Dia Mundial do Lúpus reforça a importância da conscientização sobre a doença
Pele, rins e cérebro são alguns dos órgãos que podem ser afetados pelo Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus), uma doença inflamatória crônica e autoimune que, se não tratada adequadamente, pode levar a óbito. A doença pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e raça, porém é prevalente em mulheres, principalmente, na faixa etária entre 20 e 45 anos. A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima que existam cerca de 150 a 300 mil pessoas com lúpus no Brasil. “Embora a causa não seja conhecida e a doença seja considerada multifatorial, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para o seu desenvolvimento” Rodrigo Aires, reumatologista Dentre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas atualmente, o lúpus é uma das mais graves e importantes. Para promover maior compreensão sobre ela, 10 de maio foi estabelecido como o Dia Mundial do Lúpus. “Embora a causa não seja conhecida e a doença seja considerada multifatorial, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para o seu desenvolvimento”, explica o reumatologista e Referência Técnica Distrital (RTD) na área, Rodrigo Aires. Sintomas O indivíduo com lúpus pode ter diferentes tipos de sintomas em vários locais do corpo, que podem surgir de forma lenta e progressiva, em meses ou semanas. As manifestações mais comuns são fadiga, lesões de pele, principalmente lesões avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz, febre, dor nas articulações, dor no peito e problemas renais. Arte: Agência Saúde-DF Segundo Aires, o desenvolvimento da doença pode ser imprevisível, variando de pessoa para pessoa. “Alguns pacientes podem experimentar períodos de remissão, nos quais os sintomas estão ausentes ou controlados, enquanto outros podem ter sintomas persistentes ou recorrentes”. A patologia se manifesta em dois tipos principais: o cutâneo, que se manifesta por meio de manchas avermelhadas em regiões expostas ao sol (rosto, colo e braços) e o sistêmico, que afeta um ou mais órgãos internos. O diagnóstico da doença é feito com base em manifestações clínicas e laboratoriais da doença. É necessária uma avaliação especializada com um reumatologista para confirmação e acompanhamento do paciente. Tratamento Atualmente, não há cura para o lúpus, mas existem tratamentos disponíveis que visam controlar os sintomas, prevenir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os medicamentos comumente usados incluem antimaláricos, anti-inflamatórios, corticoides, imunossupressores e terapias biológicas. “O manejo do lúpus inclui também o controle de fatores desencadeantes, como exposição ao sol, gerenciamento do estresse e manutenção de um estilo de vida saudável. O acompanhamento médico regular é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar a progressão da doença”, ressalta o especialista. Para ter acesso aos ambulatórios de reumatologia da Secretaria de Saúde (SES-DF), o cidadão precisa ter o encaminhamento da Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. Pacientes com suspeita ou diagnóstico de lúpus têm atendimento prioritário nos serviços de reumatologia no DF, como no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), nos Hospitais Regionais da Asa Norte (Hran) e de Taguatinga (HRT), no Hospital Universitário de Brasília (HUB), dentre outras unidades de saúde. Prevenção Não existem métodos conhecidos para prevenir o lúpus. No entanto, os pacientes devem adotar certas medidas para reduzir os gatilhos da doença, como evitar exposição prolongada ao sol e outras fontes de radiação ultravioleta, tratar infecções, evitar o uso de estrógenos e outras drogas. É preciso também considerar evitar a gravidez durante períodos ativos da doença e minimizar o estresse sempre que possível. *Com informações da SES-DF
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Rede pública é responsável por mais da metade dos transplantes do DF
