Produtores rurais participam de oficina gratuita de produção de queijos
Sempre na mesa, acompanhado por um cafezinho ou uma goiabada, o queijo é um dos alimentos mais presentes no paladar brasileiro. Minas, frescal, meia cura, ricota… Seja qual for o tipo, o laticínio não apenas faz parte de uma alimentação balanceada como também já movimentou mais de R$ 26 milhões na economia do Distrito Federal em 2023, ano em que os produtores rurais fabricaram cerca de 918 toneladas da iguaria. Oficina sobre produção de queijos reuniu 17 produtores rurais no Paranoá | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília Com o crescimento da produção de queijos na capital federal, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) promoveu uma oficina prática sobre o assunto no Rancho União, localizado na comunidade de Sobradinho dos Melos, no Paranoá. O curso foi realizado na terça-feira (30), reunindo 17 produtores rurais assistidos pela entidade. Além de queijos básicos, os participantes também aprenderam a fazer iogurte, requeijão cremoso e ricota. “A intenção é ensinar a produzir de uma maneira correta os queijos que os produtores já fazem na propriedade deles. Foi abordado o processo desde o início, com o leite chegando aqui, passando pela pasteurização, os cuidados com a higiene pessoal, do local e dos equipamentos, as boas práticas na produção do leite e a ordenha, até a manutenção da saúde dos animais”, explicou o instrutor do curso, Flávio Bonesso Pinheiro. Curso abordou todos os passos da produção de queijos, desde a ordenha do leite até a chegada do produto ao consumidor Ele recordou que, no último mês, três queijarias do DF foram premiadas na terceira edição do Mundial do Queijo do Brasil, que aconteceu em São Paulo entre os dias 11 e 14 de abril. “Isso é muito gratificante, porque são pessoas que a gente vem acompanhando desde o início e, agora, estão sendo premiadas internacionalmente”, acentuou. A produtora rural Sâmia Braga da Silva, 25, é da região de Fazenda Velha, que fica em Sobradinho dos Melos. Há dois meses, ela iniciou a produção de queijo em família; após algumas visitas da Emater, soube do curso e demonstrou interesse, sendo uma das participantes da primeira edição feita no Paranoá. A produtora Sâmia Braga aprovou a iniciativa: “Foi essencial participar dessa oficina, porque eu não sabia de nada” “Na área rural, as pessoas querem mais renda e, às vezes, não sabem muito no que investir. É uma oportunidade muito grande ter esse curso gratuito”, declarou a produtora. “A gente começou agora na área da produção de queijo, com poucas vacas e pouco leite. Então, foi essencial participar dessa oficina, porque eu não sabia de nada. Aprendemos sobre higienização e cuidados que a gente tem que ter desde o manuseio para tirar o leite lá no curral até o queijo chegar ao nosso consumidor final”, acrescentou. Proximidade De acordo com o extensionista rural da Emater, Ivan Marques de Castro, o curso foi uma demanda do escritório do Paranoá, idealizado pela dificuldade na locomoção dos produtores até a sede da Emater, na Asa Norte, onde o curso normalmente é realizado duas vezes por ano. O extensionista Ivan Marques de Castro afirmou que o curso vai “garantir mais renda, para que permaneçam na atividade com mais satisfação” “A gente estava conseguindo levar dois ou três produtores apenas. Aqui tem mais espaço e é mais perto deles, mais fácil para virem. Conseguimos atingir nosso objetivo, que é passar a tecnologia para essas pessoas, fazendo com que elas comecem a despertar esse olhar para a produção de queijo, fazendo de maneira correta, que possa vender, com mais segurança nutricional e qualidade. Isso vai garantir mais renda, para que permaneçam na atividade com mais satisfação”, pontuou Ivan. O extensionista acrescenta que a capacitação também é uma forma de motivação para aqueles que já trabalham com produção de queijos, como é o caso do produtor rural Denival Marçal Pires, 44, que mora no Núcleo Rural Capão da Onça. Há mais de 20 anos na área, ele conta que desde pequeno via seu pai fazendo os queijos e manteve o negócio na família. Atualmente, ele vende cerca de 11 queijos por dia, chegando a faturar de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês. Além de queijos básicos, os participantes da oficina também aprenderam a fazer iogurte, requeijão cremoso e ricota “O leite sempre auxilia na renda. A gente sempre trabalhou com queijo cru, mas aqui no curso a gente está profissionalizando com o leite pasteurizado, que tem menos bactérias; então, vamos aprimorando as coisas. O curso é muito importante para a comunidade rural, para a gente ter um melhor produto”, observou. Para o gerente do Rancho da União, Donizete Aparecido da Costa, 50, o curso traz retornos para outras áreas. “A gente tem se beneficiado tanto na veterinária quanto na parte da agronomia, porque a oficina esclarece muitas dúvidas e traz outros parceiros que fazem a gente alavancar”, afirmou. Ele reforça que a aproximação da comunidade é o principal benefício. “Estamos conhecendo várias pessoas hoje, que são daqui de perto e têm os mesmos interesses que nós”. Diferencial No dia 25 de abril, o Distrito Federal ganhou a Rota do Queijo. A iniciativa reúne oito precursores na produção de laticínios e criação de ovelhas e cabras, que contam com projetos formalizados e estão preparados para receber visitas turísticas. São eles: Queijaria Rancharia, Sítio Vale das Cabras, Cabríssima, Queijaria Walkyria, Ateliê do Queijo, Malunga, Kero Mais e Ercoara. “Funciona fazendo uma integração entre turismo e produção, agregando essas duas vertentes da economia. O público tem essa curiosidade de saber quais são os passos da produção do queijo e, nessa rota, as pessoas podem vivenciar um pouco disso. A intenção é melhorar cada vez mais, juntando mais produtores”, comentou o instrutor Flávio. Além disso, a Emater também tem sua própria receita de queijo, que é o Queijo Candango. “É um queijo que nós estamos registrando a patente dele para colocar no mercado, é um queijo muito saboroso. Não é porque é da Emater não, mas é um queijo muito bom, eu gosto muito de produzir ele, é um queijo considerado meia cura, de um sabor que só comendo mesmo para entender como é”, acrescentou Flávio, lembrando que os produtores poderão aprender a fazê-lo, após patenteado, no curso de queijos especiais, programado para agosto deste ano.
