Febre maculosa: tudo que você precisa saber sobre a doença no DF
O tempo seco e quente no Distrito Federal é um aviso para tomar cuidado com a febre maculosa — doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato-estrela. É na estiagem que aumenta a reprodução e proliferação desses aracnídeos, que podem estar infectados com a doença. O tema ganhou visibilidade após a Secretaria de Saúde (SES-DF) confirmar dois pacientes do DF detectados com a febre maculosa. Monitoramento das capivaras no Lago Paranoá identificou que maior parte dos carrapatos não vem diretamente delas | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Até o momento, no DF, este ano, houve notificação de 59 casos – 40 descartados, 17 em investigação e dois confirmados. Esses são os primeiros registros desde o início do monitoramento da doença em 2007. Embora os órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) façam o acompanhamento constante dos animais considerados hospedeiros da doença, é importante que a população saiba reconhecer os sintomas para o tratamento precoce. Segundo a SES-DF, os possíveis pontos onde houve a contaminação da doença passarão por uma inspeção. “Faremos a coleta de carrapatos nos locais prováveis de contágio para identificar qual a bactéria que causou a doença e fechar o ciclo de investigação”, detalha o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos. Artes: Fábio Nascimento/Agência Brasília Prevenção Não há vacina para prevenir a contaminação de febre maculosa. Todavia, existem cuidados que podem diminuir a ocorrência de carrapatos em um ambiente. A maneira mais eficaz de controlar a presença desses aracnídeos é manter a vegetação aparada, principalmente em períodos de altas temperaturas e umidade baixa — já que o carrapato depende de boas condições para sobreviver, e, com a roçagem, este ciclo é interrompido em até 99% dos casos. “Evite andar na grama, priorize lugares com calçadas” Luísa Helena Rocha, veterinária da Sema-DF A principal medida para combater a contaminação é evitar transitar em locais propícios à presença de carrapatos, como ambientes próximos a corpos d’água (rios e lagos, por exemplo). Esses locais costumam ser visitados por vários outros animais, o que pode favorecer a disseminação de carrapatos na vegetação. Recomenda-se andar em calçadas ou em locais asfaltados. Ao frequentar parques, o visitante deve tomar alguns cuidados para se prevenir. “Evite andar na grama, priorize lugares com calçadas”, recomenda a veterinária Luísa Helena Rocha, chefe da Assessoria de Biodiversidade e Proteção Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF). “Use roupas longas de proteção. A cada duas horas é importante verificar se não pegou nenhum carrapato. É importante manter sempre em dia os cuidados com os animais domésticos, vigiando e fazendo o controle contra esses aracnídeos”. Sintomas Para levantar a suspeita de febre maculosa, o paciente deve apresentar febre, dor de cabeça e manchas pelo corpo. Esses sintomas aparecem somente após o período de incubação da doença, que pode levar até 14 dias. Para o reforço da suspeita de contaminação, os sintomas precisam estar associados a algum contexto em que o paciente tenha tido contato com carrapatos. A partir da notificação de um caso suspeito na unidade pública de saúde, a vigilância epidemiológica instaura um inquérito ambiental, em que se verifica os possíveis locais onde essa pessoa esteve e se a doença foi contraída no DF ou em outro estado. Tratamento “Assim que o médico suspeita de febre maculosa, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, porque é isso que vai definir uma evolução de melhora, evitando complicações” Fabiano dos Anjos, subsecretário de Vigilância à Saúde Se apresentar os sintomas aliados ao histórico de contato com carrapato, o paciente deve procurar, o mais rápido possível, qualquer unidade básica de saúde (UBS) da rede. A suspeita de que esteja com febre maculosa já permite que o médico inicie o tratamento com antibiótico antes mesmo da confirmação, tendo em vista as chances de cura no estágio precoce da contaminação. “Assim que o médico suspeita de febre maculosa, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, porque é isso que vai definir uma evolução de melhora, evitando complicações”, reforça o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos. “A simples suspeição já permite que se comece com o antibiótico, mesmo sem o diagnóstico confirmado.” O critério de confirmação da febre maculosa é específico: deve-se fazer o exame de sorologia em dois momentos, um imediatamente à suspeição clínica e outro a partir de 15 dias. Os resultados dos dois exames são