Hospital de Base é referência no tratamento de doenças que afetam o sistema imunológico
Quando o corpo não consegue se defender, cada gripe, tosse ou infecção pode se tornar uma batalha perigosa. É essa a realidade de quem convive com imunodeficiências primárias — doenças raras, geralmente presentes desde o nascimento, em que o organismo apresenta falhas de defesa contra vírus, bactérias e outros agentes. O Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF), é referência nesse tratamento, oferecendo acompanhamento especializado, medicamentos modernos e mais qualidade de vida para os pacientes. O ambulatório de imunologia do HBDF atende cerca de 250 adultos por semana, sempre às segundas e terças-feiras, das 7h às 18h. Crianças com imunodeficiências são acompanhadas no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB) e, ao completarem 18 anos, passam a ser tratadas no Hospital de Base. Segundo a médica alergista e imunologista Thalita Dias, as infecções respiratórias, como pneumonia de repetição, são as manifestações mais comuns. Em alguns casos, é necessária a reposição de imunoglobulina humana — anticorpos prontos que ajudam o organismo a combater infecções. “O sistema imune precisa funcionar bem para reagir contra vírus e bactérias. O diagnóstico precoce é fundamental para que possamos prevenir complicações e garantir mais qualidade de vida ao paciente”, explica Thalita. "O diagnóstico precoce é fundamental para que possamos prevenir complicações e garantir mais qualidade de vida ao paciente”, explica a médica alergista e imunologista Thalita Dias | Foto: Alberto Ruy/IgesDF Superação Geneci Moreira do Nascimento, 63 anos, sofria de fraqueza, diarreia e infecções pulmonares repetidas. Desde 2008, recebe tratamento no ambulatório de imunologia do HBDF, com aplicações quinzenais de imunoglobulina. “Depois de várias infecções pulmonares que eu descobri que tinha baixa imunidade. Minha vida mudou completamente. Hoje tenho qualidade de vida graças à medicação e ao cuidado da equipe do Base”, afirma. Lauro Pinto Cardoso Neto, 57 anos, também foi diagnosticado após uma pneumonia grave em 2020. Desde 2023, recebe tratamento mensal e relata melhora significativa. “Antes vivia doente. Agora, com o acompanhamento e a medicação, minha saúde está controlada”. Urticária crônica: mais que um problema de pele Lauro Pinto Cardoso Neto relata melhora: “Antes vivia doente. Agora, com o acompanhamento e a medicação, minha saúde está controlada” Uma outra forma de doença autoimune são as urticárias crônicas, condição caracterizada por erupções cutâneas recorrentes, com lesões que variam em tamanho e forma, e são frequentemente acompanhadas de coceira intensa. O Hospital de Base também é referência no tratamento da doença. Marise Jardim de Melo, 66, tem urticária crônica espontânea há mais de 30 anos. Paciente do Hospital de Base desde 2019, ela conta que sofreu muito em busca de tratamento desde a descoberta da doença. Atualmente, toma um remédio indicado para alergias graves, o Omalizumabe, a cada seis semanas, no Centro de Infusão do HBDF. [LEIA_TAMBEM]“Estar viva é um milagre. Passei anos lutando contra essa doença e, quando já não tinha mais esperança, o Base me deu a chance de uma nova vida. Eu sabia da existência desse medicamento, mas custava o meu salário de professora. Cheguei a pensar que era câncer. A coceira era insuportável, minha pele ficava inchada e vermelha, e eu não conseguia trabalhar. Mas, graças a Deus, consegui um tratamento eficaz no HBDF”, conta Marise. Desde 2018, o serviço é oferecido no ambulatório de alergia. O medicamento, aplicado por injeção, ajuda a controlar os sintomas. Atualmente, 80 dos 500 pacientes atendidos no Base recebem essa terapia. Para a imunologista Thalita Dias, a urticária crônica tem grande impacto social e emocional. “Apesar de não ser letal, causa sofrimento intenso e afeta a autoestima. Muitos deixam de sair de casa por vergonha das lesões na pele e pelo desconforto constante”. *Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
Ler mais...
Hospital da Criança apresenta metodologia de diagnósticos a pesquisadores
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) recebeu, nos últimos dias, pesquisadores do Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo (GBCFlux). O encontro teve por objetivo multiplicar a educação continuada nas áreas de imunologia e diagnóstico, monitoramento das neoplasias hematológicas (alterações celulares benignas ou malignas) e diagnóstico de tumores pediátricos. A coordenadora executiva do GBCFlux, Elizabeth Xisto Souto, é hematologista de citometria de fluxo do Hospital Albert Einstein e explica do que se trata a citometria: “É uma metodologia laboratorial para diagnóstico, principalmente, de doenças onco-hematológicas, mas, nas últimas décadas, também tem crescido muito na pesquisa e diagnóstico das doenças imunológicas, imunodeficiências congênitas”. Médica imunologista do HCB, Karina Mescouto destaca que, além de detectar doenças onco-hematológicas, a citometria de fluxo é importante no diagnóstico de imunodeficiências | Fotos: Divulgação/HCB No HCB, a citometria de fluxo é realizada no Laboratório de Pesquisa Translacional, que também adota outras metodologias para o diagnóstico e para fins de pesquisa. Essa reunião de técnicas laboratoriais em prol dos pacientes chama a atenção da hematologista e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Mihoko Yamamoto. “Vejo que é uma equipe unida: biologia molecular, citogenética, citometria de fluxo; em conjunto, estão levando a instituição para a frente e conseguindo fazer um belo trabalho. Estão com um pioneirismo que eu achei maravilhoso”, afirma a médica. Os integrantes do grupo acompanharam a apresentação de trabalhos relacionados ao tema central. Entre os assuntos abordados, a imunologista do HCB Karina Mescouto ressalta a importância do contato entre profissionais do laboratório e da assistência. “É importante ter essa comunicação, para definir o melhor tratamento. O HCB é um hospital que foca principalmente o paciente; com isso, conseguimos definir um diagnóstico preciso, dar a melhor terapêutica, procurar fazer o melhor tratamento para cada um”, explica. Médico hematologista do HCB, Felipe Magalhães afirma que o HCB “usa esse método diagnóstico para acompanhar os pacientes com leucemia, melhorar o tratamento deles e dar possibilidade de diagnóstico para pacientes com imunodeficiência” Geralmente associada ao diagnóstico de leucemias, a citometria de fluxo também é importante no diagnóstico de imunodeficiências. “Aqui no DF, começou em junho a triagem neonatal para imunodeficiência; todos os bebês vão ser triados pelo teste do pezinho, e a confirmação diagnóstica vai ser feita no Hospital da Criança de Brasília. Isso mostra essa interface com a clínica e, principalmente, auxilia a identificar se a criança tem algum defeito no mecanismo de defesa, na imunidade, e já consegue fazer uma intervenção terapêutica”, esclarece Mescouto. Segundo o hematologista do HCB Felipe Magalhães, o hospital “usa esse método diagnóstico para acompanhar os pacientes com leucemia, melhorar o tratamento deles e dar possibilidade de diagnóstico para pacientes com imunodeficiência”. Magalhães avalia positivamente o trabalho que a unidade vem desenvolvendo e o impacto que tem sobre as crianças: “Temos que comemorar essas estatísticas de cura e trabalhar para melhorar mais ainda”. *Com informações do HCB
Ler mais...