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Queijeiros do DF são premiados em concurso internacional
Queijeiros atendidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) foram premiados na terceira edição do Mundial do Queijo do Brasil, em São Paulo, entre os dias 11 e 14 de abril. Giovana Navarro, da Cabríssima Queijaria Artesanal, ganhou o ouro com o Queijo Brasília, e Ana Zélia Poubel levou o bronze com o Queijo Raclete. O evento é promovido a cada dois anos pela SerTãoBras, associação de produtores de queijos artesanais que conta com cerca de 250 associados oriundos da agricultura familiar de 17 unidades da Federação. O concurso conta, ainda, com a parceria da Guilde Internationale des Fromagers, uma das maiores associações de queijeiros do mundo, presente em mais de 40 países. Um dos principais objetivos do Mundial do Queijo do Brasil é dar visibilidade e valorizar os queijos produzidos por profissionais brasileiros. Dos produtores premiados no Mundial do Queijo do Brasil, três estão na Rota do Queijo do DF e Entorno | Foto: Divulgação/ Emater-DF O grande vencedor do mundial foi o queijo Morro Azul, produzido pelo Laticínios Pomerode, de Santa Catarina. O concurso também premiou 598 queijos e produtos lácteos com diferentes medalhas. Foram 99 medalhas do prêmio máximo do super ouro, 149 de ouro, 150 de prata e 200 de bronze. Ao todo, 1.900 produtos foram avaliados por 300 jurados. “O Mundial do Queijo consegue projetar os queijos produzidos aqui para os outros estados e países. Considerando a Rota do Queijos do DF, a premiação desses produtos tem muita importância, pois começamos a falar de queijos que são reconhecidos por profissionais que entendem do assunto – muitos deles são jurados na França. Então, você acaba trazendo um reconhecimento para a rota de que a gente não tem só bons queijos, a gente tem os melhores queijos do Brasil. A gente já inicia uma rota com queijos premiados”, afirma Fernanda Lima, extensionista rural da Emater-DF, lembrando a recém-lançada Rota do Queijo do Distrito Federal e Entorno. Rota do Queijo A equipe da Cabríssima comemorou o ouro conquistado com o Queijo Brasília Dos produtores premiados no Mundial do Queijo do Brasil, três estão na Rota do Queijo. Além de Giovana Navarro, proprietária da Cabríssima Queijaria Artesanal, e Ana Zélia Poubel, proprietária do Sítio Vila das Cabras, o produtor Erbert Araújo, proprietário da Queijaria Ercoara, localizada no Entorno, foi premiado com a medalha de ouro com o Yogurte Ercoara, e levou a medalha de bronze com o doce de leite e com o queijo meia cura Lobeira. A propriedade é especialista em produtos feitos com leite de ovelha. “Nós dividimos essa alegria com a Emater-DF porque a empresa vem fazendo parte da nossa história também. O DF foi contemplado não só por meio da Cabríssima, mas por meio também da Vila das Cabras e da Ercoara, o que mostra que temos um caminho próspero a seguir. Nós estamos só plantando a sementinha, começando um trabalho onde teremos resultados, eu acredito, muito bons. O DF poderá conseguir fazer o seu nome no mundo dos queijos e, com a rota que nós estamos criando, isso vai ser fortalecido”, avaliou Giovana. Ana Zélia Poubel: “Ser recompensada com uma medalha de bronze num concurso mundial de queijo, onde pessoas que não te conhecem, que não conhecem seus queijos, provaram e aprovaram, muda a vida de um produtor” Ana Zélia conta que quando começou na produção de queijos, em 2016, fez cursos na Emater-DF e no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e depois buscou mais conhecimento por meio de pesquisas, testando fermentos e sabores até chegar a um queijo de boa qualidade. “Ser recompensada com uma medalha de bronze num concurso mundial de queijo, onde pessoas que não te conhecem, que não conhecem seus queijos, provaram e aprovaram, muda a vida de um produtor. As pessoas te procuram para conhecer a propriedade, o queijo, e isso é muito gratificante, além de aumentar muito as vendas”, disse. A Rota do Queijo do DF e Entorno terá a participação inicial de oito empreendimentos: Queijaria Rancharia, Sítio Vale das Cabras, Cabríssima, Queijaria Walkyria , Ateliê do Queijo, Malunga e Kero Mais, dentro do DF, e Ercoara, no Entorno. Além desses, há mais oito queijarias que serão agregadas à medida que forem sendo registradas na Divisão de Vegetais e Animais (Dipova) da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF). *Com informações da Emater-DF
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