gera o acúmulo dessas células, formando lesões avermelhadas e descamativas. “A pessoa já possui a carga genética, ou seja, a predisposição, e algum fator ambiental pode atuar como gatilho —  por isso ela não é contagiosa”, detalha. As placas da psoríase são geralmente secas e esbranquiçadas, podendo aparecer nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo, abdômen e lombar. Em alguns casos, a inflamação também atinge as unhas e articulações, provocando dor e rigidez, um quadro conhecido como artrite psoriásica. A propensão genética é o principal fator, mas situações de estresse, infecções, ferimentos na pele e o uso de certos medicamentos podem desencadear crises. “Muitos pacientes relatam que as lesões surgem após momentos de tensão emocional ou sobrecarga no trabalho”, observa Danielle Aquino. Impacto emocional  Mais do que uma condição dermatológica, a psoríase tem forte impacto psicológico. O psiquiatra Sérgio Cabral, do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), lembra que os gatilhos emocionais podem não apenas agravar as crises, mas também gerar um ciclo vicioso entre o sofrimento psíquico e o avanço da doença. “A psoríase me ensinou a ter paciência e amor-próprio. Quando me aceitei, a pele também melhorou” Estael Vieira “Quando a pessoa está sob estresse ou ansiedade, há liberação de substâncias como cortisol e adrenalina, que intensificam a resposta inflamatória”, aponta. “Ao mesmo tempo, as lesões visíveis provocam queda de autoestima e isolamento social, o que aumenta o estresse e pode agravar a psoríase.” Segundo o especialista, o estigma social ainda é um grande desafio: “A sociedade historicamente associou doenças de pele à exclusão, como acontecia com a hanseníase. O preconceito reforça o sofrimento dessas pessoas. É essencial que busquem apoio psicológico e sigam o tratamento médico. Não escolhemos ter uma doença, mas podemos escolher cuidar dela com responsabilidade e esperança”. Tratamento e controle [LEIA_TAMBEM]A dermatologista Danielle Aquino explica que o tratamento é individualizado e depende da gravidade das lesões. Entre os tratamentos disponíveis estão cremes e pomadas à base de corticoides ou vitamina D3; fitoterapia, com aplicação controlada de luz ultravioleta; medicamentos orais, para casos moderados ou graves; e terapias biológicas injetáveis, indicadas quando há resistência aos outros tratamentos. A hidratação diária da pele também é fundamental. “Produtos com ureia ajudam a suavizar a descamação e a aliviar a coceira”, reforça a médica. “A psoríase não tem cura, mas é possível viver bem com acompanhamento médico e controle do estresse”. O tratamento da psoríase está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), com acompanhamento especializado e fornecimento gratuito de medicamentos conforme prescrição médica. O encaminhamento pode ser feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Com acompanhamento médico e apoio emocional, é possível ter qualidade de vida e autoestima preservadas. Para Estael Vieira, que convive com a doença há 42 anos, o segredo está na aceitação: “A psoríase me ensinou a ter paciência e amor-próprio. Quando me aceitei, a pele também melhorou”.   *Com informações do IgesDF    

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Rede pública oferece tratamento para psoríase, doença não contagiosa

