05/03/2024 às 17:06, atualizado em 06/03/2024 às 11:24

Novo Espaço Acolher é inaugurado em Ceilândia

Com serviços de atendimento a mulheres em situação de vulnerabilidade e orientação de homens envolvidos em episódios de violência, unidade é a 15ª no Distrito Federal

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

A comunidade de Ceilândia agora pode contar com mais um espaço de acompanhamento psicossocial dos envolvidos em situação de violência doméstica e familiar. Nesta terça-feira (5), a 9ª unidade do Espaço Acolher foi inaugurada na cidade, o 15º equipamento da Secretaria da Mulher do Distrito Federal, além de outros como Casa da Mulher Brasileira e Casa Abrigo. A entrega faz parte do calendário Março Mais Mulher.

Com investimento de R$ 121.648,77 do Governo do Distrito Federal (GDF), o espaço atende homens e mulheres das 8h às 18h, com acesso livre a todos. Os casos podem ser agendados tanto de forma espontânea como por encaminhamento do Ministério Público.

O Espaço Acolher recebe homens e mulheres que procuram o serviço espontaneamente ou por encaminhamento do Ministério Público | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

Antes chamados de Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavds), as demais unidades do Espaço Acolher estão no Plano Piloto, Brazlândia, Gama, Paranoá, Planaltina, Santa Maria, Sobradinho e Samambaia.

De acordo com a secretária da Mulher, Giselle Ferreira, o novo espaço reforça a determinação do governo de aproximar cada vez mais os equipamentos públicos da comunidade, em especial nas regiões administrativas.

“A gente quer ampliar porque não existe política pública em apoio a mulheres se a gente também não conversar e fazer o atendimento psicossocial com os homens”, explicou Giselle, frisando que, anteriormente, os homens eram encaminhados ao espaço pela Justiça, mas atualmente podem buscar de forma espontânea orientação e ajuda para mudanças de comportamentos agressivos.

Doação de sangue

Unidade móvel do Hemocentro ofereceu serviço de doação de sangue na inauguração do Espaço Acolher

Durante a inauguração, foram oferecidos exames de HPV e informações sobre prevenção do câncer de colo do útero e auriculoterapia, realizados pela Fiocruz, além de corte de cabelo masculino e doação de sangue na unidade móvel do Hemocentro.

A dona de casa Aracoele Gonçalves de Oliveira, 60 anos, soube do evento pela internet e participou da doação de sangue. Ela mora em Ceilândia e elogiou o novo espaço do GDF. “Sinto que a mulher está sendo mais valorizada e nós podemos crescer e lutar pela nossa classe. Além disso, fui muito bem atendida e acolhida aqui na doação, e olha que tenho pavor de agulha”, declarou.

Luana Reis considera o local “muito importante para ir contra aquele preconceito que as pessoas têm, de que a mulher só deve ficar dentro de casa”

A autônoma Luana Reis, 39, também foi uma das doadoras de sangue do dia e ficou sabendo do evento por meio das redes sociais. Para ela, o novo espaço representa uma voz para as mulheres. “É muito importante para ir contra aquele preconceito que as pessoas têm, de que a mulher só deve ficar dentro de casa fazendo as coisas, e mais tudo que a gente vive e às vezes se cala. Agora não, a gente pode, a gente tem voz”, observou.

Autodefesa

Uma apresentação de autodefesa também fez parte do evento de abertura. Fruto de uma parceria entre a Secretaria da Mulher e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Projeto Autoproteção Feminina ensina defesa pessoal em situações extremas que podem ocorrer no dia a dia de qualquer mulher, como assédios ou tentativas de estupro.

Nesta semana, um dia de curso será ministrado na Casa da Mulher Brasileira para servidoras. Segundo a idealizadora do projeto e agente da PRF Vanessa Felix, a ideia é expandir o curso interno da PRF para a comunidade, trazendo um trabalho preventivo, para que elas não se tornem uma potencial vítima.

“A violência doméstica, a importunação sexual e o assédio estão aumentando. É necessário trazer uma mudança de mentalidade, como as mulheres podem fazer para evitar situações de perigo. A autoestima faz toda a diferença também, então é importante ter uma parte teórica, de estudos de casos, para que elas saibam identificar e como se comportar se acontecer”, reforça a policial.