Dono do maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, o Brasil é também o segundo país que mais realiza os procedimentos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Saúde. Os números só são possíveis graças ao Sistema Único de Saúde (SUS) que, sozinho, é responsável pelo financiamento de 88% de todas as cirurgias feitas em território nacional. Maria Olindina Araújo ficou 42 dias à espera de um coração. “Pouco tempo depois, fui chamada, fiz o transplante e agora tenho uma vida nova” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília [Olho texto=”“Estudos mostram que, durante a pandemia, houve uma redução no número de doadores, principalmente por traumatismo cranioencefálico, o que pode se relacionar com a redução, ao menos nos primeiros meses da pandemia no Brasil, de pessoas nas ruas e, consequentemente, do número de alguns tipos de acidentes e traumatismos”” assinatura=”Gabriella Ribeiro Christmann, diretora da CET” esquerda_direita_centro=”direita”] No Distrito Federal, essa realidade não é diferente. Só nos últimos cinco anos, a rede pública de saúde foi responsável pela realização de mais da metade dos transplantes entre pacientes da capital. Foram 3.118 procedimentos realizados desde 2019, sendo 1.633 bancados pelo SUS – um total de 52%. Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF) e da Central Estadual de Transplantes do DF (CET-DF). Do total de cirurgias, 543 procedimentos haviam sido realizados até 25 de setembro: 213 de córnea, 135 de medula óssea, 93 de rim, 81 de fígado e 21 de coração. Trata-se de uma média, em 2023, de 60 transplantes por mês – uma média superior à dos últimos quatro anos. Esse aumento se dá em função da retomada das cirurgias no período pós-pandemia. “Estudos mostram que, durante a pandemia, houve uma redução no número de doadores, principalmente por traumatismo cranioencefálico, o que pode se relacionar com a redução, ao menos nos primeiros meses da pandemia no Brasil, de pessoas nas ruas e, consequentemente, do número de alguns tipos de acidentes e traumatismos. Além disso, no transplante de córnea, houve um período em que não se pôde captar de doadores de coração parado”, explica a diretora da CET, Gabriella Ribeiro Christmann. Atualmente, a capital está habilitada a realizar transplantes de coração, fígado, rim, córnea, medula óssea e pele. No âmbito da rede pública, quatro unidades são tidas como referência na realização dos procedimentos, entre as quais estão o Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF), o Hospital Universitário de Brasília (HUB), o Hospital de Base do DF (HBDF) e o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Esperança “Até cinco anos atrás, apenas 6% dos corações possíveis de serem aproveitados eram transplantados. Esse número já subiu para 9%”, afirma o médico Vitor Salvatore Barzilai Atualmente, há 1.260 pacientes do DF à espera de um órgão. Eles integram a lista nacional de receptores, que já contabiliza 66,2 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. As maiores demandas por transplantes são entre pessoas que precisam da doação de córneas, além de pacientes renais e hepáticos. A diretora da CET explica, porém, que o problema não está no tamanho da lista em si, mas no baixo índice de doadores. As negativas de familiares de possíveis doadores falecidos, muitas vezes por desconhecimento da importância do procedimento, também leva dificuldade a quem precisa de um novo órgão para viver. “Ainda existe a triste realidade de termos muito protocolo para poucos doadores. Na maioria dos casos, só o transplante é capaz de dar uma sobrevida aos pacientes graves”, afirma. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Paciente do ICTDF, Maria Olindina Araújo, 51 anos, viveu na pele a ansiedade de quem aguarda por um transplante. Diagnosticada com insuficiência cardíaca, ela ficou 42 dias à espera de um coração. “Descobri essa doença aos 29 anos e iniciei meu tratamento, que durou cerca de dez anos. Mas meu quadro foi piorando, fiquei muito mal e me colocaram na lista. Pouco tempo depois, fui chamada, fiz o transplante e agora tenho uma vida nova”, relata. Na unidade pública de saúde, Maria Olindina foi atendida por médicos como Vitor Salvatore Barzilai, intensivista do ICTDF, que vê na prática os desafios do transplante de órgãos no Brasil. “Apenas uma baixa porcentagem de pacientes precisará de terapias avançadas, nas quais o transplante se mostra como melhor tratamento. Mesmo assim, existe um gargalo de pessoas para tratar e, por conta de uma série de desafios, não conseguimos assistir essas pessoas”, enfatiza. “Especialmente no caso de transplante de coração: até cinco anos atrás, apenas 6% dos corações possíveis de serem aproveitados eram transplantados. Esse número já subiu para 9% e, se a gente conseguir dobrar esse percentual, consequentemente, conseguimos dobrar a quantidade de transplantes de coração realizados”, detalha o servidor.