comparados, e, se houver aumento na titulação das células de defesa, confirma-se a infecção. O profissional que suspeitar de febre maculosa em algum paciente deve notificar as autoridades de saúde em até 24 horas. Pesquisa científica O GDF deu mais um passo nas ações que visam ao Estudo de Monitoramento e Proposta de Manejo de Capivaras e Carrapatos no Lago Paranoá. A organização da sociedade civil (OSC) responsável por dar andamento à pesquisa já foi selecionada. O trabalho será desenvolvido em três anos, ao custo total de R$ 1,5 milhão. No último ano, a Sema-DF coordenou a mesma pesquisa. Os resultados obtidos após 15 meses de análises geraram dados suficientes para estimar o número de capivaras presentes na orla, identificar os pontos de maior concentração dos animais, entender os mecanismos de reação com aproximação dos seres humanos e diagnosticar as espécies de carrapatos. “No último estudo, identificamos que não existe uma superpopulação de capivaras no DF e que apenas 25% do lago é ocupado por elas”, afirma o biólogo Thiago Silvestre, do Instituto Brasília Ambiental. “Além disso, a pesquisa mostrou que o local onde houve maior abundância de carrapatos em uma coleta foi em um ponto onde nenhuma capivara foi avistada, na Estação de Tratamento de Esgoto Norte, o que significa que talvez existam outros hospedeiros.” Agora as pesquisas terão continuidade para além do Lago Paranoá. Além de cavalos e cachorros, os animais que vivem em regiões fronteiriças com o DF também serão alvos dos pesquisadores. O grupo também fará um estudo da viabilidade genética para inferir sobre a proporção da variação genética devida às diferenças entre grupos e dentro de cada grupo de capivara, bem como verificar as relações de parentesco entre indivíduos. “Um dos principais focos desse segundo estudo é ver se as capivaras analisadas infectadas portam a febre maculosa grave ou mais branda”, ressalta Thiago Silvestre.
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Na diversão ao ar livre, confira quatro dicas para não voltar para casa com carrapatos
O período de estiagem chegou ao Distrito Federal (DF), e a baixa umidade aliada ao clima desértico (frio no início da manhã e à noite e calor durante o dia) cria condições perfeitas para o ciclo reprodutivo dos carrapatos. Por isso, algumas recomendações precisam ser levadas em consideração por quem quer evitar ser alvo do aracnídeo parasita ao visitar parques, zoológicos ou qualquer área de vegetação natural preservada. Capivaras e outros animais de vida livre que costumam entrar no zoo podem levar carrapatos para o local | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Por fazer divisa com uma área de preservação ambiental, o Zoológico de Brasília é procurado por diversos animais de vida livre, como macacos-prego e capivaras, o que facilita a entrada de carrapatos no parque. Por isso, as ações preventivas contra os parasitas ocorrem durante o ano todo, como dedetização em todo o local. Os animais assistidos pela instituição também tomam remédios para evitar infestações. Ações contra esses parasitas são executadas durante todo o ano, mas é sempre bom se prevenir para evitar contato | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde “Nosso objetivo é proporcionar um ambiente seguro e agradável para todos que visitam o zoológico, por isso adotamos uma série de medidas preventivas contra os carrapatos, especialmente no período de seca”, afirma o diretor-presidente do Zoológico de Brasília, Wallison Couto. Raios solares O controle desses ectoparasitas ocorre também por meio da capina mecânica, que evita touceiras de grama e aumenta a exposição direta a raios solares, normalmente fatal para os carrapatos. Como no período reprodutivo – a seca – aumenta a quantidade de carrapatos no zoo, a recomendação é que visitantes também fiquem atentos para que o passeio ocorra sem intercorrências. Confira, abaixo, os cuidados que devem ser tomados ao se visitar qualquer parque que contenha área de vegetação natural preservada. ⇒ Ande pelas calçadas. Os carrapatos ficam na grama, portanto, use os passeios asfaltados ou cimentados para se deslocar dentro dos parques ⇒ Não faça piqueniques na grama. Você pode se reunir com amigos e familiares nas mesas apropriadas espalhadas por todo o Zoológico de Brasília e nos parques do Distrito Federal ⇒ Vista-se com roupas adequadas. Para ficar menos exposto e evitar riscos, é recomendado utilizar blusas de manga longa e calças compridas, além de sapatos fechados. Roupas brancas podem ser uma boa alternativa, já que facilitam encontrar um eventual carrapato que esteja em você ⇒ Passe repelente por todo o corpo e também nas crianças.