Nem todos sabem, mas a psoríase, uma inflamação de pele considerada crônica, não é contagiosa. Trata-se de uma doença inflamatória autoimune que forma placas avermelhadas espessas na pele, cobertas por escamas esbranquiçadas ou prateadas, podendo provocar coceira, dor e queimação. Além disso, está associada a uma série de comorbidades, como artrite psoriásica e enfermidades cardíacas. A fototerapia, oferecida no Hran e em outras unidades de saúde, é um dos tratamentos indicados para a psoríase | Foto: Breno Esaki/Arquivo Agência Saúde [Olho texto=”“Como é uma doença autoimune, é um mau funcionamento do sistema imunológico, levando o corpo a atacar os seus próprios tecidos – por isso, a psoríase não é contagiosa” ” assinatura=”Letícia Oba Galvão, coordenadora do Ambulatório de Psoríase do Hran” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Para informar a população sobre o correto tratamento e evitar o estigma social, já que muitas pessoas desconhecem a doença e podem estranhar as manchas na pele de quem é acometido, desde 2004 é promovido, em 29 de outubro, o Dia Mundial da Psoríase. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa enfermidade afeta de 2% a 3% da população mundial. “Como é uma doença autoimune, é um mau funcionamento do sistema imunológico, levando o corpo a atacar os seus próprios tecidos – por isso, a psoríase não é contagiosa”, explica a dermatologista Letícia Oba Galvão, coordenadora do Ambulatório de Psoríase do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A médica alerta que a discriminação é, de fato, um dos principais problemas no enfrentamento da doença. Preconceito Diagnosticado com psoríase aos 18 anos, o professor Tiago Nascimento de Carvalho, 47, conta que percebe os olhares de muitas pessoas para a descamação de sua pele. “Já perguntaram se é hanseníase e se pega; existe muita falta de informação”, relata. Para evitar os questionamentos, ele, durante muito tempo, usou roupas fechadas, mesmo com desconforto e dores. [Olho texto=”“Todos os pacientes do ambulatório concordam que o trabalho de dermatologia do hospital nos ajudou a conviver com a doença e a tratá-la de forma quase integral” ” assinatura=”Tiago Nascimento de Carvalho, professor” esquerda_direita_centro=”direita”] Há mais de dez anos, Tiago iniciou o tratamento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, atualmente, tem acesso gratuito a um medicamento imunobiológico por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), onde há cinco opções disponíveis. A fototerapia é um dos tratamentos indicados.  “Busquei o tratamento quando os remédios tópicos pararam de fazer efeito”, lembra. “Com o agravamento do meu quadro, comecei a usar medicações imunobiológicas, pois também tive artrite psoriásica, e tem surtido muito efeito.”  O medicamento que ele utiliza é produzido a partir da biologia celular de DNA humano e programado para modificar pontos estratégicos da resposta imunológica defeituosa que ocorre em casos de doenças autoimunes. Para Tiago, o trabalho da equipe do hospital é de ponta: “Todos os pacientes do ambulatório concordam que o trabalho de dermatologia do hospital nos ajudou a conviver com a doença e a tratá-la de forma quase integral. Eu tenho muito mais qualidade de vida”. Prevenção Atentar-se aos sinais da psoríase significa uma maior possibilidade de começar os tratamentos precocemente. Com isso, há melhores chances de resposta aos medicamentos. [Olho texto=”O estresse pode agravar o quadro, mas não é considerado uma das causas da doença” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Os quadros mais graves podem levar a comprometimentos definitivos nas articulações. Além disso, pessoas com psoríase correm o risco de ter eventos cardiovasculares – infarto e pressão alta – e síndromes metabólicas em geral, como diabetes e obesidade. O aposentado Luiz Carlos da Costa, 64, lida com a doença há 26 anos. Diagnosticado em 1997, procurou ajuda no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e fez tratamento de fototerapia com raios UVA no Hran. “Aprendi que, quando meu psicológico está afetado, ela piora”, afirma. “Tenho que controlar minha ansiedade e depressão para que o episódio melhore”. Segundo Letícia Galvão, o estresse pode agravar o quadro da psoríase ou aumentar as chances de ocorrência, mas não é uma das causas. “Pessoas estressadas costumam ter o sistema imunológico debilitado e os hormônios alterados”, esclarece. “Isso significa que nem todo mundo que está passando por um período de grande estresse terá lesões – somente quem já possui uma predisposição genética ao problema”. Onde procurar ajuda [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Pessoas com os sintomas devem procurar as unidades básicas de saúde (UBSs) para serem encaminhadas ao ambulatório de dermatologia e iniciar o tratamento. Há dermatologistas na rede pública de saúde para atender esses casos no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), além dos hospitais regionais de Taguatinga (HRT), de Brazlândia (HRBz), de Ceilândia (HRC) e de Samambaia (HRSam), o da Criança (HCB), o Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin) e a Policlínica do Guará. *Com informações da Secretaria de Saúde do DF  

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