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Curativo de pele humana: maior cicatrização, menos infecções
Um motorista de aplicativo, um barista e um estudante. Em comum entre eles, sinais de queimaduras profundas e um tratamento pouco conhecido – e que os ajudou a reduzir os riscos de infecção e o tempo de recuperação: o curativo feito com pele humana. Eder de Oliveira, 35 anos; Alysson Paulo Lima, 36, e Ryan Zimbas, 13, receberam o transplante no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), um dos 15 centros de referência em todo o país. Foto: Geovana Albuquerque/SES A pele que eles receberam funciona como um curativo biológico. Ela é utilizada em substituição aos tecidos carbonizados e mortos que foram retirados do paciente. “É tudo feito com segurança, rigor técnico e rastreabilidade, sem riscos de transmissão de doença. É uma medida salvadora”, frisa o cirurgião responsável pelo CTQ do Hran, José Adorno. Surpresa ao saber que o filho, Ryan Zimbas, receberia este curativo, a primeira impressão de Leidine Pereira foi o estranhamento. “Pensar que tem pele de outra pessoa ali é esquisito. Mas quando vi que agilizou o período de cicatrização dele, foi uma surpresa e uma alegria”, conta. O garoto, de 13 anos, teve braços, o peito e as pernas queimados após um primo jogar álcool em uma fogueira próxima de onde ele estava sentado. Segundo José Adorno, o uso da pele humana aliado ao tratamento recebido no Hran diminuiu o tempo de internação de Ryan, que teve 42% da pele queimada. “A pele é o maior órgão do corpo humano. A vítima de queimadura de segundo e terceiro graus perde pele e, com isso, perde peso, líquido e proteínas, o quadro se torna grave, fica sujeito à infecção. Por isso, é preciso de um substituto de pele”, explica. O médico frisa que o curativo biológico de pele humana ainda é vantajoso do ponto de vista econômico, pois diminuindo o tempo de internação e agilizando a cicatrização, diminui os custos com cada paciente em leito hospitalar. Também beneficiado com o transplante, o barista Alysson Paulo, 36 anos, não conhecia a técnica, mas hoje, cinco meses depois de ter sido atingido pelas chamas de um incêndio na mata próxima à sua casa, agradece a equipe por ter utilizado nele. “Nunca tinha ouvido falar, mas como a equipe e o trabalho desenvolvido no centro de queimados é de excelência, confiei 100% na eficácia do curativo. E hoje, digo que valeu a pena demais”, frisa. Transplante Desde que começou a usar a técnica, há cerca de dois anos, o Centro de Tratamento de Queimados do Hran já fez 12 transplantes de pele. Segundo o cirurgião José Adorno, este número poderia ser maior se houvesse mais divulgação da possibilidade da doação deste tecido. “Fala-se muito em doação e transplante de órgãos, como coração, fígado, rins. Mas pouco se sabe sobre a doação de pele”, destaca o médico. Foto: Geovana Albuquerque/SES Diferentemente de órgãos, como coração e pulmão, por exemplo, que têm curto prazo para ser transplantado, a pele humana fica guardada em um banco de pele, em substância chamada glicerol puro (glicerina a 99% de concentração) em refrigeradores (de 2 a 8 graus celcius) por até dois anos. Desde 1997, a Lei nº 2.268 estabelece que o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) gerencie em nível nacional a captação e distribuição de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para finalidades terapêuticas. Porém, somente em 2009, com a publicação da Portaria 2.600 do Ministério da Saúde, começou a se estabelecer normas específicas para o funcionamento dos bancos de pele. Atualmente, o Brasil conta com quatro bancos de pele: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Segundo José Adorno, há a intenção de implantar um banco desses em Brasília, mas ainda está em fase de conversas sobre o assunto. Hoje, quando algum centro precisa de pele, solicita ao sistema nacional, tal qual é feito com outros órgãos, e o banco envia em voo comercial. É tudo rastreado e sem riscos ao paciente que vai receber o transplante. O Distrito Federal ainda não possui equipe cadastrada de captação de pele humana, porém, profissionais do Hran já estão participando de treinamentos para equipes de transplantadores, oferecidos pelo Ministério da Saúde, o que faz parte do processo de credenciamento junto ao órgão. “Nós já temos um bom índice de doadores de órgãos, precisamos explicar para a população que há possibilidade de doar pele também e que isso não vai desfigurar seu ente querido. Mas é preciso deixar claro que são removidas lâminas muito finas da pele, em áreas como pernas, dorso, que ficam encobertas pela roupa”, frisa Adorno. Ele destaca que é preciso disseminar essa ideia da doação de pele, principalmente se olharmos a quantidade de queimados anualmente no Brasil: cerca de um milhão de pessoas. * Com informações da Secretaria de Saúde (SES)
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