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Escola Meninos e Meninas do Parque

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Escola no Parque da Cidade resgata dignidade de pessoas em situação de vulnerabilidade social

Antes de conhecer a Escola Meninos e Meninas do Parque, o estudante Thiago Dias, 38 anos, não imaginava que um dia iria prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Natural de Minas Gerais, ele cursou só até a 8ª série do ensino regular e está em situação de rua desde que chegou à capital federal, em 2020. Anos mais tarde, a realidade é diferente: além de ter prestado o exame pela primeira vez, Thiago concluiu os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e descobriu o sonho de ser professor de geografia. Localizada no Parque da Cidade, a Escola Meninos e Meninas do Parque atende, atualmente, cerca de 250 crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília “O que mais quero é contribuir com a escola porque sei que, sem a educação, não chegamos em lugar algum”, conta Thiago, que, junto a outros 50 estudantes, foi agraciado com o certificado de conclusão do semestre escolar. “Antes eu só ficava nas ruas vendendo balas, não fazia mais nada. Hoje passo a tarde aqui, estudando e pensando no meu futuro. Isso é muito importante para nós que não tivemos oportunidade lá atrás. E aqui na escola só temos vantagem, podemos tomar banho, tem almoço e janta, momentos para conversar, é bom demais.” Vinculada à Secretaria de Educação (SEEDF), a Escola Meninos e Meninas do Parque atende, atualmente, cerca de 250 crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, sendo a maioria do sexo masculino. A unidade fica localizada no Parque da Cidade, próximo ao Estacionamento 6, e completou 29 anos de história em abril deste ano. As matrículas podem ser feitas a qualquer momento do ano pelo telefone 3901-7780. Cidadania O estudante Thiago Dias, 38 anos, concluiu os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e sonha em ser professor de geografia O trabalho ultrapassa os limites do conhecimento formal, fortalecendo a cidadania da população em situação de rua. Os alunos têm acesso a serviços essenciais, como encaminhamentos médicos e odontológicos, auxílio na solicitação de documentação e programas sociais, entre outros. Além disso, há oferta de espaço para banho, itens de higiene pessoal, troca de roupas e duas refeições, como almoço e lanche. “Ao chegar à escola, eles não vão diretamente para a sala de aula, passam primeiro pelo banho”, explica a supervisora pedagógica Cristina Tibúrcio. “Recebem xampu, condicionador, sabonete líquido, hidratante corporal, uma toalha própria da escola e o uniforme, que são lavados todos os dias aqui mesmo. Depois, tem o almoço e só então começam as aulas. No final do dia tem a janta, para que saiam daqui alimentados, já que muitos voltam para a rua.” A professora Ana Célia Costa Braga aposta na literatura de cordel para ensinar língua portuguesa aos alunos A unidade também recebe doações de roupas, itens de higiene pessoal e outros artigos, novos ou usados (em bom estado), com o objetivo de distribuir entre os estudantes. As doações são disponibilizadas em um bazar, em que a moeda de troca é o tempo de permanência na escola. “É uma forma de incentivar a permanência em sala de aula e atender as necessidades específicas dos alunos”, frisa Tibúrcio. Além disso, o planejamento político-pedagógico considera a história de vida de cada estudante, observando as limitações e potencialidades para o processo de aprendizagem. Na aula de língua portuguesa, por exemplo, a professora Ana Célia Costa Braga aposta na literatura de cordel para abordar o conteúdo. “Trabalhamos as classes gramaticais e a questão poética, por exemplo. Construímos cordéis sobre vivências na rua, sobre o ambiente em que vivemos, como o Parque da Cidade, a diversidade, as mazelas que já viveram, e com isso desenvolvemos também a oralidade do estudante”, explica. Novos horizontes “No dia em que não venho para a aula, me sinto mal. Penso que, no lugar de estar trabalhando em troca de dose de cachaça, poderia estar estudando, aprendendo, refletindo, ocupando a mente”, diz o estudante Erivando Mário Mota, 45 anos O estudante Erivando Mário Mota, 45, também receberá o certificado de conclusão do semestre nesta sexta (13). Natural de Fortaleza (CE), ele chegou ao DF em 2022 e, devido à falta de vínculo empregatício, passou a morar nas ruas. Pouco depois, conheceu a Escola Meninos e Meninas e retomou os estudos a partir da etapa do EJA equivalente à 6ª série. Neste ano, ele e outros alunos foram campeões na fase distrital do Circuito de Ciências de Escolas Públicas do DF. “Para mim foi uma cena de sucesso, em que um morador de rua que não tem nada e aos poucos vai subindo, vai evoluindo. Quero servir de espelho para meus amigos”, celebra ele, que conta que os estudos resgataram sonhos profissionais e influenciaram a decisão de reduzir o consumo de álcool e drogas. “No dia em que não venho para a aula, me sinto mal. Penso que, no lugar de estar trabalhando em troca de dose de cachaça, poderia estar estudando, aprendendo, refletindo, ocupando a mente. Quero terminar os estudos e montar meu próprio negócio.” Erivando compartilha ainda como é a rotina no equipamento educacional: “Chego 12h15 e tenho o almoço, o banho, com toalha e sabonete, e depois a aula. Ainda tem o lanche da tarde e levar marmita, a janta também. Não tenho o que reclamar, adoro assistir aula e aqui sou muito bem tratado, graças a Deus”, comenta. “O que mais acho interessante da escola é a maneira como abraçam nós, moradores de rua. Esse certificado mostra o meu esforço.” Já a estudante Daniela Roberta Silva, 44, acredita que, mais do que um espaço de estudo, a escola é lugar de acolhimento. Ela conta que conheceu a escola em 2013, mas, devido a problemas com o ex-marido, não pôde estudar. Neste ano, teve a chance de concluir o primeiro semestre letivo e recebeu suporte dos professores e colegas de classe em momentos delicados de saúde. “Quando comecei a adoecer, já nem caminhava mais, a escola me deu suporte, me ajudou”, contou. “O apoio dos professores nos dá força para caminhar e seguir em frente, mesmo diante das dificuldades que conhecemos.” Mais informações sobre a Escola Meninos e Meninas do Parque podem ser obtidas pelo telefone (61) 3901-7780.