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Projeto de monitoramento das capivaras é tema de consulta pública
Uma consulta pública presencial marcada para o dia 17, às 14h, no auditório do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), abordará um tema de interesse geral: o monitoramento das capivaras na orla do Lago Paranoá. A participação é aberta. O encontro apresenta uma oportunidade para os interessados debaterem com a autarquia questões relevantes relacionadas ao projeto de manejo e controle de capivaras e carrapatos a ser elaborado pelo Instituto Brasília Ambiental, abordando os aspectos técnicos envolvidos e possíveis temáticas a serem abordadas. O Brasília Ambiental, por sua vez, convida pesquisadores e representantes de organizações da sociedade civil (OSCs) a participar do processo de construção de um edital de chamamento público sobre o tema. As sugestões podem ser encaminhadas ao e-mail fauna@ibram.df.gov.br até o dia 30 deste mês. *Com informações do Brasília Ambiental
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GDF cria comissão para investigação e monitoramento de capivaras
Parceria entre o Instituto Brasília Ambiental, a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema) e a Secretaria de Saúde (SES-DF) criou uma comissão específica para dar continuidade ao estudo sobre a população de capivaras no Distrito Federal. A Portaria Conjunta n° 7, de 8 de dezembro de 2023, foi publicada na quarta-feira (14), no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Quantitativo de capivaras do Lago Paranoá, segundo estudos, não configura uma superpopulação | Foto: Arquivo/Agência Brasília Segundo a Gerência de Fauna (Gefau) do Brasília Ambiental, mesmo com os avanços sobre o tema com um estudo recente coordenado pela Sema, há uma necessidade contínua de investigação e de monitoramento do fluxo dos animais no ambiente, da presença da bactéria da febre maculosa em outras espécies e das populações, para averiguar se há aumento desses casos. Desta forma, a comissão vai elaborar um edital de chamamento público para que organizações da sociedade civil (OSCs) possam dar continuidade ao estudo com esse novo enfoque. Ocupação da orla [Olho texto=”“Estamos comprometidos em garantir o equilíbrio entre a preservação da fauna local e a segurança da população” ” assinatura=”Rôney Nemer, presidente do Brasília Ambiental” esquerda_direita_centro=”direita”] Segundo dados divulgados no último estudo, não há uma superpopulação de capivaras na orla do Lago Paranoá. O número de pontos com a presença delas variou ao longo das campanhas, mas demonstrou que a ocupação está, na maioria dos meses, restrita a cerca de 25% dos pontos da orla do lago. As análises realizadas no estudo mostraram uma relação fraca entre a abundância de carrapatos e o local frequentado pelas capivaras na orla do Lago Paranoá. Nas análises moleculares em amostras de carrapatos coletadas ao longo da orla, não foram detectadas bactérias transmissoras da febre maculosa brasileira (Rickettsia rickettsii). No entanto, foram identificadas bactérias não patogênicas, das espécies Rickettsia bellii e Rickettsia parkeri. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Para o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, o estudo de monitoramento na orla do Lago Paranoá foi uma etapa crucial para entender as dinâmicas ecológicas e a interação entre as capivaras, carrapatos-estrela e o ambiente. “A participação de diferentes órgãos nesse processo fortalece o enfoque integrado que buscamos executar, visando à preservação da biodiversidade e a promoção de ações sustentáveis”, afirma o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer. “Estamos comprometidos em garantir o equilíbrio entre a preservação da fauna local e a segurança da população. A criação dessa comissão reflete nosso empenho em adotar medidas eficazes para o manejo responsável das capivaras na orla do Lago Paranoá.” Convivência pacífica O gerente de Fauna em exercício do Brasília Ambiental, Thiago Silvestre, acredita que as capivaras podem estar funcionando como uma barreira à entrada da febre maculosa brasileira no DF, principalmente na orla. “Nesse contexto, a continuidade do estudo capitaneado pela Sema é fundamental para testar essa hipótese e desmistificar o papel de vilão por vezes atribuído a esses animais”, defende. “Podemos estar diante de um ecossistema equilibrado no qual o manejo [retirada] não seja a melhor opção, mas sim uma convivência pacífica e de respeito a esses animais que funcionam como reguladores e protetores do ambiente”. Confira o estudo da Sema sobre as capivaras na orla do Lago Paranoá. Veja a publicação sobre a recém-criada parceria ambiental. *Com informações do Brasília Ambiental
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