Inserção de DIU aumenta 38,7% após procedimento ser realizado por enfermeiros da rede pública
Facilitar o acesso a métodos contraceptivos a mulheres, especialmente aquelas em situações mais vulneráveis, é um dos objetivos que norteiam as políticas públicas da rede pública de saúde. Nas unidades básicas de saúde (UBSs), as mulheres contam com pílulas anticoncepcionais, preservativos, aplicação de injeções e o procedimento cirúrgico de esterilização permanente, a laqueadura. Michele Vasconcelos (D): “O remédio todo dia não estava fazendo bem para o meu corpo. O DIU é mais seguro e cômodo, sem contar que não senti dor nenhuma”| Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Antes da portaria, precisávamos fazer a regulação da paciente, e isso demorava muito. Agora, as mulheres chegam aqui com a demanda e em uma semana nós conseguimos agendar e fazer a inserção” Rosilda Neves, enfermeira da UBS 2 de Santa Maria Também há disponível, para o público feminino, o dispositivo intrauterino (DIU). O procedimento, antes realizado exclusivamente por médicos da rede, passou a ser autorizado para enfermeiros. Desde que a Portaria nº 422 entrou em vigência, em outubro do ano passado, o número de mulheres beneficiadas com a inserção de DIU aumentou em 38,7%. Em 2022, quando a inserção de DIU era feita apenas por médicos, foram registrados 3.742 procedimentos. Em 2023, quando profissionais da enfermagem passaram a ser autorizados para a prática, o número subiu para 5.190. “Desde que nós fomos autorizadas a fazer o procedimento, a fila de espera praticamente zerou”, reforçou a enfermeira Rosilda Neves, da UBS 2 de Santa Maria. “Antes da portaria, precisávamos fazer a regulação da paciente, e isso demorava muito. Nesse intervalo de tempo, elas acabavam engravidando. Agora, as mulheres chegam aqui com a demanda e em uma semana nós conseguimos agendar e fazer a inserção.” Os enfermeiros e médicos que inserem o dispositivo precisam passar por uma capacitação, conforme recomenda uma nota técnica do Ministério da Saúde. Para isso, foi firmada uma parceria com a Associação Brasileira de Enfermagem. “O nosso objetivo é aumentar o acesso das mulheres a esse método contraceptivo, porque são pacientes mais vulneráveis” Fabiana Fonseca, médica de família e comunidade da UBS 2 de Santa Maria “O que diferencia é o treinamento e não o curso de formação”, pontuou a médica de família e comunidade Fabiana Fonseca, também da UBS 2 de Santa Maria. “Se o profissional está bem-capacitado, ele está apto a fazer a inserção do DIU. O nosso objetivo é aumentar o acesso das mulheres a esse método contraceptivo, porque são pacientes mais vulneráveis.” Benefícios Uma das principais vantagens do DIU é que a mulher não precisa ativar diariamente o método contraceptivo. Após a inserção, o equipamento está efetivado. Outro ponto positivo é a longa duração do dispositivo. Nas UBS, são utilizados os DIUs de cobre, sem hormônio, que têm duração de aproximadamente dez anos. A auxiliar administrativa Monica dos Santos, 26, foi até a UBS para agendar o procedimento e, devido a uma brecha na agenda das profissionais, conseguiu fazer a inserção no mesmo dia. “Foi muito rápido; eu nem estava esperando colocar o DIU hoje”, contou. “O procedimento também foi muito tranquilo, senti apenas um leve incômodo”. Já a dona de casa Michele Vasconcelos, 38, agendou o procedimento após suspender o uso da pílula anticoncepcional. “Eu já tenho três filhos e não quero mais [engravidar]”, relatou. “O remédio todo dia não estava fazendo bem para o meu corpo. O DIU é mais seguro e cômodo, sem contar que não senti dor nenhuma”. Planejamento familiar O DIU é oferecido como parte das opções de planejamento familiar disponibilizadas pela SES-DF nas UBSs. As pacientes passam por avaliação obstétrica e ginecológica para determinar a adequação do dispositivo ou a sugestão de outros métodos, como contraceptivos orais ou preservativos. Além disso, devem assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da inserção. “Nós sempre estimulamos que o DIU seja abordado em palestras do planejamento familiar”, disse a médica Fabyanne Mazutti, referência técnica distrital (RTD) colaboradora de ginecologia da SES-DF. “Agora, o procedimento está muito mais acessível porque não precisa ser regulado. A paciente que está saudável e precisa de um método, basta procurar uma das unidades básicas de saúde, que funcionam como porta de entrada para o SUS. Lá, ela será orientada e terá o procedimento agendado.”
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Equipe do Hmib conclui inserção de DIU em mais 225 mulheres
Mais 225 mulheres conseguiram implantar o Dispositivo Intrauterino (DIU) do tipo T Cobre, não hormonal, em ação que envolveu uma equipe de mais de 20 profissionais do Hospital Materno e Infantil de Brasília (Hmib). Com a finalização dessa etapa, fica concluído o total de 450 previsões, conforme agendado em 17 de junho, quando foi realizado o acolhimento, seguido de avaliação e palestra às interessadas na inserção desse método contraceptivo. Na ação deste sábado (29), a equipe do Hmib pôde contar também com o auxílio de um médico e dois residentes do Hospital Universitário de Brasília (HUB), que somaram forças para que tudo corresse da melhor forma possível, até mesmo com auxílio de um ecografista. “Atendemos a todas as pacientes agendadas”, declarou a ginecologista e obstetra do Hmib Andréia Regina Araújo. “Todo o nosso empenho teve um resultado bem positivo, inclusive na conscientização dessas mulheres no que se refere à importância do planejamento reprodutivo. É importante elas saberem que não é necessário se esterilizar para ter o direito a planejar quantos filhos querem ter, no momento que julgarem oportuno”. Foram disponibilizadas 12 salas de ambulatório para que os atendimentos ocorressem com tranquilidade e rapidez. As mulheres trouxeram o teste negativo de gravidez, solicitado a todas no momento do acolhimento. Igualmente, leram e assinaram o termo de consentimento para colocação do DIU, documento que esclarece todas as questões sobre o uso do dispositivo, inclusive informando que ele não previne contra as infecções sexualmente transmissíveis. “O próximo passo vai acontecer no dia 3 de agosto, quando todas as mulheres que fizeram a inserção voltarão ao Hmib trazendo a ecografia solicitada para uma avaliação da nossa equipe”, anunciou o diretor do hospital, Rodolfo Alves Paulo de Souza. “Se alguma delas preferir procurar o médico com o qual já faz acompanhamento, é possível também”. Na avaliação de Andréia Araújo, a ação se revelou bem-sucedida. “Foi um trabalho bem recompensador para todos da equipe do atendimento a essas pacientes”, resumiu. “Médicos, residentes, enfermeiros, técnicos, pessoal do apoio administrativo, vigilantes, pessoal da limpeza, todos saíram daqui bastante satisfeitos por terem feito parte dessa ação, principalmente ao constatar o quanto foi importante na vida dessas mulheres”. * Com informações da Secretaria de Saúde
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