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Escola no Parque da Cidade atende crianças e adultos em situação de rua

Um resgate da autoestima por meio da educação humanizada, que coloca o estudante como protagonista da própria história. Esse é o pilar construído dia após dia dentro da Escola Meninos e Meninas do Parque. A unidade atua na escolarização de crianças, adolescentes, jovens e adultos que se encontram em situação de rua ou de vulnerabilidade social. A Escola Meninos e Meninas do Parque fica próximo ao Estacionamento 6: proposta é promover a reintegração escolar e a convivência comunitária | Fotos: Álvaro Henrique, Ascom/SEEDF Este ano, a Escola Meninos e Meninas do Parque atende 214 estudantes matriculados, com o apoio de 28 profissionais da área de educação que trabalham no local. De manhã, ocorrem as aulas de crianças e jovens até os 18 anos de idade. No período da tarde, a unidade recebe os adultos. Há turmas do ensino fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Quem quiser pode se matricular a qualquer momento do ano. Mais informações: 3901-7780. [Olho texto=”“Aqui eu me sinto bem e acolhido. Não sou discriminado. Foi uma boa oportunidade de voltar aos estudos, o que é essencial hoje em dia”” assinatura=”Amâncio Ferreira, 54 anos” esquerda_direita_centro=”esquerda”] A escola fica no Parque da Cidade, próximo ao Estacionamento 6, e tem a proposta de promover a reintegração escolar e a convivência comunitária. As aulas e atividades do local valorizam a estruturação do conhecimento feita de maneira coletiva. Além disso, o planejamento pedagógico considera a história de vida de cada estudante, observando as limitações e potencialidades para o processo de aprendizagem. A diretora da Escola Meninos e Meninas do Parque, Amelinha Araripe, atua no local desde 2002 e reforça a necessidade de uma educação individualizada dos estudantes. “Enxergamos que cada indivíduo é único e merece ser respeitado. A avaliação, o ritmo e o tempo de cada um são considerados. Os professores adaptam as atividades sempre que necessário. Entendemos que a escola é um espaço de pertencimento e, por isso, o acolhimento é fundamental”, destaca. A gentil recepção é notada pelos alunos. “Aqui eu me sinto bem e acolhido. Não sou discriminado. Foi uma boa oportunidade de voltar aos estudos, o que é essencial hoje em dia”, afirma Amâncio Ferreira, 54 anos, que retomou os estudos em 2020 e cursa o segundo segmento da EJA no local. Marcelo Cardoso quer terminar o ensino médio e ser psicólogo Após 20 anos, Marcelo Cardoso também retornou aos estudos. “Eu não tinha todas as documentações necessárias no início, mas a escola me recebeu superbem e resolveu essas pendências comigo. Eu sei o valor dos estudos e retomei para terminar o ensino médio e ser psicólogo no futuro”, relata Marcelo, que está no segundo segmento da EJA. Autocuidado Na Escola Meninos e Meninas do Parque, os alunos recebem kit com toalha, sabonete e camiseta para que possam tomar banho e se trocar no local todos os dias A rotina na Escola Meninos e Meninas do Parque tem algumas peculiaridades. Os estudantes recebem um kit com toalha, sabonete e camiseta para que possam tomar banho e se trocar no local todos os dias. A unidade também oferece refeições da alimentação escolar. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Após a matrícula, os estudantes são acolhidos na turma de integração. Esse momento é importante para avaliar o conhecimento de cada um, além de definir para qual turma serão encaminhados. Além das aulas, a equipe pedagógica da unidade incentiva a arte, cultura e iniciação científica por meio de projetos desenvolvidos com os estudantes ao longo do ano.

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Um novo futuro por meio da educação dos filhos e netos

A família de Maria Cruz de Oliveira luta e sonha por dias melhores, vivendo em espaço reduzido em uma ocupação na Asa Sul | Foto: Álvaro Henrique/SEE [Olho texto=”“O que eu posso fazer pelos meus filhos é dar a chance de estudar. Coloco cada um na escola desde os 4 anos para eles não viverem o que eu vivo”” assinatura=”Maria Cruz de Oliveira, líder da família” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Mulher, 45 anos, 11 filhos, 2 netos. Dona Maria Cruz de Oliveira não aprendeu a ler nem escrever, mas vê na educação dos filhos e dos netos uma chance de conquistas para a família: quer que eles tenham bons empregos no futuro. Assim, ela lidera a família inteira e estimula os filhos a serem os estudantes mais aplicados da Escola Meninos e Meninas do Parque, que fica dentro do Parque da Cidade. “O que eu posso fazer pelos meus filhos é dar a chance de estudar. Coloco cada um na escola desde os 4 anos para eles não viverem o que eu vivo”, conta. Reconstrução A crença na reconstrução da própria história por meio da educação pública do Governo do Distrito Federal move o dia a dia da família. Dona Maria perdeu a mãe aos seis anos. Até os dez, ficou sob a guarda da irmã mais velha, mas logo estava sozinha e sem perspectiva nas ruas de Brasília. “Todos os dias eu procuro passar para os meus filhos o que aprendi com minha mãe. Meu tempo com ela foi curto, mas eu me lembro bem, e é tudo que tenho. Educo para respeitarem os mais velhos, para não responder e serem gentis”, relembra. [Olho texto=”“O conhecimento é para todos, independentemente da classe social. A descoberta do mundo pela escrita e pela leitura é a concretização dos sonhos de cada um. Fortalecemos aquilo que cada um traz, principalmente os talentos”” assinatura=”Amélia Oliveira, diretora da Escola Meninos e Meninas do Parque” esquerda_direita_centro=”direita”] Com as dificuldades intensificadas pela pandemia da covid-19, a luta por oportunidades ficou ainda mais latente. “Nesta pandemia, nossa dificuldade de sustento familiar aumentou. Além do material impresso para as aulas das crianças, ajudam com roupa e mantimento. A escola que está sendo mãe e pai dos meus filhos”, conta dona Maria. Como diz a diretora da escola Meninos e Meninas do Parque, Amélia Oliveira, “nossos alunos sabem que, por meio da educação, uma pessoa pode reescrever sua história de vida. A educação possibilita ir atrás dos sonhos”. Seguindo as palavras de Amélia e com todo apoio da mãe, Shirley, a filha de 16 anos de dona Maria, desenha o sonho profissional na procura de melhores oportunidades. A adolescente sonha em ser veterinária e assume a tarefa de auxiliar os irmãos mais novos nas atividades escolares. “Eu gosto do conteúdo da escola e quero aprender várias coisas para colocar no meu currículo. A matéria que tenho mais facilidade é Português, e a que acho mais difícil é Inglês”, acrescenta. Escola também é casa É com o apoio da escola que dona Maria e os filhos recebem produtos de higiene, comida e a esperança de dias melhores. “Ela se dedica para que os filhos possam realizar todas as atividades, admiramos a felicidade nos olhos dela com a conquista de cada criança”, conta a diretora, que também é pedagoga e especialista em Direitos Humanos. Amélia descreve dona Maria como o exemplo e a imagem da mãe que se esforça o tempo todo para manter os filhos na escola. “A gente acredita que é, por meio do estudo, que cada aluno vai rever sua história e autossuperar-se. Acreditamos em uma educação humanizada, emancipatória e feliz”, argumenta. Segundo Amélia, é na escola que estudantes e familiares tem a chance de se reconhecer em um lugar de pertencimento. Assim, a professora das filhas de dona Maria, Viviane Araújo, acrescenta: “As famílias se sentem acolhidas pela escola. Por isso, a aproximação maior neste tempo de pandemia, pois a escola tenta auxiliar em todas as demandas apresentadas por elas, buscando solucionar, sempre que possível, o que está ao alcance”. Mesmo com atividades remotas e conteúdos impressos, é a escola que leva acolhimento até os estudantes. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Viviane é professora das jovens há pouco mais de um ano. Descreve a família com amor: “Meninas de poucas palavras e muitos sonhos. Apesar das poucas conversas, pude perceber o brilho no olhar a cada fala. Observei que a dona Maria, bem como as outras mulheres que ela gerou, vivem a luta cotidiana de manter a sua família unida, buscando um futuro melhor por meio da educação. Mesmo com pouco conhecimento, sempre se esforçam para ajudar nas atividades das crianças”. Professora e diretora da Escola Meninos e Meninas do Parque defendem um ambiente pedagógico que nutre corpo e alma: “O conhecimento é para todos, independentemente da classe social. A descoberta do mundo pela escrita e pela leitura é a concretização dos sonhos de cada um. Fortalecemos aquilo que cada um traz, principalmente os talentos”. *Com informações da Secretaria de Educação

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